OPINIÃO: Dívida pública

Por Maurício Assuero

Esta semana a dívida pública brasileira atingiu, na verdade ultrapassou, a casa dos R$ 2,7 trilhões! Considerando, aproximadamente, 200 milhões de habitantes, então é como se cada um de nós estivesse devendo R$ 13.500,00. Esta é a dívida per capita do Brasil! Bom, mas como a renda per capita é R$ 1.052,00, isto significa que cada um de nós deveria trabalhar 1,07 anospara pagar essa dívida. Em 2014 a dívida pública cresceu 8,15%, comparativamente a 2013, chegando a R$ 2,295 trilhões em novembro de 2014. Se agora está em R$ 2,7 trilhões, isso representa um crescimento 17,65%! (Na verdade, a taxa de crescimento é 19,40% ao porque o período é de 11 meses, de fato).Se este crescimento se mantiver ao longo dos 4 anos de mandato de Dilma, ela deixará o governo com o país devendo R$ 5,49 trilhões! Analise estes valores e responda: como pagar essa dívida? Você tem alguma ideia?

Quando uma pessoa ou uma empresa tem uma dívida, o caminho para liquidação pode ser a venda de um patrimônio (desimobilização), pode ser uma restruturação da dívida no qual se considera aumento de receitas e redução de despesas, ou seja, faz-se um planejamento para num determinado período de tempo tenha-se equalizado o problema. No caso do governo isso é mais complexo porque a fonte de receita do governo vem da tributação e do controle de despesas, mas no estado atual no qual nos encontramos o governo não consegue aprovar medidas para aumentar receitas e é leniente o suficiente para não cortar despesas no volume desejado. Quais fatores contribuem para o crescimento da dívida?

Se consideramos a dívida pública como sendo a dívida interna e a dívida externa, na primeira a gente vai encontrar os gastos do governo em bens e serviços, os juros pagos pela dívida do ano anterior e o impacto da política cambial. Considerando que zeramos no governo Lula a dívida externa, então o impacto dessa dívida é, notadamente, interna e graças ao governo federal. Os fatores são exatamente aqueles colocados logo acima: o custo que tivemos com a política cambial, com o dólar ultrapassando a casa dos R$ 4,00 e os gastos sem planejamento.

O mais interessante é que a política do quanto pior melhor tem prevalecido. Esta semana o relator do orçamento sugeriu um corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família. A questão é simples: não permitir a entrada de novos beneficiários e apoiar parte dos atuais no emprego. Imediatamente um senador se posicionou alegando que cortes no Bolsa Família são inconcebíveis. Inconcebível é nascer neste país devendo R$ 13.500,00 sem ter comprado nada!

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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