ARTIGO — Retomada do crescimento

Por Maurício Assuero

O Banco Central, o IBGE e o próprio governo estão comemorando sinais de melhora na economia brasileira. Muito embora, o BNDES tenha publicado uma retratação, em relação ao mesmo período do ano passado, na solicitação de empréstimos, percebe-se que o volume de solicitações de operações da FINAME (agência especial do BNDES que financia máquinas e equipamentos) cresceu em março, comparativamente a fevereiro. Isso é bom. É muito bom.

Em alguns momentos aqui tem sido dito que o principal agente na retomada do crescimento econômico será o empresário e não o governo. Será a decisão, pura e simples, do empresariado que vai nortear o rumo da atividade econômica no Brasil. O crescimento do volume de operações da FINAME, por exemplo, já denota o caráter dessa decisão. Agora, se não houver contrapartida do governo no sentido de oferecer condições para sustentabilidade dessa ação, então haverá um aumento no endividamento das empresas e teremos uma economia patinando no gelo.

Dessa forma, o governo precisa implantar políticas que beneficie as empresas, de qualquer porte. A redução na taxa de juros é um caminho viável, porque permitiria alavancar o volume de crédito no Brasil. Para se ter uma ideia: o volume de crédito livre no Brasil como fração do PIB, em janeiro de 2016, era 53,21% e em fevereiro de 2017 esta fração chegou a 48,68%, indicando uma queda de 8,49%; se for olhar o crédito concedido especificamente as pessoas jurídicas, tínhamos em janeiro de 28% como fração do PIB e em fevereiro temos 23,84% indicando uma queda de 14,85%. Algumas explicações decorrem imediatamente: a primeira é que a taxa de juros alta é um redutor natural do volume de empréstimo por conta do risco de inadimplência. Em segundo lugar,as empresas tiveram que retrair suas atividades adequando seus custos, demitindo pessoas, reduzindo produção, etc.

Então é isso que precisa ser visto pelo governo. Diante da contenção de gastos, o caminho é transferir para a iniciativa privada a oportunidade de capitanear o crescimento econômico, mas para isso é necessário pavimentar o caminho e nisso o governo tem colocado mais pedras do que asfalto, principalmente pelas apostas erradas. As reformas, por exemplo, representam a sinalização do governo para o mercado e para os investidores, da sua determinação de conter gastos públicos, mas como fazer isso se a dívida pública atingiu R$ 3,23 trilhões? Dizia, salvo engano, Ronald Reagan: “Quando uma empresa gasta mais do que arrecada, ela fecha. Quando um governo gasta mais do que arrecada ele manda a conta”. As reformas são importantes, mas não tem como salvar o Brasil de forma imediata. Ressalte-se, neste endividamento está inserido a emissão de títulos, que são usados para captar recursos que pagam títulos vencidos, inclusive.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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