ARTIGO — Economia Cambaleante

Maurício Assuero

Nas últimas semanas, o sentimento que circulou no meio econômico é de piora do PIB para 2019, embora alguns outros indicadores permaneçam oscilando de um intervalo de confiança. Por exemplo: tudo se encaminha para manutenção da taxa de juros em 6,5% ano e dólar entre R$ 3,70 e R$ 3,80 (uma amplitude larga, diga-se), mas o crescimento econômico, mesmo, vai ficar a desejar. Se crescer, a taxa ficará em torno de 1,70%.

O governo tem, talvez pela primeira vez na história, a oportunidade de reduzir o tamanho do estado, de colocar a economia em escala de mercado, de combater a corrupção de forma mais específica com propostas factíveis de implantação e de resultados no curto prazo. Como já referi em outros momentos, apenas dois ministros apresentaram propostas e tais propostas foram duramente criticadas pela oposição sem que ninguém, da base governista, saísse em defesa delas.

Ninguém esperava desse governo o imediatismo na solução dos problemas, até mesmo porque a desconstrução de um projeto é feito em segundos, mas a reconstrução demanda tempo e, sobretudo, interesse das partes envolvidas em fazê-lo. Semana passada, tivemos a aprovação da proposta de reforma previdenciária e com ela tivemos algumas respostas imediatas do mercado financeiro. Mas, sem que haja empenho do congresso, ou melhor, sem que o congresso enxergue nisso uma política para o Brasil e não uma ação meritória de Bolsonaro, não adianta. A desconfiança será maior do que a vontade e não produzirá efeitos desejados.

Se formos elencar o que falta, a lista não vai terminar nunca. No entanto, fica patente que o governo não vai avançar se tratar apenas das despesas. Se não se debruçar sobre a arrecadação a gente vai continuar fazendo continuar vendo “quanto estamos devendo” sem a menor noção de quanto temos para pagar. O presidente falou que 2020 começa a se discutir reforma tributária. Que venha. Todas as tratativas de se fazer reforma tributária nesse país deu errado. O motivo é simples: congressistas empresários, donos de fortunas, lobby de empresas financiadoras de campanhas e tudo mais.

Outra questão ainda sem um norte é a política externa. A visita de Bolsonaro aos Estados Unidos vai render quanto? O Mercosul vai se dissolver? Que papel o Brasil tem nisso, visto que é a maior economia da região, mas desde sempre viu o Chile ficar como observador do Mercosul e negociar direto com Estados Unidos e União Europeia. O que nós temos em relação a políticas regionais? Certamente o governo não sabe a potencialidade de cada região e isso é fruto do desconhecimento que o presidente tem no país que governa. No entanto, ele não precisa ser onipresente. Basta cobrar de sua equipe ações decisivas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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