Assassino de colunista é condenado a mais de 30 anos

Marcolino (2)aruaru.

O assassino do jornalista e colunista social Marcolino Júnior, de 46 anos, foi condenado a 30 anos e cinco meses de prisão, em sessão realizada na última quarta-feira (21), no Salão do Júri do Fórum de Justiça Demóstenes Batista Veras, no Bairro Universitário, em Caruaru. Apesar das várias apelações empregadas pela sua defesa durante todo o julgamento, Rafael Leite da Silva, de 32 anos, foi considerado culpado, de forma unânime, pelo corpo de jurados – ao todo, sete pessoas – que compôs o Júri Popular. A dura pena atribuída ao condenado se referiu à prática de homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, emprego de meio cruel e recuso que impossibilitou a defesa da vítima.

A sessão bastante aguardada por toda a sociedade caruaruense teve início por volta das 9h35. Os jurados bem como a juíza Priscila Vasconcelos, que ficou responsável por presidi-la, ouviu logo de início o delegado Márcio Cruz. Ele foi convocado pelo Ministério Público para ser uma das testemunhas de acusação. Durante as suas respostas, o policial reiterou a prática do crime cometida por Rafael. “Ficou combinado com o Davi, que foi o mandante, o repasse de R$ 14 mil, assim que ele executasse a vítima. O Rafael atraiu o Marcolino para o motel e acabou o assassinando com golpes de faca. De início, ele confessou a prática apontando ainda o Davi, mas depois entrou em contradição no segundo depoimento. Todos os processos promovidos pela investigação deixaram evidente que o Rafael matou o colunista”, disse o delegado.

Também como testemunhas de acusação foram ouvidos os peritos criminais Gilmário dos Anjos Lima e Antônio Carlos Tabosa. Responsável por realizar perícias no quarto do motel, onde Marcolino foi assassinado, bem como no aparelho celular, que estava sendo utilizado na época por Rafael, Gilmário dos Anjos confirmou em juízo os vários indícios que apontaram o condenado como realmente o autor do crime. “Identificamos que ele apagou a memória do celular na data da execução – dia 16 de abril de 2016 – e voltou a utilizá-lo somente dois dias depois. A impressão digital do Rafael foi identificada na fita adesiva que serviu para envolver o saco plástico que foi colocado na cabeça do Marcolino”.

O julgamento teve sequência com a ouvida da testemunha de defesa Fabiano Paulino da Silva. Ex-funcionário do motel, onde Marcolino Junior foi morto, logo quando foi ouvido de início, ele chegou a apontar Rafael como o autor do crime ao afirmar que viu um homem idêntico ao réu colocando um corpo no porta-malas de um carro. Entretanto, no decorrer das investigações, ele acabou mudando de depoimento ao dizer que se confundiu e que não se lembrava direito dos acontecimentos. Durante a sessão, Fabiano acabou entrando novamente em contradição e por pouco não foi indiciado por falso testemunho. Por quatro votos a favor contra três, o corpo de jurados decidiu não indiciá-lo.

Após as exibições de reportagens referentes ao caso que foram veiculadas na época do crime e que serviram para robustecer ainda mais as indagações do promotor Antonio Rolemberg, chegou à hora de Rafael Leite ser ouvido na sessão. Com feições irônicas e demonstrando frieza em suas palavras, ele negou a prática do crime, apesar de todas as provas apresentadas pelo MP. O veredicto só foi sair mesmo já por volta das 23h40. Apesar da solicitação da defesa, a juíza Priscila Vasconcelos decidiu manter o condenado recolhido à Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, negando o seu retorno à liberdade durante a recorreção da decisão. Rafael regressou para a unidade prisional tão logo a sentença foi pronunciada.

Para o promotor do caso, agora o Ministério Público voltará as suas atenções para garantir o julgamento do suposto mandante do crime, Davi Fernando Ferreira Graciano, de 22 anos. Este último ainda não teve a sua sentença de pronúncia anunciada, haja vista que ainda restam alguns elementos a serem apresentados no tocante ao seu processo judicial. “Essa decisão favorável a respeito da condenação do Rafael acabou sendo a resposta que a nossa sociedade estava precisando e esperando. Nosso objetivo agora será colher e juntar mais provas que possam levar o Davi também a Júri Popular”, comentou após a sessão, Antônio Rolemberg.

Solto poucos meses depois ao assassinato, Davi Graciano atualmente encontra-se levando uma vida normal com trabalho fixo e gozando do apoio da família.

RELEMBRE O CASO

Bastante conhecido na região, o jornalista Marcolino Junior e de nome de batismo Antônio Marcolino Barros Filho, perdeu a vida no dia 16 de abril do ano passado. Seu corpo só foi localizado dois dias depois numa mata do distrito de Insurreição, na zona rural de Sairé, no Agreste do Estado. Em paralelo à localização do corpo, a Polícia Civil conseguiu prender, também no dia 18 de abril, os dois acusados de terem participação na morte do jornalista. Davi foi preso quando prestava solidariedade à mãe do jornalista, no Bairro São Francisco, já Rafael acabou sendo autuado em flagrante no momento em que oferecia o automóvel da vítima numa concessionária, no Bairro Maurício de Nassau.

De acordo com as investigações do delegado Márcio Cruz, o colunista do VANGUARDA teria sido vítima de latrocínio (assalto seguido de morte). “O Davi trabalhava e era a pessoa de confiança do Marcolino. Apuramos que ele se sentia injustiçado por conta da suposta má remuneração a que lhe era repassada semanalmente pelo colunista. Além disso, possuía interesse em se beneficiar de alguma forma dos bens e das quantias em dinheiro os quais a vítima possuía. Por isso, planejou o crime de forma antecipada contando com a participação do Rafael”, disse o delegado.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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