ARTIGO — No curto prazo estaremos mortos!

Por Maurício Assuero

Não sei ainda o resultado do julgamento de Lula e confesso que minha preocupação maior não é com o destino dele, mas com o destino do Brasil. Se Lula for condenado ou não, minha vida não será afetada por isso, agora não se pode barganhar poderes políticos com a vida da população brasileira. Se por um lado as projeções indicam que teremos crescimento econômico um pouco maior do que o previsto, por outro as incertezas insistem em nos fazer patinar no gelo, como se diz. O governo anunciou um déficit de R$ 269 bilhões nas contas da previdência e não tem a menor perspectiva de aprovar a reforma proposta para a área e mais ainda: se aprovar, não produzirá o efeito desejado no curto prazo.

Não há nenhuma política de curto prazo que faça o Brasil economizar que não seja corte de despesas. Tomemos como exemplo o caso da Caixa Econômica Federal: é necessário dispor de doze vice-presidentes? Qual a estrutura que dispõe cada vice-presidente desses e qual o retorno que eles dão para a instituição? Até o momento o que se sabe é que a principal função desses cargos era fornecer dados sobre empresas que buscavam empréstimos para ser achacadas por Eduardo Cunha, Geddel Vieira e companhia bela.

Se avançarmos um pouco mais podemos perguntar sobre os conselhos administrativos das empresas públicas. No caso de Itaipu, o diretor geral recebe R$ 69.656,35 que é o dobro do teto permitido no poder executivo. Um conselheiro de Itaipu recebe R$ 27.061,89 por mês, para participar de uma reunião do conselho (tais reuniões não precisam ser mensais!). O custo total com Itaipu é R$ 735.726,65 por mês, que significa R$ 9.564.444,24, no mínimo, pois não estamos falando de bonificações.

É assim que erram os governos. Vinculam pessoas a cargos públicos, muitas delas, sem qualquer capacidade técnica e apenas para atender a demanda de um partido ou de um deputado. Exemplo mais gritante estamos vendo com a nomeação de Cristiane Brasil como ministro do trabalho! A que ponto de subserviência chega o governo Temer: se não fizer a filha de Roberto Jefferson ministra, não vai contar com o PTB na votação da reforma da previdência. Isso é uma prova irrefutável de que os interesses pessoais suplantam os interesses coletivos. Não caberia ao PTB defender a reforma por convicção? Enquanto tivermos esse tipo de pensamento no Congresso Nacional, o país não pode esperar muitas coisas. Com Lula ou sem Lula, pergunte-se se isto pode continuar acontecendo

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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