ARTIGO — Um novo Brasil?

Maurício Assuero

No fim do governo militar, o discurso praticado era fundar uma Nova República. Com esse mote, Tancredo Neves venceu Paulo Maluf no colégio eleitoral e iniciamos a discussão de uma nova Constituição. Naquela ocasião, o chamamento era para um ato de liberdade e recomeçarmos a vida sob uma ótica diferente.

O apelo atual é salvar a economia do Brasil. Aparentemente, este apelo estará sendo feito aos ventos porque não há mobilização. Na verdade, o excesso de mobilização em função da limpeza ética acaba ofuscando os esforços, os parcos esforços para atenuar o sofrimento econômico. Já dissemos que o melhor para o Brasil é que amanhã fosse 31/12. Não que o dia 01/01 seja a redenção de todos os males, mas o significado principal é do fim desse melancólico governo.

Nenhuma das previsões econômicas,hoje, apontam para qualquer crescimento econômico em 2018. Esperanças sempre há, mesmo que seja uma taxa de crescimento pequena (1% ou 0,5%) não importa. O importante é que haveria algum nível de crescimento para se comemorar.
Vejam o caso atípico: estamos numa semana na qual o Brasil para diante das TV´s para assistir aos jogos da Copa do Mundo. O ambiente que se tem nas ruas é acanhado. Nas lojas, as tradicionais vendas de produtos relacionados com o evento ficaram aquém do esperado. Televisores que são um dos indicadores e embora tenha sido registrado um aumento da produção de eletroeletrônicos, não temos o mesmo impulso nas vendas. Isso decorre do efeito do desemprego. São 13 milhões de pessoas sem emprego!

Temos os dois trimestres finais do ano e qualquer movimento positivo na economia deveria ter sido impulsionado pelas contas desse segundo trimestre. Mas, não temos algo para comemorar. Se a economia crescesse 0,5%, isso mesmo 0,5%, chegaríamos ao final do ano com uma taxa de 1,51%. Não é muito, mas seria melhor do que nada.

O problema fundamental vem das eleições. Os candidatos citados nas pesquisas até o momento se preocuparam em formalizar alianças e não há debate para programa de governo. Não temos a menor indicação de qual proposta seria melhor para alavancar a economia do país e isso preocupa porque existe um déficit gigantesco a ser tratado e sem a gente ouvir o que pensam os candidatos sobre isso fica complicado vislumbrar um caminho. Das quatro variáveis que compõe o PIB, três (consumo, investimento e gastos do governo) estão saturadas. Resta o caminho da exportação, por enquanto porque o governo resolveu mexer com os incentivos às exportações para atender o pleito dos caminhoneiros.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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