ARTIGO — Seis por meia dúzia

Por Maurício Assuero

A chegada de Temer ao governo, mesmo que interino, mexeu com o mercado a ponto de termos visto o dólar regredir e a Bolsa de Valores melhorar sua performance. Passada uma semana, voltou a inquietação e mesmo que agora se conheça um pouco do pensamento do governo, via equipe econômica, as coisas ainda estão longe de serem as ideias para sustentação o crescimento econômico.

Em termos de moralidade trocamos 6 por meia dúzia. A população foi para as ruas pedindo o impeachment e a prisão dos corruptos, mas o que se vê é apenas uma troca de cadeiras, ou seja, saíram pessoas denunciadas por corrupção e assumiram outras pessoas com as mesmas denúncias. O ministro do planejamento durou uma semana no cargo;o presidente do senado e o ex-presidente Sarney colocaram de forma clara e objetiva como está a situação dos grandes caciques políticos e agora surgiu algo que é mais um estopim acesso para essa bomba atômica que ameaça o Brasil: o Ministro da Transparência atuando em favor do senador Renan Calheiros!

O Ministério da Transparência substitui a Controladoria Geral da União, a famosa CGU, que não deixe ninguém comprar um pirulito sem que se faça licitação; que exige a devolução de recursos ao erário quando desconfia que os recursos públicos estão sendo gastos a margem da lei ? 8.666 que norteia o processo licitatório e agora com a gravação divulgada, a sensação é que se colocou uma raposa para tomar conta do galinheiro.

Tudo que foi dito pelas autoridades do governo atual, servem com instrumento de reforço ao mantra do PT sobre golpe. Na verdade o PT falava isso tomando por base o fato de que não houve crime com as pedaladas fiscais, mas desde as conversas divulgadas pelo Sr. Sérgio Machado, passaram a reforçar o argumento do golpe porque tudo que foi divulgado mostra, na essência, um conluio para apear Dilma Rousseff do poder. E agora, aquela certeza de obter 54 votos no julgamento do impeachment arrefeceu e o mercado sente isso.

Não há investidor que aceite colocar recursos no Brasil neste momento. O discurso das nossas autoridades constituídas não convence ninguém. As pessoas que deveriam conduzir a política econômica não são críveis e, o pior, são suscetíveis à prisão. Temer, caso queira, mostrar a que veio, vai precisar se desvincular dessas pessoas, no entanto, é muito pouco provável que ele consiga porque o sistema é maior do que ele. Eduardo Cunha tem tudo para escapar da cassação e mesmo distante da câmara tem apresentado a fatura pelo apoio. Temer está de mãos amarradas por pessoas que estão com as mãos, quase, algemadas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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