ARTIGO — Momento delicado

O cenário econômico externo aumenta a angústia do brasileiro. A guerra de Trump contra os chineses respinga em todo mundo, inapelavelmente. Agora ele taxou US$ 200 bilhões de produtos chineses dentre produtos agrícolas como soja, milho, algodão, dentre outros. O governo chinês revidou taxando produtos americanos e nesse meio termo as demais economias ficam a mercê da guerra dos grandes.

A economia do Brasil fica a mercê das intempéries como aquelas doenças oportunistas que surgem com quando as defesas do organismo estão abaladas. O caso da Argentina, por exemplo, elevando a taxa de juros, para 45% ao ano, afeta nossa situação. Depois disso temos a grata notícia de que Venezuela e Cuba não irão pagar as parcelas do financiamento do BNDES. Isso é lamentável: fazer favores com o dinheiro alheio e não ser punido por isso, só no Brasil.

O pior é a instabilidade econômica se reflete para além das eleições e do próximo governo, seja quem for eleito. Se formos olhar, acuradamente e desprovido de paixões políticas, tem programa de governo que, além de vago, é danoso para o país. particularmente, não vejo como um enfrentamento com o mercado pode resultar em investimentos e tenho receio de que a forma de criar um fundo de investimento seja através de ações impopulares como taxa, contribuições compulsórias ou impostos.

Adicionalmente, os candidatos ludibriam a população fazendo um jogo de cena. Publicamente falam, por exemplo, em taxar lucros dos bancos e reservadamente enviam emissários para conversar com banqueiros no sentido de dizer que “não é bem assim”. Todo mundo deve se lembrar que em 2002, Lula precisou declarar, publicamente, que honraria contratos. Não fosse assim, a derrocada do Brasil tinha sido naquela época. Agora, há um discurso vingativo, rancoroso que tem incomodado investidores e, por isso, temos os efeitos do câmbio com o dólar, tranquilamente, em R$ 4,20.

Até o momento o que se tem são promessas vagas, inócuas, sem a menor capacidade de gerar emprego e renda. A única proposta econômica decente, que diz nominalmente como vai reduzir déficit, está na agenda política de um candidato sem preparo. Se formos olhar a questão nos estados, o ambiente não é tão diferente porque o argumento mais forte apresentado é ser “o candidato de Lula”, independente de que lado se esteja.

No bojo de tudo isso vem uma preocupação: qual será a postura das empresas em relação ao final do ano? Irão contratar? Com as atuais perspectivas de vendas, será um final de ano complicado.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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