ARTIGO — O sufoco do país

Por Maurício Assuero

Muita gente pensa que os problemas brasileiros são apenas estes relacionados com as crises econômicas e política. Na verdade, tais problemas irão afetar outras áreas, como saúde e educação e criar outros problemas. Vamos a um exemplo: a FINEP – Financiadora de Estudos e Projeto é um órgão de fomento à pesquisa ligado ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação. Este órgão favorece a pesquisa, em todas as áreas do conhecimento, financiando equipamentos e estudos específicos, inclusive para conter a epidemia de zika, dengue, etc. que se alastrou no país e gerou a absurda quantidade de casos de microcefalia, principalmente aqui no nordeste.

A FINEP aprovou projetos na área de zika algo em torno de R$ 10 milhões de reais (apenas para uma universidade) e recentemente comunicou que todos os projetos aprovados teriam uma redução de 50% ou mais. Bom, com isso, grande parte dos projetos apresentados ficou inviabilizada de ser implantada porque nenhum fornecedor de equipamento está disposto a reduzir o preço em 50%. Ressalte-se que estes equipamentos são exclusivos e prioritários para a pesquisa, boa parte sem substitutos imediatos.

Então, longe dos olhos da população, a crise econômica está provocando sequelas irreparáveis para a população. Não sabemos até que ponto vamos ter uma crise tão intensa de zika ou dengue como tivemos há um ano. E não dispomos de recursos para pesquisar e procurar solução para combater este mal. Isso é apenas um exemplo.

O fortalecimento da pesquisa, em todo canto do mundo, é colocado como uma meta que intensifica a relação entre as empresas e as universidades. Estas possuem conhecimento e as outras possuem demandas. Em Portugal, por exemplo, o desenvolvimento da indústria têxtil se deu pela relação intensa entre empresas e universidades. As empresas apresentavam o problema e a universidade, nas suas especificidades, procuravam soluções adequadas. Isso é uma necessidade urgente de ser aplicado no Brasil porque ela envolve, não apenas a solução de um problema imediato, mas contribui para uma sustentabilidade tecnológica de longo prazo através da transferência de tecnologia. Alguém pode até não perceber a importância disso, mas são inúmeros os casos de patentes registradas no mundo inteiro que foram decorrentes do resultado de pesquisa feita pelas universidades. Por isso, o governo Temer cometeu um impropério ao acabar com MCTI. Ao inserir um importante ministério como parte do ministério das comunicações, o governo foi claro ao dizer o que pensa ciência e da tecnologia desse país. Se não mudar, piora tudo.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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