Governo quer mudar lei para abrir vaga a militares da reserva

O número de militares no governo Jair Bolsonaro, que já chama a atenção, pode crescer ainda mais. Com o dinheiro cada vez mais curto para suprir a deficiência de mão de obra no serviço público, o governo quer ter maior liberdade para aproveitar militares da reserva em outras atividades, incluindo as civis. A ideia é dar uma gratificação ou um abono para que eles executem tarefas de acordo com sua especialidade. Hoje, só podem ser aproveitados em funções militares ou ocupar cargos de confiança, o que limita o remanejamento.

A proposta foi inserida na minuta de reforma da Previdência obtida pelo Estadão/Broadcast. Uma fonte da ala militar confirma que existe no governo a intenção de ampliar o aproveitamento desse contingente de mais de 150 mil reservistas, embora entenda que não há necessidade de mudança constitucional para isso. No texto da minuta, o dispositivo prevê que uma lei estabelecerá regras específicas para que os reservistas exerçam atividades civis em qualquer órgão. Esse tempo de exercício na nova atividade não teria efeito de revisão do benefício já recebido na inatividade.

Atualmente, os militares passam para a reserva (uma espécie de aposentadoria) após 30 anos de contribuição – período que deve aumentar para 35 anos com a reforma previdenciária. Muitas vezes têm menos de 50 anos de idade. Ficam disponíveis, até os 65 anos, para serem convocados em caso de guerra ou outra ameaça urgente, o que é extremamente raro.

Os reservistas podem hoje apenas executar a chamada Tarefa por Tempo Certo (TTC) que, como diz o nome, é exercida por prazo determinado. Mas esse instrumento só vale para atividades militares. Nessa situação, ele não ocupa cargo, ou seja, é uma pessoa a mais trabalhando na estrutura sem concorrer com os servidores que já trabalham naquela área.

Se as mudanças forem aprovadas, eles poderão exercer funções na administração federal sem ter de passar por concurso público – uma palavra praticamente vetada nesses tempos de falta de recursos. E aumentariam ainda mais o contingente de militares dentro do governo – além do presidente Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão, há também sete ministros com formação militar.

Bolsonaro negocia migrar para nova UDN

Com o PSL em crise e sob suspeita de desviar verba pública por meio de candidaturas “laranjas” nas eleições de 2018, os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) negociam migrar para um novo partido, que está em fase final de criação. Trata-se da reedição da antiga UDN (União Democrática Nacional).

Segundo três fontes ouvidas pela reportagem em caráter reservado o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se reuniu na semana passada em Brasília com dirigentes da sigla para tratar do assunto. Ele tem urgência em levar adiante o projeto. Eleito com 1,8 milhão de votos, Eduardo teria o apoio de seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Com esse movimento, a família Bolsonaro buscaria preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do partido.

Enquanto ainda estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, Jair Bolsonaro acionou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para que determinasse investigações sobre o caso.

As suspeitas atingiram o presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e foram pano de fundo da crise envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro depois de afirmar que tratara com o pai sobre o tema. Após cinco dias de crise, Bebianno deve ser exonerado do cargo nesta segunda-feira, 18, por Bolsonaro.

Além de afastar a família dos problemas do PSL, a nova sigla realizaria o projeto político de aglutinar lideranças da direita nacional identificadas com o liberalismo econômico e com a pauta nacionalista e conservadora, defendida pelo clã Bolsonaro.

No começo do mês, Eduardo foi ungido por Steve Bannon, ex-assessor do presidente americano Donald Trump, como o representante na América do Sul do The Movement, grupo que reúne lideranças nacionalistas antiglobalização.

O projeto do novo partido é tratado com discrição no entorno do presidente. Em 2018, a UDN foi um dos partidos – embora ainda em formação e sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – sondados por interlocutores do presidente para que ele disputasse a eleição, mas a articulação não avançou. Depois de anunciar a adesão ao Patriota, Jair Bolsonaro acabou escolhendo o PSL.

Com direito a falha de Magrão e polêmica no fim, Santa Cruz vence o Sport no Arruda

Paulo Paiva/DP

Diário de Pernambuco

Filme repetido no Sport. Acostumado a idolatrar seu maior ídolo, o torcedor rubro-negro viu ontem no estádio do Arruda o goleiro Magrão falhar pelo segundo jogo consecutivo. Melhor para o Santa Cruz que, em seu segundo clássico na temporada, venceu o Clássico das Multidões pelo Campeonato Pernambucano por 1 a 0 e vai dormir na liderança do estadual. O jogo também marcou a reabertura do Arruda. Após ser vetado por conta das condições do gramado, o torcedor coral enfim pôde retornar para “casa”. O jogo ainda teve uma polêmica no último minuto de jogo. Os jogadores do Sport reclamaram muito de um pênalti a seu favor, que foi ignorado pela arbitragem.

da competição.

Já o Sport vai ter um quase 10 dias para recolocar a cabeça no lugar. Sem a Copa do Brasil, o Leão volta a campo somente no dia 28 de fevereiro, contra o Afogados, pelo Campeonato Pernambucano. A derrota no Arruda fez o Rubro-negro em terceiro lugar, com 12 pontos.

O jogo

O Santa Cruz foi para o Clássico das Multidões com que tinha de melhor no momento, contrariando a expectativa de um possível time misto por conta do jogo de quarta-feira, pela Copa do Brasil. As únicas ausências do time considerado ideal foi o goleiro Ricardo Ernesto, o zagueiro Vitão e o atacante Pipico, que estava suspenso. Já Milton Cruz repetiu o mesmo time que foi eliminado pelo Tombense no meio de semana.

Dentro de campo, os 45 primeiros minutos foram de um jogo bastante disputado e com o Sport tendo as duas melhores oportunidades de gols. A primeira veio logo aos cinco minutos com Kaio. De dentro da área, o meia chutou cruzado obrigando o goleiro Anderson a praticar uma difícil defesa, mandando a bola para escanteio.

A resposta tricolor veio três minutos depois, com um chute de fora da área do volante Charles. Com Kaio um pouco mais participativo, e aparecendo mais dentro da área, porém, ainda não sendo  o Sport segurava mais a bola nos pés. Então, em um período de dez minutos, o jogo ganhou em emoção com quatro chances de gol. Primeiro, com cabeçada de Charles e defesa tranquila de Anderson. Depois, Elias respondeu com um chute fraco e para fora. A melhor oportunidade do primeiro tempo, entretanto, aconteceu aos 23 minutos. Após jogada pela direita de Ezequiel, Hernane dominou a bola dentro da área, se atrapalhou um pouco, mas conseguiu o passe para Guilherme que, de frente para o gol, chutou forte para uma difícil defesa de Anderson.

A última boa oportunidade do primeiro tempo veio com uma cobrança de falta de Charles, que passou pela barreira e defendida pelo goleiro Magrão. A partir daí, o jogo caiu em qualidade, mas tendo o Santa Cruz tentando mais as jogadas pelos lados do campo, e o Sport administrando o jogo.

Segundo tempo

Sem alterações nos times para o segundo tempo, o começo do Clássico das Multidões seguiu o ritmo dos primeiros 45 minutos, com o jogo o jogo bem equilibrado.

Fazendo valer o apoio que vinha das arquibancadas, o Santa Cruz começou o segundo tempo mais em cima do rival. E teve duas ótimas chances de abrir o placar, ambas com Guilherme Queiroz, o substituto de Pipico. A primeira veio após chute forte de dentro da área e que obrigou a Magrão espalmar para escanteio. E na cobrança do tiro de canto, o atacante teve mais uma grande chance ao cabecear da pequena área por cima do gol, com perigo.

Vendo o Santa Cruz crescer na partida, o técnico Milton Cruz resolveu mudar. Acionou o atacante Juninho na vaga do apagadíssimo Hernane Brocador, com uma atuação para esquecer. Já Leston Júnior se viu obrigado a fazer duas alterações, talvez por conta do desgaste da viagem a Sinop, no Mato Grosso. Primeiro com Jô, que deu lugar a Cesinha, e depois com Elias Carioca, para a entrada de Luiz Felipe.

Número de mortos em Brumadinho sobe para 169

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais atualizou para 169 o número de mortes em decorrência do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho. Mais cedo, a corporação informou que dois corpos foram retirados da lama de rejeitos nos últimos dois dias. Fragmentos de corpos também foram localizados pelas equipes nas últimas horas.

De acordo com boletim da Defesa Civil do estado divulgado hoje (17), todos os óbitos já foram identificados. A tragédia na mina Córrego do Feijão, nos arredores da capital Belo Horizonte, deixou ainda 141 pessoas desaparecidas – entre funcionários da mineradora, terceirizados que prestavam serviços à Vale e membros da comunidade.

As buscas seguem na cidade desde o rompimento da barragem da mineradora Vale, no dia 25 de janeiro. Os rejeitos invadiram áreas da Mina do Córrego do Feijão, onde a estrutura estava, e das proximidades, deixando um rastro de mortes e destruição.

Desde o início das buscas, foram localizadas 393 pessoas, das quais 224 da “lista da Vale” e 169 da comunidade. Não há mais hospitalizados, segundo o balanço atualizado pela Defesa Civil.

Crédito
O Banco do Brasil anunciou que produtores de Brumadinho terão mais prazo para financiamentos adquiridos. O vencimento das dívidas foi adiado em um ano, considerando prejuízos da tragédia.a

Delegação da Venezuela e dos EUA vai à fronteira ver ajuda humanitária

Uma delegação parlamentar da Venezuela e dos Estados Unidos, liderada pelo senador republicano Marco Rubio, visitou a cidade colombiana de Cúcuta, escolhida para centralizar a ajuda humanitária destinada à população venezuelana. Em sua conta no Twitter, o norte-americano reclamou da presença de contentores, impedindo a passagem das doações.

“Na fronteira. Esses contentores atrás de nós foram postos ali por um regime criminoso e terrorista. Não vai funcionar. A comida e os produtos médicos chegarão ao povo”, afirmou Marco Rubio nas redes sociais.

O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, oposição ao governo de Nicolás Maduro, faz campanha para angariar ajuda humanitária internacional. Porém, Maduro resiste à campanha, alegando que há uma orquestração contra seu governo para organizar uma intervenção militar no território venezuelano.

Só em Cúcuta, segundo o senador norte-americano, há mais de 300 toneladas de alimentos e medicamentos “prontos para serem entregues ao povo venezuelano”. Crítico do governo Maduro, Marco Rubio se refere ao presidente venezuelano como ditador e responsável por um regime criminoso e terrorista.

“A Família Criminal de Maduro faz todo o possível para que a ajuda não chegue às pessoas. Isso é pura maldade”, reagiu, nas redes sociais, Marco Rubio, que se reuniu com integrantes da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, que é oposição a Maduro.

O senador foi à ponte Simón Bolívar, entre Venezuela e Colômbia, com os parlamentares venezuelanos. “Conversamos sobre a entrega de ajuda [humanitária], eleições livres e justas e a reconstrução da Venezuela, depois que Maduro e seus aliados saiam. Eu lhes disse para não perderem a esperança”, reiterou o norte-americano.

Vaticano discute nesta semana abusos cometidos por religiosos

O Vaticano reúne, a partir do dia 21 até domingo (24), representantes das conferências episcopais, da Igreja Católica Romana, de 130 países para discutir as denúncias de abusos sexuais cometidos por religiosos contra crianças e adolescentes. No encontro, estarão presentes integrantes de grupos de vítimas de abusos.
Ontem (17), durante a celebração pública, o papa Francisco pediu orações a todos. Segundo ele, todos devem assumir suas responsabilidades diante de “um desafio urgente do nosso tempo”.

De acordo com o Vaticano, o encontro pretende adotar ações concretas e decisões em nome da justiça e verdade. Em recente discurso ao Corpo Diplomático na Santa Sé, o papa ressaltou que “abusos contra menores” constituem um dos piores e mais vis crimes possíveis.

O presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, cardeal Seán O’Malley, disse que a reunião marcará o momento de desenvolvimento de um caminho claro para a Igreja, baseado em verdade, justiça e maior transparência.

Segundo O’Malley, a conferência “é dirigida principalmente aos bispos”, que “têm grande responsabilidade” sobre a questão, mas, ao mesmo tempo, leigos e mulheres “especialistas no campo do abuso darão sua contribuição e ajudarão a entender o que precisa ser feito para garantir transparência e responsabilidade”.

Os quatro dias de reuniões serão marcados por temas específicos: deveres e atitudes pessoais dos bispos; a comunidade dos bispos e da sua solidariedade; na terceira etapa, o papa Francisco participa e ao final, uma espécie de balanço do encontro.

Expulsão

No sábado (16), o Vaticano anunciou que a Congregação para a Doutrina da Fé expulsou do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington (EUA) Theodore McCarrick, de 88 anos.

O religioso foi acusado de abusos sexuais a menores e seminaristas, informou a assessoria de imprensa da Santa Sé, em comunicado.

Reforma da Previdência será enviada ao Congresso na quarta

A partir desta quarta-feira (20), o governo enfrentará o primeiro grande desafio na área econômica. A proposta de emenda à Constituição (PEC) que reforma o regime de Previdência dos trabalhadores dos setores público e privado será enviada ao Congresso Nacional, onde começará a tramitar na Câmara dos Deputados.

Logo depois de assinar o texto, o presidente Jair Bolsonaro fará um pronunciamento. Ele explicará a necessidade de mudar as regras de aposentadoria e de que forma a proposta será discutida no Congresso.

Na última quinta-feira (14), o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, adiantou alguns detalhes do texto, fechado em reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Os pontos revelados até agora são a idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, com um cronograma de transição de 12 anos para quem está próximo dessas idades. O acordo foi resultado de uma negociação entre a equipe econômica e o presidente Bolsonaro.

Originalmente, a equipe econômica tinha pedido idade mínima unificada de 65 anos para homens e mulheres, para os trabalhadores dos setores público e privado. O presidente gostaria de uma idade mínima de 65 anos para homens e 60 para mulheres. A área econômica defendia dez anos de transição, o presidente pedia 20 anos.

Detalhes

Somente na quarta-feira serão revelados detalhes ainda não divulgados, como a proposta para aposentadorias especiais de professores, policiais, bombeiros, trabalhadores rurais e profissionais que trabalham em ambientes insalubres. Também serão informadas as propostas para regras como o acúmulo de pensões e de aposentadorias e possíveis mudanças nas renúncias fiscais para entidades filantrópicas.

Falta saber ainda como ficarão o fator previdenciário, usado para calcular o valor dos benefícios dos trabalhadores do setor privado com base na expectativa de vida, e o sistema de pontuação 86/96, soma dos anos de contribuição e idade, atualmente usado para definir o momento da aposentadoria para os trabalhadores do setor privado. Em relação aos servidores públicos, ainda não se sabe qual será a proposta para a regra de transição.

Também na quarta-feira, o governo informará como incluirá na proposta a mudança para o regime de capitalização, no qual cada trabalhador terá uma conta própria na qual contribuirá para a aposentadoria. Atualmente, a Previdência dos setores público e privado é estruturada com base no sistema de repartição, onde o trabalhador na ativa e o empregador pagam os benefícios dos aposentados e pensionistas.

Para viabilizar a migração de regime, o governo tem de incluir um dispositivo na Constituição que autoriza o envio de um projeto de lei – complementar ou ordinária – para introduzir o novo modelo depois da aprovação da reforma. Será revelado ainda se o governo enviará o projeto para reformular a Previdência dos militares junto da PEC ou em outro momento.

Guaidó diz que ajuda humanitária “está nas mãos” dos militares

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou hoje (16), através de uma rede social, que “está nas mãos” dos militares a entrada de ajuda humanitária dos Estados Unidos na Venezuela.

A entrada da ajuda está prevista para o dia 23 próximo. As redes sociais têm grande importância no país, uma vez que os venezuelanos estão impedidos de realizar chamadas telefônicas para o exterior.

Juan Guaidó
Juan Guaidó disse que ajuda humanitária americana depende dos militares da Venezuela  (Juan Guaidó/Redes Sociais/Direitos Reservados)

Militares reforçam uma espécie de bloqueio na ponte fronteiriça entre Venezuela e Colômbia.

A ação ocorre no momento do impasse entre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o interino, Juan Guaidó. O interino promove uma campanha internacional para angariar ajuda humanitária.

Porém, com o bloqueio, a dificuldade para o ingresso de doações aumenta. De acordo com informações da Andina, agência pública de notícias do Peru, há contentores na ponte Tienditas, que liga os locais de Cúcuta (Colômbia) e Urena (Venezuela).

Demitido por Bolsonaro, Bebianno publica post valorizando a lealdade

Com a demissão da Secretaria-geral da Presidência já decidida pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro Gustavo Bebianno usou sua conta no aplicativo Instagram, na noite da última sexta-feira (15), para publicar um texto destacando a importância da lealdade. De autoria do escritor Edgard Abbehusen, a passagem destaca que “quando perdemos por ser leal, mantemos viva a honra”.

Após idas e vindas nas discussões no Palácio do Planalto nos últimos dias, a demissão de Bebianno foi selada por Bolsonaro na última sexta e deve ser publicada no Diário Oficial da próxima segunda (18). O motivo que determinou a saída foi quebra de confiança: o presidente não gostou de saber que o ministro mostrou, a jornalistas, trechos de conversas entre os dois.

O Congresso em Foco apurou que o governo ainda cogitou dar a Bebianno, como compensação por deixar o ministério, a diretoria da Itaipu Binacional ou até de uma embaixada à escolha dele, o que foi recusado pelo próprio ministro, que não admite ter feito nada de errado. O texto reproduzido por ele no Instagram encerra afirmando que “uma pessoa leal sempre será leal”.

A alternativa de colocar Bebianno na Itaipu seria, de toda forma, vedada por lei: diretores de estatal não podem ter atuado, nos 36 meses anteriores à nomeação, “como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”. Bebianno presidiu o PSL e coordenou a campanha de Bolsonaro à Presidência no ano passado.

No Congresso

Para o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), a crise no Planalto não afetará o andamento das reformas de interesse do governo, que devem começar a chegar ao Legislativo na semana que vem.

“Não tem nada a ver. Governo é governo, Congresso é Congresso. Nós vamos continuar o trabalho, para construir a base para aprovação da reforma do mesmo jeito”, garante o parlamentar. O deputado avalia que a questão da confiança foi determinante na decisão de demitir o ministro.

Com fundo partidário, Bivar contratou empresa do filho por R$ 250 mil na campanha eleitoral

Despesa de R$ 250 mil está na mira da Procuradoria Eleitoral de Pernambuco. Foto: Leo Malafaia/Esp. DP
Despesa de R$ 250 mil está na mira da Procuradoria Eleitoral de Pernambuco. Foto: Leo Malafaia/Esp. DP
Diário de Pernambuco
O deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, gastou R$ 250 mil provenientes do fundo eleitoral para contratar a empresa de um dos seus filhos durante a eleição de 2018. Sediada em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, a Nox Entretenimentos está registrada em nome de Cristiano de Petribu Bivar. Foi o segundo maior gasto da campanha dele, segundo o sistema Divulga Contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A contratação está na mira da Procuradoria Eleitoral de Pernambuco, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. Em parecer sobre a prestação de contas de Bivar, o procurador eleitoral Francisco Machado Teixeira se posicionou pela aprovação com ressalvas das contas e citou a necessidade de se investigar o possível “desvio de finalidade” no gasto destinado à empresa do filho do deputado.

“Foram realizadas despesas com fornecedores de campanha que possuem relação de parentesco com o prestador de contas, o que pode indicar desvio de finalidade. O Ministério Público Eleitoral informa que extrairá cópia dos autos para investigação dos fatos”, afirma o documento da Procuradoria Eleitoral sobre a prestação de contas de Bivar ao qual o Blog do Fausto Macedo teve acesso.

À época da contratação, a distribuição dos valores recebidos via fundo eleitoral para os candidatos do PSL, conforme ata do partido registrada na Justiça Eleitoral, era de responsabilidade do atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Ele presidiu o PSL durante a campanha eleitoral a pedido do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro.

O ministro trava uma disputa com o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e há dúvidas sobre sua permanência no cargo. A crise esquentou depois de suspeitas de irregularidades no uso do dinheiro do Fundo Partidário e de Carlos chamá-lo de mentiroso por Bebianno ter afirmado que conversou com o presidente sobre o tema. O vereador do Rio chegou a divulgar, inclusive, um áudio de conversa de Whatsapp do presidente dizendo que não estava podendo tratar do assunto. No dia da gravação (12/02), o presidente estava ainda internado no Hospital Albert Einstein, em recuperação de cirurgia.

De acordo com as notas fiscais, a Nox Entretenimentos teria prestado serviços de produção de vídeo para a campanha de Bivar. O telefone registrado pela empresa na Receita Federal é o mesmo do escritório de advocacia Rueda e Rueda, no Recife, que não explicou se divide o espaço com a Nox nem qual sua ligação com a família Bivar. Um dos sócios do escritório de advocacia é Antonio Rueda, presidente do diretório do PSL de Pernambuco no período eleitoral. Outra empresa em que Cristiano Bivar é sócio, a Mitra Participações, aluga salas para o diretório do PSL no Recife.

Campanha 

Luciano Bivar é presidente do PSL desde 1998 e, atualmente, ocupa o cargo de segundo-vice-presidente da Câmara. Bivar foi um dos parlamentares que mais receberam valores do fundo eleitoral. Dos R$ 9,2 milhões recebidos pelo PSL, a campanha do deputado amealhou R$ 1,8 milhão, o que representa 19,5% do total.

Na prestação de contas de campanha, a empresa do filho de Bivar aparece na segunda colocação entre as empresas que mais receberam. Em primeiro lugar está a Vidal Assessoria e Gráfica Ltda., de Luis Alfredo Vidal Nunes da Silva, que é vogal (dirigente com direito a voto) do PSL de Pernambuco. A gráfica fica em Amaraji, na Zona da Mata de Pernambuco.

Especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram não haver proibição legal na contratação de empresas de familiares com dinheiro do Fundo Partidário, mas afirmaram que a citação a um possível “desvio de finalidade” significa que a Procuradoria Eleitoral vai investigar se os serviços foram efetivamente prestados e a preços de acordo com o mercado.

Procurado, o deputado Luciano Bivar afirmou, por intermédio da assessoria, que a contratação da Nox Entretenimentos se “deveu ao fato de ela ter oferecido o menor preço para produzir os vídeos da campanha” e que “há contrato, notas fiscais, tudo perfeitamente legalizado”. Sobre as salas em que fica a sede do PSL em Pernambuco, o deputado disse que “o aluguel é em forma de comodato e que, na verdade, ele empresta a sala para o partido, sem custo”.

O filho do presidente do PSL, Cristiano Bivar, também por meio da assessoria do deputado, declarou que sua empresa foi contratada por vários candidatos e que, no caso de seu pai, prestou serviços de produção de vídeos, jingles e decoração do comitê. Cristiano Bivar declarou ainda que, para desempenhar essa função, também pagou “o projeto arquitetônico, som, palco, projetor, gerador de energia, diesel, mobiliário e as gravações para o programa gratuito de TV”.

A Nox Entretenimentos, por e-mail, afirmou que o serviço foi efetivamente prestado e a preço de mercado. “Inexiste impeditivo legal na contratação. Tendo inclusive as contas do candidato sido aprovadas sem ressalva pelos órgãos competentes”, pontuou a empresa.