ARTIGO — “Do boom ao caos”

Por Maurício Assuero

Peguei emprestado o título de uma reportagem do jornal Estado de São Paulo que foi publicada na semana passada e que discorria sobre o caminho percorrido pelo estado de Pernambuco num período de cinco anos: do boom ao caos!

Pode-se fazer um paralelo entre o Brasil e Pernambuco a partir de 2008. Enquanto o mundo começa a cair em desgraça sofrendo os efeitos da crise econômica, o Brasil experimentava uma política monetária expansiva, com taxa de emprego alta, consumo sustentando a produção e migração entre classes sociais. Para Lula, a crise no Brasil seria apenas uma marolinha que, como estamos vendo, virou um tsunami.

Pernambuco, naquela época tinha uma política arrojada de captação de investimentos e de interiorização da economia. Tivemos taxa de crescimento maior do que todos os estados do norte/nordeste; tivemos taxa de crescimento maior do que a do Brasil;havia uma perspectiva diferente com as promessas do polo Suape que trouxe mão-de-obra qualidade de outros estados.

Em 2012, o estado a seca no estado chegou ao seu pico levando 65% dos seus municípios a declarar “estado de calamidade” e daí as reservas destinadas a fortalecer a infraestrutura para manutenção dos investimentos, simplesmente foram alocadas para atender necessidades básicas da população. A indústria leiteria, por exemplo, perdeu 75% da sua capacidade produtiva. Adicionalmente, o polo de Suape fracassou, a petroquímica que traria para Pernambuco todas as benesses, se viu envolvida na operação Lava Jato e com isso empregos foram fechados e a situação econômica do estado foi se complicando a cada dia, no mesmo ritmo do que a acontecia com o Brasil. Nenhum setor econômico escapou ileso dessa derrocada, nenhuma região também.

O agreste, particularmente, com a indústria têxtil sofrendo a concorrência direta dos produtos chineses (lembre que a China é intensiva em mão-de-obra, logo o custo de produção lá é baixo porque os salários são baixos) se insere neste contexto de queda de produção. O mercado imobiliário se retrai, muitos empreendimentos já concluídos terão dificuldades para comercialização porque a renda está em queda.

Pernambuco fez investimentos no passado num contexto que haveria esta derrocada. O governo atual precisa reavaliar isso com isso para evitar comprometimento de caixa. O principal problema é que o governador não vai adotar critérios que firam a memória do governador Eduardo Campos. A Arena Pernambuco, por exemplo: vamos aguentar até quando?

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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