ARTIGO — O custo Temer

Maurício Assuero

Finalmente chegou o dia 2 de agosto e com a volta das atividades do Congresso aconteceu o que todo mundo sensato sabia que iria acontecer: a Câmara não autorizou que Temer fosse investigado pelo STF. Investigação não se reflete, necessariamente, em culpabilidade, mas 263 deputados entenderam que Temer está acima da lei e se posicionaram contra a vontade de 81% da população. Diga-se com todas as letras: endossaram a tese de que o crime compensa e é preciso que nas próximas eleições suas posturas sejam devidamente avaliadas pelos eleitores. Confesso que não entendi ver deputado pernambucano se empenhar pelo impeachment de Dilma e descer do cargo que está para votar em favor do arquivamento do processo de Temer.

Independente do que fizeram estes nobres representantes do povo, o presidente fez tudo diferente do que prega. O empenho das emendas dos parlamentares que votaram a favor do arquivamento em valores da ordem de R$ 15 bilhões mostra que Temer não está preocupado com a economia, com a taxa de juros, com a taxa de inflação e nem com os 13 milhões de desempregados que perambulam por aí em busca de uma colocação, aceitando receber um salário menor, mas que possam se dizer empregados.

Dessa vitória de Temer (o cara achar que ganhou!) sairão duas questões principais: a primeira é que a conta a ser paga pela segunda denúncia que vem por aí recheada de informações de Cunha e Funaro será bem mais salgada e estes nobres deputados que salvaram Temer já entenderam isso. Vão cobrar muito mais caro. A segunda tem relação com a economia. O mercado já entendeu que Temer é insustentável e que pouca diferença vai fazer quem estiver no poder até 2018. Meirelles tem credibilidade junto ao mercado e vai tocando o país em grandes inovações econômicas, defendendo reformas que poderiam contribuir, mas se de um lado prima pela redução dos gastos do governo, o chefe dele prima em gastar para continuar presidente. Então, para o mercado o presidente do Brasil pode ser a macaca Chita (de Tarzan) que não vai fazer diferença, desde que Meirelles, futuro candidato a presidente, continue conduzindo a economia.

Enquanto, senhor presidente, as universidades estão sufocadas. A UnB tem um déficit de R$ 100 milhões e só tem dinheiro para setembro; o CNPQ só tem dinheiro para pagar bolsas e pesquisa até setembro. Falta dinheiro para pagar pessoal terceirizado, bolsas e pesquisas. Mas ainda assim, Temer concedeu R$ 15 bilhões para se manter presidente com uma taxa de aprovação de 5%.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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