ARTIGO — Imbecilidades

Maurício Assuero

O debate presidencial da semana passada deu a tônica do que vamos suportar nessa campanha eleitoral e, principalmente, constatar, pelo menos por enquanto, o que tenho dito aqui sobre o futuro da economia brasileira: o próximo presidente não será capaz de reverter esse quadro lastimoso que vivemos. O que mais incomoda é que alguns deles são pessoas com conhecimento em economia, pessoas que assumiram cargos de gestão.

A proposta do candidato Ciro Gomes de tirar as pessoas do SPC – Serviço de Proteção ao Crédito para aumentar o consumo é uma das defesas mais estapafúrdias que existe. Coloque toda a população brasileira no SPC, mas dê renda, que terá consumo. O modelo de renda, proposto por Keynes, coloca o consumo dependente da renda disponível, logo, aumente a renda disponível que aumentará o consumo. É simples. Ciro é craque em propostas inviáveis. Numa eleição passada ele propôs o imposto único, baseado no modelo de Kaldor que não deu certo em canto nenhum do mundo onde foi adotado.

Difícil é aumentar a renda pois para isso precisa de empregabilidade e o nível de desemprego no Brasil se estabilizou nos 13 milhões de pessoas. O governo contava com a reforma trabalhista para mudar esse quadro, mas passados 9 meses de sua implantação, ainda não se observa resultados positivos para o trabalhador. Outras medidas estão contingenciadas por contada emenda constitucional e até mesmo o seguro desemprego sofreu alterações importantes cujo efeito foi limitar o número de acesso.

Por ter sido o primeiro debate, espera-se que as propostas surjam e que sejam exequíveis. Prometer acabar ao déficit em dois anos, qualquer promete, mas importante é deixar claro como pretende fazer isso. De invenções economia brasileira está cheia. Um caso típico dessas invenções foi o Plano Bresser Pereira. Ele resolveu apurar a inflação do dia 15 de um mês o dia 15 do mês subsequente. Mas, ele esqueceu 26,06% de inflação dos primeiros 15 dias de janeiro. Essa conta foi paga em parcelas por FHC e há uma causa sendo julgada no STF pelos impactos negativos na Caderneta de Poupança.

Precisamos de propostas. Coisas vagas tipo “vou reduzir o desemprego”, não deve ser suficiente para nos convencer. Uma proposta factível seria discutir o aumento do investimento com o mercado para que o capitalista tenha retorno do capital investido. Ao invés de ficarmos reclamando porque não somos tão ricos quanto Bill Gates, vamos dar a Bill Gates oportunidade de ficar mais rico, fazendo investimento que empregue pessoas que pagam moradia, plano de saúde, escola, etc. Já está de bom tamanho para seguirmos na vida.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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