ARTIGO — O país não aguenta mais

Maurício Assuero

As pessoas que acreditaram que Temer seria cassado no julgamento do TSE ficaram decepcionadas com o resultado. Muitos tinham a convicção de que nada aconteceria porque tudo aquilo foi um jogo de cartas marcadas, muito embora o extenso trabalho do relator do processo. Basta a gente se lembrar do que o STF fez em dezembro passado com a liminar do ministro Marco Aurélio afastando Renan Calheiros da presidência do Senado. Naquela ocasião estava sendo colocado em votação a PEC do teto e o governo Temer se viu ameaçado com o afastamento e Renan continuou dando as cartas. Acima do interesse da população encontra-se o interesse de poucos protegidos por pesadas togas devidamente indicadas para fortalecer o interesse desses poucos.

O Brasil não pode esperar 2018 chegar. A necessidade de reduzir o desemprego é urgente e no meio desse furacão não tem como a economia se sustentar. Enquanto se debate se gravações são legais ou não; se fulano deve ser preso ou não, políticas urgentes são postergadas porque as pessoas que poderiam destiná-las estão interessadas em obter cargos e se não os tiver, não vota. Enquanto isso, o governo mira em todas as direções ofertando emendas ao orçamento, cargos, etc. em troca de 172 votos que proíbam Temer ser processado. A sandice beira a idiotia por conta das promessas vãs.

A notícia mais interessante é que o governo propõe a redução da alíquota do imposto de renda de 27,5% para 18%lçoetc. Ótimo. Reduzindo o imposto a renda disponível do trabalhador ficaria maior e com isso seria possível aumentar o consumo e aquecer a economia. Vamos para o outro lado: o governo lutou o quanto pode para aprovar uma emenda constitucional limitando os gastos porque não tinha receita suficiente para sustenta-los. Como é possível, agora, abrir mão de 34,35% da arrecadação adotando a redução na alíquota? A única explicação razoável que vejo é que mudanças nos impostos de renda só podem ser implementadas noexercício seguinte, ou seja, em 2018 nós pagaríamos imposto com os mesmos 27,5% e em 2019 (quando Temer já não está mais no poder) seria adotado os 18%.

Isso quer dizer que o presidente não satisfeito com a loucura que está o país, concebe medidas medíocres que não se coadunam com a realidade. Precisamos gerar empregos. Isso é fato. Henrique Meirelles diz que a partir de agosto eles serão gerados. Seria bom se explicasse quais os argumentos que respaldam seu sentimento. Indicadores econômicos, com certeza não são.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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