Sem risco de cassação

Por Marcelo Teixeira

Em um País que não é governado com firmeza, o primeiro aspecto a sofrer é a economia. Aqui no Brasil, felizmente, o que presenciamos é uma economia absolutamente controlada, em plena recuperação, com todos os sinais de crescimento, como juros em baixa, inflação em baixa, o emprego já mostra recuperação, obras reativadas com a transposição do São Francisco, ajuda aos Estados repactuando as dívidas, dólar controlado, estatais dando lucro e até a Petrobrás no azul.

A Democracia? Forte democracia que tem suportado ações mentirosas e caluniosas de setores da imprensa, que vão desde especulações acerca da renúncia do presidente até uma suposta cassação do seu mandato pelo Tribunal Eleitoral, além de alegações no sentido de que o presidente seria comparável ao deputado A ou ao senador B, sem contar que uma tal delação premiada findaria por comprometer o mandatário da República.

Porém, o que estamos assistindo é diferente de todos esses disparates noticiosos. Depois de alguns dias, o Brasil concluiu que não há nada além do vazio. O País quer seguir em frente e percebe o presidente desmanchando as questões maliciosamente a si imputadas, uma a uma, dentro da lei e da democracia. E também dentro da lei, fará com que as acusações falsas e indutoras de tentativa de desordem social sejam responsabilizadas e punidas.

O Governo Temer é setorialmente aprovado em todas as áreas. Educação, Cidades, Relações Exteriores, Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, todos os ministérios ganhando batalhas importantes para a retomada do crescimento do País. Outra área que sofre em governos frágeis é a segurança nacional. Assistimos também a competência do Ministério da Defesa nas intervenções pela segurança das cidades, nas guerras dos presídios, nas badernas de rua, como a de Brasília, ou nas enchentes do Sul e do Nordeste.

A partir desse rápido panorama, percebemos que o Brasil está, enfim, organizando-se. O presidente Michel Temer continuará aprovando as reformas que o País necessita. E daí ter que enfrentar uma acusação julgada contra ele, desde a primeira notícia (Barriga de Lauro Jardim). Caso da gravação, bem diferente do presidente Collor, com o irmão e com o PC Farias; do presidente Lula que envolve ministros, diretores de estatais, empresários, filhos, sítio, cobertura em Guarujá; da ex-presidente Dilma, com ministros, Lula, Dirigentes do Banco do Brasil, Petrobrás, os Marqueteiros, os empreiteiros, as contas bancárias no exterior.

Com o presidente Temer não existe isso, só a gravação que não diz nada, e a delação totalmente suspeita do Joesley. Vejamos: como profissional, sou acostumado a ouvir gravações, muitas ainda da época dos primeiros gravadores, com a qualidade bastante precária. Não consigo entender como uma gravação com a qualidade que Joesley fez do Presidente Temer está sendo considerada pela justiça e pela imprensa. A questão é simples e objetiva: se você recebe na sua casa à noite uma pessoa que tem a liberdade de falar qualquer assunto, pessoa que já lhe corrompeu outras vezes, que você é acostumado a pedir dinheiro, somas vultosas, tipo dez milhões de reais, trinta milhões de reais, e está aceitando um intermediário para receber quinhentos mil por semana durante vinte anos, tem intimidade para passar a mão nas nádegas do Presidente.

Aí, a conversa não ia ser cheia de enigmas, falhas e interpretações. O Joesley ia falar abertamente. “Michel, olha cara, encerrei o pagamento do Cunha, ficou tudo certo, fiz outro acerto com ele e com fulano para não fazerem delação, fica tranquilo que tá tudo certo. Olha cara, os juízes fulano e sicrano, comprei os dois, e nem foi caro, paguei X a cada um para segurar aqueles processos e despachando favorável a Friboi.

Michel, vamos subir que estou com uma fome danada. Pede pra a Marcelinha organizar o jantar agora. Sim, o CADE manda nomear José dos grudes que aí só faz o que eu quero. Garantida tua aposentadoria, quinhentos mil por semana, durante vinte anos. O Michelzinho tá feito. Vai ficar rico o resto da vida por conta da Petrobrás”.

Seria nesse nível, nesse tom, se Joesley tivesse a intimidade que alegou ter com o Presidente. Intimidade falsa, totalmente desmentida pela própria gravação. Além do mais, é muita confiança um sujeito com 76 anos fazer um negócio de 20 anos de boca. É preciso acreditar em Papai Noel. A gravação é uma farsa, cheia de arrodeios, falando coisas sem clareza para poder dizer depois que é outra. É simplesmente ridículo.

A verdade que o País precisa saber é por que um bandido como Joesley faz acordo com o Procurador da República para ficar impune? O único brasileiro, vivo ou morto, que tem um salvo conduto desses. É estranho ter sido de graça. O regime é capitalista, o governo Temer é apoiado pela imprensa Paulista, pela FEBRABAN, FIESP, Governador e Prefeito de São Paulo, pelos Senadores Aécio, Serra, Eunício e Jucá. O Ás da Câmara é o próprio Temer. O Brasil não terá um presidente que, apesar de Presidente da Câmara, não representa nem o baixo clero.

Os Paulistas não farão uma troca desastrosa para eles, além de ainda precisar esclarecer delações feitas, inclusive contra ele. É jovem, conhece a Câmara, está se saindo bem no caso, mas falta muito chão ainda. A mala com os quinhentos mil reais foi devolvida trinta dias depois pelo próprio Rodrigo Loures, que a recebeu. Tanto foi para o próprio que devolveu trinta e oito mil reais a menos. Quanto à substituição de membros da Comissão de Constituição e Justiça, o que os líderes governistas fizeram foi o certo. Já dizia Agamenon Magalhães: “Feio é perder”. O relatório que vai para o plenário, vai contra o Presidente Temer ser investigado.

Marcelo Teixeira é publicitário

Oposição acusa Maia de “blindagem” e “cumplicidade” a Temer por querer votar denúncia ainda em julho

Parlamentares da oposição criticaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), por defender a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer ainda em julho. Eles definiram as articulações e o pedido de Maia para agilizar a votação como uma “tentativa de blindagem”, que também representa “cumplicidade” do parlamentar para com Temer. PT, PCdoB, PDT e PSOL se reuniram com Maia no fim da tarde desta terça-feira (11) para tratar da tramitação da denúncia e apresentar uma proposta conjunta.

O líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), disse ter sugerido que a apreciação da matéria fosse feita no retorno do recesso parlamentar. “No nosso entendimento, é o melhor caminho para dar transparência e permitir que se faça o debate necessário”, afirmou. “O presidente não respondeu. Votar no recesso é um mecanismo de proteção ao Temer”, completou. De acordo com ele, Rodrigo Maia sinalizou que vai avaliar e que está conversando com todos os líderes a respeito do assunto. Além disso, ponderou que só responderá depois da decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde a denúncia será analisada no primeiro momento.

Para o líder do PSOL, Glauber Braga (RJ), Maia já declarou sua preferência para que a votação seja feita o mais rápido possível e demonstrou, assim, cumplicidade para com Temer. “O que está acontecendo é uma tentativa de blindagem de Michel Temer. Quando Maia defende a votação em julho, ele está sendo cúmplice dessa estratégia de parte da base do governo que quer adiantar o processo de votação para garantir um quórum baixo”, explicou. Glauber diz que Maia havia assumido compromisso de que apresentaria o rito da apreciação da denúncia. No entanto, não o fez, além de não dar mais detalhes a respeito.

“A declaração de Maia de que passa à deliberação tendo 342 presentes não é suficiente”, diz o líder do PSOL. “Se não houver um quórum altíssimo, de 500 parlamentares, o governo pode se beneficiar e garantir que Temer não tenha os 342 votos para o afastamento”, afirma. Ainda não há uma definição se os parlamentares vão ter um tempo no plenário para fazer a defesa de voto, qual será o tempo de discussão da matéria, a data da deliberação, o conjunto de procedimentos como um todo. Mais cedo, o presidente da Casa chegou a fazer um apelo aos colegas parlamentares para que permaneçam em Brasília em julho.

Para a líder do PCdoB, Alice Portugal (BA), o ideal seria seguir o mesmo trâmite do processo que depôs a presidente Dilma Rousseff. “Deve ter a similitude com o que ocorreu com o impeachment da presidenta eleita. Nós pedimos que fosse no domingo. Para que toda a sociedade brasileira acompanhasse a votação, mas há resistências da presidência da Casa nesse sentido”, diz. A defesa por agosto, então, segue a ideia de que será possível ampliar o debate na sociedade sobre o assunto e, assim, pressionar os governistas.

O troca-troca de deputados na CCJ também foi criticado. Portanto, o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) acredita que com a apresentação pública de um rito, será mais difícil ao governo manobrar no plenário da Casa. “O governo vai querer operar também no plenário. O que pedimos ao Maia é que também haja um acordo de procedimento de plenário para que saibamos quem pode falar, em que momento e que dia será a votação”, disse.

Doleiro diz que Cabral chegou a ter US$ 120 milhões em contas no exterior

O doleiro Renato Chebar afirmou, em audiência judicial nesta terça-feira (11), que o ex-governador Sérgio Cabral chegou a ter US$ 120 milhões, o equivalente a cerca de R$ 390 milhões, em contas bancárias no exterior. O depoimento foi dado ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que investiga a Operação Eficiência, que envolve a ocultação de bens de Cabral fora do Brasil.

Perguntado sobre repasses ao ex-governador, Chebar disse que ele era encarregado por Cabral de depositar quantias cada vez mais volumosas no exterior, em parcelas que foram aumentando e chegaram a R$ 500 mil por vez.

“Volta e meia ele mandava dinheiro. Ia no meu escritório. Eram em torno de R$ 200 mil por mês. Quando ele se tornou governador, em 2007, aí o volume começou a subir, às vezes R$ 1 milhão por mês, e eu comecei a não dar conta do serviço. O maior saldo foi US$ 120 [milhões]”, disse Chebar.

O advogado Rodrigo Doca, que defende Cabral, rebateu as denúncias do doleiro e disse que elas não procedem. “Não é crível que alguém mantenha uma conta com base em simples confiança em uma pessoa, no valor de US$ 120 milhões, sem nenhum documento que garanta o negócio. Toda prova que eles apresentaram se resume a uma planilha. O depoimento do Chebar não faz sentido, não apresenta qualquer prova e sempre fala de pessoas interpostas, pessoas que seriam intermediárias, dizendo que seria para o governador. Amanhã vai ser muita coisa esclarecida”, disse o advogado, em referência ao depoimento marcado para Cabral nesta quarta-feira (12), ao juiz Bretas.

Vasco pede ao STJD para jogar em São Januário mesmo sem torcida

O Vasco requereu nesta terça-feira (11) ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), no Rio de Janeiro, o cancelamento da interdição do Estádio São Januário ou autorização para o clube voltar a realizar jogos ali, mesmo sem presença de público.

O pedido foi encaminhado ao presidente do tribunal, Paulo César Salomão, que mandou interditar o estádio devido aos tumultos ocorridos após o jogo com o Flamengo, no último sábado (8), entre torcedores vascaínos e a Polícia Militar, e que se estenderam para as ruas do entorno de São Januário, onde um homem foi morto e outros dois ficaram feridos a tiros.

O clube quer manter os jogos no estádio até o julgamento do caso, que ainda não tem data marcada. Assim, o jogo do próximo domingo, contra o Santos, poderia ser realizado em São Januário. A defesa alega que o clube pode ser absolvido no julgamento e, dessa forma, se a interdição não for revogada, cumpriria uma pena que não lhe caberia.

A presença de público nos jogos em São Januário foi proibida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e, por isso, o Vasco admite jogar de portões fechados, para que o STJD revogue a interdição. O presidente do tribunal prometeu analisar o pedido e dar uma resposta até esta quarta-feira.

Nesta terça-feira, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, voltou a responsabilizar a PM do Rio pelo tumulto no estádio, ao atirar bombas de efeito moral contra o público na arquibancada de São Januário, o que provocou um conflito generalizado, segundo ele.

Eurico também reafirmou que a responsabilidade pela segurança no estádio é da polícia e não do clube, que tomou todas as providências que lhe cabiam. O torcedor do Vasco morto nos incidentes com a PM, Davi Rocha Lopes, de 27 anos, foi sepultado nesta segunda-feira (10) no cemitério de Santa Cruz, zona oeste do Rio.

Temer diz que reforma trabalhista trará empregos e deixará país mais competitivo

Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil

 

Brasília - Pronunciamento do presidente da República, Michel Temer (Valter CAmpanato/Agência Brasil)
Pronunciamento do presidente da República, Michel Temer, sobre a aprovação da reforma  trabalhistaValter Campanato/Agência Brasil

O presidente Michel Temer fez um pronunciamento na noite de hoje (11) e se mostrou satisfeito com a aprovação da reforma trabalhista no Senado, chamada por ele de “uma das reformas mais ambiciosas dos últimos 30 anos”. A reforma segue agora para sanção presidencial. Temer agradeceu a deputados e senadores e fez questão de lembrar que a aprovação da reforma se deu por “expressiva maioria”. Em seguida, afirmou que a nova legislação trará empregos e deixará o país mais competitivo.

“Essa aprovação da proposta é uma vitória do Brasil na luta contra o desemprego e um país mais competitivo. É com muita satisfação que digo que tive a coragem de propor essa mudança para o país, portanto para todos os brasileiros. Nela eu me empenhei desde o início do meu mandado. Seu sentido pode ser resumido de uma forma singelíssima: nenhum direito a menos, muitos empregos a mais”, disse.

Para o presidente, a nova legislação criará novas relações trabalhistas adequadas à realidade atual e preparará o mercado de trabalho às demandas do presente e exigências do futuro. “Os tempos mudaram e as leis precisam se adaptar. O nosso governo está conectado com o século 21”, disse.

Temer falou sobre a recuperação econômica do país sob seu governo. Ele citou a inflação sob controle, queda da taxa de juros e o bom desempenho do agronegócio. Em seguida, afirmou que o mercado de trabalho também já dá sinais de recuperação.

“Isso quer dizer mais renda e mais emprego. Fizemos tudo isso em pouco mais de um ano, com diálogo, respeito ao contraditório, ouvindo trabalhadores e empresários. E pensando, acima de tudo, num futuro com empregos para todos os brasileiros e oportunidades para nossos filhos e netos”. Temer esperou a conclusão da sessão no Senado, com a votação inclusive dos destaques, para fazer seu pronunciamento. Após atrasos, a reforma foi aprovada com 50 votos a favor, 26 contrários e uma abstenção.

Senado conclui aprovação e reforma trabalhista vai para sanção de Teme

Após aprovar o texto principal, em uma sessão marcada por confusões e protestos, os senadores concluíram há pouco a votação da reforma trabalhista. Enviado pelo governo e aprovado no Senado da mesma forma como veio da Câmara dos Deputados, o projeto de lei segue agora para sanção do presidente Michel Temer.

A proposta altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), permitindo mudanças como a prevalência do acordado entre patrões e empregados sobre o legislado nas negociações trabalhistas. A sessão chegou a ser iniciada às 11h de hoje (11), mas as senadoras da oposição ocuparam a Mesa do Senado e impediram que o presidente da Casa, Eunício Oliveira, conduzisse os trabalhos, que foram retomados apenas no início da noite.

Brasília - Senadores aprovam texto principal da Reforma Trabalhista (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Após muito debate e confusão, senadores governistas conseguiram a aprovação da reforma trabalhistaMarcelo Camargo/Agência Brasil

Por mais de sete horas, as parlamentares permaneceram no Plenário, mesmo com as luzes apagadas. Com críticas ao mérito da reforma e ao modo como ela seria apreciada, as senadoras da oposição rejeitaram por diversas vezes sugestões de acordo para que a votação fosse retomada.

De acordo com o senador Jorge Viana (PT-AC), as parlamentares tomaram uma atitude política e criticou o fato de o Senado não ter feito qualquer alteração para melhorar a proposta vinda da Câmara, abrindo mão do papel de casa revisora.

Após uma série de bate-bocas e tentativas de negociações, o presidente do Senado voltou ao Plenário no início da noite e, com um microfone sem fio, anunciou que retomaria o comando da sessão de qualquer jeito. Com duras críticas à posição das senadoras, Eunício Oliveira disse que sempre buscou cumprir os acordos, garantindo inclusive discussões da matéria para além das previsões regimentais. “Nem a ditadura militar ousou ocupar a Mesa do Congresso Nacional. Isso não existe no regime democrático”, reclamou.

Destaques

Com 50 votos favoráveis, 26 contrários e uma abstenção, o texto-base do projeto de lei foi aprovado por volta das 19h50, mas os senadores continuaram a discussão por mais duas horas e trinta minutos, enquanto analisavam três destaques que buscavam alterar pontos específicos do projeto. As sugestões buscavam excluir da reforma mudanças como a regulamentação do trabalho intermitente e a obrigação de que mulheres grávidas e lactantes apresentem atestado médico para que sejam afastadas de atividades insalubres.

Um dos destaques buscava derrubar a possibilidade do trabalho intermitente, que prevê a possibilidade de o empregador contratar e remunerar os trabalhadores apenas durante o tempo da prestação de serviços, excluindo períodos de inatividade. Outra proposta de mudança, também rejeitada pela maioria dos senadores, visava a manter a legislação trabalhista acima das convenções e acordos coletivos de trabalho.

Vetos

Para que a proposta não voltasse a ser analisada pela Câmara dos Deputados, os senadores governistas não aceitaram nenhuma mudança de mérito no texto e rejeitaram também as emendas apresentadas de modo individual. No entanto, como resposta aos pontos polêmicos da proposta, há um compromisso do presidente Michel Temer de vetar seis pontos da reforma. A ideia é aperfeiçoar esses pontos para que eles sejam reapresentados via medida provisória ou projeto de lei.

Um desses pontos é o que aborda o tratamento da gestante e do lactante em ambiente insalubre. O texto prevê que a trabalhadora gestante deverá ser afastada automaticamente, durante toda a gestação, apenas das atividades consideradas insalubres em grau máximo. Para atividades insalubres de graus médio ou mínimo, a trabalhadora só será afastada a pedido médico.

Em relação ao trabalho intermitente, o relator recomenda veto aos dispositivos que regulamentam a prática. Neste tipo de trabalho, são alternados períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador. Segundo os relatores da matéria, o melhor seria regulamentar por medida provisória, estabelecendo os setores em que a modalidade pode ocorrer.

Mudanças

A proposta de reforma trabalhista prevê, além da supremacia do negociado sobre o legislado, o fim da assistência obrigatória do sindicato na extinção e na homologação do contrato de trabalho. Além disso, acaba com a contribuição sindical obrigatória de um dia de salário dos trabalhadores. Há também mudanças nas férias, que poderão ser parceladas em até três vezes no ano,  além de novas regras para o trabalho remoto, também conhecido como home office. Para o patrão que não registrar o empregado, a multa foi elevada e pode chegar a R$ 3 mil. Atualmente, a multa é de um salário-mínimo regional.

Senado ficou de joelhos pra Temer e de costas pro povo, diz Humberto sobre aprovação de reforma

Crítico da reforma trabalhista do presidente não eleito Michel Temer (PMDB), o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), lamentou, na noite desta terça-feira (17), a aprovação da “nefasta” proposta e afirmou que a Casa perdeu a chance de respeitar os trabalhadores brasileiros ao enterrar os seus direitos de uma só vez, atendendo aos interesses exclusivos do governo e do empresariado.

A matéria, que não recebeu qualquer alteração no Senado devido ao trator governista, foi aprovada, por 50 votos a 26, e segue para sanção presidencial. “O Senado ficou de joelhos para Temer e de costas para o povo. Infelizmente, apesar de toda a nossa luta e da forte rejeição popular, esta Casa jogou sobre os trabalhadores e o povo a responsabilidade para resolver a crise. Retiramos direitos e conquistas sociais de décadas, diminuindo a rede de proteção social, precarizando as relações de trabalho e criando mais condições de ampliar a taxa de lucro dos empresários brasileiro”, afirmou.

Ele ressaltou que o Congresso Nacional abriu mão de suas prerrogativas com a ratificação da medida do Palácio do Planalto, segue dando sustentação a um governo moribundo que nada tem nada a apresentar ao país e que tenta se manter no poder com essas reformas absurdas.

O parlamentar lembrou que, mesmo diante das diversas tentativas da oposição para modificar o texto, na tentativa de amenizar os efeitos sobre os trabalhadores, o Senado comprou a mentira de que o país vai gerar mais empregos a partir da reforma.

Em defesa dos trabalhadores, senadoras da oposição ocuparam, nesta terça, a Mesa Diretora da Casa para impedir a apreciação da reforma. De forma absolutamente inédita, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), mandou desligar a luz e o ar-condicionado e cortar os microfones do plenário até que assumisse o comando dos trabalhos. A suspensão da sessão durou mais de 6 horas.

Humberto disse que o país viveu hoje mais uma etapa do golpe parlamentar aplicado sobre o Brasil no ano passado, quando a presidenta Dilma foi destituída do poder sem ter cometido qualquer crime. Para o senador, os cidadãos tiveram a oportunidade hoje, infelizmente, de ver as causas do golpe desnudas, ao vivo e a cores.

“O golpe foi dado para acabar com a corrupção, mas nunca vimos um governo tão corrupto; foi dado porque havia desemprego, mas no último ano adicionamos mais 2,5 milhões de desempregados; foi dado para equilibrar as contas públicas, mas temos um gravíssimo quadro fiscal. Enfim, vimos o contrário: o governo Temer conseguiu recolocar o Brasil no mapa da fome mundial”, disse.

O líder da Oposição ainda fez questão de registrar, em seu discurso, que a reforma de Temer não foi defendida no plenário por nenhum membro do PSDB, do PSD e do DEM, que compõem a base aliada do governo. De acordo com o parlamentar, esses partidos se escondem da população porque não querem mostrar que estão comprometidos com as perdas de direitos.

“O povo não é bobo e por isso está frontalmente contra a reforma. Quem tem carteira assinada, com todos os seus direitos preservados, vai perdê-los forçadamente para se tornar um autônomo exclusivo ou ser contratado no formato de trabalho intermitente ou ainda terceirizado. É um verdadeiro absurdo”, detonou.

Fernando Bezerra quer mais investimentos em Suape

Líder do PSB e vice-líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) defendeu, nesta terça-feira (11), mais investimentos à Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. Ao fazer um balanço do contexto econômico nacional e regional, o senador lembrou que os altos índices de desemprego atingiram fortemente o Nordeste (60%) e o estado (17%).

Eçe destacou que a expansão da refinaria, conforme pretende a Petrobras, resultará no reaquecimento da economia local a partir do crescimento do volume de processamento de óleo e na consequente criação de novos postos de trabalho. “O que vai aumentar, e muito, a movimentação de carga, logística, serviços, empregos e negócios em Suape”, ressaltou Fernando Bezerra, na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado.

Conforme observou o parlamentar, a ampliação dos investimentos na Refinaria Abreu e Lima dobrará a capacidade de processamento de óleo, saltando de aproximadamente 115 mil para 230 mil barris por dia. O senador também defendeu a conclusão do processo de autorização, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da venda da Petroquímica Suape. A medida, segundo ressaltou Fernando Bezerra, aumentará a produção de fios de poliéster, atraindo a indústria têxtil para Pernambuco. “Assim, iniciaremos uma nova fase em um polo que é muito importante para o estado”, afirmou Bezerra Coelho.

O senador pontuou, ainda, que a crise econômica dos últimos anos, ao afetar a Petrobras, também repercutiu na indústria pernambucana da construção naval. “Nós temos dois importantes estaleiros no estado e, por falta de encomendas ou cancelamento de compras feitas pela Petrobras, isso significou a demissão de milhares de empregados”, lamentou. “Pernambuco amargou, digamos assim, o pão que o diabo amassou, nesses últimos anos”, acrescentou Fernando Bezerra

“Provas devem ser aceitas em qualquer fase”, dizem advogados de Lula

Provas que reforcem a inocência devem ser analisadas pelo Judiciário em qualquer fase da ação penal ou até mesmo após o trânsito em julgado, por meio de revisão criminal. Ferir essa garantia mostra o caráter ilegítimo do processo e a parcialidade do Juízo de Curitiba, que hoje proferiu decisão negando o pedido da defesa para anexar à ação penal nº. 5046512-94.2016.4.04.70000 novos depoimentos colhidos e que afastam o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva de ilícitos praticados por alguns agentes da Petrobras. Desmonta-se, assim, a acusação de que o triplex do Guarujá foi dado a Lula como contrapartida de sua suposta intervenção em 3 contratos firmados entre a Petrobras e a OAS.

Por isso, o fato de o processo estar aguardando sentença não pode servir de fundamento válido para a negativa apresentada pelo Juízo. Tampouco poderia ele recusar os novos depoimentos sob a alegação de que “sequer são relevantes para o julgamento da presente”, uma vez mais emitindo prejulgamento da causa.

A defesa apresentou alegações finais em 20.06 e comprovou a inocência de Lula. O ex-Presidente não foi beneficiado direta ou indiretamente com qualquer valor proveniente dos contratos acima referidos e jamais recebeu a propriedade nem a posse do apartamento 164-A, do Condomínio Solaris. Além de ter sido hipotecado, 100% dos direitos econômicos e financeiros do imóvel foram cedidos em garantia para uma operação de emissão de debêntures pela OAS e subscrita por um fundo administrado pela Caixa Econômica Federal.

A prova não se destina exclusivamente ao Juízo de Curitiba, mas ao processo, que será também analisado pelas instâncias superiores.

Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins

OAB critica troca de membros na CCJ para salvar Temer: “Soa deboche à sociedade”

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nacional, Claudio Lamachia, afirmou nesta terça-feira (11) que as substituições de membros na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, determinada pelo governo para garantir maioria na votação da denúncia contra Temer, “soa como deboche à sociedade”.

Para Lamachia, autor de um dos mais de 20 pedidos de impeachment de Temer, a articulação em nome da própria sobrevivência no cargo depõe contra o presidente e contra o conjunto das instituições políticas. “O gesto mínimo de grandeza que se espera do presidente da República é que não fuja às suas responsabilidades e responda às acusações”, diz trecho da nota assinada pelo presidente da entidade, que também contesta preocupação do governo em barrar a denúncia. “Se é inocente, não há por que se ocultar em manobras ilícitas. Não faz sentido defender-se da acusação de um crime praticando outro. E é o que ocorrerá se sabotar o processo”, ressalta Lamachia.

O presidente da Ordem diz que as negociações envolvendo liberações de verbas do Orçamento para parlamentares, em troca de votos em defesa do presidente da República, representa uma “afronta”. “O país não tolerará tal afronta! O Estado brasileiro não pode continuar sendo moeda de troca para acobertar crimes de seus agentes”, diz.

No último dia 25 de maio, a OAB protocolou na Câmara um pedido de impeachment contra Temer. A entidade argumenta que o presidente cometeu crime de responsabilidade e faltou com o decoro ao receber no Palácio do Jaburu o empresário Joesley Batista, dono da JBS, um dos investigados na Operação Lava Jato. O pedido, desde então, ainda não foi analisado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Temer é alvo de pouco mais de 20 pedidos de impeachment parados na Câmara.

Leia íntegra da nota:

“A possível abertura de processo contra o presidente da República no Supremo Tribunal Federal resume a excepcionalidade do quadro institucional brasileiro.

Agrava a situação o denunciado empenho do governo em obstar o processo, valendo-se do mesmo expediente que está na base da degradação da política brasileira: a construção espúria de maioria no Congresso.

Segundo denunciado durante a votação de ontem na CCJ, já estão em curso liberações de verbas do Orçamento para parlamentares em troca de votos em defesa do presidente da República. O país não tolerará tal afronta!

O Estado brasileiro não pode continuar sendo moeda de troca para acobertar crimes de seus agentes. Isso depõe não apenas contra o presidente, mas contra o conjunto das instituições políticas, e soa como deboche à sociedade. É crime de lesa-democracia!

O gesto mínimo de grandeza que se espera do presidente da República é que não fuja às suas responsabilidades e responda às acusações. Se é inocente, não há por que se ocultar em manobras ilícitas. Não faz sentido defender-se da acusação de um crime praticando outro. E é o que ocorrerá se sabotar o processo.

A OAB espera que o Congresso Nacional cumpra seu dever. A sociedade não ficará indiferente a uma eventual omissão.”