ARTIGO — Quais foram os ganhos?

Maurício Assuero

Há um ano entrava em vigência a reforma trabalhista e precisamos desse tempo para verificar que ela não trouxe a contribuição devida para melhorar o nível de desemprego no Brasil. Por mais que tente se esconder, a reforma foi um colírio para empresas, mas cisco para os empregados. O não impacto no desemprego se deve um conceito natural da Economia: racionalidade dos agentes.

Ao flexibilizar algumas regras, a reforma reduziu os gastos das empresas com indenizações, como horas extras, mas os empresários não aparentam disposição para reverter isso em benefício para o trabalhador. Nesse período, observa-se que as ações trabalhistas caíram mais de 50%, portanto, se constata que as empresas ganharam, de fato, com a reforma. As receitas dos sindicatos caíram 86%, aproximadamente. Agora, a relação é direta entre empregado e empregador.

No meio desse debate vem a intenção do novo governo em acabar com o Ministério de Trabalho. Imediatamente, as redes sociais foram inundadas de críticas. Bom, ao que hoje se sabe, este ministério serviu de palco para falcatruas de todos os tamanhos. Teve a indicação sendo suspensa por decisão do STF e o ministério ficou sem comando por mais de um mês. Ninguém notou, ninguém sentiu. Só houve críticas da parte da, então, indicada ao cargo. Desde 2013, a taxa de desemprego vem crescendo e nenhuma política foi implantada para reverter o quadro. A única coisa que o ministério fez foi negociar, de forma ilegal, autorizações para novos sindicatos.

Mais do que ter um ministério do trabalho, o Brasil precisa de mecanismos para criar vagas para sua população. A redução do tamanho do estado é fundamental para economizar, cortar cargos políticos, indicações medíocres. Quem não lembra da nomeação, pelo ministério do trabalho, de um jovem de 19 anos para administrar contratos da ordem de R$ 487 milhões? Qual o critério de sua indicação? Ser filho de um amigo do deputado federal que loteava os cargos no ministério. Então, qual a falta que isso vai fazer? Nenhuma. Faço aqui um paralelo: na Copa do Mundo de 1982, o técnico Telê Santana, cortou Renato Gaúcho do elenco dizendo que o time não precisa de ponteiro (Renato era ponta direita), mas sim de jogar pelas pontas. O Brasil não precisa de ministério do trabalho. Precisa gerar trabalho.

O foco primordial do novo governo deve ser a economia, mas para ajustar a economia precisa das reformas: previdência, tributária e administrativa. Depois do ajuste na economia, o resto tenderá ao equilíbrio.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *