Indústria junta forças contra o coronavírus

A indústria e o poder público estão trabalhando juntos para melhorar a capacidade de prevenção, diagnóstico e superação do novo coronavírus. Construção de centro de tratamento à Covid-19; produção de álcool 70%, produtos de limpeza, máscaras e aventais hospitalares para a distribuição gratuita para comunidades carentes e unidades hospitalares; aumento na produção e conserto de respiradores mecânicos; cursos on-line gratuitos e um edital de inovação no valor de R$ 10 milhões para apoiar projetos que ajudem na prevenção, diagnóstico e tratamento da covid-19. As ações se multiplicam para ajudar o Brasil a enfrentar a pandemia.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Instituto Evaldo Lodi (IEL) têm liderado iniciativas próprias e estimulado o setor produtivo a dar a sua contribuição, diante de um momento extremamente desafiador com a paralisação de parte das atividades produtivas.

As ações articuladas com governos estaduais, prefeituras e entre as próprias empresas levam produtos básicos para áreas vulneráveis e reforçam a importância da integração entre lideranças empresariais e políticas para o Brasil superar este momento. “A indústria está fazendo a sua parte, não apenas com o intuito de garantir o suprimento de itens primordiais para a contenção da crise como o de diminuir os impactos da crise sobre a economia”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

MEC e secretarias de Educação discutem alternativas para distribuição de alimentos

O Ministério da Educação (MEC) informa que busca alternativas, em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), para destinar os alimentos em depósito nas escolas públicas aos estudantes que estão com aulas suspensas por conta do coronavírus

Em constante diálogo, o MEC e o Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE) querem permtir que as secretarias de Educação definam como e com qual frequência haverá a distribuição dos alimentos, seguindo protocolos para evitar aglomerações de pessoas e contaminação da doença. Para isso, porém, buscam segurança jurídica para qualquer decisão. As pastas se reuniram nesta semana com o Consed e a Undiem e um novo encontro está previsto para os próximos dias.

Por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o FNDE, vinculado ao ministério, já repassou R$ 763 milhões às escolas neste ano para compra de diversos intens, como arroz, feijão e macarrão, que estão em depósito.

A maior parte dos recursos do programa – mais de R$ 3 bilhões -, no entanto, ainda não foi para os estados e municípios. O MEC e as duas entidades que representam a comunidade escolar analisam como será feito o repasse em conformidade com as normas legais. O objetivo é não deixar os 40 milhões de estudantes atendidos pela iniciativa sem refeição durante o período de suspensão de aulas, definido por cada estado e município.

O MEC e as duas entidades que representam a comunidade escolar, em conformidade com a legislação que regulamenta a matéria, estudam uma forma de buscar atender as necessidades dos alunos beneficiários do PNAE.

Governo amplia atendimento por telefone à população nos estados

Com a suspensão do atendimento presencial nas unidades do Trabalho em todo o país por conta do coronavírus, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia reforçou os canais de comunicação por telefone. Além do 158, que atende todo o Brasil, cada uma das 27 superintendências regionais tem um telefone complementar. A medida vale enquanto o atendimento presencial estiver suspenso.

Confira abaixo a lista com os contatos de cada unidade da federação:

Acre: (68)3212-3300

Alagoas: (82)3202-3446

Amazonas: (92)3216-9254

Amapá: (96)3223-6759

Bahia: (71)3329-8402

Ceará: (85)3878-3603

Distrito Federal: (61)2031-0118

Espírito Santo: (27)3211-5201

Goiás: (62)3227-7062

Maranhão: (98)3213-1984

Minas Gerais: (31)3270-6160/6172

Mato Grosso do Sul: (67)3306-2054

Mato Grosso: (65)3616-4801

Pará: (91)9.8014-5914

Paraíba: (83)2107-7600

Pernambuco: (81)3427-7981

Piauí: (86)3222-6401

Paraná: (41)3901-7507

Rio de Janeiro: (21)2212-3572/3560

Rio Grande do Norte: (84)3220-2000

Rondônia: (69)3217-3702

Roraima: 95-3623-3527

Rio Grande do Sul: (51)3213-2926/2929

Santa Catarina: (48)3229 9700

Sergipe: (79)3198-3250

São Paulo: (11)2113-2811/2760/2812

Tocantins: (63)3218-6026

Queda média de 26% no segmento de transporte revela impacto da crise

Em meio ao isolamento social e ao fechamento ou restrição de vários segmentos, a demanda por carga vem caindo drasticamente. Segundo pesquisa da NTC&Logística, associação que reúne 10 mil transportadoras, na média, a queda chega a 26,14% desde o início da crise do coronavírus, indicando o forte impacto provocado pela pandemia na atividade econômica.

O levantamento, divulgado ontem, mostra que, nas cargas fracionadas, o recuo é de 29,81%, enquanto nas de lotação total a redução é de 22,91%. O dado mais preocupante, contudo, é a forte retração, de mais de 55%, de transporte de cargas da indústria de embalagens, um indicador antecedente dos resultados da economia.

Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística, explicou que a pesquisa foi realizada na segunda e na terça-feira, com 695 associados. “A ideia é fazer semanalmente, porque os resultados estão mudando muito rapidamente. Na segunda-feira, a queda geral estava em 19%, na terça aumentou para 23%. E fechamos em 26%. Vai subir mais, na medida em que atividades continuarem paradas”, alertou.

De acordo com o levantamento, na carga fracionada o setor de lojas foi o que mais cortou pedidos, com recuo de 40,74%. O setor de embalagens teve a maior redução, 55,36%, no segmento de carga completa, quando todo o conteúdo do caminhão vai para um único destino. Esse número mostra que mais queda vem por aí, uma vez que embalagem é um insumo utilizado por todas os setores da indústria. Se cai a procura por embalagem, em seguida, a demanda geral acompanha o movimento.

“A gente espera noticiar a volta da carga e não só o sumiço dela. Mas tende a piorar bastante porque São Paulo entrou em quarentena esta semana. Falei com dois grandes empresários do setor e, de ontem para hoje, a queda é de 50%”, detalhou Valdívia. Segundo ele, como o volume de cargas está caindo, o faturamento também recua na mesma proporção. Pior do que isso: os clientes não estão pagando nos vencimentos, afirmou.

O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, ressaltou que a média geral é de queda de 26,14%, mas há setores que continuam sendo abastecidos. “Não houve recuo na entrega de medicamentos. As farmácias estão sendo atendidas, houve crescimento”, destacou.

Segundo Pelucio, algumas medidas do Ministério dos Transportes são positivas, como a prorrogação do registro nacional e a liberação das balanças nas pesagens. “No entanto, precisamos de apoio nas estradas. Os restaurantes estão fechados. Para que o setor de cargas possa continuar abastecendo o Brasil precisamos que os motoristas tenham uma rede de suporte, com restaurantes, borracharias, para que cheguem ao destino”, assinalou.

Plataforma
O TruckPad, maior plataforma de conexão entre caminhoneiros e cargas da América Latina, também realizou um levantamento, a partir de uma base de mais de 10 mil contratantes de frete, e os resultados estão em linha com a pesquisa da NTC&Logística. A queda é de cerca de 25% no volume de cargas nesta semana, em relação à operação normal das transportadoras.

O movimento das cargas chamadas last mile (entregas de última milha, representando o último percurso) teve recuo de quase 30%. São as entregas realizadas em estabelecimentos comerciais, como lojas de ruas e de shopping centers. “Já para as cargas completas, também chamadas full truck load, que ocupam toda a capacidade de um veículo, a pesquisa aponta queda de 20%, demonstrando que há uma desaceleração no agronegócio, no comércio atacadista e uma boa parte da indústria”, destacou o estudo da TruckPad.

Correio Braziliense

Coronavírus: bancos mudam horário para atender idosos, gestantes e pessoas com deficiência

Já prevendo a alta demanda dos bancos nos dias de pagamento dos benefícios aos aposentados e pensionistas, a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) recomendou que as agências adotem um horário de funcionamento exclusivo para idosos, gestantes e pessoas portadoras de deficiências. A intenção é evitar a propagação da COVID-19 entre as pessoas dentro do grupo de risco.

De acordo com a nova grade de horários, as instituições bancárias vão abrir às 9h para atender as pessoas desse grupo. A partir das 10h, o público em geral poderá utilizar as mesmas unidades bancárias. Além disso, as agências devem agir em regime contingenciado, ou seja, com limite de pessoas no local.

Incentivo ao uso do Internet Banking

Para tentar reduzir o número de pessoas nas agências, os bancos ampliaram também as funções do ‘Internet Banking’. Pensando nos idosos que não têm familiaridade com os canais digitais, a FEBRABAN publicou uma cartilha com instruções de como acessar a conta online. O conteúdo está disponível no link http://bit.ly/2xD2T4g

A Federação Brasileira de Bancos informou ainda que casas lotéricas, postos dos correios e supermercados poderão realizar operações bancárias. Saques de conta corrente e poupança e recebimento dos benefícios de programas sociais (INSS, seguro desemprego, PIS e FGTS) são algumas das funções que poderão ser feitas nesses estabelecimentos.

Segundo a FEBRABAN, todas as medidas foram definidas dentro das orientações do Banco Central. Cada banco deve informar os clientes das mudanças. O Santander, Bradesco, Caixa, entre outros bancos, já adotaram as precauções.

INSS online
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) determinou, na segunda-feira (23), que não haverá atendimento presencial em todas as agências do país. A medida consta na Portaria nº 412, de 20 de março de 2020, assinada pelo presidente do INSS.

O intuito dessa ação é evitar aglomerações e a proliferação da COVID-19. No período em que as agências estiverem fechadas, os atendimentos serão feitos online, pelo site meu.inss.gov.br, e na Central de atendimento 135.

Além disso, o INSS afirmou que não houve alterações no calendário de pagamento dos benefícios. As datas estão disponíveis no site do instituto ou no link https://www.inss.gov.br/o-calendario-de-pagamento-de-beneficios-de-2020-ja-esta-disponivel/

EUA registram cerca de 70.000 casos e mais de mil mortos por coronavírus

A lone pedestrian crosses 14th Street dowtown as the US Capital is almost deserted by traffic during the 6pm usual rush hour in Washington on March 25, 2020. – Local authorities have decided to shut down all non-essential businesses from March 25th to April 24th to fight the Covid-19 (Coronavirus) outbreak and avoid it’s spread. (Photo by Eric BARADAT / AFP)

Subiu para 1.031 o total de mortos pela Covid-19 nos Estados Unidos, onde existem 68.572 casos da doença, segundo uma contagem da Universidade Johns Hopkins.

Com esses números, os Estados Unidos seguem como o terceiro país com mais infecções, depois da China e da Itália, que registrou 827 mortes nas últimas 24 horas.

A taxa de mortalidade pelo novo coronavírus no território americano é de 1,5%, embora se acredite que o número real de infectados seja muito maior.

O estado de Nova York é o mais atingido pela pandemia, segundo o monitoramento da universidade, que calcula 280 mortes na cidade de Nova York desde o surgimento do surto.

Depois de ser detectado na cidade chinesa de Wuhan no final de dezembro, o novo coronavírus matou 21.000 pessoas em todo o mundo.

Uma projeção compartilhada com o Congresso no início deste mês estima que 70 a 150 milhões de pessoas possam ser infectadas com o vírus nos Estados Unidos, um país de 329 milhões de pessoas.

A principal causa de morte entre os americanos em 2018 foram as doenças ligadas ao coração, que de acordo com o último número oficial disponível, causou aproximadamente 650.000 óbitos, enquanto gripe e pneumonia causaram cerca de 60.000 falecimentos.

Petrolina confirma segundo caso do novo coronavírus

A prefeitura de Petrolina, sertão de Pernambuco, confirmou, nessa quarta-feira (25), o segundo caso de contaminação pelo novo coronavírus. O paciente é um homem de 53 anos, com histórico de viagem recente a outros estados do país.

Ele está internado em um hospital da rede particular e seu estado de saúde é estável. As pessoas que tiveram contato com o paciente estão em isolamento domiciliar e são monitoradas pela Secretaria de Saúde.

“Foram notificados mais 2 pacientes com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), já com exames coletados. Um paciente recebeu alta e encontra-se em isolamento domiciliar, sendo monitorado pela Secretaria de Saúde. O outro segue internado e ambos aguardam o resultado do Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE). Temos 14 casos de SRAG em investigação, sendo 1 deles já confirmado para Influenza A e outro anteriormente para H1N1. Nenhum óbito relacionado a essas doenças foi registrado na cidade. Não é preciso pânico, pois a prefeitura tem um grupo que avalia e monitora toda a situação”, destacou a secretária de Saúde de Petrolina, Magnilde Albuquerque, em nota publicada no site da prefeitura.

Petrolina conta com duas confirmações da Covid-19 e oito casos suspeitos em investigação, onze casos já foram descartados. A prefeitura reforçou que está dedicando todos os esforços para manter sob controle a proliferação do vírus na cidade e pediu para que a população permaneça em casa, em isolamento social.

Folhape

Após fala de Bolsonaro, Mandetta diz que fica e pede racionalidade em quarentena

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, endossou nesta quarta-feira (25) o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro e criticou medidas fortes de restrições de circulação por causa da pandemia de coronavírus.

Mandetta falou em racionalidade e afirmou que as determinações sobre quarentena foram feitas de forma desorganizadas, precipitadas e ocorreram muito cedo. Ele defendeu que haja melhores critérios conversados entre o Ministério da Saúde e governadores.

“Temos que melhorar esse negócio de quarentena, foi precipitado, foi desarrumado”, disse. Mandetta afirmou que as restrições de circulação podem comprometer, inclusive, o sistema de saúde.

O ministro participou de entrevista coletiva realizada de forma remota, mas fez apenas uma fala inicial. Ele se retirou antes de atender as perguntas encaminhadas pelos jornalistas. Em sua fala, Mandetta disse que fica no cargo e só sai quando o presidente achar que ele não serve ou se ficar doente.

O ministro disse defender critérios de quarentena baseados em patamares de números de casos de cada estado. Assim, medidas poderiam ser tomadas de acordo com o avanço da doença.

Ele também citou as preocupações econômicas, um dos principais argumentos de Bolsonaro. “Se não tivermos cuidado com atividade econômica, essa onda de dificuldade que a saúde vai trazer vai provocar uma onda de dificuldade ainda maior com crise econômica”, diz.

Em pronunciamento na noite desta terça-feira (24), Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e do comércio, contrariou orientações dos órgãos de saúde e atacou governadores.

Assim como Bolsonaro, o ministro da Saúde também citou alternativas para quarenta, que poderia ser focada apenas em idosos e de pessoas com sintomas. “Tem várias maneiras de fazer quarentena, a horizontal, a vertical, isso tudo tem um bando de gente estudando. Não vamos fazer nada que a gente não tenha confiança”, disse. “Antes de adotar o fecha tudo, existe a possibilidade de trabalhar por bairro, existe a possibilidade de fazer redução em determinados aparelhos.” Ele também falou da importância da fé. “Que as igrejas fiquem abertas, mas não se aglomerem.”

Ministério da Saúde registra 2.433 casos da doença e 57 mortes nesta quarta-feira. A evolução no número casos, com relação ao dia anterior, tem caído desde segunda-feira, quando se iniciaram restrições mais fortes de circulação em vários estados do país, como São Paulo (onde está a maioria dos casos e mortes).

Nesta quarta, esse avanço foi de 11% no Brasil. No dia 22, por exemplo, o aumento no número de casos havia representado um salto de 37% na comparação com o dia anterior.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, diz que não é possível identificar impactos nessa evolução. “Não há menor possibilidade de ter algum resultado com algo implementado há alguns dias atrás”, disse ele. Mandetta afirmou que o número de casos está dentro do esperado para esta época.

Segundo pesquisa Datafolha, o ministério que Mandetta coordena é mais bem avaliado que o presidente da República na crise do coronavírus. Dos 1.558 entrevistados entre 18 e 20 de março, 55% aprovam o trabalho da pasta da Saúde. Já Bolsonaro tem sua gestão da pandemia aprovada por 35%.

No domingo (22), em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro afirmou que Mandetta havia exagerado e usado palavras inadequadas. Ele se referia à declaração de que, em abril, o sistema de saúde entrará em colapso. Nos bastidores, Bolsonaro cobrou do médico um discurso mais afinado ao do Palácio do Planalto no combate à pandemia do coronavírus.

O presidente se irritou, de acordo com auxiliares próximos, com o fato de Mandetta não tê-lo defendido, em entrevistas à imprensa, por ter participado de manifestação a favor do governo em Brasília em meio à crise do coronavírus –a recomendação da pasta era para evitar aglomerações.

Folhapress

Pensei que fosse montagem, diz Caiado sobre pronunciamento de Bolsonaro

Horas depois de anunciar um rompimento com Jair Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, 70, (DEM), afirmou à reportagem que o presidente da República perdeu as condições de liderar o enfrentamento à crise do coronavírus.

Caiado, que é médico, disse ter pensado ser “uma montagem” o pronunciamento de Bolsonaro na TV na noite de terça-feira (24), em que o presidente voltou a minimizar o risco do vírus e atacou a restrição ao funcionamento de atividades econômicas.

“Minha indignação é ele tratar de um assunto do qual ele não tem o menor conhecimento. Não se assessorou de ninguém para produzir um texto tão irresponsável”, declarou o governador.

O político goiano, que impôs limitações ao comércio no estado para amenizar os efeitos do vírus, criticou o risco econômico como argumento para flexibilizar essas medidas.

“Ele deve ter sido contaminado por algum empresário que só enxerga cifrão”, afirmou.

“Está mais preocupado com CNPJ do que com CPF.”
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Pergunta – Como avalia o comportamento do presidente na crise?

Ronaldo Caiado – Minha indignação é ele tratar de um assunto do qual ele não tem o menor conhecimento. Não se assessorou de ninguém para produzir um texto tão irresponsável e que provocou uma insegurança nas orientações de como o cidadão deve se comportar.

Ele deve ter sido contaminado por algum empresário que só enxerga cifrão. É uma situação que eu não vou admitir. Sou governador, tenho a prerrogativa de legislar sobre essa matéria. As decisões do presidente na área de saúde não interferem no estado de Goiás. Aqui, vamos continuar com o decreto que vale até dia 4 [de abril].

Quais seriam as consequências de uma redução dessas restrições?

RC – Aqui em Goiás, não vai ter muita consequência, porque o que vai ser colocado em prática são as decisões que eu vou decretar. Os goianos podem se sentir protegidos. As decisões na área de saúde serão tomadas por mim.

Seria um erro flexibilizar as regras agora?

RC – Na quarentena, o importante é que você vai calibrando. Você vê a chegada do vírus, a agressividade, o nível de contaminação e o percentual de pacientes internados por problemas respiratórios agudos. Eu não tenho como acertar com o coronavírus: “Olha, vamos fazer um acordo? Você faz isso aqui, e eu vou fazer aquilo”. As pessoas têm que parar de ser primárias nesse assunto. No dia 4, eu vou dizer qual é a situação e vou testar [possíveis flexibilizações].

Outros governadores já haviam manifestado insatisfação com o presidente. Seu discurso chama atenção porque era um aliado de primeira hora. O presidente perdeu condições de governar neste momento de crise?

RC – Para mim, nesta situação específica da saúde, totalmente. Eu vou me guiar por decisões que tomarei junto com a parte técnica do Ministério da Saúde, ouvindo a comunidade científica. Eu, como médico com 44 anos de formado, não posso admitir que um presidente da República vá prescrever cloroquina na porta do palácio. Isso é uma irresponsabilidade completa. Todo mundo sabe que não cura todos os casos e que as complicações são grandes.

Alguns políticos dizem acreditar que o presidente está esvaziado. Essa situação pode alimentar um processo de impeachment?

RC – Já vimos essa tese de impeachment logo no início do governo. O que eu espero é que ele reflita melhor, não se sinta dono da verdade e tenha humildade em ouvir as pessoas antes de tomar posições que podem constranger seus aliados, como eu fui até poucas horas.

Ouvir aquele depoimento dele em rede nacional foi algo constrangedor. Eu, de repente, tive que ouvir de alguns empresários: “E agora, eu cumpro sua ordem ou a ordem do presidente?”.

Ele já tem uma vida dentro da Câmara, um ano e dois meses de presidente. Precisa parar de fomentar essas crises. Toda crise provoca sequelas do ponto de vista econômico e de emprego. Para quê motivar um quadro que é frágil e não modular esse processo?
A equipe econômica até hoje tem atuado de uma forma totalmente distante da vida como ela é. Quando nada está dando certo, de repente a responsabilidade é da classe médica, do governador, de todo mundo, menos do presidente e do seu ministro?

O sr. disse pela manhã que o presidente coloca uma escolha entre as vidas e a sobrevivência econômica.

RC – O que eu vou dizer é que está mais preocupado com CNPJ do que com CPF.

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou recentemente que se arrependia de ter votado em Bolsonaro. O sr. se arrepende?

RC – Eu sempre tive simpatia pela candidatura do Bolsonaro, apoiei em vários momentos muito delicados. Não tenho pé em duas canoas, sempre fui muito convicto das minhas posições. Todos desejamos que ele dê certo. Queremos que o Brasil saia da crise, mas, nesse momento especifico, talvez a maior crise desta geração, o comportamento dele realmente tem sido de sucessivas declarações malsucedidas e altamente prejudiciais à organização de uma estrutura para combater a virose.
Esse negócio de ficar arrependido… Chorar leite derramado não é muito meu estilo. Problemas existem, eu não sou perfeito, todos nós erramos, mas todo erro tem limite. Espero que a gente supere isso com o maior número de vidas salvas e, depois, possamos recuperar a economia. Porque não tem economia se nós tivermos um avanço continuado dessa doença, com centenas de milhares de óbitos no decorrer desse período.

O sr. disse que, a partir de agora, só tratará com o presidente por comunicados oficiais. Como fica a relação?

RC – Protocolar. De uma forma protocolar, o governador de Goiás conversará com o presidente da República.

O ministro Mandetta tem condições de conduzir a pasta de acordo com uma visão científica, dado o comportamento divergente do presidente?

RC – Meu respeito ao Mandetta é pelo preparo dele. Ele se dedica, tem preparo intelectual, tem conteúdo. Um governo tem que ser alicerçado por pessoas que têm esse nível. O presidente não vai decidir o que o Mandetta vai fazer. O Mandetta vai fazer o que sua formação e a sua conduta vão determinar que seja feito. Ele não vai prescindir da sua posição de médico para ter cargo.

Ele saberá tranquilamente tratar conosco do assunto e nós vamos saber calibrar isso. Tendo uma quarentena de 15 dias, para depois ir modulando, as pessoas que devem e as atividades que podem, por que isso é um colapso mundial? Onde está escrito? Essa ganância doida não tem lógica nesse momento.

O sr. já declarou mais de uma vez que o presidente lava as mãos para a crise.

RC – A responsabilidade de um presidente da República num momento tão delicado como esse é de minorar as crises. O que eu não posso é transferir a responsabilidade. Isso resolve algum problema? Eu não estou muito mais criando um meio de cultura para fomentar a desordem e a desobediência civil? Lógico que eu estou.

Essa tentativa de lavar as mãos é inaceitável para um governante, inadmissível. Você sabe quantos colegas médicos estão se contaminando, na frente de guerra, de repente ver o presidente da República falando que aquilo é uma gripezinha, um resfriado? Pô, cara, espera aí. Veja bem o desmerecimento.

O que o sr. pensou quando viu o pronunciamento do presidente, com essas expressões?

RC – Sinceramente, eu vi depois. Chegou a mim e eu pensei que fosse alguma montagem. Eu quis me certificar de que aquilo era realmente verdade. Eu refleti muito, analisei muito. Será que nós estamos errados? Será que ele tem alguma fonte, alguma base científica, algo que realmente sustente a tese dele? Ninguém tem hoje direito de fazer saúde na tese do achismo. Então você encerra todas as publicações científicas, desativa todos os centros acadêmicos, desrespeita todas as autoridades de cada área e vai ser o dono do mundo.