Representantes da OAB de Caruaru visitaram o presidente do TRE-PE para debater sobre o Rezoneamento

TRE-PE realiza reunião OAB Caruaru

Na última  quinta-feira (20/07), o presidente do TRE-PE, desembargador Luiz Carlos Barros Figueiredo e a diretora-geral, Isabela Landim receberam os representantes da OAB de Caruaru, Felipe Sampaio e Marcelo Oliveira Cumaru, para debater sobre os impactos que a extinção de zonas causará no município.

No encontro, o presidente da OAB-Caruaru, Felipe Sampaio apresentou as razões que segundo ele, devem ser levados em consideração para não acontecer o rezoneamento no município de Caruaru. “Viemos aqui fazer um apelo ao senhor, e ver se tem a possibilidade de não haver a extinção da Zona eleitoral, uma vez que, trará muitos danos a nossa região, que tem grande parte dos eleitores na zona rural”, explicou Sampaio.

O presidente do TRE-PE, Luiz Carlos Barros, disse que  existe um grupo no Tribunal, que está realizando um estudo, e ainda não foi concluído, para ver onde será feito o rezoneamento determinado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

“Os critérios serão analisados de forma mais transparente possível. Estamos tentando ajustar diante da situação de cada município e alinhar a situação nacional, para minimizar os danos. Vamos esperar os prazos dados e tentar prorrogar ou mudar essa situação, porém se o TSE mantiver essa decisão, só nos resta cumprir a determinação”, declarou o presidente em exercício do TRE-PE.

Sobe para 9 o número de mortos entre imigrantes achados em caminhão no Texas

Uma pessoa que estava no mesmo caminhão onde foram encontrados mortos oito imigrantes também morreu horas mais tarde em um hospital de San Antonio, no Texas, segundo informou o Escritório de Imigração e Alfândegas (ICE) da cidade.

A entidade retificou uma informação anterior, divulgada por uma porta-voz do ICE em San Antonio, Nina Pruneda, segundo a qual o número de vítimas havia chegado a dez. De acordo com o ICE, o hospital informou erroneamente sobre a quantidade de mortes.

Thomas Homan, diretor interino do ICE, classificou o acontecimento como um “ato atroz” liderado por uma rede de tráfico de pessoas sem escrúpulos, para as quais “não importa a vida das pessoas comercializadas”.

O motorista do caminhão, identificado como James Bradley, é, por enquanto, o único detido e ainda pode responder judicialmente pelo fato.

Após ser avisada pelo funcionário de uma loja, para quem uma pessoa tinha pedido um copo de água no estacionamento, a polícia foi ao local e encontrou dentro da parte de trás do caminhão de 18 rodas oito pessoas mortas, entre elas duas menores de idade.

A suspeita é que as vítimas tenham morrido por asfixia ou excesso calor, mas a causa ainda está sendo identificada. No caminhão havia outras 30 pessoas, das quais 17 foram levadas em helicópteros para dois centros de saúde em “estado crítico ou muito grave” e as demais foram levadas a cinco hospitais da região. EFE

Bens mais valiosos de Temer pertenceram a José Yunes

De acordo com levantamento realizado pela revista Veja, parte dos bens do presidente Michel Temer (PMDB) teve como dono anterior José Yunes, amigo de longa data e ex-assessor especial do peemedebista. Yunes pediu demissão do cargo em dezembro e prestou depoimento voluntário ao Ministério Público em fevereiro, quando afirmou que foi “mula involuntária” do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Uma casa, duas salas comerciais e um andar inteiro em um prédio na cidade de São Paulo fazem parte da lista de bens que foram vendidos por Yunes e suas empresas para a família Temer. Apesar do padrão curioso e de algumas transações não terem seguido o padrão convencional, a revista não detectou nenhuma ilegalidade nas atividades.

As propriedades somavam R$ 18 milhões antes de serem vendidas a Temer. Uma das transações que mais chama a atenção é a do andar em um prédio em São Paulo. O edifício está localizado em área nobre da cidade e foi construído pela família de Yunes. Temer comprou o andar em 2011 por R$ 2,2 milhões. O montante equivale a apenas um terço do valor de mercado para um imóvel na região à época. Atualmente, o valor estimado de mercado é de R$ 14 milhões.

Citado por delatores e “mula involuntária”

José Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial do governo em dezembro do ano passado, após ser citado por delator da Odebrecht. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira, afirmou que parte da propina de R$ 10 milhões pedida por Temer foi repassada a Yunes e a Eliseu Padilha. O amigo de Temer teria recebido R$ 4 milhões em espécie no seu escritório.

Ao pedir demissão, Yunes escreveu uma carta entregando o cargo a Temer. “Nos últimos dias, Senhor Presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço, com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB. Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão”, escreveu o advogado.

Em fevereiro, Yunes prestou depoimento ao Ministério Público de maneira espontânea. Ele disse que atuou como “mula involuntária” para o ministro Eliseu Padilha. Yunes disse que recebeu um envelope do doleiro Lúcio Bolonha Funaro a pedido de Padilha. José Yunes disse que não sabia o conteúdo do pacote e que não se preocupou em esclarecer o que havia dentro dele.

Volkswagen colaborou ativamente com a ditadura brasileira, diz imprensa alemã

A filial brasileira da Volkswagen supostamente colaborou ativamente com a ditadura no Brasil na perseguição de opositores políticos, segundo informaram neste domingo (23) o jornal Süddeutsche Zeitung e as emissoras NDR e SWR. A imprensa alemã detalha que há quase dois anos foi aberta em São Paulo uma investigação sobre a Volkswagen do Brasil para determinar a responsabilidade da empresa na violação dos direitos humanos durante a ditadura de 1964 a 1985.

Em 2016, a empresa nomeou para uma investigação sobre seu passado o historiador Christopher Kopper, que confirmou a existência de “uma colaboração regular” entre o Departamento de Segurança da filial e a polícia política do regime.

Espionagem

“O Departamento de Segurança atuou como um braço da polícia política dentro da fábrica da VW”, afirmou Kooper, pesquisador da Universidade de Bielefeld.

“Permitiu as detenções” e pode ser que ao compartilhar informação com a polícia “contribuísse para elas”, acrescentou o historiador.

Segundo os meios citados, a filial brasileira espionou seus trabalhadores e suas ideias políticas, e os dados acabaram em “listas negras” em mãos da polícia política. Os afetados lembram como foram torturados durante meses, após terem se unido a grupos opositores.

Galpões

Conforme estabeleceu a Comissão Nacional da Verdade, que examinou as violações dos direitos humanos cometidas pela ditadura brasileira, muitas empresas privadas, nacionais e estrangeiras deram apoio tanto financeiro como operacional ao regime militar.

No caso da Volkswagen, a comissão constatou que alguns galpões que a empresa tinha em uma fábrica de São Bernardo do Campo (SP) foram cedidos aos militares, que os usaram como centros de detenção e tortura.

Além disso, a comissão sustentou que encontrou provas que a empresa alemã doou ao regime militar cerca de 200 veículos, que depois foram usados pelos serviços de repressão.

Brasil termina Mundial Paralímpico de Atletismo na nona colocação

Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil
Thiago Paulino terminou o Mundial de Atletismo Paralímpico com duas medalhas de ouro no arremesso de disco e lançamento de peso
Thiago Paulino terminou o Mundial de Atletismo Paralímpico com duas medalhas de ouro no arremesso de disco e lançamento de pesoComitê Paralímpico Brasileiro/Divulgação

O Brasil terminou em 9º lugar no quadro geral de medalhas do Mundial de Atletismo Paralímpico de Londres. Os atletas brasileiros ganharam 21 medalhas (oito de ouro, sete de prata e seis de bronze) na competição, que terminou hoje (23).

Com 65 medalhas (30 de ouro, 17 de prata e 18 de bronze), a China ficou em 1º lugar, seguida pelos Estados Unidos, com 59 medalhas (20 de ouro, 18 de prata e 17 de bronze), e pela Grã-Bretanha, que conquistou 39 medalhas (18 de ouro, oito de prata e 13 e bronze).

No último dia de competição no Estádio Olímpico de Londres, o país disputava ainda as finais de cinco provas, com fortes chances de aumentar o número de medalhas, nos 100m da classe T35 (paralisação cerebral), 100m T53 (cadeirante), lançamento de disco F46 (atletas com deficiências nos membros superiores), no arremesso de peso da classe F11 (cegos totais) e no revezamento 4x100m T11-13 (que conta com atletas deficientes visuais).

Mas nenhum doa atletas conseguiu ficar entre os três melhores em suas respectivas provas. Na final dos 100m T35, Fábio Bordignon terminou em 4º, com 12s83; Ariosvaldo Silva terminou a final dos 100m T53 em 5º, com 15s10. No lançamento e disco João Santos terminou em 6º (44.57m) e, Emerson Santos, em 7º (44.39m). Já Izabela Campos terminou a final do arremesso de peso F12 na 11ª posição e a equipe brasileira derrubou o bastão durante o revezamento 4x100m T11-13 e não termina a prova.

Iniciada no dia 13 de julho, esta foi a oitava edição do Mundial de Atletismo Paralímpico. No total, 25 atletas representaram o país no evento que reuniu Cerca de 1.200 atletas de 90 países e que disputaram 213 medalhas. Em 2015, em Doha, no Catar, o Brasil ficou com a sétima colocação no quadro geral de medalhas do evento. Foram oito medalhas de ouro, 14 de prata e mais 13 de bronze.

Inscrições para o Fies começam nesta terça-feira (25)

A lista de instituições e os cursos ofertados por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) poderá ser consultada a partir de amanhã (24), na página eletrônica do Fies Seleção. As inscrições para o segundo semestre de 2017 começam na próxima terça-feira (25) e vão até sexta-feira (28) .

No total, 75 mil novas vagas serão oferecidas aos estudantes que procuram financiamento para cursar o ensino superior em instituições de ensino privadas. A relação dos candidatos pré-selecionados será divulgada no dia 31, quando também será aberta a lista de espera.

Apesar das mudanças anunciadas no início do mês no Fies para 2018, neste semestre continuam valendo as regras atuais. Poderão se inscrever os estudantes que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com média das notas igual ou superior a 450 pontos e nota na redação superior a zero. O candidato também precisa ter renda familiar mensal bruta per capita de até três salários mínimos.

Os estudantes pré-selecionados deverão concluir a inscrição pelo Sistema Informatizado do Fies (SisFies), entre 1º de agosto e 8 de setembro.

A partir de 2018, o Novo Fundo de Financiamento Estudantil será dividido em três modalidades. No total, o programa vai garantir 310 mil vagas, sendo que 100 mil serão ofertadas para estudantes com renda familiar per capita de até três salários mínimos a juro zero, incidindo a correção monetária.

Prefeitura de Riacho das Almas realiza Festival do Frio do Vitorino

Em uma grande parceria com o Governo de Pernambuco através da Fundarpe e da Empetur, a Prefeitura de Riacho das Almas vai realizar no próximo sábado (29) o Festival do Frio do Vitorino. O distrito da zona rural de Riacho das Almas registra temperaturas amenas durante todo o ano, mas neste período as temperaturas ficam ainda mais baixas com média de 17°C.

Além de barraquinhas com opções gastronômicas e o tradicional artesanato de cipó da comunidade que vai estar em exposição no Festival, serão realizados a partir das 22h shows com o forrozeiro Petrúcio Amorim e a Banda Fulô de Mandacaru

Luska Portela assume gestão da Prefeitura de Petrolina

O prefeito Miguel Coelho se licenciou do cargo na manhã deste domingo (23). Em seu lugar assume o comando da prefeitura de Petrolina a vice-prefeita Luska Portela. A transmissão do cargo foi realizada em cerimônia na sede municipal com presença de secretários, vereadores e assessores.

A prefeita Luska Portela fica na função de chefe do executivo até o dia 9 de agosto, quando Miguel retorna de viagem ao exterior. “Esses primeiros dias, terei reuniões com secretários e diretores para aprofundar as informações e dar encaminhamentos de todos os serviços da prefeitura. É um desafio grande, mas estou confiante pois temos uma grande equipe ao nosso lado e a confiança do prefeito Miguel”, relatou Luska após a assinatura do livro de posse.

Depois da cerimônia oficial, a prefeita e Miguel se reuniram no hotel Nobile para conversar sobre a transição. “Antes da viagem, conversamos com secretários e colaboradores para garantir a continuidade dos serviços nesses dias que estarei fora. Viajo tranquilo pois a prefeitura está em boas mãos. Luska é preparada e muito sensível para ocupar o cargo”, garantiu Miguel, que viaja com a primeira-dama Lara Secchi Coelho em lua de mel.

Luska Portela milita em causas sociais há mais de 30 anos. Foi gestora da Casa Geriátrica por quase duas décadas e secretária de Assistência Social na gestão de Guilherme Coelho. Foi eleita vice-prefeita de Petrolina pelo partido Democratas no ano passado.

Preço da gasolina pode ter maior alta em 13 anos

Com o anúncio do aumento da tributação sobre combustíveis anunciado nessa quinta-feira (20), o preço da gasolina pode ter a maior alta desde o início da série semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2004.

Os postos já começaram a receber combustíveis com novos preços a sexta-feira (21). O aumento anunciado pelo governo e que chegará aos consumidores é de R$ 0,41 por litro da gasolina, se repassado integralmente. A alíquota do PIS Cofins passou de R$ 0,38 para R$ 0,89. De acordo com levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes de São Paulo (Sincopetro), a gasolina já veio R$ 0,4075 mais cara, quase equivalente ao aumento anunciado.

Com base no preço médio nacional registrado pela ANP na última semana, a alta na gasolina será de 11,7%, passando de R$ 3,485 a R$ 3,895. O repasse aos consumidores já começou a ser notado pelo país e o litro da gasolina chegou a R$ 3,99 em Macapá nessa sexta, de acordo com reportagem do portal G1.

Protesto

Para protestar contra a alta, os donos de postos de gasolina pelo país colocarão faixas pretas sobre as placas de preço dos combustíveis, demonstrando “luto” por causa do aumento. De acordo com o blog do jornalista Gerson Camarotti, ainda não há data definida para o protesto, mas que deve acontecer em breve. Os donos dos postos não querem ser vistos como “vilões”.

Prisão domiciliar: mulheres com filhos pequenos lutam pelo benefício concedido a presos da Lava Jato

Por Andrea Dip

A pequena casa de dois cômodos onde moram Vitória*, seu bebê e sua mãe, Laura, no Jardim Guarani, na periferia da zona norte de São Paulo, em nada se parece com as mansões luxuosas onde vivem em prisão domiciliar alguns réus delatores da operação Lava Jato – uma até com vista para o mar. Em contraste com as áreas verdes, piscinas e academias, como mostrou em abril deste ano uma reportagem do Fantástico sobre os presos domiciliares da Lava Jato, Vitória nos recebe para um café em uma pequena cozinha que também faz as vezes de sala. Ao fundo, o quarto com um beliche onde os três dormem e guardam seus pertences frequentemente é inundado pela água que transborda do banheiro, conta Vitória enquanto amamenta o filho. É algo a mais para resolver na lista da família, que tenta sem sucesso uma vaga para Lucas na creche do bairro e tem como renda apenas o dinheiro que dona Laura ganha trabalhando com limpeza em três empregos diferentes.

Na Venezuela, a mãe de Vitória era professora primária, mas sem fluência no português tudo aqui é mais difícil. Quando soube da prisão da filha grávida, dona Laura deixou a família e veio correndo ao auxílio dos dois. Não descansou até conseguir alugar essa casa e por a documentação da filha em ordem para, junto ao Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), que trabalha com mulheres estrangeiras presas, tentar o habeas corpus para a prisão domiciliar. Vitória foi presa com cocaína no aeroporto de Guarulhos e levada para a Penitenciária Feminina da Capital (PFC), onde descobriu a gravidez e permaneceu por pouco mais de um ano, até que seu filho completasse 6 meses. Apesar da vida difícil, ela se sente aliviada por ter deixado o presídio e se sente “privilegiada” entre as tantas mães que conheceu no cárcere que continuam sem previsão de mudança de rumo. “Quando saí, deixei tudo que tinha para as mães com os bebês de lá. Porque é muito difícil, tem gente que não tem família, não tem nada. Eu mesma lavava roupa para outras mulheres para conseguir maços de cigarro que trocava por sabonete e fraldas para o Lucas até minha mãe chegar”, lembra.

Na verdade, Vitória poderia ter saído mais cedo e evitado as três quedas que teve, já em trabalho de parto, no banheiro da penitenciária, ou o tempo que o filho passou na incubadora por causa de sofrimento fetal decorrente da demora para ser levada ao hospital. O artigo 318 do Código de Processo Penal determina que o juiz pode substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando, entre outras razões, o agente for “gestante”, “imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência” e, a partir de 2016, com o Marco Legal da Primeira Infância, a Lei 13.257, “mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos”. O Brasil é signatário da Convenção de Bangcoc que determina, entre outras condições para a mulher mãe encarcerada, que ela possa responder ao processo em liberdade. Mas essa não é nem de longe a regra, como aponta a pesquisa “Quando a casa é a prisão: uma análise de decisões de prisão domiciliar de grávidas e mães após a Lei 12.403/2011”, de Ana Gabriela Braga e Naila Ingrid Chaves Franklin. Elas analisaram sentenças em casos de pedidos de prisão domiciliar de 2011 a 2013, enfocando mulheres pobres, negras e jovens, com base nos dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A conclusão do trabalho é que as prisões domiciliares são concedidas às mães por múltiplos fatores, mas que “a discriminação negativa incide sobre o gênero feminino, fazendo com que as figuras de ‘mãe’ e ‘criminosa’ sejam socialmente irreconciliáveis”.

“A prisão domiciliar é um gênero que comporta duas espécies. Uma está prevista no Código de Processo Penal como medida cautelar, quando a pessoa ainda não foi julgada. De outro lado, você tem a prisão domiciliar no âmbito da Lei de Execução Penal, prisão pena. Uma serve para garantir o regular curso do processo, a ordem pública e aquelas condições para a prisão preventiva. E a prisão domiciliar no âmbito da execução penal, quando a pessoa já foi condenada, é um modo de cumprimento da pena”, explica o advogado criminalista Lucas Sada. “Os requisitos são mais ou menos parecidos nos dois casos: para pessoas maiores de 80 anos, pessoas muito debilitadas por doença grave, pessoas imprescindíveis ao cuidado de menores de 6 anos ou com deficiência e gestantes, e uma regra nova que é para mulher com filhos com até 12 anos e para o homem caso seja o único responsável pelo cuidado desse filho. O que está na LEP [Lei de Execuções Penais] fala em condenados maiores de 70 anos com doença grave, com filho menor ou deficiente físico, mental ou gestantes”, acrescenta.

Ainda assim a prisão domiciliar, que tem sido aplicada frequentemente aos delatores da Lava Jato, encontra forte resistência do Judiciário quando os réus são “pessoas comuns”. Segundo Patrick Cacicedo, defensor público do Núcleo Especializado de Situação Carcerária, de 70% a 80% das mulheres em prisão preventiva hoje em São Paulo deveriam estar em casa: “É muito difícil conseguir. Os juízes arrumam subterfúgios interpretativos para manter a prisão, e a grande maioria das mulheres está presa por tráfico de drogas, um tráfico muito pequeno, sem violência e sem armas. Nos casos de cumprimento de pena, então, como os aplicados na Lava Jato, eu pessoalmente não me lembro de ver um caso em São Paulo”.

A Pública entrou em contato com o Ministério da Justiça, com o Depen, com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e com cada estado do país para obter – inclusive mediante a Lei de Acesso à Informação – o número atualizado de pessoas em prisão domiciliar como medida cautelar e como pena, mas novamente deparou com a falta de dados sobre o sistema prisional brasileiro. De todos os estados, apenas o Distrito Federal, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul responderam, e os órgãos federais informaram que não há esse número consolidado. O dado mais atualizado do CNJ é de 2014, quando havia no país uma população carcerária de 711.463 pessoas, 147.937 mil em prisão domiciliar, pouco mais de 20%. Não há na pesquisa recorte de gênero ou dados sobre se essas pessoas estão aguardando o julgamento ou cumprindo pena. É importante lembrar que já na época, com esse número total, o Brasil ocupava o terceiro lugar no ranking mundial de países com a maior população carcerária e que o percentual de presos provisórios (ainda não julgados) nas prisões era de mais de 40% e o déficit de vagas, 206.307.