ARTIGO — O lamento de Temer

Maurício Assuero

Semana passada tomamos conhecimento de um comentário lamentoso de Michel Temer em relação aos indícios de que a economia está voltando a crescer e a popularidade dele continua baixa. Algo como se o crescimento econômico fosse sua tábua de salvação. Já algum tempo eu venho dizendo aqui que a economia tem se movido na direção do crescimento muito mais pelas ações do empresariado do que pela atuação do governo Temer. São poucos os presidentes mundiais que são tão medíocres quanto Temer.

Provavelmente, o único favor feito pelo governo foi a liberação das contas inativas do FGTS. Fora isso, os empresários e o mercado passaram a ignorar o governo e optaram pela negociação direta com o Ministro da Fazenda. Meirelles traz tranquilidade ao mercado, Temer não. Basta citar, por exemplo, o esforço que Meirelles tem feito no sentido de aprovar a reforma da previdência. Note que as pessoas acreditam na necessidade dessa aprovação, mas a base aliada de Michel Temer pensa de forma diferente. Já disseram que o governo não tem votos para aprovar a reforma. Só isso foi suficiente para fazer o mercado cair. É provável que os votos surjam de modo semelhante ao arquivamento das denúncias: liberação de emendas para os quais o país não tem caixa para realizar.

Se por um lado a equipe econômica se esforça, por outro penaliza o consumidor sobremaneira. O gás de cozinha aumentou, em setembro, 6,9%, mas isso pode representar um ônus maior para a população em virtude da localização e dos impostos. Agora o combustível também aumentou, ou seja, na tentativa de reequilibrar as contas da PETROBRAS e de aumentar a arrecadação do governo, promove-se tais aumentos como se a população já não tivesse suas finanças e reservas financeiras absolutamente comprometidas. Se por um lado controla-se a inflação a custa do desemprego de 13 milhões de pessoas, por outro restringe-se o poder de comprar do trabalhador com aumentos em insumos prioritários.

Temer precisa guardar seu estoque de lamentações para outras ocasiões que lhe esperam. Ano que vem teremos eleição e é muito pouco provável algum candidato colar sua imagem ao presidente. Todos, mesmo aqueles que lhe dão sustentação, irão se afastar de Michel Temer e só contará com o apoio de alguns poucos. Temer passará pela presidência sem deixar o mínimo de saudade e sem realizações para comemorar. Parafraseando a Viúva Porcina da novela Roque Santeiro, Temer é o que nunca devia ter sido.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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