ARTIGO — Salve Raul Seixas

Maurício Assuero

“O dia em a Terra parou” foi um grande sucesso de Raul Seixas e, quem diria?, a gente ia vivenciar uma situação tão clara. O mundo parou. Tudo que é sistema de produção está, praticamente, paralisado. Fronteiras fechadas, turismo em queda (por que o dólar turismo está em R$ 5,23?) e tudo que é previsão de crescimento econômico, no mundo, está caindo. Não faz muito tempo eu falei aqui que para 2020 a taxa de crescimento do Brasil ficaria abaixo de 2% e hoje, o Banco Central divulgou um crescimento esperado de 1,6%. Talvez a gente não chegue a isso.

Atualmente, a gente vê dois tipos de medidas: as sanitárias e as econômicas. As sanitárias são as causas principais da derrocada econômica. Obviamente, o custo de tratar as pessoas é maior do que o custo de prevenir e as sequelas da mortalidade são difíceis de sanar. Dessa forma, os governos se apressaram em adotar medidas de suspensão de diversas atividades em educação, esportes, etc.
Do ponto de vista econômico algumas coisas serão extremamente complicadas de contornar. Por exemplo: a queda da atividade econômica não elimina a obrigação de recolhimento dos encargos sociais, dos impostos e se o governo não quiser ver a taxa de desemprego aumentar é bom pensar numa decisão imediata para atenuar. Se não eliminar, deferir. Adicionalmente, o governo injetou R$ 135 bilhões na economia reduzindo o compulsório dos bancos e pretende transferir renda via Programa Bolsa Família. Outras medidas, como o FGTS, estão na pauta e vamos torcer para que isso atenue, pelo menos em parte, o impacto negativo na economia. Nos Estados Unidos, o FED – Federal Reserve praticamente zerou a taxa de juros como forma de incentivar o consumo. É disso que precisamos: consumo!

Há um debate atual sobre a necessidade de se rever a PEC dos gastos. Tem alguns economistas que defendem essa ideia enquanto outros se opõem. A questão fiscal é fundamental. Se afrouxar, vai ser difícil controlar. O endividamento do governo é pago com dinheiro captado no mercado e isso só é atrativo quando a taxa de juros compensa. Essa fase negativa na economia brasileira não é fruto da política implantada, mas dessa pandemia que tomou conta do mundo. Um detalhe é que parte desses países está saindo da crise, enquanto no Brasil ela pode estar apenas começando.

Em termos de estado, o governo adotou medidas para favorecer o isolamento das pessoas. O espetáculo, tradicional, da Paixão de Cristo foi adiado para setembro. Imagem como fica a situação daqueles pequenos comerciantes que investiram com o intuito de se remunerar durante Semana Santa. A perda que isso representar é lamentável. Vamos torcer para sairmos rápido desse buraco, mesmo porque o São João está chegando e Caruaru atrai mais de um milhão de pessoas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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