ARTIGO — Um tiro no e-commerce

Por Maurício Assuero

Ontem foi anunciado que os Correios acabarão com o serviço de entregas realizado pelo e-Sedex. Este serviço beneficiava as pequenas e médias lojas cuja especialidade era o comércio eletrônico. A ideia é que as empresas que possuem contratos assinados sejam atendidas até o dia 31 de dezembro deste ano e novas adesões não serão mais aceitas, bem como as renovações. Isso significa, na prática, que os preços no e-commerce ficarão cerca de 30% mais caros, ou seja, mais um transtorno para um setor que, segundo a Associação de Comércio Eletrônico, faturou R$ 1,71 bilhão por ocasião do Dia dos Namorados, neste mês.

Os Correios indicam que tais encomendas devem ser encaminhadas via Sedex normal. Um Sedex Recife – Brasília com uma folha de oficio – apenas uma folha – custa R$ 56,30. Imagine colocar um celular, um notebook, um ou mais livros adquiridos via internet. Minha dúvida é se o presidente tem conhecimento disso. As razões para este tipo de questão estão relacionadas a situação caótica que os Correios atravessam no momento.

Primeiro, a própria internet foi responsável pela queda no seu faturamento visto que as pessoas hoje mandam e-mails e não mais cartas. As principais correspondências são aquelas de cunho judicial porque a lei exige a entrega medida AR – Aviso de Recebimento (a famosa carta registrada). Segundo os Correios disponibilizam para seus funcionários um plano de saúde de autogestão que é responsável pela sangria nas suas contas. A taxa de sinistralidade dos planos de autogestão, segundo a ANS, no segundo trimestre de 2016 atingiu o patamar de 91,7%. O setor teve uma receita de R$ 17,1 bilhões e despesas de R$ 20,8 bilhões. Esse rombo é coberto pela empresa. No caso específico dos funcionários a questão também não está agradável. Houve programas de demissão voluntária e o fundo de pensão dos Correios, o Postalis, segundo uma auditoria recente tem um rombo de R$ 1,1 bilhão.

Ninguém imagina no impacto que a medida dos Correios terá na economia. Isso deve ser creditado ao desgoverno que este país vivenciou com os abusos praticados e com recursos desviados de diversas empresas públicas. A EMPRAPA, por exemplo, era um exemplo na área de pesquisa e perdeu uma causa no valor de R$ 13 milhões porque alguém não deu a devida importância a uma demanda judicial e colocou a intimação numa gaveta. Enquanto isso o debate principal é se o áudio de Temer deve ser descartado como as provas contra a chapa. Hoje, a comissão do Senado não aprovou a reforma trabalhista eo presidente está na Rússia. No mais que o São de Caruaru se supere, apesar da crise e do cenário.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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