ARTIGO — Uma morte anunciada

Por Maurício Assuero

Em um mês o governo Temer perdeu 4 ministros e a falta de opção é tamanha que assusta, mas isso é fruto da falta de dignidade desse presidente ridículo. Temer construiu seu ministério pautado no agradecimento e não na capacidade técnica de seus ministros. A nomeação de Cristina Brasil mostra o desacerto das escolhas. Temer escolhe com base no apoio para se manter no cargo ou para emplacar reformas que não atendem a sociedade.
Apesar das desgraças, a economia tem dado sinais de recuperação e muito disso se deve as forças do mercado e não as politicas do governo. Agora, tem um detalhe que incomoda: se Meirelles for candidato, mesmo, terá que deixar o governo em abril, ou seja, daqui a três meses e aí entre abril e dezembro temos oito meses de agonia.

A questão não é que Meirelles seja o cara mais inteligente para conduzir a economia. A questão é que o mercado tem uma enorme afinidade com ele e sua saída vai gerar uma onda de desconfiança muito grande num governo titubeante como este governo Temer. Se fecharmos o ano com um crescimento de 2%, ótimo, mas isso não vai ser suficiente para recuperar perdas acumuladas. O Brasil estava afundando e esta recuperação não vai fazê-lo voltar à tona, mas é melhor com ela.

O governo faz e planeja quase tudo de forma errada. Até mesmo as tentativas de aumentar a receita são recheadas de trapalhadas sem precedentes. Vejam o caso do Refis para micros e pequenas empresas. Os fatos são simples de se acompanhar. É do conhecimento de todos que micros e pequenas empresas participam do Simples e por isso já possuem uma forma diferenciada de tributação. Dado a situação econômica estas empresas apresentaram dificuldades para honrar suas obrigações fiscais e aí surge uma proposta de refinanciamento dessas dívida com perdão de até 90%. Temer vetou o projeto integralmente sob o argumento que a renuncia fiscal estava em desacordo a lei de responsabilidade fiscal, mas ficou a promessa de aprovação depois que a equipe econômica olhasse a proposta. Isso não deveria ter sido feito antes?

Eu tenho chamado a atenção aqui várias vezes que o governo só está focando o déficit pelo lado dos custos e pouco se importando com a arrecadação. Se tivesse tratado de uma reforma tributária séria, provavelmente a questão previdenciária seria coadjuvante, teria menor impacto. Mas o governo escolheu agir sobre a população que é o lado fraco da corda. Temer não tem coragem para “incomodar” empresários. Em meio a tanta coisa, desconfio que nossas esperanças só se suportem até abril. Intimamente torço para estar errado.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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