Maurício Assuero
Semana passada, falamos aqui da péssima perspectiva do Brasil em relação ao saldo insuficiente para cumprimento da regra de ouro visto que chegamos, em março passado, a um saldo de R$ 28 bilhões, valor absolutamente insuficiente para chegarmos ao fim do ano.
Nesse contexto, o governo busca se enquadra, primeiro através de uma emenda constitucional – que não pode ser apreciada por conta da intervenção no Rio de Janeiro – que permita o endividamento para despesas correntes. Isso seria o fim da picada. A overdose! Da mesma forma que existem os grupos como os Alcoólatras Anônimos que orientam evitar o “primeiro gole”, se o Brasil acatar essa proposta, então as contas públicas estarão aniquiladas e o país nunca mais voltará a ter independência de financiamentos.
Acredito que estamos esperando muito, por parte dos candidatos, uma abordagem mais incisiva do que cada um pretende fazer com a economia. Nenhum deles ainda se pronunciou sobre isso, embora devamos conceder um desconto porque até o momento só temos candidatos a candidatos. Mas, não custava falar de economia.
Vamos, então, colocar a questão da seguinte forma: temos que fazer o país voltar a crescer, mas não temos como fazer isso com o nível de desemprego no patamar atual e nem com o rombo nas contas públicas ocasionadas pelo déficit na previdência, pela inoperância do governo em conter os seus gastos e de promover uma reforma tributária eficiente. O governo morre de medo de falar de tributos porque a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, não concorda que o assunto seja pautado. No entanto, isso soa como se o objetivo de qualquer reforma fosse aumentar impostos. Com isso, não se considera que até mesmo a forma de arrecadação possa gerar mais eficiência tributária.
O fato é que o Brasil acreditava ser possível equilíbrio fiscal a partir de 2019, com um governo legítimo, eleito pelo povo. Tudo indica que não será assim ao longo dos próximos anos de governo. Na verdade, pelas pré-candidaturas lançadas não temos ninguém com capacidade de unir o país, de atrair investimentos externos. Basta ver a taxa de juros no menor nível possível, sem trazer benefícios para a economia. E não custa lembrar: das quatro variáveis que compõe o PIB, três (consumo, investimentos e gastos do governo) estão com seus limites exauridos. Resta, por enquanto, o comércio exterior. Seria um caminho imediato para aumentar emprego e a partir dele, dinamizar o resto. Registre-se que os saldos do PIS/PASEP chegam numa boa hora, mas se não forem usados no consumo, pouco eficácia terá.