ARTIGO — O tombo do mundo

Maurício Assuero

O coronavírus infectou as economias mundiais. Por receio de contaminação, os chineses abandonaram atos de consumo, deixaram de frequentar lanchonetes, restaurantes etc., e fez a produtividade chinesa cair para menos de 50%, com tendência de uma queda maior caso não se apresente, urgentemente, uma vacina para o vírus. A queda da China repercute no mundo porque as importações chinesas despencaram. Todo mundo está sofrendo.

O Banco Central Americano, o FED – Federal Reserve, já se prontificou a reduzir taxa de juros no sentido de incentivar o consumo e garantir crescimento econômico. Por lá, a taxa de crescimento foi 2,3% e poderia ser um pouco melhor, este ano, caso esse fenômeno viral não tivesse surgido. Empresas perderam valor de mercado: uma cesta de ações, com 7 mil ações, perdeu algo em torno de US$ 6 trilhões e a perda estimada para os 500 maiores investidores do mundo é da ordem de US$ 450 bilhões. Os três homens mais ricos do mundo (Jeff Bezos, Bill Gates e Bernard Arnaud) perderam US$ 30 bilhões.

Aqui no Brasil, o mercado de câmbio ficou atípico. No final do ano passado, a redução na taxa de juros, a pressão da China no mercado de carnes, bagunçou o mercado interno e quando a gente se preparava para um dólar em torno de R$ 4,10, surge esse surto. A consequência mais imediata foi a redefinição das taxas de crescimento das economias no mundo inteiro. No Brasil, nós vamos sair de uma taxa estimada de 2,5% para algo entre 1,5% e 2%, se conseguirmos uma vacina urgente para o vírus. Caso contrário, os danos serão bem maiores.

Cabe dizer que a fuga de capital não é uma exclusividade nossa. A alta do dólar também não, porque o dólar tem apreciado perante o euro, por exemplo. Então, a gente começa a se perguntar: o que fazer? A taxa de juros no Brasil está em 4,25% ao ano, o que faz os juros reais caírem para menos de 2% ao ano. A esse nível de taxa as operações de renda fixa ficam desinteressantes e a renda variável passa a ser a bola da vez, no entanto, com o mercado de ações em queda, ficamos atarantados e daí, uma saída é buscar outros mercados mesmo com menor liquidez. O problema é a velocidade de locomoção da economia, caí bastante e, com isso, beiramos o retrocesso.

O importante é que tomamos algumas atitudes de fortalecer a economia. Redução de juros, redução da taxa do cheque especial, liberdade econômica, dentre outros. Mas, sem consumo, não iremos longe. Esse primeiro trimestre do ano é fundamental. Se crescermos, estaremos nos distanciando da recessão. Agora vai ser preciso muito mais que vitamina C.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *