Relatório do Banco Mundial prevê queda de 5% no PIB do Brasil em 2020

A atividade econômica brasileira deve encolher 5% neste ano por causa da crise provocada pelo novo coronavírus, projeta o Banco Mundial. O organismo multilateral divulgou ontem um relatório em que analisa os impactos da pandemia na América Latina. No conjunto da região, o PIB deve sofrer uma contração de 4,6% em 2020, segundo o Banco Mundial. A projeção não inclui a Venezuela, que já enfrentava uma forte crise antes da eclosão da pandemia da Covid-19.

Os dados fazem parte de um relatório semestral do escritório do economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, intitulado A economia nos tempos da Covid-19. Segundo o documento, o forte choque sofrido pelas economias exige respostas de políticas em diversas frentes: para apoiar os mais vulneráveis, evitar uma crise financeira e proteger os empregos. A fim de socorrer os vulneráveis a enfrentar a perda de renda motivada pelo isolamento social, os programas atuais de proteção e assistência social “devem ser rapidamente ampliados e ter sua cobertura estendida”. Ao mesmo tempo, os governos devem considerar apoiar as instituições do setor financeiro e as principais fontes de emprego, diz o relatório.

“Precisamos ajudar as pessoas a enfrentar esses enormes desafios e garantir que os mercados financeiros e os empregadores sobrevivam à tempestade”, afirma o vice-presidente interino do Banco Mundial para a região, Humberto López. “É preciso limitar os danos e lançar as bases para a recuperação o mais rapidamente possível.” Ao fazer suas projeções, o próprio Banco Mundial reconhece que as circunstâncias econômicas estão mudando diariamente. A análise tomou como base informações dos países disponíveis até 10 de abril de 2020.

Entre os grandes países da América Latina, o Brasil só não deve ter desempenho pior em 2020 do que México (-6,0%), Equador (-6,0%) e Argentina (-5,2%). Países do Caribe sofrerão um baque devido aos impactos da pandemia sobre o turismo, uma fonte importante de renda nesses locais. A recuperação no Brasil também deve ser mais lenta do que na média da região. O Banco Mundial espera avanço do PIB brasileiro de 1,5% em 2021 e de 2,3% em 2022. Para a América Latina e Caribe, a alta esperada é de 2,6% tanto em 2021 quanto em 2022.

Na avaliação do Banco Mundial, a pandemia da Covid-19 contribui para um grande choque do lado da oferta. A demanda da China e de países desenvolvidos deve cair drasticamente, afetando os exportadores de commodities da América do Sul e os exportadores de serviços e bens manufaturados da América Central e Caribe.

Muitos países da região, porém, estão enfrentando a crise com um espaço fiscal limitado. “Os governos da América Latina e do Caribe enfrentam o enorme desafio de proteger vidas e ao mesmo tempo limitar o impacto das consequências econômicas”, diz o economista-chefe do Banco Mundial para a região da América Latina e Caribe, Martin Rama. “Isso exigirá políticas coerentes e direcionadas em uma escala raramente vista antes”, completa.

Informalidade
O Banco alerta, ainda, que níveis mais elevados de informalidade no mercado de trabalho latino tornam mais difícil a assistência social às famílias. A proteção de todas as fontes de emprego também é mais incerta. “Muitas famílias vivem ‘da mão para a boca’ e não dispõem de recursos para suportar os bloqueios e quarentenas necessários para conter a propagação da pandemia. Muitos também dependem de remessas internacionais, que estão em colapso”, diz a instituição, que defende a ampliação de programas de assistência social.

“Ao mesmo tempo, os governos terão que arcar com grande parte do prejuízo. Socializar esse prejuízo pode exigir a aquisição de participação em instituições do setor financeiro e empregadores estratégicos por meio de recapitalização. Esse apoio será essencial para preservar os empregos e possibilitar a recuperação”, afirma o relatório.

Para o Banco Mundial, o risco de uma crise financeira não pode ser totalmente descartado, em razão da magnitude do choque, por isso a necessidade de dar apoio a instituições desse setor. O Banco ressalta, no entanto, que qualquer medida nesse sentido deve ser transparente, com acordos sólidos para administrar os ativos recém-adquiridos.

O organismo multilateral ressaltou, ainda, que a América Latina assiste a uma saída de investimentos externos em portfólio muito maior do que na época da crise financeira global de 2008. “No nível doméstico, muitos devedores não serão capazes de cumprir suas obrigações ou solicitar renegociações, ou simplesmente ficarão inadimplentes”, diz o documento.

O Banco Mundial informa também em seu relatório que distribuirá até US$ 160 bilhões em apoio financeiro nos próximos 15 meses para ajudar os países a proteger os pobres e vulneráveis, apoiar as empresas e fortalecer o processo de recuperação econômica.

Acordo da Opep reduz produção
A Organização dos Países Produtores de Petróleo e seus parceiros, grupo denominado Opep +, definiram ontem o que consideram “o maior corte na produção da história” para sustentar os preços do óleo em meio à pandemia do novo coronavírus. O grupo superou o impasse com o México e definiu redução de 9,7 milhões de barris por dia (bpd) em maio e junho. O pacto encerra a guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, que derrubou as cotações da commodity, em meio à queda na demanda por conta do coronavírus. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou o acordo. Em uma rede social, disse que o pacto salvará “centenas de empregos” no setor de energia americano. Trump também parabenizou o presidente russo, Vladimir Putin, e o rei saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud. “(Foi um) ótimo acordo para todos”, escreveu Trump.

Correio Braziliense

Produtores de petróleo fecham acordo para corte na produção

A Opep e seus parceiros produtores concordaram neste domingo com o “maior corte na produção da história” na esperança de elevar os preços do petróleo em meio à pandemia de coronavírus e apesar das tensões entre Moscou e Riade.

A reunião “terminou com um consenso dos produtores da Opep+ sobre o corte da produção a partir de maio”, escreveu o ministro da Energia saudita Abdul Aziz bin Salman no Twitter.

“O grande acordo de petróleo com a Opep está concluído. Isso economizará centenas de milhares de empregos no setor de energia nos Estados Unidos”, tuitou o presindente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Gostaria de agradecer e felicitar o presidente (Vladimir) Putin da Rússia e ao rei Salman da Arábia Saudita. Acabei de falar com eles do Salão Oval. Um grande acordo para todos!”, acrescentou.

De Moscou, o Kremlin também ressaltou a “grande importância” do acordo dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e seus parceiros, denominado Opep+, com o objetivo de sustentar o revés nos preços e equilibrar o mercado.

De acordo com uma declaração do Kremlin, Trump e Putin “ressaltaram mais uma vez a grande importância do acordo de formato ‘Opep+’ para reduzir a produção de petróleo”.

Os dois líderes também tiveram uma conversa por telefone com o rei saudita Salmán. Seus países são os principais produtores de petróleo do mundo.

A ministra de Energia do México, Rocío Nahle García, também elogiou no Twitter o acordo “por unanimidade dos 23 países participantes” e falou de uma redução de “9,7 milhões de barris de petróleo” a partir de maio.

Cortes considerados “históricos”
O secretário geral da Opep, Mohammad Barkindo, descreveu como “histórico” os cortes acordados neste domingo.

Esses cortes são “os maiores em volume e de maior duração, pois estão planejados para durar dois anos”, avaliou, acrescentando que o acordo “abriu o caminho para uma aliança global com a participação do G20”.

Por sua vez, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na televisão que, com o acordo a partir de segunda-feira “os preços do petróleo se estabilizarão, o mercado do petróleo se estabilizará e servirá de base para a recuperação financeira, comercial e econômica” do mundo pós-pandemia.

Enquanto isso, o ministro do petróleo do Kuwait, Khaled al-Fadhel, elogiou o “acordo histórico” no Twitter.

Segundo Bjornar Tonhaugen, analista da Rystad Energy, “hoje a Opep+ conseguiu concluir um acordo histórico para fazer o maior corte na produção da história”. Embora os cortes na produção sejam menores do que o mercado precisava, o pior já foi evitado por enquanto”, disse o colega Magnus Nysveen.

A Opep retomou neste domingo por videoconferência a reunião que começou na quinta-feira com o cartel da OPEP + liderado pela Rússia, o segundo maior produtor mundial.

Esta reunião foi possível depois de Riade e Moscou darem uma trégua à guerra de preços que travaram desde a última conferência do grupo, em 6 de março, em Viena, Áustria, onde fica a sede da Opep.

Os dois exportadores foram surpreendidos com a rápida disseminação do coronavírus, que atingiu a demanda de petróleo diretamente, em uma época em que já havia uma oferta excedente.

“Na minha opinião, as ações [da Arábia Saudita, que aumentaram sua produção] eram irracionais, pois um aumento na extração em meio a uma queda na demanda é um tanto irracional, também do ponto de vista da teoria econômica”, declarou neste domingo o ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, citado pela agência russa TASS.

Alguns meses atrás, o preço do barril estava em torno de 60 dólares, mas no início da semana passada caiu para níveis nunca vistos desde 2002. O preço do barril, segundo a Opep, está abaixo de 21 dólares.

Queda drástica
Após longas negociações, na sexta-feira de madrugada, a Opep e seus parceiros concordaram, com exceção do México, em reduzir em maio e junho a produção mundial em 10 milhões de barris por dia.

O México considerou excessivo o esforço exigido (redução de sua produção em 400.000 barris por dia) em comparação com outros países. Os Estados Unidos, por sua vez, concordaram em ajudar o México a alcançar sua cota de redução para chegar a um acordo global e conter a queda nos preços.

Mas no sábado, os ministros da Energia dos países do G20 fracassaram em acordar uma queda na produção.

O comunicado conjunto divulgado após a cúpula virtual incluiu compromissos para cooperação futura na luta contra a pandemia, mas não mencionou nenhuma redução. Embora um acordo seja anunciado neste domingo, vários analistas duvidam que esses cortes aumentem os preços.

“Um corte de 10 milhões de barris por dia em maio e junho impedirá o alcance dos limites de armazenamento e os preços não cairão no abismo, mas não restaurará o equilíbrio de mercado desejado”, segundo analistas da Rystad Energy.

Os Estados Unidos não fazem parte da aliança Opep+, mas, segundo Novak, “apoiam o acordo”, que pode dar um alívio à sua indústria de petróleo de xisto, que passa por grandes dificuldades.

Segundo Novak, Washington estaria disposto a cortar a produção. “Ouvimos números de 2 a 3 bilhões de barris por dia”, disse o ministro russo.

AFP

‘Cloroquina está sendo vista como salvadora, mas não é’, diz médica do Incor

A cardiologista e intensivista Ludhmila Abrahão Hajjar, 42, diretora de ciência e tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, diz que está havendo um otimismo exagerado em relação à cloroquina, que há riscos cardíacos no uso da droga e que jamais a adotaria para casos leves.

“Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é. Mas se você fala isso, já começa a apanhar porque virou uma questão nacional de pressão. Mas a realidade científica é essa, não tem evidência”, diz a médica e professora do InCor (Instituto do Coração).

Ela fez parte de comissão de especialistas que se reuniu com presidente Jair Bolsonaro há duas semanas para discutir a cloroquina. Bolsonaro ouviu deles sobre a falta de evidência da droga, porém, seguiu defendendo o seu uso.

Hajjar também integra um grupo de pesquisadores que tem estudado a eficácia e a segurança da cloroquina. Dados preliminares de uma pesquisa em Manaus (AM) apontaram que altas doses da substância aumentam a taxa de letalidade em pacientes graves internados.

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Segundo a médica, o principal gargalo da pandemia tem sido a falta de estrutura das UTIs brasileiras. “Não é só ter respirador. Quando eu intubo um doente, ele fica 15 dias na UTI. Vai precisar de fisioterapeuta 24 horas, antibiótico. Muitas vezes, morre de infecção, maus tratos, não tem gente para cuidar, não tem profissional, não tem material”, afirma.

FOLHA – Há otimismo exagerado em relação à cloroquina?

LUDHMILA – Muito. Isso reflete o que a gente está vivendo, milhares de pessoas infectadas, mortes e vidas em risco. E, ao mesmo tempo, o impacto socioeconômico e certos países buscando soluções rápidas. Mas, infelizmente, não temos.

Os ensaios in vitro demonstram um potencial da cloroquina de inibir a replicação do vírus e a entrada dele na célula. Porém, em estudos clínicos há uma escassez de dados e muita controvérsia. Boa parte do otimismo vem de um único grupo de pesquisa da França, mas os dados são cientificamente fracos.

De lá pra cá, alguns outros estudos, também não confirmatórios, apontam que há resultados diferentes, contraditórios. Não temos que ter expectativa grande e nenhum achismo em relação ao uso da cloroquina até que se tenha dados comprovados.

FOLHA – O uso da cloroquina pode trazer riscos à saúde?

LUDHMILA – Os efeitos adversos não são desprezíveis. Muita gente argumenta ao contrário: ‘ah, é uma droga segura, usada há anos na malária, na artrite reumatoide, no lúpus, as pessoas usam em casa’. Mas a hipótese é que um dos principais efeitos colaterais dessa medicação seja no coração, a arritmia cardíaca.

Quando a pessoa está com o coração normal é mais difícil que a arritmia aconteça. Mas a gente tem que lembrar que até 40% dos pacientes infectados pela Covid-19 têm algum tipo de injúria ao sistema cardiovascular. É possível que no meio da infecção o sistema vascular fique exposto, fique mais suscetível ao efeito colateral dessa medicação.

Nós temos visto isso aqui em São Paulo, os franceses relataram mais de 30 casos de pessoas que tiveram problemas graves com essas drogas, e as autoridades de lá reforçaram a condição de ela ser usada apenas em ambiente hospitalar. Tanto a cloroquina como a azitromicina podem induzir essa arritmia. A associação das duas torna-se isso ainda mais possível.

FOLHA – E por que essa pressão em torno do uso?

LUDHMILA – Surgiram pessoas que foram acumulando experiências e não evidências científicas, por exemplo, a Nise [Yamaguchi] com os casos da Prevent Senior. Eu já disse: ‘Nise, isso não dá para ser replicado enquanto não tiver estudo comparativo, com grupo controle e que tenha a mesma gravidade da doença, as mesmas comorbidades. Eu não posso pegar isso e começar a pressionar o Brasil’.

Eu jamais adotaria hoje a cloroquina na forma leve, de forma preventiva, sem ter evidência cientifica. Eu não mudaria a prática clínica baseada só em experiência. Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é.

FOLHA – Quais são as outras opções terapêuticas estudadas hoje para a Covid-19?

LUDHMILA – Uma é com medicação com efeito antiviral e a outra, com ação anti-inflamatória. Vários estudos estão acontecendo no mundo, por exemplo, com os antivirais lopinavir e o ritonavir, que são medicações para o HIV. Tem o remdesivir, o mundo tem uma grande expectativa sobre essa droga. Ela foi eficaz no ebola, um antiviral de amplo espectro, coisa que não existia até recentemente.

Antibióticos a gente dá para todos os pacientes graves porque há muita pneumonia bacteriana associada. Também há estudos sobre terapia anti-inflamatória, como corticoides, anticorpo monoclonal, e com anticoagulante. Muitos hospitais têm usado esse arsenal todo, mas, de novo, nada baseado em evidências.

FOLHA – Ou seja, não existe ainda um tratamento padrão?

LUDHMILA – Não existe. Mas se você fala isso, já começa a apanhar porque a cloroquina virou uma questão nacional de pressão. Mas a realidade científica é essa.
Isso foi falado no encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Mas parece que ele não se convenceu, certo?

Ele estava ali mais para ouvir, estava zero combativo. Ele disse: ‘tenho dois problemas: o vírus de um lado e o impacto na mortalidade, e do outro o impacto socioeconômico dessa doença. Então, queria ouvir de vocês o que tem estudo, de resultado preliminar’. Aí as pessoas envolvidas em estudos como eu falaram isso, os estudos estão acontecendo e não temos nada.

Só que ai também haviam pessoas que foram contar experiências pessoais, que são sempre cheias de emoção: ‘ah! eu evitei a internação do meu doente, o meu doente ficou muito bem!’. Não dá. Assim não consigo falar de algo tão sério. Aí cabem todas as interpretações. Ele ouviu e não emitiu opinião.

FOLHA – E sobre o isolamento, o que os cientistas recomendaram?

LUDHMILA – O isolamento surgiu na conversa porque a gente acabou entrando no assunto. O tema central foi a cloroquina. Alguns de nós, nos posicionamos que a melhor estratégia para evitar transmissão era intensificar as medidas de isolamento, não tem nada melhor que isso, infelizmente.

FOLHA – Qual tem sido o impacto da Covid-19 nas UTIs do país?

LUDHMILA – Gigante. Quando eu intubo um doente, ele fica 15 dias na UTI. Lá, vai precisar de fisioterapeuta 24 horas, a UTI tem que ter todas as normativas de segurança em termos de infecção. Muitas vezes, esse doente vai morrer de infecção secundária, maus tratos, não tem gente para cuidar, não tem profissional, não tem material. Essa questão da estrutura das UTIs é central nessa situação atual, é o nosso principal gargalo.

Municípios e regiões que sequer têm UTIs, quando têm, não há estrutura. Eu vejo o número de internações aumentando progressivamente a cada dia, o Brasil batendo mais de cem mortes em 24 horas e as UTIs não estruturadas para receber esses doentes. Uma coisa é Einstein, Sírio, Oswaldo Cruz, Samaritano, outra coisa é a realidade Brasil que não é essa.

FOLHA – E UTI não é feita só de respirador…

LUDHMILA – Exatamente, não é só respirador. Como se eu carregasse o meu respirador debaixo do braço. O respirador dá oxigênio, ponto. Tem que ter alguém cuidando do respirador, aspirando o doente, tem que ter antibiótico, protocolo, tem quer a hora do desmame.

Antes de começar os casos em São Paulo, eu falei com os italianos e eles me deram várias dicas: ‘Ludmila, não se anima, não extube o paciente antes de três dias, cinco dias. O doente está inflamado, é uma anestesia prolongada’, existem muitas pecularidades no tratamento dessa doença.

É uma pneumonia de longa duração. Esse doente ficará 15 dias em média na UTI, de sete a dez dias intubado. Precisando de cuidados de fisioterapia 24 horas, de respirador bom, de antibióticos, de nutrição, de profilaxia de trombose, de prescrição adequada. O desafio é gigantesco.

É preciso um esforço sobre-humano para capacitar rapidamente fisioterapeutas e enfermeiras das enfermarias para atuar na UTI, tem usar telemedicina. Individualmente, eu tenho tentado, não paro de atender telefonemas, ajudando colegas do Brasil todo. Eles dizem: ‘eu intubei, olha esse raio-X, o que eu faço?’ Eu falo: ‘faz isso’. ‘Ah, mas eu não tenho isso’, ‘então vamos fazer assim’. A gente tem feito aulas diárias, lives, contando a experiência de São Paulo, da Itália, da China. Estamos diante de uma guerra, os doentes da UTI podem ter taxa de mortalidade de até 80%.

FOLHA – Como conseguir motivar os profissionais nesse momento de tanto medo, estresse e falta de proteção?

LUDHMILA – Os profissionais de saúde estão muito inseguros com as mortes de colegas, muita gente pedindo demissão. Está superdifícil contratar gente no interior do Brasil. Os governadores têm perguntado como fazer para motivar os profissionais de saúde. É hora de as lideranças assumirem o seu papel e manterem as equipes motivadas e seguras.

A questão financeira também é fundamental. Não basta só chamar para a guerra no sentido motivacional. É preciso buscar formas de remunerar melhor, arranjar um fundo, um adicional insalubridade por tudo o que os profissionais da linha de frente estão vivendo. É guerra, e a gente precisa desses soldados.

Folhapress

Brasileiro não sabe se escuta o ministro ou o presidente, diz Mandetta

Health Minister Luiz Henrique Mandetta gestures during a press conference regarding the COVID-19, coronavirus pandemic at the Planalto Palace, Brasilia on March 18, 2020. (Photo by Sergio LIMA / AFP)

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse neste domingo (12) que o brasileiro não sabe se escuta ele ou o presidente Jair Bolsonaro e alertou que os meses de maio e junho serão os mais duros.

Ao ser questionado sobre a divergência de opiniões entre ele e o presidente, Mandetta pediu um alinhamento de discurso para evitar “dubiedade”.

“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, isso é claramente uma coisa equivocada. Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva o brasileiro a uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro, o presidente, quem ele escuta”, disse em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo.

Mandetta também afirmou que o ministério acredita que maio e junho serão os meses mais duros no combate ao coronavírus.

Os técnicos do ministério trabalham com a hipótese de que o pico do surto seja atingido entre o fim de abril e início de maio. No entanto, a pasta esclarece que isso não significa que, após esse período, vai se seguir uma queda nos índices de casos registrados e óbitos.

A tendência é que esse período de alta transmissão da doença se mantenha na sequência por até dez semanas, provocando uma grande pressão sobre o sistema de saúde.

O ministro voltou a defender as políticas de isolamento social como forma de evitar a propagação do vírus.

“Quem vai escrever essa história é o comportamento da sociedade”, afirmou. Mandetta também afirmou que a realização de testes em massa em toda a população é inviável neste momento.

Folhapress

Agreste se une contra o novo coronavírus

A instalação de um hospital de campanha em Garanhuns, com os custos compartilhados pelas 26 prefeituras do Agreste Meridional, para reforçar o atendimento aos doentes da região contaminados pelo novo coronavírus, foi uma das sugestões apresentadas na primeira reunião da Frente Operacional de Combate ao Covid 19 no Agreste (Foco Agreste), sábado, em Garanhuns, transmitida ao vivo pelo Facebook.

A ideia partiu da prefeita de Capoeiras, Neide Reino (PSB), e teve o apoio imediato da maioria dos 14 prefeitos que participaram da primeira reunião da Foco Agreste, que durou cerca de três horas. Outro consenso entre os participantes foi a necessidade urgente de se ampliar a UTI do Hospital Dom Moura, em Garanhuns, que só dispõe de 16 respiradores.

O deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos), que também esteve na reunião, junto com os deputados federais Fernando Rodolfo (PL), idealizador do movimento, André Ferreira (PSC) e Daniel Coelho (PSDB), propôs a formação de um comitê da Foco Agreste para levar as demandas dos prefeitos da região ao governador Paulo Câmara.

Recomendação – O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros, informou na Foco Agreste que cerca de 50 prefeituras ainda não elaboraram seus planos de contingência para a pandemia do Covid-19. Ele deu prazo de uma semana para que estas prefeituras tomem as providências, sob risco de não receberem recursos do governo do estado para combater a pandemia, recomendação que irá propor a Paulo Câmara.

A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), fez um balanço das providências que tem tomado na pandemia, como barreiras sanitárias e abrigos para moradores de rua. Já a prefeita de São Bento do Una, Débora Almeida (PSB), comunicou ter recebido a informação do primeiro caso de Covid-19 no seu município enquanto participava da reunião pela plataforma virtual.

Os prefeitos que participaram da primeira reunião da Foco Agreste relataram enfrentar grandes dificuldades de recursos no combate à pandemia. A Foco Agreste – que teve a participação do presidente da seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Garanhuns, Jorge Lima de Matos – fará nova reunião na próxima terça-feira, quando debaterá, entre outros assuntos, os efeitos econômicos da pandemia no Agreste e a dramática situação da bacia leiteira da região.

Fernando Rodolfo explica que a Foco Agreste tem por objetivos dar unidade às ações dos prefeitos da região, centralizar informações, tirar dúvidas sobre a doença e questões relacionadas ao auxílio emergencial, ajudando a combater as fake news (notícias falsas). “A pandemia, infelizmente, chegou ao interior de Pernambuco, e é preciso juntar forças de toda a sociedade para combater com racionalidade e eficácia o seu avanço ”, justificou Rodolfo. A íntegra da reunião do comitê de crise do Agreste está disponível em vídeo no perfil www.facebook.com/focoagreste.

TJPE fecha o mês de março com mais de 250 mil atos praticados

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) fechou o mês de março com mais de 250 mil atos praticados, no 1º e 2º Graus, entre sentenças, decisões, despachos, julgamentos monocráticos e acórdãos. Desses, 120 mil foram realizados entre 18 e 31 de março, quando as unidades do Judiciário estadual passaram a funcionar de forma remota.

Os números foram reunidos pela Coordenadoria de Planejamento e Gestão Estratégica do TJPE. Os dados mostram que, apesar de todas as adversidades enfrentadas por magistrados, servidores, e pela instituição, para garantir o trabalho remoto funcionando, a produtividade registrou o pleno funcionamento do Judiciário.

Tendo em conta as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos órgãos nacionais e estaduais voltadas à prevenção do coronavírus (covid-19), o Tribunal de Justiça de Pernambuco adotou o funcionamento remoto, a partir do dia 18 de março, como forma de preservar a saúde de magistrados, servidores e da população que utiliza os serviços da Justiça. O objetivo foi ajudar na prevenção da covid-19, reduzindo a possibilidade de transmissão da doença com o fechamento dos prédios públicos.

Segundo o presidente do TJPE, desembargador Fernando Cerqueira, o maior desafio é fazer com que um Poder secular, como o Judiciário, que tem como princípio a pacificação social, possa inovar e se adaptar aos novos tempos sem colocar em risco a segurança jurídica do cidadão. ”Com a pandemia do coronavírus e todas as mudanças causadas pelo alto índice de transmissão e letalidade da doença, foi preciso nos ajustarmos com a agilidade que era necessária para salvar o bem mais precioso que temos, a vida. Mais do que uma cobrança por produtividade, esses dados demonstram o esforço dos nossos magistrados e servidores para atender a população, superando condições não tão favoráveis para trabalhar de casa, enfrentaram situações complexas, a ansiedade causada por tudo que a sociedade está vivendo e, mesmo assim, estão entregando uma prestação jurisdicional adequada”, avaliou.

1º Grau

No 1º Grau da Justiça estadual, destacam-se os seguintes números: no período de 1 a 31 de março foram assinadas 40.132 sentenças; 28.370 decisões; e 132.600 despachos. Dos referidos números, no período de suspensão do funcionamento presencial do TJPE, foram efetuadas 20.841 sentenças, 13.320 decisões, e 64.263 despachos.

2º Grau

No 2º Grau do TJPE, o mês de março apresentou 2.831 acórdãos, 2.756 decisões monocráticas, 5.472 despachos e 1.391 julgamentos monocráticos, totalizando 12.450 movimentações finais. Desse número apresentado, no período em que o funcionamento presencial foi suspenso, foram registradas 1.466 decisões monocráticas, 2.258 despachos, 667 julgamentos monocráticos e 622 acórdãos, chegando a um total de 5.013 atos cumpridos.

Juizados Especiais Cíveis e Criminais de Pernambuco

Em todo o mês de março, os Juizados Especiais de Pernambuco produziram 11.373 sentenças; 4.933 decisões; e 16.299 despachos. Desse número, no período de 18 a 31 de março, foram efetuadas 4.757 sentenças, 2.272 decisões e 8.009 despachos.

I Colégio Recursal dos Juizados Especiais

Em seu relatório estatístico, o I Colégio Recursal dos Juizados Especiais, que é composto por oito turmas recursais cíveis e duas turmas recursais fazendárias, apresenta um comparativo referente ao número de recursos julgados pelas turmas recursais da Capital nos meses de fevereiro e março, respectivamente.

Em fevereiro foram julgados 1.473 recursos. Em março, mês que teve início o home office nas unidades do Judiciário pernambucano, foram julgados 1.538 recursos, sendo desses, 655 durante no período de home office (18 a 31 de março).

Sábado de Aleluia violento em Caruaru: dois homicídios registrados

Pedro Augusto

Em tempos de novos coronavírus, com recomendações intensificadas para a prática de isolamento social, a violência não está dando trégua. Para se ter ideia, somente no Sábado de Aleluia (11), dois homens foram assassinados em Caruaru.

O primeiro crime de morte do dia foi computado pela manhã, no Bairro Severino Afonso. Por lá, um homem identificado como Danilo Silva, foi executado a facadas, segundo o levantamento cadavérico do Instituto de Criminalística. A suspeita é de que a vítima teria participado de uma tentativa de assalto na noite anterior (10), na cidade.

Já no período da noite, quem teve a vida ceifada foi um homem, até o presente momento, sem identificação. Ele foi executado à bala no Parque 18 de Maio morrendo antes mesmo da chegada do socorro do Samu. A vítima trajava uma camisa branca, bem como uma bermuda jeans, mas não portava documentos.

O corpo dele, assim como de Danilo, foi encaminhado ao IML. Até o fechamento desta matéria, nenhum suspeito foi preso. Com as confirmações destas duas últimas mortes, subiu para 40 o quantitativo de homicídios praticados, neste ano, na Capital do Agreste.

Confira pagamentos e tributos adiados ou suspensos durante pandemia

Terminar o mês escolhendo quais boletos pagar. Essa virou a rotina de milhões de brasileiros que passaram a ganhar menos ou perderam a fonte de renda por causa da pandemia do novo coronavírus. Para reduzir o prejuízo, o governo adiou e até suspendeu diversos pagamentos esse período. Tributos e obrigações, como o recolhimento das contribuições para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), ficarão para depois.

Em alguns casos, também é possível renegociar. Graças a resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN), os principais bancos estão negociando a prorrogação de dívidas. Os agricultores e pecuaristas também poderão pedir o adiamento de parcelas do crédito rural. A Agência Nacional de Saúde (ANS) fechou um acordo para que os planos não interrompam o atendimento a pacientes inadimplentes até o fim de junho.

Além do governo federal, diversos estados estão tomando ações para adiar o pagamento de tributos locais e proibir o corte de água, luz e gás de consumidores inadimplentes. No entanto, consumidores de baixa renda ficarão isentos de contas de luz por 90 dias em todo o país. Os adiamentos não valem apenas para os consumidores. Em alguns casos, a Justiça está agindo. Liminares da 12ª Vara Cível Federal em São Paulo proibiram o corte de serviços de telefonia de clientes com contas em atraso. Diversos estados estão conseguindo, no Supremo Tribunal Federal, decisões para suspenderem o pagamento de dívidas com a União durante a pandemia.

Pernambuco registra 132 novos infectados e sete mortes pela Covid-19 em 24h

Pernambuco registrou 132 novos casos do novo coronavírus nas últimas 24 horas, totalizando 816 infectados pela doença. Destes, 443 estão em isolamento domiciliar e 256 estão internados, sendo 34 pacientes em regime de terapia intensiva e 222 em leitos de enfermaria. Ao todo, 45 pessoas infectadas já se recuperaram.

O número de mortes também aumentou em sete, sendo duas vítimas do sexo feminino e cinco do sexo masculino, com idades entre 41 e 89 anos. Os óbitos ocorreram entre os dias 2 e 10 de abril. Agora, o Estado soma 72 mortes pela Covid-19. Os dados foram atualizados no início da tarde deste sábado (11) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).

Segundo o secretário da pasta, André Longo, 227 profissionais da saúde que apresentaram sintomas de gripe e realizaram o teste para o novo coronavírus confirmaram a doença. Outros 194 profissionais tiveram o resultado negativo.

“Reforço que fomos o primeiro estado do Brasil a criar o protocolo para testar os profissionais de saúde, e que isso é muito importante para garantir a segurança dos que estão na linha de frente salvando a vida das pessoas. Sempre terão, os profissionais de saúde, o nosso máximo reconhecimento por todo esforço no dia a dia deste enfrentamento”, afirmou o secretário.

Longo ressaltou ainda que em menos de um mês foram criados 386 leitos para receber pessoas com suspeitas ou já com confirmação da Covid-19, sendo 161 UTIs.

“Gostaria de destacar que ficamos muito satisfeitos em saber que Pernambuco continua liderando o ranking nacional na transparência de dados sobre a Covid-19 no Brasil. Temos o compromisso de informar a real situação da doença para toda sociedade e precisamos do engajamento de todos com para frear o coronavírus. Esta avaliação aporta que estamos no caminho certo”, disse o secretário.

Os casos confirmados estão distribuídos em 47 municípios de Pernambuco. São eles: Abreu e Lima, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Igarassu, Ipojuca, Moreno, Olinda, Paulista, Recife, Pombos, São Lourenço da Mata, Vitória de Santo Antão, Bom Jardim, Carpina, João Alfredo, Lagoa do Carro, Limoeiro, Paudalho, Tracunhaém, Passira, Catende, Gameleira, Palmares, Quipapá, Belo Jardim, Caruaru, Cachoeirinha, Frei Miguelinho, Santa Cruz do Capibaribe, São Bento do Una, São Caetano, Toritama, Bom Conselho, Capoeiras, Garanhuns, Arcoverde, Sertânia, Salgueiro, Petrolina, Ipubi, Serra Talhada, Aliança, Goiana, Macaparana e Timbaúba, além do Arquipélago de Fernando de Noronha, além da ocorrência de pacientes em outros Estados e países.

Os novos óbitos foram:
1 – Mulher, 62 anos, residente do Recife. Óbito em 08.04. Tinha hipertensão e cefaleia crônica.
2 – Mulher, 59 anos, residente de Sertânia. Óbito em 06.04. Tinha mal de Chagas, hipertensão e diabetes.
3 – Homem, 89 anos, residente do Recife. Óbito em 08.04. Tinha hipertensão.
4 – Homem, 60 anos, residente de São Lourenço da Mata. Óbito em 08.04. Tinha hipertensão e doença hepática crônica.
5 – Homem, 95 anos, residente de Jaboatão dos Guararapes. Óbito em 10.04. Ainda não identificado se tinha algum tipo de doença crônica.
6 – Homem, 66 anos, residente de Olinda. Óbito em 02.04. Ainda não identificado se tinha algum tipo de doença crônica.
7 – Homem, 41 anos, residente em Gameleira. Óbito em 08.04. Ainda não identificado se tinha algum tipo de doença crônica.

Folhape

Boris Jonhson deixa o hospital

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson deixou, neste domingo (12), o hospital londrino onde estava internado há uma semana após ter sido infectado com o novo coronavírus, anunciou Downing Street.

“O primeiro-ministro foi liberado do hospital para continuar sua recuperação em Chequers”, sua residência no noroeste de Londres, disse Downing Street em comunicado, acrescentando que “não retomará imediatamente o trabalho, sob orientação de sua equipe médica”.