Apenas 2,1% dos alunos pobres do país têm bom desempenho escolar

Agência Estado

O Brasil é um dos países em que há menos estudantes resilientes, aqueles que apesar da condição de pobreza conseguem ter bom desempenho escolar. Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra só 2,1% dos alunos brasileiros com esse perfil. A pesquisa analisou resultados da última edição do Pisa, maior avaliação internacional de educação feita por jovens de 15 anos. A média de resiliência entre países membros da OCDE é de 25,2%.

No ranking de 71 países participantes, o Brasil ficou em 62º, abaixo de outros latinos como Chile, Uruguai e Argentina. Uma das razões é o fato de alunos de baixa renda, em geral, frequentarem as piores escolas. “O Brasil ainda tem um longo caminho para garantir que estudantes tenham acesso igualitário às oportunidades educacionais, independentemente da origem dos seus pais ou do lugar em que vivem”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo um dos autores do estudo na OCDE Francesco Avvisati.

São resilientes os alunos que estão entre 25% mais pobres do país e atingiram pelo menos o nível 3 de desempenho do Pisa, nas três áreas avaliadas – Matemática, Ciências e Leitura. Para a OCDE, o nível 3 é o mínimo necessário para que o jovem possa ter “uma vida com oportunidades de aprendizagem”.

Apesar da resiliência também ser uma característica pessoal, políticas e práticas educacionais podem reduzir a vulnerabilidade dos estudantes, afirma o relatório. Foram tabulados os fatores que mais influenciam nesse resultado positivo.

Um dos mais importantes é um bom ambiente escolar, sem graves problemas de disciplina. Escolas com pouca rotatividade de professores e atividades extraclasse têm mais resilientes. Segundo o estudo, alunos pobres que estudam com colegas de classes sociais mais altas têm mais chance de sucesso. Já a menor quantidade de alunos faltosos ajuda, mas é menos significante. “Um clima em que os estudantes se sentem seguros e apoiados por professores e colegas é crucial para o sucesso dos que estão em desvantagem socioeconômica”, diz Avvisati.

Não foi encontrada qualquer relação entre o número de computadores por aluno e outros recursos não humanos com a maior resiliência. Classes menores também não têm influência. E meninas de perfil socioeconômico baixo tem 9% menos chances de serem resilientes do que meninos da mesma escola.

Como o Brasil tem índice baixo, não foi possível tabular quais fatores mais influenciam a resiliência no País. Mas, nos questionários do Pisa sobre o clima na escola, 40,3% dos brasileiros disseram que “os alunos não começam a estudar logo que começa a aula” e 38% que “não ouvem o que o professor fala”. Nas redes estaduais e municipais os índices são mais altos que na particular.

Emoção

“É bagunça o tempo todo, professores ruins, tudo desestimula”, diz Victor Gonzaga, de 19 anos, um exemplo de resiliência. Ele mora em Guarulhos e os pais não têm ensino superior. Ao terminar o ensino médio na rede pública, fez dois anos de cursinho, com bolsa. Mês passado, surpreendeu a família toda ao ser aprovado em Medicina na Universidade de São Paulo (USP), na Federal de São Paulo (Unifesp) e na Estadual de Campinas (Unicamp). “Minha mãe sempre me incentivou e deixou que eu não trabalhasse nesses anos, mas a maioria dos meus amigos não teve essa sorte.”

Gabriel Zanata, de 17 anos, também da rede pública, acha o sistema injusto. “Quem é mais rico vai para a escola particular. Parece que a regra é: quem está embaixo tem de continuar embaixo quem está em cima continua em cima.” Ele passou o último ano saindo de casa às 6 horas e voltando só à meia-noite – fez escola e cursinho juntos. “Foi muita emoção ver meu nome na lista (de aprovados no vestibular). Vou ter uma oportunidade que meus pais não tiveram.” Gabriel vai cursar Engenharia na USP. O pai é eletricista e a mãe, desempregada.

Equidade

Hong Kong tem a maior taxa no ranking, 53,1%. É clara a relação entre resiliência, qualidade e equidade. Em países com melhor resultado educacional e menos desigualdade social, como Finlândia e Canadá, o valor é maior do que 30%. Os que estão no fim da lista se saem pior em avaliações como o Pisa e são menos igualitários, como Argélia, Peru e Líbano.

“Fico preocupada em acharmos que a escola sozinha resolve toda essa questão”, diz a ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação e diretora da Fundação SM, Pilar Lacerda. Para ela, a má distribuição de renda e a pobreza influenciam muito na falta de perspectiva para que o aluno consiga se enxergar em um lugar melhor. “O esforço que temos de fazer é cinco vezes mais do que em países onde as necessidades básicas já são atendidas.”

O Brasil é o 10.º país mais desigual do mundo, segundo as Nações Unidas. “São os menos favorecidos que estudam nas escolas que não têm aula, que falta professor”, completa Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna. A disparidade também é vista no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo dados tabulados pelo Estado, só 8% dos alunos com as mil melhores notas em 2016 eram da rede pública. E 2,6% vêm de famílias com renda menor do que 1 5 salário mínimo.

Para Ramos, o caminho para reduzir a desigualdade passa pela inclusão no currículo das habilidades socioemocionais, entre elas, saber trabalhar em grupo, resolução de problemas e resiliência. “Você trabalha situações que promovem mudança de atitude, auto estima. Primeiro você faz isso para depois corrigir fluxo e alfabetização.”

Também foi tabulado o avanço ao longo do tempo. Entre 2006 e 2015 (o Pisa é de três em três anos), o Brasil passou de 0,6% de resilientes para 2,1%, alta considerada significativa. Alguns dos maiores saltos foram de Portugal (16,3% para 25,8%) e Rússia (12,7% para 24,5%).

Metodologia

O Pisa tem níveis de desempenho de 1 a 6. Os conhecimentos do 3 são tidos como mínimos para alunos de 15 anos. E, por isso, são o limite para jovens pobres serem considerados resilientes. Isso significa que sabem lidar com frações, porcentagens e decimais. Na prova de Leitura, identificam e categorizam várias partes de um texto. Em Ciências, são capazes de explicar fenômenos naturais mais conhecidos.

ARTIGO — Quem é o profissional certo para a sua empresa?

Por Fernanda Andrade

Toda organização quer maximizar seus resultados com times cada vez mais enxutos. Os profissionais altamente capacitados são cada vez mais valorizados e contratações assertivas são fundamentais para construir empresas capazes de evoluir.

Para garantir a alta performance de um time, o processo seletivo deve ser muito bem planejado e preciso. Hoje, um dos principais desafios nas organizações na hora de contratar é a falta de preocupação na definição do perfil e requisitos adequados para o cargo. Outro ponto relevante é o recrutamento e seleção realizado com urgência, onde o fechamento da vaga a qualquer custo sobrepõe ao planejamento e análise.

Em muitos momentos, torna-se imprescindível a contratação de uma Consultoria de Recursos Humanos com expertise em Recrutamento e Seleção e ampla experiência em todas as etapas do processo seletivo. A Consultoria viabiliza um resultado em curto prazo, de forma a atender as necessidades do cliente.

Para se ter maior assertividade na contratação é de suma importância que o profissional que conduzirá o processo, tenha um amplo conhecimento da empresa, da área, do gestor imediato, do time que irá conduzir, bem como da cultura, clima e valores da empresa e principalmente, que faça um rico alinhamento de perfil, para posteriormente ir à busca do candidato ideal. O alinhamento de perfil deve ser realizado em conjunto com RH e gestor da área que o colaborador irá atuar.

Para posições estratégicas, geralmente realiza-se um mapeamento de mercado e posteriormente: divulgação, análise de currículo, entrevistas por competência, aplicação e correção de testes comportamentais e técnicos, elaboração de pareceres. Feito isso, definição do short list para apresentação dos finalistas ao cliente. Enfatizando que o hunting, o banco de talentos e o networking, são ferramentas muito ricas para se encontrar o candidato desejado.

É muito importante que o profissional de Recrutamento e Seleção oriente o candidato quanto às informações relevantes sobre a empresa, o cargo, o desafio que estará assumindo entre outros pontos, pois, caso aconteçam falhas nesse percurso, é comum desistências e consequentemente recontratações. Ou seja, todo aquele ciclo de contratação recomeça. Isso implica em custos dobrados, o que, em épocas de crise, não é positivo para as organizações.

Uma boa seleção deve ser capaz de analisar as habilidades e competências do candidato, bem como identificar se o mesmo está alinhado com os valores da empresa. O investimento em contratações assertivas pode reduzir uma série de custos indiretos no futuro.

Especialistas dão dicas sobre antecipação do Imposto de Renda

Agência Brasil

Com o início do prazo para a entrega das declarações do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), os bancos começam a oferecer aos clientes empréstimos para antecipar a restituição. O professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Gilberto Braga explica que o contribuinte deve comprovar ao banco que tem direito à restituição do IRPF.

A instituição bancária, com base naquele valor, faz um empréstimo normalmente de 90% a 95% da devolução com juros menores.

Segundo o especialista, a preocupação que se precisa ter é com a possibilidade de a pessoa cair na malha fina ou não receber a restituição dentro do calendário regular, pois, se ultrapassar o último lote, o empréstimo se torna uma operação convencional, com juros maiores.

“Quando você apresenta para o banco que tem [direito a] uma restituição, ele acredita que você tem garantia daquele valor. Então, ele cobra taxas mais baratas, quase próximas do empréstimo consignado. Se chega ao último lote e a pessoa não recebe, você deixa de ter aquela garantia. Com isso, o banco repactua a operação, e passa a ser um empréstimo convencional com taxas mais elevadas”, explicou.

O contador João Altair, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade, indica a antecipação do Imposto de Renda quando a pessoa tem dívidas no cartão de crédito ou no cheque especial, que tem juros mais elevados. “Para o contribuinte, só vale a pena se for para reduzir dívidas caras”, afirmou. “Não é vantajoso antecipar apenas para consumo.” O economista Roberto Troster recomenda cautela ao tomar empréstimos em tempos de incertezas provocadas por taxas de desemprego ainda elevadas. “Se endividar num cenário como o atual não é um bom negócio. O desemprego ainda está alto”, disse.

Lotes de restituição

A restituição será paga em sete lotes. O valor será colocado à disposição do contribuinte na agência bancária indicada na declaração.

Veja o cronograma de restituições do imposto de renda:

1º lote, em 15 de junho de 2018

2º lote, em 16 de julho de 2018

3º lote, em 15 de agosto de 2018

4º lote, em 17 de setembro de 2018

5º lote, em 15 de outubro de 2018

6º lote, em 16 de novembro de 2018

7º lote, em 17 de dezembro de 2018

País é terreno fértil à desinformação durante campanha eleitoral, dizem especialistas

Agência Estado

Com a terceira maior população do mundo nas redes sociais, forte uso do WhatsApp e polarização política crescente, o Brasil é um terreno fértil para a guerra de desinformação online na campanha eleitoral para presidente, que deve acirrar ainda mais posições extremas e encolher o espaço de candidatos moderados nos embates que ocorrem no mundo virtual.

Pesquisas mostram que “notícias” distorcidas, com forte viés ideológico, muitas vezes ganham a disputa por espaço no Facebook com reportagens realizadas pelos meios de imprensa tradicionais. Sensacionalistas e hiperpartidárias, elas atraem mais cliques e tendem a viralizar mais rapidamente do que notícias produzidas por jornalistas que seguem procedimentos estabelecidos para apuração e checagem dos fatos.

O fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas as características do País o transformaram em um dos principais focos de preocupação de Claire Wardle, que lidera o First Draft, um projeto da Universidade de Harvard dedicado ao combate global de informação falsa ou distorcida na era digital.

Além do uso intensivo das redes sociais, 120 milhões de brasileiros se comunicam por WhatsApp, onde notícias falsas ou tendenciosas circulam imunes a qualquer tentativa de checagem de sua veracidade. Wardle disse que o quadro é completado pela facilidade de contratação de pessoas com baixos salários para atuarem como robôs na propagação de relatos distorcidos, tendenciosos ou falsos.

“O Brasil tem características que o tornam muito vulnerável ao que eu chamo de desordem da informação”, disse a pesquisadora, que rejeita o uso da expressão “fake news” para descrever o fenômeno. Segundo ela, o First Draft discute cooperação com meios de imprensa tradicional para combater a desinformação durante a campanha. No ano passado, a organização liderou iniciativas semelhantes nas eleições da França e da Inglaterra.

O impacto mais imediato da “desordem” apontada por Wardle é sobre a habilidade dos eleitores de tomarem decisões com base em informações de qualidade. Mas a longo prazo, ela teme que esse movimento leve a uma descrença generalizada no sistema democrático. “Se temos campanhas de desinformação que minam a confiança em instituições e confundem a população, isso acaba levando as pessoas a não saberem em quem confiar. Elas se distanciam da mídia convencional, deixam de confiar nos políticos tradicionais e passam a confiar apenas nos amigos e familiares.”

Bolha do WhatsApp

Professor da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas, em Austin, Rosental Calmon Alves disse que os brasileiros “abraçaram” como poucos as mídias sociais e criaram redes sociais privadas no WhatsApp, onde informações falsas e distorcidas circulam sem restrição. “Na bolha do WhatsApp não há instituições ou pessoas dedicadas a caçar mentiras.” Em sua opinião, grande parte das eleições deste ano serão definidas nas redes sociais, em um ambiente no qual a ameaça da desinformação é “enorme”.

Dados do Digital Global Overview Survey mostram que os brasileiros gastam, em média, 3h40 online, número que só é inferior às 4h20 registradas nas Filipinas.

“Junk news” (notícias-lixo) é a expressão preferida por Fábio Malini para se referir às informações enviesadas disseminadas por sites que estão nos extremos do espectro ideológico. Coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, ele diz que as “junk news” costumam gerar duas vezes mais compartilhamentos no Facebook do que as notícias da imprensa tradicional.

“As junk news proliferam em um ambiente de polarização, de ódio político mútuo”, observou Malini. Segundo ele, esse cenário favorece os representantes dos extremos ideológicos.

O filósofo Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, adota a expressão “informação de combate” para falar da proliferação de dados distorcidos na internet.

“É uma mídia hiperpartidária, que apresenta informações de combate político em formato noticioso, mas o conteúdo é tendencioso, tirado de contexto ou pura especulação.” Esse hiperpartidarismo aprofunda a polarização, em um círculo vicioso disse Ortellado.

FBI

Neste mês, agentes do FBI vêm ao Brasil para falar sobre o combate à desinformação nas eleições à força-tarefa criada pelo Tribunal Superior Eleitoral e a Polícia Federal. A interferência russa na eleição do presidente Donald Trump é apenas um aspecto desse movimento. Os EUA têm inúmeros sites que disseminam teorias conspiratórias ou dados distorcidos, muitos retuitados até por Trump.

Câmbio para fim de 2018 segue em R$ 3,30, revela Focus

Agência Estado

O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã da segunda-feira, 4, pelo Banco Central (BC), mostrou que a projeção para a cotação da moeda americana no fim de 2018 seguiu em R$ 3,30. Há um mês, já estava neste mesmo valor. O câmbio médio de 2018 seguiu em R$ 3,28, ante os mesmos R$ 3,28 anotados um mês atrás.

No caso de 2019, a projeção dos economistas do mercado financeiro para o câmbio no fim do ano foi de R$ 3,39 para R$ 3 38 ante R$ 3,40 de quatro semanas atrás. Já a expectativa do Relatório Focus para o câmbio médio seguiu em R$ 3,34 – ante R$ 3,35 previsto há quatro semanas.

CNI recomenda desburocratização, educação e pesquisa para indústria crescer

O equilíbrio fiscal, a redução da carga tributária e da burocracia e o investimento em educação, pesquisa e inovação são os principais caminhos para a indústria brasileira crescer de forma sustentável nos próximos anos. As conclusões constam do relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apresenta hoje (5) sugestões para os candidatos às próximas eleições presidenciais.

Elaborado com base em sugestões de empresários, o Mapa Estratégico da Indústria 2018–2022 pretende apresentar uma agenda para o próximo governo, que será eleito em outubro. O documento listou 11 fatores-chave para aumentar a competitividade e promover o crescimento sustentado da economia nos próximos quatro anos.

De acordo com a CNI, se as ações forem implementadas, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país) brasileiro pode crescer, em média, 4% ao ano a partir de 2023. O PIB per capita aumentaria 3,5% ao ano em média, caso a população cresça 0,5% ao ano. Nas projeções da entidade, a renda média do brasileiro dobraria em 24 anos e passaria de cerca de US$ 14 mil em 2016 para US$ 30 mil em 2040.

Eixos

Esses fatores se concentram em dois eixos, segundo a CNI. O primeiro consiste na superação de gargalos que encarecem a produção e impactam a produtividade. O segundo eixo é representado por medidas que desenvolvem competências para aumentar a competitividade, como os investimentos em inovação, na Indústria 4.0 (que usa a internet direta entre objetos e a inteligência artificial para aumentar a automação) e na economia de baixo carbono.

Ambiente de negócios

As três primeiras ações consistem na melhoria do ambiente de negócios, definidos como fatores externos às empresas, relativos ao Estado, mas com impacto nas decisões empresariais. O primeiro passo é o reforço da segurança jurídica. De acordo com a CNI, as leis precisam ser claras, estáveis e com aplicação inequívoca para assegurar o cumprimento dos contratos.

A segunda etapa consiste na estabilidade macroeconômica, por meio do reequilíbrio das contas públicas que melhore a confiança nos investimentos. A entidade defende a manutenção do teto de gastos federais e a aprovação da reforma da Previdência. Em terceiro lugar, a CNI defende a melhoria da gestão do Estado, por meio da desburocratização, do controle de gastos, do aumento da transparência e do combate à corrupção.

Fatores de produção

Após a reformulação do Estado, a CNI considera necessária a melhoria dos fatores de produção – capital, recursos naturais e trabalho qualificado. Apesar de diretamente ligados às empresas, esses fatores dependem do governo, que provê e regulamenta a oferta e o uso dos recursos. Nesse grupo de ações, a entidade defende a melhoria da educação em todos os níveis, a ampliação do acesso das empresas ao financiamento – tanto dos bancos privados e como por meio do desenvolvimento de novos mecanismos dentro do mercado financeiro.

A CNI defende a ampliação do crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para micro e pequenas empresas, para exportações e inovações. Em relação ao meio ambiente, a entidade estipulou como metas o aumento em 10% da produtividade da indústria no uso de energia, o aumento da reciclagem de plásticos, a melhoria na gestão dos recursos hídricos e a ampliação do uso econômico e sustentável da biodiversidade.

O governo regulamentaria os instrumentos econômicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a recuperação energética de resíduos sólidos urbanos e a cobrança pelo uso da água, incluindo mecanismo de aplicação reembolsável de arrecadação. As mudanças na legislação teriam como objetivo oferecer incentivos aos empresários com boas práticas ambientais.

Custos de produção

O terceiro grupo de medidas, apontou a CNI, consiste na melhoria do ambiente de negócios por meio da redução de custos de produção. A entidade defende uma reforma tributária que simplifique a cobrança e reduza o peso dos impostos na economia. Entre as sugestões, estão a redução, de oito para dois, do número de tributos sobre a circulação de mercadorias e serviços, desonerar os investimentos e eliminar a tributação em cascata (quando um tributo incide sobre todas as etapas da cadeia produtiva, encarecendo o produto final).

Mesmo considerando como avanço a reforma trabalhista aprovada no ano passado, a CNI defende medidas adicionais de flexibilização do emprego, como a redução de encargos trabalhistas e a eliminação de “lacunas” na legislação atual que, na visão da indústria, trazem insegurança jurídica. Em troca, a entidade apoia o aperfeiçoamento dos benefícios sociais e trabalhistas e dos sistemas de cotas para menor deficiente e menor aprendiz para melhorar a segurança econômico-financeira do trabalhador.

Outras reivindicações

A CNI reivindica a ampliação e a melhoria da infraestrutura do país, para eliminar a perda de competitividade. A recuperação, segundo a entidade, pode ser acelerada com qualidade regulatória e ampliação da participação privada nos investimentos e na prestação dos serviços. Os empresários também pedem uma política industrial consistente e integrada, que estimule a inovação e as exportações.

Por fim, o relatório destaca medidas que dependem exclusivamente das próprias empresas, como a melhoria da gestão empresarial, a intensificação das atividades de inovação e a maior integração com a cadeia internacional de produção. Entre as metas, estão a elevação da nota do Brasil em qualidade da gestão de 5,3 para 7,5, a mudança da taxa de inovação de 36,4% para 45%, o aumento do número de empresas que qualificam os trabalhadores e a elevação da quantidade de empresas industriais que atuam no comércio exterior, de 13.057 para 15 mil.

Urgência

Segundo a entidade, as medidas para reformular a economia brasileira são necessárias e urgentes. O relatório citou dados do Fórum Econômico Mundial (grupo de empresários e líderes políticos que se reúne todos os anos na Suíça) segundo os quais o Brasil caiu da 48ª posição em 2013 para o 80º lugar em 2017 no ranking global de competitividade. Um estudo da própria CNI mostra que, de 2006 a 2016, a produtividade brasileira cresceu apenas 5,5%, contra 11,2% na Argentina e 16,2% nos Estados Unidos.

Juros altos protegeram renda dos mais ricos na crise

Agência Estado

Os juros altos blindaram a renda dos mais ricos durante a crise econômica. Relatório da Receita Federal mostra que o rendimento de aplicações financeiras, como fundos de investimentos e CDBs, mais que dobrou entre 2013 e 2016, enquanto salários e lucros dos declarantes do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) mal acompanharam a inflação.

Os rendimentos financeiros saíram de R$ 65,8 bilhões em 2013 para R$ 141,7 bilhões em 2016, de acordo com dados do IRPF 2017, que reúnem os ganhos obtidos pelos brasileiros no ano anterior. O avanço de 115,3% foi fruto do período de juros elevados, que incrementaram a remuneração recebida por quem tem capital para investir.

Para tentar combater a inflação, que acelerou fortemente nesse intervalo, o Banco Central elevou os juros básicos da economia de 7,25% ao ano no início de 2013 para o pico de 14,25% ao ano no segundo semestre de 2015. A taxa se manteve nesse patamar até outubro de 2016, quando o BC iniciou uma lenta redução dos juros que só ganhou força no início de 2017.

Embora tenha beneficiado o rendimento das aplicações financeiras o aumento nos juros provoca o efeito inverso na atividade econômica. Com o custo mais elevado do dinheiro, empresas adiam investimentos e consumidores postergam decisões de compra.

Além disso, durante a crise, salários ficaram sem aumentos significativos, e alguns lares até perderam renda com a demissão de um ou mais dos seus integrantes. Tudo isso afeta o consumo e, consequentemente, a capacidade das empresas de gerarem lucro.

É por isso que os rendimentos com salários e até a obtenção de lucros e dividendos cresceu bem menos no período de 2013 a 2016. A renda tributável recebida de pessoas jurídicas (que incluem as remunerações pagas pelas empresas a seus funcionários) aumentou 29,3%. Já os lucros e dividendos recebidos pelas pessoas físicas subiram 21,9%, e só não foram mais afetados porque as empresas priorizaram a distribuição dos valores e reduziram a retenção de lucro.

Tabela

O diretor do Centro de Cidadania Fiscal, Bernard Appy, defende o fim da isenção para as LCIs e LCAs, aplicações financeiras voltadas para estimular os setores imobiliário e agrícola. Ele também avalia não ser o momento agora de fazer alterações nas faixas de renda da tabela do IRPF. Para ele, é preciso antes de mais nada corrigir as distorções que existem hoje na tributação da renda das pessoas físicas no País.

“Tem gente que propõe elevar a alíquota de pessoa física. Não faz sentido enquanto não corrigir essa distorção. O coitado do empregado que paga Imposto de Renda vai pagar mais ainda e a Pessoa Jurídica que não paga não vai pagar”, afirma Appy, que é um dos maiores críticos no Brasil no fenômeno crescente da “pejotização”.

O PJ, pessoa jurídica, paga cerca de um terço de tributos em comparação a um empregado registrado, mesmo exercendo a mesma atividade.

Cientistas caçam vírus da febre amarela

Agência Estado

A pia de brinquedo esquecida no quintal tem tudo o que o mosquito precisa: um recipiente com água parada, limpa e protegida do sol, à sombra de uma pitangueira. Um verdadeiro spa para as larvas de Aedes aegypti que se multiplicam ali. Duas crianças brincam na varanda, e apenas um quarteirão acima estão as florestas da Serra da Cantareira e do Horto Florestal, que teve sua população de macacos dizimada pela febre amarela no ano passado.

Se um dia a doença voltar a se disseminar por ambientes urbanos, é num cenário como esse que a invasão deve começar. Uma espécie de zona mista, onde a selva de concreto paulistana, infestada de mosquitos Aedes aegypti, se mescla com as florestas úmidas da Mata Atlântica, lar dos mosquitos Haemagogus e Sabethes, vetores da febre amarela silvestre.

A bióloga Rafaella Ioshino, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), coleta dezenas de larvas e ovos de mosquito da pia de brinquedo. A aparência dos ovos e a maneira como as larvas se amontoam no tubo de ensaio são típicas do Aedes. “Elas não gostam de luz, por isso se aglomeram no fundo do tubo para criar um ambiente mais escuro.”

Enquanto isso, nos fundos da casa, a coach Priscila Martos, de 33 anos, debruça-se sobre a pia da cozinha. Está abatida pela perda da mãe, Sandra, que morreu de febre amarela há pouco mais de um mês. Ela tinha 55 anos, e não estava vacinada. A família toda havia optado por não se imunizar, temendo possíveis reações adversas da vacina. “A gente busca fazer as coisas de uma forma mais natural”, justifica Priscila.

Só depois que sua mãe adoeceu é que a família resolveu se vacinar. “Acabamos tomando por medo mesmo”, diz o marido, Alexandre dos Santos. “Foi por milagre que (o vírus) não pegou mais ninguém por aqui.

A visita dos pesquisadores faz parte de uma investigação científica, para certificar que o vírus da febre amarela não está mesmo circulando entre os mosquitos nem entre as pessoas de áreas de risco como essa, na zona norte de São Paulo.

Como muitos casos de febre amarela são assintomáticos, existe a possibilidade de que a transmissão urbana da doença – quando o vírus é passado de pessoa a pessoa pelo Aedes aegypti – tenha ocorrido (ou esteja ocorrendo) de forma pontual nessas regiões, sem ser percebida. Nesse caso, uma detecção precoce seria essencial para a tomada de ações preventivas de saúde pública.

O plano é coletar mosquitos, larvas e, quando possível, amostras de sangue e urina de moradores que não tenham sido vacinados, para saber se estão carregando o vírus.

Zona de risco

A zona norte de São Paulo foi a mais afetada pelo surto de febre amarela que se espalhou pela região metropolitana desde o ano passado. O Horto Florestal chegou a ficar três meses fechado, depois que macacos mortos foram encontrados no parque, em outubro.

Desde então, a maior parte da população local foi vacinada, reduzindo drasticamente o risco de disseminação da doença. Ainda assim, a pesquisa poderá revelar se o vírus continua circulando na região.

Os cientistas capturam os mosquitos com uma espécie de aspirador de pó portátil, que eles passam pelos cantos da casa, embaixo das mesas, dentro de armários e outros lugares escuros onde os insetos se escondem durante o dia. Os mosquitos ficam presos numa redinha, e depois são transferidos para tubinhos plásticos.

“Pega tudo mesmo, e manda eles para o inferno”, diz a aposentada Florinda de Jesus Souza, de 77 anos, moradora do bairro há quatro décadas. “É uma coisa terrível, um bicho tão pequeno matar uma pessoa.”

Na casa da família Martos, os pesquisadores encontram dois mosquitos Aedes aegypti adultos. As larvas coletados no quintal podem ser de Aedes aegypti ou Aedes albopictus, uma outra espécie, típica de ambientes silvestres, mas que também circula por regiões periurbanas, e também pode transportar o vírus da febre amarela, segundo uma pesquisa recente do Instituto Evandro Chagas, no Pará.

Na maioria das casas visitadas, os resultados foram positivos, com moradores vacinados e atentos à eliminação de criadouros. Mas o mosquito é astuto, altamente resiliente, e aproveita qualquer brecha para se reproduzir.

Escondido

Em um bar da região, o dono Samuel Viana conta que não pôde se vacinar por causa de um problema nos rins. Como alternativa, caprichou no inseticida e no repelente, para manter o Aedes aegypti afastado.

Parece ter funcionado. Os pesquisadores não encontram nenhum mosquito dentro do bar. No topo da casa, porém, o olho treinado de um cientista encontra um ninho fervilhando de larvas, dentro de um buraco escuro de cano no chão da laje.

A presença de muitas larvas e poucos mosquitos é exatamente o que Rafaella esperava encontrar, considerando as condições meteorológicas da semana. “Tivemos alguns dias de frio, seguidos de chuva, e agora muito calor”, explica ela, torrando sob o sol na laje, enquanto a enfermeira Maria Manoela Rodrigues, da Faculdade de Medicina de Jundiaí (uma das instituições parceiras do projeto), colhia sangue de Viana no andar de baixo.

Todas as larvas, ovos e mosquitos serão analisados para saber de que tipo são e se levam algum vírus dentro deles – seja de febre amarela, dengue, zika ou chikungunya. “Queremos determinar quais espécies estão infectadas e com o quê”, diz a pesquisadora Margareth Capurro, do ICB-USP, uma das coordenadoras da pesquisa.

Brasil ativa em janeiro 74 celulares 4G por minuto

O Brasil ativou em janeiro 74 chips de 4G por minuto. Durante todo o mês, foram 3,2 milhões de novos acessos de quarta geração da telefonia móvel. Ao todo, o País já tem 105,5 milhões de chips 4G, segundo balanço da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). No período de 12 meses, entre janeiro de 2017 e janeiro deste ano, foram 41 milhões de novos acessos, um crecimento de 63% no período.

As redes de quarta geração também continuam em expansão, com crescimento de 137% em 12 meses. O 4G já está em operação em 3.851 municípios, onde moram 93% da população brasileira. Essa cobertura é mais de três vezes superior à obrigação estabelecida nos leilões das licenças de serviços móveis, de 1.079 municípios.

A cobertura de 3G também apresentou crescimento, alcançando 5.151 municípios em janeiro, onde moram 98,9% da população brasileira. Desde janeiro de 2017, 163 novos municípios receberam as redes de 3G. Ao todo, o número de acessos 3G chega a 81 milhões no País. A cobertura 3G ultrapassa em muito a obrigação atual, que é de 3.917 municípios.

No total, o Brasil já conta com 205 milhões de acessos à internet pela rede móvel. Consideradas os acessos fixos e móveis, os dados de janeiro mostram um total de 234 milhões de acessos no País. Destes, 29,1 milhões são em banda larga fixa, segmento que cresceu 8,7% em 12 meses, com 2,4 milhão de novos acessos.

Com aval de Lula, Boulos se filia ao PSOL para disputar a Presidência

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Agência Estado

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, se filia nesta segunda-feira (5) ao PSOL para disputar a eleição presidencial com Sonia Gajajara de vice. Boulos anunciou sua pré-candidatura, no sábado (3), cercado de ativistas, artistas, intelectuais e políticos que ampliam os limites do partido.

Os objetivos da candidatura, segundo aliados de Boulos, são se posicionar para herdar parte dos votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – ameaçado de ficar inelegível – e criar bases para a articulação de uma nova esquerda, pós-Lula, a partir de 2019.

“O mundo não vai terminar em outubro de 2018 e o que nós temos que pensar é um novo projeto de esquerda para o País, amplo, combativo, que enfrente os grandes temas nacionais”, disse Boulos.

O próprio Lula gravou um vídeo de incentivo a Boulos no qual lembra dele mesmo nas eleições de 1982 e 1989. “Se eu não tivesse ousado, nunca teria sido presidente”, disse Lula. Boulos defende o direito do petista ser candidato em 2018.