ARTIGO — Nas alturas

Maurício Assuero

A gente tem falado muito aqui sobre as incertezas da política com os nefastos efeitos na economia brasileira. Há duas semanas um boato de que Lula participaria de debates, mesmo da prisão, e que haveria uma delação premiada de Laurence Casagrande que iria afetar Alckmin fez o dólar chegar a R$ 3,93. Esta semana tivemos mais duas ações que mexeu com o mercado. Uma foi a condição da economia da Turquia, pois a escalada do preço do dólar lá está causando influencias nos resto do mundo. A outra foi o resultado das pesquisas eleitorais no quais Lula aparece com 40% de preferências dos eleitores.

No boje dessa confusão o dólar passou ontem os R$ 4,00 e hoje temos empresas de câmbio contando a R$ 4,50. Esse movimento provocou uma queda na Bolsa de Valores de 1,5%. Parece pouco. Interessante destacar que a Bolsa cai quando a taxa de juros sobe, mas no nosso caso, esse fator não causou a menor influência. Temos uma taxa de juros baixa que poderia propiciar o investimento e a alta no preço das ações, mas o receio do que pode acontecer politicamente com o Brasil fala mais alto.

É nesse sentido que se percebe que nenhum político pensa no bem social. O interesse, acima de qualquer coisa, é ser eleito. Ninguém faz uma reflexão reconhecendo que sua ausência poderia ser melhor para o país. Com isso, pouco importa se a dívida interna vai aumentar e comprometer pagamentos feitos em moeda estrangeira.

Nós chegamos a um ponto de que o comercio exterior seria a válvula mais adequada para sair da crise. Nesse sentido, essa desvalorização do Real até ajudaria, mas nós temos uma limitação produtiva nas empresas que são potencialmente exportadoras, a saber: muita delas não gostaria de perder a qualidade do seu produto, aumentando a produção com vistas à exportação.

Deixando a paixões políticas de lado, o fato é o empregador do país chama-se MERCADO. Não adianta esperarmos ações socialistas de distribuição de riquezas, taxação de grandes fortunas, etc. porque isso não tem efeito imediato. Precisamos de política que gere emprego e renda e que estejam além dos programas sociais e eleitoreiros dos governos. Só quem pode resolver o problema do país é o empresário e se ele entender que seu capital corre riscos além do esperado, então ele não vai investir. E nós vamos continuar falando e falando sobre desemprego, sobre reformas que não irão contribuir com o pão que o trabalhador precisa colocar em casa.

No fundo, se você tiver que optar por um lado, fique do lado que pode lhe garantir um emprego. Contar com programas do governo para viver e continuar vivendo com limitações.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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