ARTIGO — Financiamento de longo prazo

Maurício Assuero

Um dos principais indicadores da atividade econômica é financiamento de longo prazo mediante recursos do BNDES. Tais recursos favorecem empresas que querem adquirir máquinas, equipamentos e veículos novos ou fazer projetos que se destinam a expansão, modernização, implantação, etc. de empresas. Neste sentido, cabe destacar alguns pontos interessantes.

No período entre 2002 e 2017, o BNDES financiou 215.207 projetos para a região nordeste, totalizando R$ 53,867 bilhões de reais. O estado de Pernambuco respondeu por 22,30% do total de projetos que importaram em, aproximadamente, R$ 12,083 bilhões. Do volume total de projetos financiados na região, o setor de comércio e serviços, respondeu com 85,48% das operações, seguido da indústria de transformação com 11,26% e do setor de agropecuária e pesca com 2,38%. Note-se que a agropecuária é uma das atividades mais importantes da região nordeste, frequentemente afetada por problemas de estiagem.

No caso de Pernambuco, o setor de comércio e serviços financiou R$ 9,093 bilhões, representando, 74,67% do total financiado no estado. De um modo geral, os dados apontam para uma tendência da região, visto que dentre os serviços financiados destaca-se a indústria do turismo que, gerou R$ 246 milhões de recursos financiados.

Em termos de atividade econômica, o ano de 2012 registrou o maior volume de recursos financiados, ou seja, R$ 7,871 bilhões de reais, equivalente a 956% do valor financiado em 2002. Em 2017, o volume de recursos financiados caiu, em relação a 2012, aproximadamente 7f5%. Então, isso dá um parâmetro interessante do comportamento da economia brasileira. Em 2012 tentando se salvar da crise, o governo incentivou o consumo, mas o retratado real foi a queda vertiginosa na atividade econômica.

Acrescente-se que as operações de FINAME, ou seja, aquelas destinadas a aquisição de máquinas, equipamentos e veículos, representa 87% do total. Isso quer dizer que não houve investimento direto na expansão da atividade produtiva. Uma máquina ou um equipamento pode estar associado a substituição de tecnologia. De fato, se tais recursos fossem associados ao aumento da capacidade produtiva, então haveria aumento da na taxa de emprego.

As esperanças do mercado para os próximos anos começam a mudar, mesmo que acanhadamente. Já se fala de uma inflação maior em 2019 e de um PIB menor em 2018. Enquanto o desemprego persistir, não haverá atividade econômica positiva. Estaremos nos movendo em círculo, não em ciclo.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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