Futuro presidente terá de enfrentar financiamento do SUS

A revitalização do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo atendimento exclusivo de cerca de 75% da população brasileira, hoje estimada em 208,5 milhões de pessoas, está entre os principais desafios do próximo presidente da República, juntamente com a segurança pública e a geração de empregos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o SUS é um dos maiores sistemas de saúde do mundo: em 2017 foram realizados 3,9 bilhões de atendimentos na rede credenciada.

Entre os procedimentos mais frequentes, ao longo do ano passado, estão, por exemplo, consulta médica em atenção básica e especializada, visita domiciliar, administração de medicamentos em atenção básica e especializada, aferição de pressão arterial e atendimento médico em UPA (Unidade de Pronto Atendimento). A estrutura do SUS em todo o Brasil envolve 42.606 unidades básicas de saúde e o mesmo número de equipes do programa Saúde da Família, 596 UPAs, 2.552 centros de atenção psicossocial (Caps), 1.355 hospitais psiquiátricos, 436.887 leitos, 3.307 ambulâncias, 219 bancos de leite humano e 4.705 hospitais conveniados (públicos, filantrópicos e privados).

Diagnóstico
Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Leonardo Vilela, as verbas federais são “absolutamente insuficientes” para custear o sistema público, o que vem obrigando os estados e os municípios a ampliarem sua participação. Isso, conforme Vilela, resulta em hospitais privados conveniados quebrando, filantrópicos endividados e atendimento precário nos hospitais públicos. “Se o próximo presidente não resolver a questão do financiamento, o sistema vai entrar em colapso”, afirmou.

O diagnóstico do presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Guimarães Junqueira, segue a mesma linha. “Os repasses federais vêm caindo nos últimos tempos. Não levam em conta aumento da população, nem o aumento do desemprego que joga mais pessoas no SUS, nem o envelhecimento da população, com consequente aumento das doenças crônicas. Também não considera os avanços tecnológicos, que custam caro”, argumentou.

Cálculos feitos pelos dois conselhos, com base em dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), do Ministério da Saúde, mostram uma linha decrescente no fluxo de recursos federais para financiamento da saúde pública. Em 1993, a participação da União era de 72%, dos municípios, 16%; e dos estados, 12%. Em 2002, a União entrou com 52,4% das verbas, os municípios, com 25,5%; e os estados, com 22,1%.

No ano passado, a União aplicou R$ 115,3 bilhões em saúde, o que representa 43,4% do total de recursos públicos investidos no SUS. Os municípios entraram com R$ 81,8 bilhões (30,8%), e os estados com R$ 68,3 bilhões (25,8%).

Os dois secretários reconhecem a necessidade de melhorar a gestão do sistema público, por meio do treinamento e capacitação de gestores dos hospitais e unidades de saúde, mas argumentam que, ainda assim, a verba é insuficiente para atender a demanda da população. Segundo Vilela, a crise econômica, além de reduzir a arrecadação de impostos, colocou no sistema os trabalhadores desempregados que perderam planos de saúde, sobrecarregando ainda mais a rede pública. “Até para melhorar a gestão precisamos de mais recursos, pois um dos caminhos, a informatização, custa dinheiro”, disse.

Para o Conasems, um dos caminhos para ampliar o financiamento da saúde pública é a revisão da política de isenções fiscais concedidas a setores produtivos. “As desonerações representam mais do que o dobro do orçamento do Ministério da Saúde”, afirmou. Além disso, os conselhos defendem revisão das competências dos três entes da Federação e da repartição da arrecadação, bem como de leis que engessam a administração pública, refletindo diretamente na gestão do sistema de saúde.

Referência
Apesar das dificuldades, o Ministério da Saúde vê no SUS áreas de referência mundial. São bons exemplos a terapia antirretroviral, o sistema público de transplantes, o programa de imunizações, o banco de leite materno e a assistência farmacêutica. O SUS fornece 22 antirretrovirais, em 38 apresentações farmacêuticas, para o tratamento de portadores do HIV em todo o país. A organização do banco de leite humano brasileiro é referência para 40 países, sendo que 23 têm cooperação internacional com o Brasil para utilização do modelo.

Segundo o Ministério da Saúde, o SUS mantém o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo, servindo de referência para outros países. No Brasil, 87% dos transplantes de órgãos sólidos são feitos no SUS, cujo paciente tem acesso à assistência integral – exames preparatórios, cirurgias, acompanhamento e medicamentos pós-transplantes.

A rede brasileira tem centrais de transplantes nas 27 unidades da Federação e conta com 13 câmaras técnicas nacionais, além de 494 estabelecimentos que realizam transplantes e 1.244 equipes habilitadas. Há também 70 organizações de busca de órgãos e 62 bancos de tecidos.

Inocente, homem que era suspeito de estupro deixa PJPS

Pedro Augusto

A Justiça, com sede em Caruaru, expediu, na última quarta-feira (19), alvará de soltura para o ajudante de pedreiro José Ferreira de Lima, de 39 anos, o “Zé Basquete”. Ele estava preso havia uma semana numa cela de isolamento, na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, no Bairro Vassoural, sob a suspeita de ter estuprado o próprio filho, de apenas três meses. A inocência dele foi confirmada com a divulgação do laudo sexológico feito pelo Instituto de Medicina Legal, que não apontou o abuso sexual, mas, sim, outros aspectos observados no ânus da criança: infecção, presença de herpes e falta de higiene.

Na companhia de seus advogados, José Ferreira deixou o presídio de Caruaru por volta das 16h30. Emocionado, ele reiterou a sua inocência afirmando que já aguardava a soltura. “Sou um pai de família, trabalhador, que jamais cometeria essa atrocidade contra o meu filho. Passei por momentos difíceis aqui na prisão, fiquei isolado, mas graças a Deus a verdade veio à tona! Agora só quero ver o meu filho, a minha mãe e amigos. Também quero justiça!” José deixou a PJPS ao lado do seu irmão.

Um dos advogados dele, Jaidenilson Lima, confirmou a intenção de seu cliente de dar prosseguimento ao caso. “Daremos continuidade para averiguarmos, de fato, de onde surgiu o erro, ou seja, a contradição que acabou levando um inocente até a Penitenciária Juiz Plácido de Souza. Em seguida, daremos sequência às medidas cabíveis para obtermos uma reparação pecuniária ou futuramente uma ação cível por danos morais e materiais. Não tínhamos qualquer dúvida sobre a soltura dele, haja vista que não houve estupro algum. Isso ficou comprovado no laudo sexológico”, disse.

O ajudante de pedreiro foi preso na noite do último dia 11, na Rua Timbira, no Bairro Riachão. Na ocasião, a Polícia Militar chegou até ele após ter sido acionada pela equipe médica da Policlínica do Salgado. O bebê foi levado até a unidade depois de a mãe observar que havia ferimentos na região do ânus. “Ela levou a criança para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) daqui de Caruaru junto com a madrinha. Num exame preliminar, a médica constatou a lesão na região anal do bebê e acionou a polícia”, informou, no dia da prisão, o delegado de plantão, Eduardo Sunaga.

O inquérito foi presidido pelo titular da 1ª Delegacia de Caruaru, Alberes Costa. À reportagem VANGUARDA, ele confirmou o não indiciamento mais de José Ferreira.

Cartolas do Central fazem visita ao Sport

Diretores do Central dos departamentos Contábil, Jurídico e de Marketing estiveram realizando uma visita técnica ao Sport, na última quarta-feira (19), no Recife. Na oportunidade, os representantes da Patativa puderam compartilhar várias experiências com os cartolas leoninos sobre aspectos voltados à gestão, à contabilidade, ao jurídico, ao marketing, à comunicação e ao futebol.

“Somos adversários dentro de campo, mas fora dele temos que compartilhar o sucesso dos outros e trazer como modelo para o nosso clube”, disse o presidente do Conselho Deliberativo do Central, Márcio Porto. Não só ele, mas também os demais diretores da Patativa foram recebidos pelo diretor-executivo Fernando Halinski.

Sub20

Sem jogos pelo profissional desde o fim do primeiro semestre, atualmente o Central tem voltado todas as suas atenções para a disputa da segunda fase do Campeonato Pernambucano Sub20. Pela quarta rodada, a equipe, comandada pelo técnico Erivelton Souza, mede forças com o Santa Cruz, neste sábado (22), a partir das 15h, no Estádio Luiz Lacerda.

Após três jogos disputados, a Patativa ocupa a terceira posição do grupo E, com quatro pontos. No seu último compromisso, no sábado passado (15), no Estádio do Arruda, o time caruaruense acabou sendo derrotado pelo Santa por 2 a 0.

Outra equipe local disputando a competição, o Porto visita o Salgueiro, também no sábado, às 15h, no Estádio Cornélio de Barros. O Gavião está na liderança da chave D, com nove pontos.

Profissionais tentam sobreviver em meio aos reajustes constantes

Pedro Augusto

De acordo com a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgada na última segunda-feira (17), no intervalo do dia 9 a 15 de setembro, o preço médio da gasolina nas bombas de todo o país correspondeu a R$ 4,628, chegando a exorbitantes R$ 6,290, no estado do Tocantins, na região Norte. Especificamente em Pernambuco, segundo o estudo, o valor médio deste tipo de combustível atingiu a marca de R$ 4,441, apertando ainda mais os bolsos dos consumidores. Se para os usuários habituais de veículos, os constantes aumentos nos preços já vêm provocando muita dor de cabeça, imagine para os que dependem essencialmente deles para garantir o pão de cada dia…

Esta semana, a equipe de reportagem do Jornal VANGUARDA esteve conversando com alguns taxistas e mototaxistas que operam no mercado de Caruaru. Sem exceção, todos eles se mostraram bastante preocupados com os reajustes desenfreados que vêm ocorrendo no que se refere ao valor da gasolina. O taxista José Lira, por exemplo, que presta serviço há pelo menos 35 anos no cenário local, afirmou jamais ter observado tamanha alta em relação ao preço do combustível. Ele ressaltou as dificuldades que têm sido obrigado a superar.

“Durante todo esse tempo de praça, nunca tinha observado um valor tão absurdo no que diz respeito à gasolina. No dia em que consigo obter um bom apurado, o dinheiro acaba ficando todo no posto porque sou obrigado a abastecer para trabalhar no outro dia. Resultado: só está dando para pagar, praticamente, as despesas básicas! Abastecia num posto, que estava cobrando até semana passada, R$ 4,24 pelo litro. Mas, agora, o mesmo volume não tem saído por menos de R$ 4,48. Um verdadeiro absurdo! Daqui a pouco, não vou ter como trabalhar!”

Para justificar tais reajustes pesados, os postos de combustíveis vêm alegando que a Petrobras não está economizando nos repasses das elevações do petróleo e do dólar para os valores nas refinarias. Ou seja, segundo os estabelecimentos do tipo, a estatal não tem esperado o prazo máximo de 15 dias, conforme ressalta a sua política de preço em vigor, para fazer as alterações. E a estimativa, de acordo com especialistas na área, é de que os aumentos continuem sendo empregados, sobretudo porque o dólar continua apontando para cima, devido às incertezas das eleições. Por causa das turbulências eleitorais, a moeda norte-americana passou de R$ 4,20, o maior valor da história.

O mototaxista Adeildo Silva, que opera na praça do antigo Sertanejo, no centro da cidade, ressaltou que está difícil de trabalhar com os constantes reajustes. “Não podemos aumentar os valores das corridas porque os passageiros reclamam e deixam de nos procurar. Então, o jeito está sendo ter de engolir a queda diária no valor do apurado. Hoje, está muito difícil de sobreviver como mototaxista. Se não bastassem esses preços absurdos, temos de rezar todos os dias para não ter nenhum problema na moto, porque senão ficamos sem ter como trabalhar. Toda a categoria se encontra bastante preocupada!”, desabafou.

Na famosa praça de táxi da Catedral, a reportagem VANGUARDA conversou com Ricardo Martins. Operando no local há pelo menos seis anos, ele também lamentou a situação em que se encontra grande parte dos trabalhadores do volante de Caruaru. “Se eu não estiver enganado, a última vez em que houve modificações nos valores das tarifas da nossa categoria foi em 2016. De lá para cá, não ocorreram reajustes, enquanto que o preço da gasolina saltou de maneira vergonhosa não só no mercado local, mas também em todo o Brasil. Para ser bem sincero, hoje só está dando para arrumar o prato de comida do dia. Não sei aonde vamos parar! Esperamos que, após essa eleição, as coisas comecem a clarear para todos nós trabalhadores, porque o sofrimento está grande”, afirmou.

De acordo com o levantamento do VANGUARDA, atualmente os valores da gasolina na Capital do Agreste estão alternando na casa dos R$ 4,48 até R$ 4,80. Ou seja, superior ao preço médio do combustível que foi identificado pela ANP em relação a Pernambuco.

Já passou da hora de reagir

Pedro Augusto

Depois que a bola voltou a rolar pelo Brasileirão da Série A, após o término da Copa do Mundo da Rússia, o Sport só colecionou maus resultados. As exceções ficaram por conta da vitória magra sobre o Paraná por 1 a 0 e dos empates com a Chapecoense por 1 a 1 e com o Cruzeiro sem gols. Em contrapartida, o Leão acabou colecionando dez derrotas, inclusive algumas delas sendo por goleada. Com a sequência de tropeços, o rubro-negro pernambucano caiu para a 18ª posição e agora necessita, mais do que nunca, reagir na tabela. Pressionado para voltar a vencer, o time da Praça da Bandeira enfrenta o Palmeiras, neste domingo (23), a partir das 19h, na Ilha do Retiro.

Para este confronto, o técnico leonino Eduardo Baptista não poderá escalar o atacante Hernane Brocador, que se encontra ainda entregue ao departamento médico, devido a uma luxação no ombro. Ele poderá ser substituído por Marlone, com Rogério desempenhando a função de falso nove. Durante os treinamentos da semana, o técnico rubro-negro ainda testou a entrada de Matheus Peixoto, que, até agora, vem mostrando pouco serviço atuando com a camisa do Leão.

Eduardo também sinalizou durante os coletivos que apostará mais uma vez num meio-campo formado por Marcão, Jair e Neto Moura. O trio atuou junto na última rodada, quando o Sport perdeu de virada para o Corinthians por 2 a 1, e ganhará sequência. “A gente construiu uma equipe. A gente tem um coração do time que é o meio-campo, mas os volantes e o meias não estavam jogando. O Marcão fez dois jogos. Jair fez uma partida e meia. O Neto não vinha atuando na função de criação. Pelo pouco tempo jogando juntos, a resposta está sendo boa”, justificou o treinador.

Além de Hernane, o rubro-negro pernambucano não poderá contar com o lateral direito Cláudio Winck e o meia Gabriel. Ambos estão ausentes há duas rodadas por causa de problemas musculares nas coxas. Gabriel teve uma lesão muscular na direita, já Winck ficou de fora do duelo com o Cruzeiro também por um desgaste na coxa direita e, depois, sentiu a esquerda. “O que digo para vocês é que eles são dúvidas e diria não ser provável a presença deles”, reforçou o médico Cléber Maciel.

Sendo assim, o time da Praça da Bandeira deverá ir a campo com Magrão; Ernando, Léo Ortiz, Durval e Sander; Marcão, Jair, Morato, Neto Moura e Marlone (Matheus Peixoto); Rogério.

Palmeiras

Devido ao compromisso importante diante do Colo-Colo, na última quinta-feira (20), no Chile, válido pela Taça Libertadores da América, o time, comandado pelo técnico Felipão, deverá ser composto por uma equipe mista. O Palmeiras está na terceira posição, com 47 pontos.

Avançam as ações do Polo Universitário do Agreste

Os gestores do Polo Universitário Comunitário do Agreste participaram de um workshop para definir as próximas ações que vão consolidar a criação do polo. O encontro aconteceu, semana passada, na Reitoria da Universidade Católica de Pernambuco, no Recife. Além da Unicap, integram o polo o Centro Universitário Tabosa de Almeida (Asces-Unita) e a Faculdade de Ciências, Letras e Filosofia de Caruaru (Fafica), que é ligada à Diocese de Caruaru. Todas as instituições parceiras são comunitárias.

O encontro contou com a presença do bispo diocesano de Caruaru, dom Bernardino Marchió. “Foi uma oportunidade para se conhecer melhor e avançar. São muitos detalhes e nem tudo depende da gente, depende também do MEC, depende de tantas situações. Temos que dialogar e avançar”, comentou.

Reitor da Asces-Unita, o prof. dr. Paulo Muniz destacou o tom colaborativo que marca o início dessa parceria. “É preciso analisar ponto a ponto, os desdobramentos, as consequências e as potencialidades. As instituições comunitárias demonstram, com essa experiência, que agem diferente das instituições de mercado”, disse.

Quem também estava bastante motivado com o avanço do polo foi o diretor geral da Fafica, padre João Paulo. “O que lançamos no dia 29 de junho foi um sonho e, a partir dessas reuniões, o sonho vai se tornando realidade, vai se concretizando e a parceria vai se desenvolvendo. Todo sonho que se torna realidade é uma vitória”, enfatizou.

O reitor da Unicap, prof. dr. padre Pedro Rubens, destacou o clima de confiança entre as instituições que formam o polo e a credibilidade de cada uma delas. “Fizemos um protocolo de intenções com base na nossa identidade comum: instituições católicas e comunitárias. Esse acordo de confiança entre parceiros de uma mesma natureza, com os mesmos objetivos, a mesma missão de compromisso com a Educação, agora passa por uma nova fase de concretizar isso aí. Confirmamos o protocolo assinado e avançamos na linha do portfólio dos novos cursos que vão potencializar o novo polo”, afirmou.

Participaram do workshop, representando a Unicap, Valdenice José Raimundo (pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação); Degislando Nóbrega (pró-reitor de Graduação e Extensão); Márcio Waked (pró-reitor Administrativo) e Luciano Pinheiro (assessor jurídico). Da Asces-Unita, estavam Emilia Pinheiro (pró-reitora Administrativa e Financeira) e Saulo Miranda (procurador institucional e assessor para Projetos Educacionais). Já a Fafica também contou com a presença do professor Wilson Rufino (procurador institucional).

Sociedade caruaruense se despede de Cervantes

Pedro Augusto

A mídia local, da região e de todo o estado de Pernambuco ficou um pouco mais pobre com a partida de José Soares Ferreira, de 74 anos, o Cervantes. Ele morreu por volta das 8h45 do último domingo (16), no Hospital Santa Efigênia, em Caruaru, em decorrência de um choque séptico de foco respiratório causado por uma pneumonia grave. Bastante conhecido não só na sociedade caruaruense, mas também na pernambucana, o jornalista e colunista social, que era responsável pela realização de grandes eventos, estava internado havia mais de 60 dias na unidade hospitalar, onde vinha recebendo a visita de familiares e amigos.

O corpo de Cervantes foi sepultado por volta das 10h30 da última segunda-feira (17), no Cemitério Parque dos Arcos, também em Caruaru. A despedida foi acompanhada por diversos representantes da sociedade local, que fizeram questão de comparecer para prestar as últimas homenagens ao jornalista. Da classe jornalística até a política, todos os amigos presentes eram só elogios à trajetória de vida de um dos ícones do colunismo social da Capital do Agreste.

Amigo de Cervantes há mais de 40 anos, o vereador Leonardo Chaves foi um dos políticos a comparecerem ao sepultamento. Ele relembrou o início de carreira do jornalista. “O conhecia desde que ele ingressou no colunismo, naquela época, nas emissoras de rádio. Cervantes chegou a passar num concurso para trabalhar como dentista no INSS, porém sua grande vocação era mesmo o jornalismo. Tinha uma amizade muito grande com ele, inclusive, em vida, foi homenageado por algumas vezes, através de minhas proposituras, na Câmara Municipal de Vereadores. Perde bastante a crônica de Caruaru e de todo o Estado pelos serviços prestados por ele”, disse.

Também presente na despedida, a prefeita Raquel Lyra ressaltou a contribuição de Cervantes para com a história de Caruaru. “Lamentamos bastante e também só temos a agradecer o tempo que ele dedicou para ajudar a construir e fortalecer a trajetória de nossa cidade”, afirmou.

Além da prefeita e do vereador, a deputada estadual Laura Gomes também se pronunciou sobre a morte do jornalista. “Ao longo de sua carreira, Cervantes registrou, de forma brilhante, as notícias da sociedade caruaruense. Ele ainda deixou a sua marca na festa de Carnaval de Caruaru, com o seu Baile Vermelho e Branco, que tanto participei. Aos familiares e amigos, o meu abraço solidário.”
Cervantes não era querido apenas pela classe política. Responsável por promover, ao longo de sua carreira, vários eventos de sucesso voltados para área cultural, ele também possuía diversos amigos artistas. Dentre eles, a atriz e diretora teatral, Arary Marrocos. “Ele era uma pessoa muito atuante. Com as suas festas como o Baile Vermelho e Branco e o Troféu Ouro, divulgava Caruaru e toda a região Agreste. O sentimento, neste momento, é de dor porque Cervantes vai deixar muitas saudades. Ao longo de sua vida, ele contribuiu bastante para com o fortalecimento da nossa cultura e só temos a lamentar a sua partida”, disse Arary.

Considerado um dos precursores do colunismo social em Caruaru, Cervantes serviu como fonte de inspiração para alguns jornalistas investir na área. Este é o caso de Paulo Magrinny. “Filho de dona Maria Soares, um menino que nasceu pobre e que se criou com muita luta no Bairro São Francisco, Cervantes chegou a se formar em odontologia trabalhando de forma paralela no jornalismo. Ele foi e ainda é uma referência na minha carreira como colunista. Tínhamos uma amizade muito grande, mesmo com as naturais divergências que, eventualmente, possuímos no tocante à forma de pensar e de se praticar o colunismo. Fui homenageado por ele na primeira edição do Troféu Ouro, premiação esta que jamais esquecerei!”, comentou Magrinny.

José Soares, o Cervantes, realizava o Troféu Ouro havia 29 anos. Mesmo doente nos últimos meses, ele já estava planejando a edição de número 30 do evento, que seria realizada em 2019. Uma das irmãs dele, Lucinéia Soares, falou sobre os últimos momentos de vida do colunista. “Ele sofreu muito com a doença, mas foi um verdadeiro guerreiro na luta pela sobrevivência. Aliás, Cervantes foi um vencedor durante toda a sua vida. Teve uma infância difícil, acabou assumindo a família com a separação dos nossos pais, trabalhou e estudou muito para conseguir evoluir, mas venceu! Nos seus últimos dias de vida, quando se encontrava consciente no hospital, estava planejando as realizações de um jantar e da próxima edição do Troféu Ouro.”

Atualmente residindo no estado de São Paulo, na região Sudeste do país, a sobrinha do jornalista, Cíntia Andressa, foi uma das pessoas que mais se encontravam abaladas durante o sepultamento. Para ela, Cervantes era como se fosse um verdadeiro pai. “Fiquei bastante emocionada com a sua partida, porque ele sempre fez tudo por mim. Sou eternamente grata por tudo que fez em prol do meu filho. Meu tio era a base da minha família. Também era o padrinho das minhas filhas e amava bastante a todos. Até agora, não acredito que ele se foi. Deve ser lembrado e honrado por todos que fazem parte da nossa família”, comentou, emocionada, Cíntia.

Sábado sangrento com três mortes confirmadas

Somente no último sábado (15), três pessoas foram assassinadas na Capital do Agreste. Os crimes de morte ocorreram, na sequência, nas proximidades do Bairro Nova Caruaru, no Loteamento Demóstenes Veras, bem como no Bairro Santa Rosa. Após os levantamentos cadavéricos do IC, os corpos das vítimas foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal local.

A primeira vítima da nova série de mortes foi o jovem Erick Henrique da Silva, de 21 anos. De acordo com informações repassadas por familiares, a vítima havia passado pela manhã na casa dos pais e disse que retornaria para o almoço, porém não foi mais vista. Seu corpo foi encontrado, já à tarde, crivado de bala à beira de um pequeno açude, no Riacho Mocó. Erick havia saído do Presídio de Canhotinho há poucos dias, onde cumpriu pena de um ano e meio por roubo.

Também na tarde do sábado, a Polícia Civil confirmou a morte de Davi Correia Porfírio, de 24 anos. De acordo com informações repassadas por familiares, a vítima teria sido morta a facadas pelo marido da sua amante, identificado apenas como “Branquinho”. Este último está foragido. Davi chegou a ser socorrido pelo Samu para a Policlínica da Boa Vista, porém não resistiu aos ferimentos. O crime aconteceu em frente a um mercadinho no Loteamento Demóstenes Veras.

Já o terceiro homicídio computado no mesmo dia ocorreu na Rua Dois Irmãos, no Bairro Santa Rosa. De acordo com informações repassadas pela Polícia Militar, o ex-presidiário Janailson Francisco do Nascimento, de 41 anos, encontrava-se nas imediações da garagem de uma empresa de ônibus, quando foi surpreendido com a chegada de criminosos. Ele acabou sendo alvejado com seis disparos.
Até o fechamento desta matéria, a polícia já havia registrado 123 crimes de morte, neste ano, em Caruaru.

Varejo perde R$ 19,5 bilhões em 2017 por danos em produtos e furtos

O varejo brasileiro perdeu, em média, 1,29% do faturamento no ano passado em prejuízos com falhas no manuseio de produtos, vencimento de mercadorias ou furtos. Os dados são da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) e reuniu 100 empresas de 11 segmentos diferentes. O valor equivalente das perdas alcança R$ 19,5 bilhões da receita do setor em 2017. De acordo com a associação, o montante seria suficiente para “criar” a sexta maior empresa varejista do Brasil em faturamento. A receita total do setor no ano passado foi R$ 1,51 trilhão.

Segundo o presidente da Abrappe, Carlos Eduardo Santos, disse que o índice já indicava tendência de queda nas apurações anteriores, quando a média ficou em 1,40%, em 2015, e 1,32%, em 2016. Entretanto, a pesquisa nos anos anteriores era produzida pela Comissão de Prevenção de Perdas, Auditoria e Gerenciamento de Riscos (CPAR) – organização que já reunia os membros que hoje fazem parte da associação – com a mesma metodologia, mas com oito segmentos.

Entre os motivos que explicam a redução das perdas, na avaliação de Santos, estão os investimentos feitos pelas empresas, mas também a crise econômica. “Estamos em um período de retração e quando isso acontece a empresa olha para dentro de casa para melhorar a sua eficiência. Então isso se confirmou pelo resultado médio”, disse. Ao reduzir as perdas, as empresas garantem a manutenção da margem de lucro.

Dos segmentos analisados apenas o de supermercados e o de livrarias/papelarias tem percentual de perdas acima da média nacional. No varejo supermercadista, as perdas representam 1,94% do faturamento, sendo 1,03% referente a quebras operacionais (produto vencido, dano causado pela manipulação, entre outros). No caso das livrarias, o percentual é de 1,46%. Desse total, 0,88% corresponde a perdas não identificadas, como furtos, rupturas e erros de estoque.

Os demais setores por volume de perdas são varejo de esportes (1,21%), moda (1,20%), drogarias (1,13%), atacarejo [neologismo que designa uma forma de comércio que reúne atributos do atacado e do varejo] (1,05%), construção e lar (1,04%), magazines (0,84%), perfumaria (0,70%), calçados (0,53%) e eletromóveis (0,34%).

Tipos de perda
Em relação ao tipo de perda no total, as quebras operacionais representam 35%, os furtos externos, 24%, e os furtos internos, 15%. Somadas, as modalidades de furto alcançam 39%. Erros de inventários e erros administrativos aparecem em seguida, com 10% e 9%, respectivamente.

Nas quebras operacionais, entre os fatos mais recorrentes estão os produtos atingirem o vencimento (24%), seguido pelos itens danificados por clientes (18%), pela deterioração/perecibilidade (16%) e pelo manejo incorreto dos funcionários (13%).

Margem de lucro
Santos aponta que o principal impacto para as empresas é a diminuição na margem de lucro. Ele avalia que estabelecimentos que fazem a gestão das perdas conseguem compor a margem com mais visibilidade. “A gente costuma dizer que uma empresa que tem prevenção de perdas é mais competitiva porque elas sabem quanto perdem e, a partir do momento que elas sabem, tem que implementar um programa para que possa reduzir esse nível de perda encontrado. Ao reduzir a perda, automaticamente aumenta a margem de lucro”, disse. De acordo com o presidente da Abrappe, a partir desse ganho de gestão interna, é possível repassar parte desse ganho.

Por outro lado, empresas que não fazem gestão de perdas podem repassar o prejuízo para o consumidor. “É uma questão de sobrevivência fazer uma gestão de perdas. Quanto menor for o índice de perda, maior é a margem que vai obter e maior a competitividade. Quanto maior o índice de perda, menos competitivo ele é, mais isso impacta em preço”.

Fernanda Della Rosa, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), diz que planos de prevenção de perdas são fundamentais para reduzir a chamada “quebra de inventário”. “Se a empresa quer ser mais competitiva, vender o seu produto com desconto, com promoções, não sobra muito campo para fazer isso, porque também não pode vender no prejuízo e acaba tendo uma menor competitividade”.

A assessora cita como exemplo de modelos de planos de prevenção de perdas o estabelecimento de participação de lucros para funcionários que tenham como metas a redução de quebra de inventário. “Todo mundo se compromete. Um olha o outro e também existe maior observação dos funcionários em relação ao público externo. Existe uma meta, uma motivação”, disse.

Agência Brasil

Valor da cesta básica em Caruaru registra segunda queda consecutiva

De acordo com a pesquisa mensal feita por alunos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira do Centro Universitário UniFavip|Wyden, em agosto, o valor da cesta básica em Caruaru apresentou, pelo segundo mês consecutivo, uma redução, seguindo a tendência nacional. O custo da alimentação básica do caruaruense teve uma queda de 2,88% em seu valor total, chegando a custar R$ 242,23.

Segundo a professora Eliane Alves, responsável pela pesquisa, os itens que mais contribuíram para a redução da cesta básica foram o tomate, o leite e a farinha. Já o café, a margarina e a banana registraram alta. A cesta básica de Caruaru continuou apresentando um valor menor que a de Recife, seguindo a tendência dos meses anteriores. A diferença entre as cestas foi de R$ 97,91.

O comportamento dos preços dos gêneros alimentícios foi de queda em 17 das 20 capitais onde o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos realizou a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. As maiores reduções foram registradas nas seguintes capitais: Porto Alegre, João Pessoa e Salvador. Já as elevações foram registradas em Florianópolis, Manaus e Aracaju. A cesta mais cara do país foi a de São Paulo (R$ 432,81) e a cesta mais barata continua sendo a de Salvador (R$ 311,92).

A pesquisa mostrou ainda que, em agosto, considerando o salário mínimo líquido, o trabalhador caruaruense desembolsou 27,60% da sua renda apenas com as despesas de alimentação. De acordo com o Ministério do Trabalho, ao considerarmos que a jornada oficial de trabalho é de 220 horas mensais, o trabalhador de Caruaru, no mês passado, precisou trabalhar 56 horas e 26 minutos para pagar o valor apresentado pela cesta básica.