ARTIGO — O mesmo filme

Por Maurício Assuero

As novelas da televisão vez por outra são reapresentadas com novos atores, mas o conteúdo muda muito pouco. As ações dogoverno também. Lula reagiu com indignação a uma publicação do IBGE que mostrava que a população brasileira estava se tornando obesa e para ele era importante ressalvar que o povo passava fome. Dilma proibiu uma pesquisa do IBGE sobre desemprego porque o órgão queria ampliar o universo da coleta de dados e isso apontaria para uma taxa de desemprego muito maior do que a que se divulga. Como se sabe, para o cálculo do desemprego, o desempregado é aquele que procurou emprego na semana anterior e não conseguiu. Agora foi a vez de Temer: uma pesquisa do IPEA – Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada, mostrou que a saúde poderá perder, em 20 anos, R$ 743 bilhões com a PEC 241.

Imediatamente o presidente do IPEA veio a publico desmerecer os resultados da pesquisa. Nas suas palavras, o resultado da pesquisa não representava a opinião do IPEA. Isso é absolutamente estranho porque a função do presidente não é validar pesquisas e o Sr. Ernesto Lozardo jogou sua biografia no lixo ao defender o indefensável. Ninguém é contra o Brasil impor medidas para controlar gastos, pelo contrário isso é necessário dado o estado de calamidade que as contas públicas da união, estados e municípios se encontram. Quem será responsabilizado pela situação catastrófica do Rio de Janeiro? Ninguém! Ninguém vai ser declarado culpado pela vergonha da má administração pública de muitos gestores brasileiros.

A limitação dos gastos é prioridade, mas a forma é escabrosa e os efeitos são danosos sim para a economia sob vários aspectos. O primeiro está relacionado com a pesquisa científica que é fruto do desenvolvimento de cada país. Os recursos destinados à pesquisa sofrerão limitação série e isso não está sendo considerado pelo governo que cometeu a burrice de subordinar a ciência e a tecnologia do país ao ministério das comunicações. Para ver o impacto nas políticas sócias basta verque nas exceções (artigo 6º da PEC) não estão sendo considerados os gastos sociais.

Além disso, a PEC prevê a atualização da despesa pela inflação medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo acumula até setembro/16, uma taxa de 5,51%, projetando uma inflação de 7,41% ao ano. Se projetarmos esta taxa para 20 anos, teremos que as despesas atuais estarão 318% maiores daqui a 20 anos. Hoje, a dívida do governo equivale a 70% do PIB e se a receita não aumentar, teremos cada vez um comprometimento maior. Controlar gastos é prioridade, mas há outras formas menos desastrosas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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