Simulação calcula que até 46% de alunos podem ser infectados dois meses após volta às aulas

Uma simulação sobre a dispersão do novo coronavírus calcula que, 60 dias após a retomada das aulas presenciais, entre 11% e 46% dos alunos e professores de uma escola podem ser infectados. O maior número de infectados seria em escolas menores e caso as regras de distanciamento social e higiene não sejam rigorosamente cumpridas.

O cálculo foi feito pelos grupos de estudo Ação Covid-19 e a Repu (Rede Escola Pública e Universidade), que reúnem pesquisadores de UFABC, Unifesp, UFSCar, IFSP, Universidade de Bristol (na Inglaterra) e Escola de Aviação do Exército (na Colômbia).

A simulação foi feita considerando a volta de apenas 35% dos alunos, conforme prevê o protocolo da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. O governo João Doria (PSDB) planeja o retorno das atividades presenciais a partir de 7 de outubro. Os pesquisadores consideraram que a cada dez dias uma nova pessoa que frequenta a unidade fosse infectada.

A partir desses indivíduos infectados, o estudo avaliou como seria a dispersão do vírus para as demais pessoas -a calibragem do cálculo considera que há 39% de chance de transmissão do vírus de uma pessoa infectada para outra. O estudo considerou três momentos de maior interação entre alunos e funcionários ao longo do dia: entrada, intervalo e saída.

“O estudo não pretende ser uma previsão do que vai acontecer, mas, sim, simular a dispersão que pode ocorrer caso alguém infectado frequente uma escola. Para isso, consideramos dois cenários: o de uma escola com maior área, onde as pessoas podem ficar mais distantes, e uma escola menor”, disse Patrícia Magalhães, pesquisadora da Universidade de Bristol.

Para a primeira simulação, os pesquisadores usaram os dados de uma escola estadual de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Essa unidade, com 400 alunos e 9.000 m², permitiria um distanciamento maior entre os frequentadores.

Num cenário em que todos da escola estejam cumprindo as regras de distanciamento e de higiene, o cálculo considera que 70% dos frequentadores não se movimentam dentro da unidade e as interações ocorreriam apenas em três situações durante o dia.

Ainda assim, 10,7% dos alunos e professores poderão ter sido infectados dois meses após o retorno se houver a presença de um infectado a cada dez dias.

No segundo cenário, com uma escola menor e mais cheia, eles consideraram uma unidade da Brasilândia, na zona norte da capital. Para isso, usaram os dados de um colégio com 700 alunos e 6.500 m².

Ainda que as regras de distanciamento sejam cumpridas, nessa escola a dispersão do vírus seria maior por causa do adensamento. Ao final de dois meses, considerando a entrada de um infectado a cada dez dias, 46,3% dos alunos e professores teriam sido infectados. Fizemos uma simulação conservadora, considerando um número baixo de pessoas infectadas indo à escola, e vimos como a dispersão pode ser grande. Em escolas mais adensadas, a disseminação seria muito maior”, disse Magalhães.

Segundo a pesquisadora, as simulações consideram apenas as interações dentro das escolas, sem levar em conta o trajeto que alunos e professores fariam para chegar até as unidades e o contato com familiares. “A reabertura das escolas vai mudar a dinâmica da epidemia no estado porque os colégios não são ilhas, não são bolhas protegidas. O cálculo mais conservador mostra o potencial de dispersão apenas dentro das unidades, mas precisamos considerar que essas pessoas vão voltar para casa, vão usar transporte público e infectar ainda mais gente”, disse o professor de políticas educacionais Fernando Cássio, da UFABC e integrante da Repu.

Ele destacou ainda que as simulações mostram que as dinâmicas de infecção pelo coronavírus são bastante sensíveis às caraterísticas físicas e demográficas das escolas e só seriam evitadas se a quantidade de estudantes presentes nos ambientes escolares fosse bem inferior aos 35% recomendados pelo governo.

Os cálculos do simulador apontam que, em escolas mais adensadas, a dinâmica de infecção só poderia ser controlada com o retorno de menos de 7% dos alunos. “Está sendo muito difícil manter as atividades a distância, mas não podemos colocar os estudantes, professores e suas famílias em risco”, disse Cássio.

Folhapress

Receita abre na segunda-feira quarto lote de restituição de IR

A Receita Federal abre nesta segunda-feira (24), às 9 horas, a consulta ao quarto lote de restituição do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de 2020. O crédito bancário para 4.479.172 contribuintes será realizado no dia 31 de agosto, totalizando o valor de R$ 5,7 bilhões.

Desse total, R$ 248.630.681,67 referem-se ao quantitativo de contribuintes que têm prioridade legal: 6.633 contribuintes idosos acima de 80 anos, 36.155 contribuintes entre 60 e 79 anos, 4.308 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou doença grave e 17.787contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério.

Foram contemplados ainda 4.414.289 contribuintes não prioritários que entregaram a declaração até o dia 19 de junho de 2020.

Para saber se teve a declaração liberada, o contribuinte deverá acessar a página da Receita Federal na internet. Na consulta à página da Receita, no Portal e-CAC, é possível acessar o serviço Meu Imposto de Renda e ver se há inconsistências de dados identificadas pelo processamento. Nesta hipótese, o contribuinte pode avaliar as inconsistências e fazer a autorregularização, mediante entrega de declaração retificadora.

A Receita disponibiliza, ainda, aplicativo para tablets e smartphones que facilita consulta às declarações do IRPF e situação cadastral no CPF. Com ele será possível consultar diretamente nas bases da Receita Federal informações sobre liberação das restituições do IRPF e a situação cadastral de uma inscrição no CPF.

A restituição ficará disponível no banco durante um ano. Se o contribuinte não fizer o resgate nesse prazo, deverá fazer requerimento por meio da Internet, mediante o Formulário Eletrônico – Pedido de Pagamento de Restituição, ou diretamente no Portal e-CAC, no serviço Meu Imposto de Renda.

Caso o valor não seja creditado, o contribuinte poderá contatar pessoalmente qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para a Central de Atendimento por meio do telefone 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco.

Agência Brasil

Onyx sobre Renda Brasil: Vai conectar brasileiros de baixa renda com emprego

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, fala no 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, disse nesta sexta-feira (21) que o governo federal pretende conectar os brasileiros de baixa renda com oportunidades de emprego através do Renda Brasil — programa que deve substituir o Bolsa Família e o auxílio emergencial até o início do próximo ano. Tudo será feito de forma digital, por meio de um aplicativo de celular.

“É um programa de renda mínima, onde nós vamos nos valer da expertise que ganhamos com a experiência do auxílio emergencial, da digitalização. Será uma plataforma, um ecossistema de oportunidade onde a gente vai reunir as pessoas da família através de qualificação, treinamento e nós vamos conectar, com inteligência artificial, com aqueles que demandam emprego”, contou Onyx Lorenzoni, ao ser questionado sobre os planos do governo para o Renda Brasil em entrevista à Rádio Jovem Pan.

O ministro ainda disse que esses brasileiros de baixa renda poderão ser contratados por um mecanismo diferenciado, com “uma redução bastante acentuada do custo de mão de obra”, através da Carteira Verde e Amarela. A proposta vem sendo defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como uma forma de reduzir os encargos trabalhistas e estimular a contratação desses brasileiros. Por isso, segundo Guedes, pode prever a desoneração da folha dos trabalhadores que ganham cerca de um salário mínimo, bem como um Imposto de Renda Negativo, que sirva como um fundo de previdência para esse pessoal.

Correio Braziliense

Covid-19: Brasil testou apenas um a cada 16 habitantes até o fim de julho

Testagem gratuita da Covid-19 realizada pelo Instituto Butantan no estacionamento superior do shopping SP Market

Considerado um dos pilares da estratégia de enfrentamento do novo coronavírus, a testagem da população torna-se um desafio ainda maior quando precisa ser feita em um país continental como o Brasil. Somente 6,3% dos brasileiros foram testados até julho. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), divulgada, na quinta-feira (20), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas indicam que houve aumento da capacidade de testagem, mas que ainda existe limitação.

Dos 13,3 milhões de pessoas testadas no país, 20,4% tiveram diagnósticos positivos para a infecção e 79,4%, negativos, ou seja, 2,7 milhões de pessoas testadas foram infectadas e 10,6 milhões obtiveram resultado negativo. A testagem do Brasil já foi alvo de críticas e recebeu diversas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A taxa de positivos em testes de covid-19 é um indicativo usado pela OMS para apontar se um país testa o suficiente. Segundo a entidade, o ideal é que 5% dos testados tenham resultado positivo. A alta taxa brasileira indica, portanto, que o país vem testando apenas sintomáticos ou pacientes dentro do serviço de saúde.

O diretor médico da Dasa, empresa de diagnóstico do grupo do laboratório Exame, Gustavo Campana, afirma que, diante da corrida global em busca de insumos e reagentes necessários para a realização dos exames, a capacidade de testagem do país foi aumentando gradativamente. “Os países que mais testaram são países que são produtores dos reagentes e insumos necessários para o teste. Tivemos uma corrida global pelos insumos de teste, então, a capacidade produtiva do país foi aumentando aos poucos.”

Ministério da Saúde
Sem indicar um percentual ideal de testagem, Campana destaca que “quanto mais eu testar, mais pessoas infectadas eu vou identificar e mais rápido vou isolar”. Sem testes disponíveis suficientes, o Ministério da Saúde possibilitou, desde 24 de junho, que os casos da covid-19 sejam confirmados também por meio de outras metodologias. Por exemplo, pelo critério clínico-imagem e pelo critério clínico. No último boletim epidemiológico divulgado pela pasta, a indicação é de que “o teste deve ser usado como uma ferramenta para auxílio no diagnóstico da doença por infecção por coronavírus.”

Menor nível de testagem no país, apenas 4,6% da população da Região Sul foi testada até julho. Já a Região Centro-Oeste foi a que mais realizou exames, com uma taxa de 9,1%. Entre as unidades federativas, Pernambuco testou menos, com 4,1%, já o Distrito Federal apresentou a maior testagem do Brasil, com 16,7%.

Isolamento social
O IBGE analisou, também, o comportamento do brasileiro em meio à quarentena. A pesquisa mostrou dados positivos. Somente 2% da população (4,1 milhões) declarou não ter adotado qualquer medida de restrição em julho. Cerca de 92 milhões de brasileiros ficaram em casa e só saíram em caso de necessidade básica; outros 30,5% reduziram o contato, mas continuaram saindo de casa; e 23,3% ficaram rigorosamente isolados.

Combate à desinformação
A desinformação e a politização da pandemia contribuíram para o aumento do número de mortes, piorando o quadro da pandemia no país. É o que afirmou o clínico-geral Luciano Lourenço, coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia Sul, em entrevista ao CB.Saúde — uma parceria do Correio com a TV Brasília. Segundo o médico, a falta de uma abordagem unificada do problema e a disseminação de notícias falsas não chegam a atrapalhar diretamente a comunidade científica e as equipes médicas, mas causam confusão na cabeça dos pacientes.

“Sem dúvida, essa vertente, da desinformação, contribui para que essas mortes aumentem, para a gente não ter uma linearidade de tratamento, mas é muito mais complexo”, explicou. Ainda assim, as notícias falsas e os argumentos desencontrados seguem causando problemas: “Ser médico de pronto-socorro atendendo a pacientes com essas dúvidas que a politização de medicamentos e de tratamentos geram. Mas, nós estamos treinados para isso e é a nossa função. Muitos pacientes abrem uma consulta no pronto-socorro para tirar dúvidas.”

Segundo o médico, um dos muitos efeitos colaterais da pandemia são os pacientes com quadros simples que se agravaram por conta do medo de procurar um hospital. “Inicialmente, a gente percebeu que as pessoas, de um modo geral, tinham muito medo. ‘Eu só vou ao hospital em último caso’. Isso gerou quase uma síndrome. A gente viu infecções de urina comuns, que normalmente chegavam ao pronto-socorro e tinham um tratamento domiciliar com tranquilidade, chegarem com infecção mais grave, sendo necessária, inclusive, a internação para o tratamento”, ressaltou.

Segundo Lourenço, isso ocorreu porque as informações eram escassas e os próprios médicos temiam uma sobrecarga das redes de saúde. Ele ressaltou, contudo, ser preciso buscar auxílio médico o quanto antes — tanto para quem suspeita ter contraído o novo coronavírus, quanto para aqueles que necessitem tratar outros problemas de saúde. “Se você tem algum sintoma, ainda que com 24 horas, de uma maneira inicial, entre em contato com um médico no pronto-socorro”, orientou sobre os pacientes com síndrome gripal.

Distanciamento
Apesar dos avanços da ciência sobre o vírus e do rápido amadurecimento dos protocolos sanitários, o médico confirmou que há pouco, ainda, a se fazer para evitar a Covid-19. Para ele, o distanciamento social segue sendo a medida mais eficaz. “Realmente, a única forma efetiva de a gente não deixar acontecer uma contaminação em massa em uma velocidade muito grande é o isolamento. A gente sabe da repercussão social, política e financeira que isso gera, mas do ponto de vista médico, infectológico, essa é a única medida eficaz para que o caos não se espalhe”, declarou.

Correio Braziliense

Na contramão, setor público abre vagas e eleva salário durante pandemia

Nesta quinta-feira (20), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu que os deputados mantivessem o veto ao reajuste dos servidores, argumentando que eles precisavam dar “sua cota de sacrifício” durante a pandemia. Nesse caso, apenas não ter reajuste no meio da crise, disse Maia.

Essa parcela dos trabalhadores, que representa 15% da população ocupada, tem garantia de estabilidade e de rendimentos. Também está protegida contra os dissabores econômicos da crise deflagrada pelo coronavírus por todo o sistema de proteção estatal.

Enquanto quase 9 milhões de trabalhadores do setor privado deixaram a força de trabalho no segundo trimestre, período mais agudo dos efeitos econômicos da pandemia, o setor público registrou aumento de 708 mil vagas, segundo dados da pesquisa sobre o mercado de trabalho do IBGE.

O rendimento médio no setor privado recuou 0,5%, para R$ 2.137, queda amenizada pelos auxílios do governo, que também ajudaram a conter as demissões. No setor público, cresceu 1,5% na mesma comparação, para R$ 3.776.

Quando anunciou as medidas para permitir a redução de jornada e salários no setor privado, o governo disse que não mexeria com o setor público, uma vez que seria necessário alterar a Constituição. Em compensação, conseguiu congelar os salários até o fim de 2021 em todas as esferas de governo.

Dados do Atlas do Estado Brasileiro 2019 do Ipea mostram que essa diferença entre o ganho dos servidores e dos funcionários do setor privado cresceu nos últimos anos. Hoje, está em 75%.

A remuneração média mensal no setor público cresceu 23,5% além da inflação no período 1986-2017. No privado, recuou 4% em termos reais. O maior ritmo de crescimento foi nos Poderes Judiciário federal e estadual e no Executivo federal, de 2% ao ano.

Segundo o estudo, nesse período, o número de funcionários públicos cresceu 123%, para 11,4 milhões, enquanto o emprego privado avançou 95%, para 53 milhões. Em junho deste ano, esses números eram de 12,4 milhões e 43,5 milhões, respectivamente.

A despesa com pessoal é a segunda maior do governo federal (R$ 313 bilhões ou 4,3% do PIB em 2019), metade do que é gasto com a Previdência e 22% do dispêndio total.

Segundo levantamento da Folha, mais de 60% dos funcionários públicos federais estão em home office. Metade é da área de educação.
Números do Painel Estatístico de Pessoal do governo para 2019 mostram que quase metade dos servidores federais estão na área de Educação.

O Ministério de Defesa, no entanto, responde pela maior despesa (25% dos gastos). Em seguida, estão Educação (21%), Economia (15%), e a Justiça do Trabalho e o Ministério de Saúde (ambos com 6%).

Naquele ano, as maiores remunerações no topo da carreira do Executivo eram de R$ 30.936,91, pagas em alguns cargos na PF e em cargos em extinção de servidores dos antigos territórios. A maior inicial é de diplomatas, que chegava a R$ 27.369,67.

Folhapress

Brasil tem mais de 3,4 milhões de casos e 111 mil mortes pela Covid-19

O Brasil, que é o segundo com maior número de casos e óbitos no mundo, ainda observa um alto número de confirmações diárias. Com mais 49.298 casos do novo coronavírus e 1.212 mortes pela Covid-19, confirmadas nesta quarta-feira (19/8), o Brasil já acumula 3.456.652 infectados e 111.100 óbitos pela doença.

Ao todo, 22 unidades federativas já registraram mais de mil mortes cada. Quem lidera o ranking brasileiro é São Paulo, com 27.591 óbitos pelo novo coronavírus. O Rio de Janeiro é o segundo com mais fatalidades, com 14.913 vítimas da doença. Os dois são os únicos estados que têm mais de 10 mil mortes.

Em seguida estão: Ceará (8.241), Pernambuco (7.280), Pará (6.015), Bahia (4.611), Minas Gerais (4.436), Amazonas (3.537), Maranhão (3.302), Espírito Santo (2.963), Rio Grande do Sul (2.881), Paraná (2.808), Goiás (2.475), Mato Grosso (2.421), Paraíba (2.223), Distrito Federal (2.148), Rio Grande do Norte (2.126), Santa Catarina (1.918), Alagoas (1.784), Sergipe (1.745), Piauí (1.653) e Rondônia (1.037).

No pé da tabela estão: Mato Grosso do Sul (668), Amapá (622), Acre (591), Roraima (575) e Tocantins (536).

Sobe 16% o preço de medicamentos hospitalares no país

O preço dos medicamentos vendidos aos hospitais do país subiu 16,4% durante os cinco primeiros meses da pandemia da covid-19 no Brasil, de março e julho. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (20), são do Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e da Bionexo.

Segundo o levantamento, a alta foi impulsionada por três grupos de medicamentos utilizados no tratamento de pacientes com a covid-19: suporte ao aparelho cardiovascular, com elevação de 92,6%; sistema nervoso, de 66%; e aparelho digestivo e metabolismo, de 50,4%. Os aumentos principais foram de remédios relacionados a analgesia, anestesia, suporte ventilatório e suporte vital.

Também apresentaram aumento expressivo os preparados hormonais sistêmicos, de 21,8%, e do sistema musculoesquelético, de 18,2%, utilizados nas unidades de terapia intensiva (UTI).

“Entre os fatores que contribuíram para o aumento dos preços observado pode-se destacar dois. O primeiro deles, que tem impacto abrangente, foi a desvalorização cambial, que afeta o preço de medicamentos e insumos cujos mercados estão atrelados à moeda estrangeira. O segundo aspecto, mais específico, foi o aumento brusco da demanda das unidades de saúde por medicamentos associados aos cuidados dispensados aos pacientes da covid-19, principalmente aqueles em estado mais grave”, disse o coordenador de pesquisas da Fipe, Bruno Oliva.

Julho
Em julho, o preço dos remédios hospitalares registrou um avanço de 1,74%, resultado que representa uma aceleração menor em relação à variação observada no mês anterior, de 4,58%. No acumulado do ano, de janeiro a julho, o índice registra alta de 18,72%.

De acordo com a Fipe, entre os motivos que podem ter contribuído para a aceleração menor no último mês estão a estabilização da taxa de câmbio, a reestruturação gradual das condições de mercado, a queda dos casos de covid-19 nos grandes centros urbanos do país, e a readequação, ainda que parcial, das condições de oferta após o choque inicial.

Empresas que se digitalizaram têm menos dívidas em atraso, diz pesquisa do Sebrae

Uma pesquisa feita pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que entre os meses de junho e julho desse ano, o percentual de empresários com dívidas em atraso caiu de 40% para 36%. Já a proporção de empresas com compromissos em dia passou de 28% para 33%. O levantamento revelou que os pequenos negócios que estão com as dívidas em dia têm algumas características em comum: são aquelas que mais utilizavam vendas pelas redes sociais antes da pandemia (53%) e já usavam ferramentas digitais de gestão do negócio. Além disso, a pesquisa indicou que essas MPE são as que mais conseguiram o empréstimo desejado (39%) contra 9% das empresas com dívida em atraso.

A pesquisa (a sexta de uma série iniciada em março), ouviu 6.506 donos de pequenos negócios de todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, os dados mostram que o cenário ainda é preocupante, mas indicam também que os primeiros sinais de recuperação começam a ser percebidos. “O caminho será longo, íngreme e demorado. Mas já começamos a enxergar uma luz no fim do túnel”, comenta Melles. Ele ressalta, entretanto, que as medidas de apoio às micro e pequenas empresas precisam continuar: “A retomada da economia do país, a recuperação dos empregos e a geração de renda vai depender fundamentalmente da situação dos pequenos negócios. Não podemos descuidar do apoio a esse segmento. Um ponto delicado nesse processo é o nível de endividamento. As empresas passaram por forte redução de demanda e de caixa durante a pandemia, e isto ainda pode comprometer o nível de endividamento delas nos próximos meses”

Escolaridade

Considerando o perfil socioeconômico dos empresários, o estudo do Sebrae revelou que a maior diferença de realidade é observada no recorte de escolaridade. Segundo o levantamento, os mais escolarizados são a maioria entre os que têm dívidas em dia (63% têm superior incompleto ou mais). Já entre os donos de pequenos negócios com nível médio ou menos, a proporção de empresários com as divididas em dia é de 36%.

Outros números da Pesquisa

Entre a 3ª edição e a 6ª edição da sondagem (maio-julho), a proporção de MPE endividadas passou de 61% para 69%.
Atualmente, 36% têm dívidas em atraso, 33% têm dívidas (em dia) e 31% não têm dívidas.
As MPE sem dívidas trabalham proporcionalmente mais em casa (41%).
54% das MPE sem dívidas e 54% das que têm dívidas em dia estão em municípios que já reabriram.
As empresas com dívidas em dia são aquelas que mais utilizavam vendas pelas redes sociais antes da pandemia (53%).
As MPE com dívidas em atraso são as que mais passaram a vender nas redes sociais após o início da crise (18%).
Alta proporção das MPE em atraso começaram a usar ferramentas digitais de gestão do negócio, após a crise (42%).
Desde o início da crise, as MPE sem dívidas são as que menos procuraram empréstimo bancário (28%).
As MPE com dívidas em dia (66%) e em atraso (66%) procuraram mais os empréstimos.
As MPE em dia são as que mais conseguiram o empréstimo desejado (39%)

Mourão diz que Amazônia “não está queimando” e convida DiCaprio a visitá-la

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta quarta-feira (19/8) que a Amazônia “não está queimando”, e ironizou as críticas feitas pelo ator e ativista ambiental Leonardo DiCaprio. Em transmissão ao vivo promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mourão afirmou que os incêndios no bioma são em regiões “antropizadas”.

“[Há] Muita desinformação sobre a Amazônia. Uma primeira coisa que tem que ficar clara: onde ocorre queimada na Amazônia é naquela área humanizada. A floresta não está queimando e, no entanto, a imagem que é passada para o resto do Brasil e para a comunidade internacional é que tem fogo na floresta. E não adianta mostrar o mapa da Nasa, o mapa do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que a turma não aceita o dado”, afirmou o vice-presidente.

Dados do Inpe apontam aumento do desmatamento e de queimadas na região da Amazônia Legal, que abrange nove estados brasileiros. No mês de julho, por exemplo, foi registrado um aumento de 27,9% na quantidade de focos de incêndio no bioma, se comparado com o mesmo período do ano passado.

O número é também 42% mais elevado que julho de 2018, mas é menor que 2017, que registrou o segundo pior dado da série histórica (desde 1998), com 7.986 focos. Apesar do aumento no mês, observando dados de janeiro a julho deste ano e do ano passado, houve uma redução de 7,6%.

O vice-presidente ainda falou do ator Leonardo DiCaprio, que recentemente criticou o aumento de queimada e desmatamento no país.”A Amazônia não é uma coisa única. Existem 22 tipos de florestas diferente aqui dentro. Não é uma floresta única. E muito menos é uma planície. Eu gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, nosso ator Leonardo DiCaprio, para ele ir comigo aqui a São Gabriel da Cachoeira (Amazonas) e nós fazermos uma marcha de oito horas pela selva entre o aeroporto de São Gabriel e a estrada de Cucuí. E aí ele vai aprender em cada socavão que ele tiver que passar que a Amazônia não é uma planície. E aí entenderá melhor como funcionam as coisas nessa imensa região”, disse Mourão.

Na última semana, DiCaprio publicou no seu Instagram um vídeo do jornal The Guardian trazendo estes dados e afirmando que o presidente Jair Bolsonaro está sob pressão internacional para frear o aumento de queimadas, mas que ele “duvidou publicamente da severidade das queimadas no passado, alegando que oponentes e comunidades indígenas eram os responsáveis”.

“Os incêndios florestais na Amazônia no ano passado foram devastadores o suficiente, mas com o clima mais seco este ano, assim como a pandemia do coronavírus que matou mais de 99.000 brasileiros, há uma preocupação crescente de que o desmatamento em curso não esteja recebendo atenção suficiente”, escreveu o ativista e ator.

Agrestina aguarda que colegiado do TSE decida destino de prefeito e vice

Às vésperas da campanha eleitoral para as eleições municipais de novembro, a cidade de Agrestina pode trocar de prefeito antes do tempo. Tudo depende do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), que tem em mãos um recurso do Ministério Público Eleitoral (MPE), que pede o afastamento do prefeito, Thiago Nunes (MDB) e o vice, Zito da Barra (PTB). Eles chegaram a deixar o cargo, por decisão do TRE, em junho, mas, um mês depois, por efeito de liminar emitida pelo TSE, conseguiram regressar aos cargos.

Thiago e Zito tiveram os mandatos cassados por decisão do TRE-PE. Os gestores são apontados pelo tribunal e pelo MP como autores de abuso de poder político. A oposição municipal afirma que o próprio Ministério Público, após a decisão do TSE, entrou com recurso contra a recondução do prefeito e do vice aos cargos.

“A oposição tá atenta fazendo denúncias contra esse descalabro administrativo aqui na cidade, mas a gente é minoria”, disse Paulo Sargento (DEM), vereador de Agrestina e pré-candidato a vice da cidade na chapa da ex-prefeita Carmem Míriam (DEM). “A eleição indireta estava marcada para o dia 10 de julho, mas o prefeito em exercício não fez nada. Vários partidos entraram com impugnação contra a eleição direta, também, protelando o processo”, lamentou Paulo.

Segundo a oposição, o julgamento do mérito da liminar que reconduziu Thiago e Zito aos cargos ainda não tem data definida para ocorrer. “Semana passada começaram a julgar, mas adiaram. Estamos aguardando a nova data. É importante dizer que o prefeito voltou não foi por conta do processo no TSE sobre o abuso de poder, mas por uma resolução motivada pela pandemia de Covid-19, que reconduziu os gestores aos cargos”, afirmou Paulo Sargento.

Thiago Nunes está na gestão de Agrestina há pelo menos 10 anos. Ele foi vice-prefeito de Carmem Míriam, que na época estava no PSB, de 2009 a 2012. Em seguida, foi eleito prefeito e, no ano de 2016, reeleito. Em suas redes, ele e o vice, Zito da Barra, não mencionam o processo pelo qual passaram. “Amanhã, estaremos de volta para darmos continuidade aos trabalhos em Agrestina”, publicou Thiago em seu Facebook, no dia 9 de junho. Zito se limitou a publicar um link de um blog, anunciando a decisão favorável a eles do TSE. Ambos, prefeito e vice, preferem dar publicidade às obras da Prefeitura de Agrestina e das medidas tomadas para lidar com a pandemia de Covid-19. Zito da Barra, em junho, lançou pré-candidatura a vereador pelo PTB.

Diario de Pernambuco