ARTIGO — Eu só queria entender

Maurício Assuero

Nos idos dos anos de 1980 havia um programa humorístico no qual o macaco Sócrates fazia uma pergunta e quando o interlocutor se preparava para responde ele dizia: “Não precisa explicar. Eu só queria entender”. Estou eu, aqui, igual ao macaco Sócrates sem conseguir entender a matemática usada pelo governo do estado para pagar R$ 150,00, como 13º, para os beneficiários do programa Bolsa Família. A primeira proposta era que esse direito seria para aqueles participantes que consumiram o equivalente a R$ 500,00 em produtos da cesta básica. Depois, alguém pode ter percebido que isso obrigado um gasto anual de R$ 6 mil e resolveram reduzir pela metade.

Nós sabemos que a criatividade do povo brasileiro é algo fora do comum. Sabemos o valor que tem um sertanejo que enfrenta seca e fome com esperança e fé, mais em Deus do que nos políticos. O que não sabemos é dessa capacidade que o governo espera que o sertanejo tenha que é fabricar dinheiro, do nada. Muito esquisito essa imposição e, no mínimo, incoerente com a proposta do programa que paga, no máximo, R$ 342,00.

Adicionalmente, o governo submeteu projeto de lei alterando a alíquota do ICMS para aumentar a arrecadação e com isso dispor de recursos para pagar o 13º. Logicamente, este caminho é pior a ser percorrido porque tira a competitividade dos nossos produtos. Veja o caso dos veículos: vai muito mais interessante comprar um carro fora do estado porque o ICMS é mais barato. Isso gera consequências inevitáveis para a economia do estado.

Pernambuco, como demais estados da federação, amarga as consequências da retratação econômica. Alguns estados estão em pior situação que nosso estado, no entanto, a tendência é perdemos o controle das nossas contas e avançar, ainda mais, na fronteira de segurança da Lei de Responsabilidade Fiscal. O pior é que estamos chegando no final de um ciclo, temos mais quatro anos de governo pela frente e não percebemos ações que promovam o desenvolvimento do estado. Está claro que qualquer política adotada precisa passar pelo controle de gastos. Não tem como avançar apenas aumentando impostos, onerando cada vez o sistema produtivo ea sociedade.

O estado precisa de projetos que gerem emprego e renda, mas não consegue atrair investimentos porque não tem como bancar a infraestrutura. Há perspectivas de que a economia cresça em 2019 com as medidas do novo governo, por isso é necessário que o estado se organize para ter acesso a financiamentos. O problema é que quando chega dinheiro a decisão de alocação não é otimizada. Aplica onde? Investimento? Custeio? Na dúvida, acabam aplicando em algo que não tem retorno.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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