ARTIGO — Por mais que se tente…

Por Maurício Assuero

Li estarrecido as manchetes dos jornais internacionais sobre a confusão jurídica instaurada no país, atualmente conduzido por pessoas esdruxulas que pensam mais em seus próprios benefícios do que na sociedade. Já disse aqui e repito: ninguém está interessado (ressalve-se, alguns poucos) se a taxa de desemprego aumento e se hoje temos 10,5 milhões de pessoas desempregadas, sem condições de arcar com suas responsabilidades ou que 60 milhões de pessoas estão inadimplentes com suas obrigações pecuniárias. O que se faz aqui é tentar a presidente de um impeachment, salvar o ex-presidente do alcance da caneta do juiz Sérgio Moro ou salvar o presidente da câmara – que recebeu propina em contas no exterior, não declaradas, e que eram movimentadas tranquilamente por sua esposa quando gastou US$ 17 mil para compras bolsas chiques em Miami.

Por mais que se tente, não dá para acreditar em mudanças econômicas que salvem o Brasil em 2017. Falta seriedade ao governo que se avizinha. Alguns nomes cotados para ministros deveriam estar na lista da Interpol, enquanto outros não reúnem a menor condição para abraçar a tarefa de conduzir políticas importantes para o país. Por exemplo: o deputado Marcos Pereira é cotado para o MCTI – Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação. Qual a postura desse cidadão diante da pesquisa com célula-tronco? Ele vai proibir? Vai ter recursos? E quanto ao nome cogitado para ser ministro da educação? Temer está cometendo um erro absurdo que é usar a mesma moeda que o PT usou para dar sustentação ao governo: ministérios em troca de apoio. A austeridade necessária para implantar medidas urgentes vai por água abaixo e não convence o capital estrangeiro.

É lamentável que o Brasil esteja protagonizando essa novela sem fim. O governo Dilma acabou em meados de 2015 e por mais que se tente evitar a salvação do impeachment, ela jamais teria condições de governa, mas isso atende o anseio de Lula que seria fazê-la convocar eleições e não da população. Mais uma vez se pensa nas questões particulares e não na sociedade. Enquanto isso, estamos caindo cada vez mais nas avaliações de risco feito pelas agências internacionais. O EMBI+ (EmergingMarkets Bond Index Plus) tem oscilado bastante desde o final de dezembro/2015. Em 11/02/2016 chegou a 569 pontos e sempre que aumenta a probabilidade do impeachment ele cai um pouco (em 05/05/2016 estava em 390 pontos). Por mais que se tente tapar o sol com uma peneira, o mercado só reage bem com Dilma fora do governo.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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