ARTIGO – Quem tem medo do Lobo-Guará

Fora a beleza discutível da nova cédula de 200 reais, o que se precisa discutir é se o valor nominal será o valor real da cédula lançada, após um período de 18 anos sem novas cédulas. Desbancando a garoupa de 100 reais, o lobo-guará hoje ocupa o topo da cadeia da fauna das notas brasileiras e saber os motivos de sua inserção no mercado nos motiva a escrever. O que a cédula nova representa na economia brasileira? Quais os rumos econômicos do país? Estamos indo para o caminho certo?

O impacto significativo da pandemia ocorre visivelmente na economia. Desse modo, para manter um “colchão social”, o Governo Federal precisou pagar o auxílio emergencial. Houve, naturalmente, um aumento da demanda por papel moeda por parte da população, sendo um dos fatores que explicariam a necessidade do simpático lobo em nossas carteiras.

Outro fenômeno da pandemia foi o fato de quem tinha dinheiro deixou de circular por medo do futuro, gerando o “entesouramento”, fenômeno atribuído à diminuição de circulação de moedas.

Duas ações conflitantes ocorreram, maior necessidade de dinheiro por conta do auxílio emergencial e, logo após, um movimento de retenção do papel moeda, por medo do desconhecido, as notas ficaram em casa, fruto também do isolamento social que diminuiu o consumo e reteve o dinheiro para alguns privilegiados.

Outro fator justificante para emissão da nova nota integrante da família real repousa no fato de haver uma desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar.

Apesar do controle inflacionário, sempre existe o medo de ressuscitar o “Dragão da Inflação”, que em um passado não tão distante foi mais de 100% ao ano. O custo do arroz, que teve aumento significativo, fez acender o alerta vermelho para um eventual retorno da inflação. Sabemos, porém, que o consumo de alimentos, em que pese ser fator essencial para mensurar a inflação, não é o único, mas não se pode perder de vista diminuição da atividade econômica com efeitos ainda não previsíveis.

Aliados aos efeitos da pandemia na economia, não podemos esquecer de que o “casamento” Guedes e Bolsonaro anda estremecido e, em um eventual divórcio, a economia ficará sem um rumo, pois o Presidente já deixou claro, em várias ocasiões, que não sabe o que fazer quando o tema é economia.

O cenário atual é que o real está desvalorizado, em comparação ao dólar, e entre as principais moedas do mundo, perdendo valor em pouco tempo. Se não tiver cuidado, o pobre lobo-guará poderá logo ser convertido em pato.

Se por fatores cambiais técnicos, ou por haver a possível volta da inflação, a moeda de 200 reais se faz necessária, esperamos que a economia volte a vibrar e crescer, e que o lobo posso rugir como um leão e voar como uma águia, para que não seja reduzido a um pato, pagando assim pelo males da economia.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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