ARTIGO — Mudanças no governo

Maurício Assuero

Esta é uma semana decisiva para entendermos os caminhos da economia. Alguns ministros estão deixando o cargo para concorrer as eleições de outubro, um deles o ministro da fazenda, Henrique Meirelles. No meio de uma indefinição absurda, ele conseguiu dar tranquilidade ao mercado, embora não tenha tido a capacidade de salvar o Brasil das inúmeras quedas nas avaliações de risco por parte de agências internacionais.

O governo precisa de uma pessoa que siga a linha adotada até agora, pelo mesmo de atrapalhar se não é capaz de fazer algo importante, e qualquer pessoa externa a equipe atual vai chegar com aquele espírito de “jogar para plateia”, ou seja, adotar procedimentos que o reconheçam no futuro como o responsável pela política econômica do Brasil no momento da transição. É pena que no Brasil se pense, primeiro, no que vai colher antes mesmo de plantar.

A primeira reação da substituição de Meirelles por Eduardo Guardia foi um movimento contrário por parte de alguns políticos, dado o caráter tecnicista que Guardia tem. Época de eleição o que se pretende é a abertura das comportas (não digo nem das torneiras) para alimentar aliados sequiosos de votos para dar sustentação aos seus planos próprios. Por isso o governo precisa se decidir qual papel ele pretende desempenhar. Se for um papel austero, não resta dúvida que de Guardia pode fazer um bom trabalho. Se o objetivo é escapar de fortuitos desarranjos, então põe-se alguém que simplesmente aceite levar a culpa de deixar os problemas adquiridos e intensificados para a próxima equipe.

A saída de Dyogo Oliveira do planejamento para a presidência do BNDES foi uma tolice e ele só deve ter aceitado por questões de agradecimento a Temer. No BNDES ele não terá tempo de modificar a forma de atuação do banco para fomentar o desenvolvimento econômico. Será mais um que deixou alinhavado, se é que haverá tempo, alguns programas e projetos que serão jogados no lixo a partir do ano que vem.

As trocas podem causar preocupação no mercado porque mesmo sendo algo de curta duração, seus efeitos podem gerar problemas por um período maior. Em termos realistas, a economia brasileira não vai se estabilizar em 2019. O próximo governo precisa definir o enfrentamento a reforma da previdência que, ao meu ver, sem uma reforma tributária não vai causar efeitos desejados. As trocas podem ser vistas, apenas, como uma necessidade de cumprimento de fim de governo. Ou seja, ponha quem quiser e está tudo bem.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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