ARTIGO — Um problema adicional

Por Maurício Assuero

Como se não bastasse os problemas internos do Brasil, uma sombra indigesta paira sobre o Mercosul: Nicolas Maduro, presidente do bloco! Para quem não se recorda o Mercosul, por uma atuação resistente do Paraguai, nunca concebeu a entrada da Venezuela no bloco por conta da politica interna do presidente Hugo Chavez. A resistência do Paraguai foi vencida quando o presidente Lugo foi apeado do cargo. Neste momento dos demais integrantes suspenderam o Paraguai e aproveitaram para incluir a Venezuela.

A temeridade desse comando é notória. Com mãos de ferro, Maduro tenta de perpetuar no poder enquanto a oposição é calada com a conivência dos órgãos judiciais que fabricam processos contra quem se opõe ao presidente. A economia, dependente do petróleo, anda numa penúria tão grave que um grupo de países, liderados pelo Brasil, tem apelado para que Maduro aceite receber remédios para a população! Nem Adi Amin Dada, que seus atos de crueldade como povo de Uganda (atribui-se a ele o seguinte comentário: “se alguém disser que está com fome eu mando matar”, se as palavras não foram estas o contexto é este), beirou o que Maduro significa atualmente.

Considere-se, então, o Mercosul liderado por este déspota. Qual o ganho que teremos? Nenhum! E não falo apenas para o Brasil, falo para o bloco como um todo. Maduro não tem as qualidades necessárias para alavancar negócios com o resto do mundo, pelo simples fato de que boa parte dos governos não o reconhece e não o respeita. Imagem como seria uma negociação entre Maduro e os Estados Unidos em nome do bloco! Como se sabe, o governo americano retirou o embaixador da Venezuela – apesar de continuar comprando o petróleo de lá – e Maduro retrocou na mesma moeda.

Países com larga participação democrática não aceitam a situação política da Venezuela, então colocando seu presidente para liderar um bloco econômico é possível que esta repulsa seja extensiva ao bloco. Todos perderão mais do que ganharão, no entanto, Maduro será fortalecido com o cargo e isso fará intensificar o discurso interno na Venezuela, enganando a população, esmagando o diálogo com a oposição. Para se ter uma noção do desabastecimento interno, o governo liberou as fronteiras do país para a que a população possa comprar bens em países próximos (a fronteira em Venezuela e Colômbia é extensão), incluindo o Brasil (a Venezuela faz fronteira com Roraima).

Cabe salientar que o governo brasileiro é contra essa sandice. Tanto o presidente interino quanto o Ministro das Relações Exteriores já opinaram contrariamente. Vamos esperar que eles sejam ouvidos e que o bom senso prevaleça.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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