A Força de Pernambuco no Governo Michel Temer

Por Magno Martins

Na era Temer, instalada ontem com a posse do vice-presidente Michel Temer (PMDB) na Presidência da República, decorrente da aprovação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma pelo Senado, Pernambuco ganhou um baita espaço na Esplanada dos Ministérios. Quatros pastas ou cinco se levar em conta que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, também é pernambucano, embora seja Roraima seu Estado de representação política no Congresso como senador.

Ganham relevância e gabinetes fortes e estratégicos Mendonça Filho, na Educação, Fernando Bezerra Filho, em Minas e Energia, Bruno Araújo, em Cidades, e Raul Jungmann, na Defesa. Todos eles chegam por indicação partidária, com exceção de Fernando Filho, que é do PSB, partido que fechou questão contra cargos no Governo Temer. Mendonça foi bancado pelo DEM, Bruno pelo PSDB e Raul pelo PPS.

Pernambuco sempre teve uma participação relevante em Brasília. Ex-governador, deputado federal e estadual, Agamenon Magalhães foi ministro da Justiça e Trabalho do governo Getúlio Vargas na década de 30 do século passado. Ele está na lista dos políticos locais que tiveram a honra e o desafio de conduzir um ministério. O senador Armando Monteiro é neto do ex-ministro e foi convocado recentemente para assumir a pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Após a redemocratização, na década de 80, Pernambuco sempre marcou presença no primeiro escalão da presidência da República independente do partido que estava no poder. Marco Maciel foi um dos ministros mais influentes na era Sarney, ocupando o Ministério da Educação e a Casa Civil, sendo depois vice-presidente na chapa de FHC.

Fora Armando, o último ministro do Estado foi Fernando Bezerra Coelho (PSB), que esteve à frente da pasta de Integração Nacional de 2011 a 2013 no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Ele deixou o posto e pouco tempo depois passou a fazer oposição à petista. Com o PT à frente do governo federal, aliás, não faltaram ministros pernambucanos. O senador Humberto Costa (PT), embora tenha nascido em Campinas (SP), tem sua história política atrelada ao Estado.

Ele chefiou o ministério da Saúde de 2003 a 2005 no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No cargo, criou a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e coordenou programas importantes, mas ficou marcado por ter seu nome envolvido em fraudes na contratação de hemoderivados.

O esquema foi batizado como Operação Vampiro e Humberto foi inocentado pelo Ministério Público das suspeitas de envolvimento com o desvio de recursos. Quem também teve espaço no governo Lula foi Eduardo Campos, falecido este ano em um acidente aéreo em Santos. Ele foi o titular do Ministério de Ciência e Tecnologia entre 2004 e 2005 se aproximou bastante do petista nesse período. Após deixar o cargo, Eduardo começou a pavimentar o seu caminho para disputar o governo estadual em 2006.

Já José Múcio, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), dirigiu o Ministério das Relações Institucionais entre 2007 e 2009. Gustavo Krause passou pelo ministério da Fazenda em 1992 no governo Itamar Franco e depois assumiu a pasta de Meio Ambiente na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Outro pernambucano que foi ministro da era FHC é Raul Jungmann (PPS), encarregado do Ministério do Desenvolvimento Agrário entre 1999 e 2002.

Temer: “É urgente fazermos um governo de salvação nacional

No primeiro pronunciamento oficial como presidente interino do país, Michel Temer chamou de “ingrato” o momento político e econômico que o Brasil vive. No entanto, defendeu que agora não é mais hora de se falar em crise, “mas em trabalhar”. Temer disse que o maior desafio para que a economia brasileira saia da recessão “é parar o processo de queda livre dos investimentos”, sendo necessário para isso construir um ambiente propício para investidores.

“O mundo está de olho no país, e havendo condições adequadas, a resposta será rápida”, disse, em discurso no Palácio do Planalto.

O presidente interino declarou que vai incentivar de “maneira significativa” as parcerias público-privadas, por acreditar que esse instrumento tem potencial para geração de empregos. “Sabemos que o Estado não pode tudo fazer, depende da atuação dos setores produtivos, empregadores de um lado, trabalhadores do outro. São esses dois polos que irão criar a nossa prosperidade”, argumentou.

Para Temer, compete ao Estado cuidar de áreas como segurança, saúde e educação, mas ele afirmou que o “restante” será compartilhado com a iniciativa privada.

Gestão pública

O presidente interino abordou a necessidade de equilibrar as contas públicas para que a economia volte a crescer e disse que seu governo vai focar na melhoria dos processos administrativos do governo, em busca de uma democracia “da eficiência”.  Michel Temer pediu confiança ao povo brasileiro para as mudanças que devem ocorrer. “Vamos precisar muito da governabilidade, que é o apoio do povo. O povo precisa colaborar e aplaudiu as medidas que venhamos a tomar”, disse.

Temer afirmou que pretende enxugar a máquina estatal. “A primeira medida na linha dessa redução está aqui representada. Já eliminamos vários ministérios da máquina pública e ao mesmo tempo nós não vamos parar por aí.  Já estão encomendados estudos para eliminar cargos comissionados e funções gratificadas”, informou.

O presidente interino disse que um projeto para garantir a empregabilidade exige a aplicação e a consolidação de projetos sociais, pelo fato de o Brasil “lamentavelmente ainda é um país pobre”. Ele garantiu que não haverão cortes nos programas sociais avaliados como bem-sucedidos, entre eles o Bolsa-Família, Pronatec, Fies, ProUni e Minha Casa, minha Vida, que segundo Temer serão aprimorados, além de mantidos. Ele afirmou que nenhuma das reformas propostas vai alterar os direitos adquiridos pelos cidadãos brasileiros nos últimos anos.

Rádio argentina passa trote em Michel Temer

Na manhã desta quinta-feira (12) a rádio argentina El Mundo divulgou áudio de uma conversa em que um dos interlocutores do veículo de comunicação, Jorge Garcia, teve com o presidente interino Michel Temer. Desde o começo da conversa é possível perceber que Temer acredita estar conversando com o presidente da Argentina, Maurício Macri. Ao ouvir “parabéns” pelo novo cargo, o peemedebista agradece e afirma que “espera visitar” o presidente argentino “em breve”.

Misturando o português com o espanhol, Temer contou que anunciaria os membros do seu governo às 16h em discurso no Palácio do Planalto.

A conversa com o interlocutor da El Mundo durou cerca de 1 minuto e 30 segundos. Durante toda a ligação, Temer trata Garcia como “presidente”.

A Argentina foi o primeiro país a reconhecer, por nota oficial lançada pelo governo local, a legitimidade do governo Temer.

“Diante dos fatos registrados no Brasil, o Governo da Argentina manifesta que respeita o processo institucional em curso e confia em que o desenlace da situação consolide a solidez da democracia brasileira. O Governo Argentino continuará dialogando com as autoridades constituídas a fim de seguir avançando com o processo de integração bilateral e regional”, diz parte do texto emitido pelo governo argentino pouco depois do término da votação realizada em plenário do Senado.

STF suspende coleta de provas contra Aécio

Notório crítico do Partido dos Trabalhadores, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou nesta quinta-feira (12) a suspensão da coleta de provas para fundamentar o inquérito que investiga o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) por indícios de irregularidade na estatal de energia elétrica de Furnas. Nessa mesmo despacho, Mendes devolveu as investigações ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para “reavaliação”. A decisão do ministro foi formalizada menos de um dia depois de ele mesmo ter autorizado abertura de inquérito contra o tucano. Hoje eleito presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes entendeu que a defesa de Aécio demonstrou não existirem informações novas a embasar o pedido de investigação.

“Os elementos de prova aqui coligidos já eram do conhecimento da Procuradoria-Geral da República. O único elemento novo seria o depoimento de Delcídio do Amaral. Sustenta, no entanto, que as declarações do colaborador não forneceram nenhum acréscimo relevante ao conjunto probatório”, registra o juiz em trecho de seu despacho.

O magistrado foi escolhido ontem (13) para relatar o caso Aécio. Por seu turno, o ministro Dias Toffoli relatará o pedido investigação apresentado por Janot contra o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O sorteio de ambos os casos foi feito por meio eletrônico.

Delações

Os inquéritos têm relação com as investigações da Operação Lava Jato, mas o ministro Teori Zavascki, relator do petrolão no STF, solicitou ao presidente da corte, Ricardo Lewandowski, que redistribua os pedidos de abertura de inquérito referentes aos parlamentares.

Também por meio de despacho, Teori declarou não ter visto “relação de pertinência imediata” na demanda criminal ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Aécio Neves e Eduardo Cunha. Não pesou nesse entendimento o fato de que os indícios contra ambos surgiram como desdobramentos da Lava Jato. Segundo Janot, além dos relatos feitos contra o senador tucano pelo doleiro Alberto Yousseff, um dos principais operadores do petrolão, “fatos novos” vieram à tona com a delação premiada firmada com a Justiça pelo senador cassado Delcídio do Amaral, um dos presos na operação.

Segundo os relatos de Youssef, em um primeiro depoimento, o PSDB, por influência de Aécio, “possuía influência” em uma diretoria de Furnas, em parceria com o PP. Segundo o delator, empresas contratadas eram acionadas para o repasse de propina.

Em uma segunda fase de delações, o doleiro disse que o PSDB, também por intermédio do senador, “dividiria uma diretoria em Furnas” com o mesmo PP, com articulação do ex-deputado José Janene (1955-2010), um dos articuladores iniciais do esquema de corrupção que saqueou a Petrobras. Aécio “teria recebido valores mensais”, acrescentou Youssef, por meio de articulação de sua irmã junto a uma das empresas contratadas por Furnas, a Bauruense, entre 1994 e 2001.

Agente da Destra é preso ao tentar receber suborno 

Um agente da Destra foi preso na tarde da última quarta-feira (11), no bairro do Salgado, em Caruaru, suspeito de ter cometido extorsão. De acordo com as informações repassadas pela Polícia Civil, ele teria cobrado propina para não fazer a apreensão da CNH de um motociclista, que foi flagrado com o farol desligado em uma blitz na noite anterior (10), no centro da cidade. O valor acertado correspondeu a míseros R$ 100.

  
Em coletiva já na manhã da quinta-feira (12), na sede da Destra, no bairro Maurício de Nassau, o presidente Alex Monteiro explicou como a autarquia auxiliou a polícia na prisão do servidor. “Como o condutor encontrava-se com o farol desligado e possui a CNH provisória, o agente propôs que ele repassasse primeiramente a quantia de R$ 150 para não fazer a apreensão de sua carteira. A vítima afirmou naquele momento que não possuía o dinheiro, mesmo assim o agente decidiu liberá-lo com a promessa de receber a quantia posteriormente. Mas em vez de ceder à extorsão, o motociclista decidiu procurar a nossa corregedoria para relatar o fato. Já com o nosso auxílio e da Polícia Civil, ele se dirigiu até ao local combinado com o servidor e quando este último recebeu a quantia agora de R$ 100, acabou sendo preso em flagrante”. 

Após ser ouvido na 2ª Delegacia de Caruaru, também no bairro do Salgado, o agente foi encaminhado à Penitenciária Juiz Plácido de Souza, onde responderá pelo crime de corrupção passiva. “De acordo com informações do presidente da Destra, Alex Monteiro, a corregedoria já vinha investigando a postura do servidor. Este último, inclusive, chegou a ligar para o motociclista na noite da terça cobrando a propina a ser repassada. Assim que o pagamento foi realizado, demos ordem de prisão ao mesmo. O crime de corrupção passiva é inafiançável e ele poderá pegar de 2 a 12 anos de prisão”, disse o delegado Francisco Souto Maior. 

Além de agora estar propenso ao cumprimento de pena, o agente será exonerado do cargo. “Ele alegou que não tinha interesse de prejudicar a imagem da Destra, porém a autarquia não compactua com este tipo de prática de maneira alguma. No momento em que ele se submeteu a exercer a função de servidor público teria de ter comprometimento em defender a população e não em cometer atos ilícitos. Caso o leitor seja vítima deste tipo de crime, poderá denunciar através dos telefones 3701-1173 (Destra) e 8207-5514 (Ouvidoria da Destra) e 3719-4545 (Disque-Denúncia Agreste)”, complementou Alex Monteiro.        

Cientista político paulistano analisa momento do país 

Entrevista com Luiz  Carlos Leandro Bezerra, Cientista Político e prof. do curso de direito da Universidade de Guarulhos

No geral, o que muda com o governo Temer? Qual o cenário político e econômico neste momento?

Duas mudanças fundamentais são aguardadas pela população brasileira com o advento do impeachment: no plano econômico, o reaquecimento da economia e o desemprego decorrente da desconfiança vigente no mercado; e, no plano político, a recuperação da confiança nas instituições, seriamente abalada com as frequentes notícias de práticas reprováveis levadas a efeito por parlamentares e figuras ligadas ao Poder Executivo.

O cenário político atual é o pior desde o fim da ditadura militar. Nem mesmo o processo de impeachment do ex-presidente Collor causou tamanho desajuste social como este. A sociedade, paralelamente às acusações de crime de responsabilidade que pesam sobre a presidente Dilma Rousseff, acompanha também as investigações da Polícia Federal que todos os dias trazem à luz novos fatos e vários nomes de pessoas ligadas à nata do empresariado e à política nacional. Este cenário causa desalento e descrédito no cidadão fazendo com que todas as pessoas que orbitam em torno do “poder” sejam vistas com severa desconfiança.

O próprio vice-presidente Michel Temer assume a presidência, durante o afastamento de Dilma, sob o olhar crítico dos eleitores que não têm porque acreditar que ele, sendo eleito na mesma chapa da presidente impedida, seja isento de culpa.

O cenário econômico é ainda pior. Os investidores estrangeiros, ressabiados com o parco desempenho da economia brasileira, deixam de aplicar recursos no país ou retiram os que já têm aplicados, fazendo com que a economia emperre. O déficit deixado por Dilma Rousseff é um legado assustador se pensarmos que a cobertura desse rombo pode demandar dois a três anos de estagnação. Sob esse prisma, todos os setores da sociedade sofrem demasiado, principalmente aqueles setores da economia que são mais sensíveis a qualquer crise, como o emprego. 

O novo governo fala em recompor a confiabilidade do mercado e retomar o volume de investimentos, principalmente estreitando laços com o setor privado. Como ele pretende fazer isso?

A primeira e principal medida para recompor a confiabilidade do mercado e retomar o volume de investimentos já foi adotada. O simples anúncio de que o Ministério da Fazenda será ocupado por Henrique Meirelles já provocou no mercado uma reação de simpatia e esperança. Evidente que o que vai fazer provocar a confiança efetivamente é a adoção das medidas que o mercado aguarda tais como a redução dos gastos públicos, aumento de impostos e reforma previdenciária, dentre outras. Não resta dúvida de que são medidas polêmicas, que desagradam à população e, assim como podem auxiliar na recuperação da economia, também podem dificultar ou até inviabilizar o governo Temer. Mas a situação de “fundo de poço” em que chegou a economia brasileira não permite medidas populares e adocicadas. Todos devem estar preparados para um remédio amargo, pois esta é a única forma de recompor a confiabilidade do mercado.

As privatizações e concessões de maior retorno para o investidor são realmente necessárias para que o país volte a crescer?

Não existem fórmulas mágicas para fazer a economia de um país crescer. O receituário da ortodoxia econômica comporta várias medidas que podem ser adotadas num cenário de crise, mas nenhuma delas é benéfica para a população. É ilusão pensar que podemos recuperar a economia e retomar o crescimento virando as costas para investidores; talvez este seja um preço alto que tenhamos que pagar, mas a ciência da economia não oferece alternativas que possam ser adotadas.

As privatizações, por sua vez, fazem parte de outra análise que há tempos vem sendo feita entre nós: se o papel do Estado, no plano da atividade econômica é ocupar as lacunas deixadas pela iniciativa privada e suprir a sociedade daqueles bens e serviços que, embora necessários, não despertam o interesse do empresariado, não seria o caso do Estado de desfazer daquelas empresas cuja finalidade não é papel prioritário dele (Estado)? As privatizações não significam necessariamente retomadas do crescimento; sua contribuição nesse terreno nem é significativa, mas esta é uma oportunidade para que possamos rever o papel do Estado na atividade econômica. Não se trata de pregação neoliberal mas buscarmos entender o verdadeiro papel do Estado e que tipo de Estado queremos para a nossa sociedade atual.

Como este cenário econômico e as medidas propostas por Temer e sua equipe econômica irão impactar diretamente no bolso do trabalhador? 
Num primeiro momento as mudanças não terão o condão de recompor o poder de compra do trabalhador nem causarão alívios que possam ser sentidos imediatamente. A prática deletéria da equipe econômica da presidente Dilma não deixou muita margem para uma rápida da economia. Se as medidas esperadas pelo mercado forem realmente adotadas o gosto pode ser amargo num primeiro momento. É preciso que a sociedade se conscientize na da necessidade do remédio e esteja disposta a ingeri-lo sob pena de o efeito não ser o esperado.

Talvez o maior desafio a ser enfrentado pela equipe econômica de Michel Temer seja o déficit público, o que vai exigir corte drástico de despesas e pode afetar de forma sensível os programas sociais. Embora haja a promessa de que estes programas não sofrerão solução de continuidade, mantê-los da forma como estão pode sinalizar que o “novo governo” está oferecendo “mais do mesmo”, ou seja, por razões eleitorais Temer não se dispõe a mexer nesses programas.

Em nota, Rede Sustentabilidade reafirma sua independência 

Nesta madrugada, o Senado Federal aprovou a admissibilidade das denúncias contra a Presidente da República, Dilma Rousseff, que pode resultar no seu impeachment pelo Senado. Com a posse de Michel Temer no cargo de Presidente interino, a Rede Sustentabilidade reafirma que manterá em relação ao seu governo a mesma independência que manteve perante o de Dilma.

A REDE entende que a coalizão liderada por PT e PMDB é a maior responsável pelas crises econômica, social, política e ética que vivemos. Ambos promoveram, ombro a ombro, inúmeros retrocessos em agendas que são muito caras à sociedade brasileira, como os que se deram nas áreas ambientais, nos direitos humanos, nos direitos trabalhistas conquistados pela sociedade e muitos outros. Consideramos que seu projeto conjunto colocou a perder a estabilidade econômica. A chapa Dilma-Temer assumiu a responsabilidade pela condução do país e seus respectivos partidos estiveram à frente dos principais Ministérios, instituições públicas federais e empresas estatais, tomando decisões e compartilhando práticas ilícitas.

O momento em que vivemos é dramático para nossa sociedade, que vê, ao mesmo tempo, um pugilato político, o desgoverno, a recessão profunda e o desemprego crescente a assombrar milhões de famílias. No entanto, o simples afastamento de Dilma, em si, não colocará fim às graves crises pelas quais passamos. O enfrentamento desta situação começa pela mudança das posturas dos agentes políticos e uma recomposição das políticas públicas em torno de diretrizes pactuadas com a sociedade, partindo da premissa fundamental de limitação de todo poder por meio da transparência e do controle social. Além disso, o apoio às investigações que vêm sendo conduzidas pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal é condição para restabelecer a credibilidade das instituições.

Além dessas premissas, é necessária uma política econômica que combine equilíbrio fiscal, controle da inflação, diminuição dos juros e redução das desigualdades sociais, com foco das políticas sociais para os segmentos mais vulneráveis. É preciso realocar recursos para priorizar educação, saúde, transferência de renda e segurança. Também é preciso reconfigurar os padrões de desempenho do setor público, com definição de indicadores, metas e avaliação permanente de resultados das políticas públicas regulados por padrões claros, ágeis, confiáveis e justos. Além disso, não podemos mais adiar a construção das bases para um modelo de desenvolvimento justo e sustentável, que seja norteado pelo compromisso com a ética, a preservação dos recursos naturais e a distribuição da renda e da riqueza.

Apesar dessas demandas, se confirmadas as notícias que estão sendo divulgadas, Temer dá início à composição do futuro governo utilizando os mesmos métodos que prevaleceram nos últimos 20 anos, desconsiderando questões programáticas e privilegiando o loteamento dos espaços públicos para amealhar apoio no Congresso. O resultado é a composição de um corpo ministerial que conta quase exclusivamente com membros da velha ordem política, parte deles citados nas investigações da Lava-Jato, como se não houvesse competência nos diversos segmentos da sociedade para assumir responsabilidades no primeiro escalão de comando do país.

A REDE manifesta, ainda, sua preocupação em relação aos contínuos retrocessos nas agendas ambientais, sociais e indígena que essa nova composição política parece indicar, tendo em vista o seu posicionamento em diversas matérias que tramitam no Congresso, sob o patrocínio e o apoio político de muitas das lideranças que estão assumindo importante protagonismo nesse período que antecede a posse do novo governo.

A REDE lembra que a verdadeira solução passa pela Justiça Eleitoral, que investiga o uso de dinheiro da corrupção para eleição da chapa Dilma-Temer. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisa ter o sentido de URGÊNCIA que o momento exige e julgar com celeridade os processos que estão em apreciação. Comprovado que a soberania popular foi influenciada ilicitamente no último pleito, deve-se restabelecer aos cidadãos e cidadãs o poder de decidir sobre os rumos do país por meio de novas eleições presidenciais diretas, ainda neste ano. Só assim a nação, com a repactuação legitimada pelo voto popular, entrará efetivamente na trajetória das mudanças necessárias para que o Brasil seja passado a limpo. Não são sete ministros do TSE se sobrepondo a uma decisão tomada por meio de uma eleição. Serão sete juízes devolvendo à sociedade o poder de redefinir os rumos da Nação, caso se comprove que o dinheiro roubado do petróleo foi usado para fraudar a decisão soberana dos eleitores.

No momento em que o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça, por meio do combate à corrupção no âmbito das operações Acrônimo, Lava jato, Zelotes e outras, investigam e julgam aqueles que cometeram crimes contra a Fazenda e o bem público, será uma oportunidade histórica o TSE devolver à sociedade brasileira a possibilidade de fazer o julgamento ético, programático e político dos partidos e de seus líderes, abrindo uma nova frente de combate à corrupção, com base na reconexão dos cidadãos e cidadãs com a política.

Comissão Executiva Nacional

Rede Sustentabilidade

Artigo: Carta ao homem médio 

A prática social não se reserva aos canteiros da rua, aos largos subdesenvolvidos sem saneamento, aos bares da vida aonde se bebe a cachaça mais ardida e mais barata. Ela se conduz e se realiza mais cruel nas camarinhas dos palácios e em suas salas de jantares elegantes e devidamente asseados, nos drinks elegantes com gosto de sangue doce. Assim bebem e comem e matam os vampiros da bondade e do pretenso bem público.

No nosso estado de coisas, as coisas em si, são muito diferentes do que parecem ser e o homem médio, pobre homem de opinião construída em cima de solo arenoso e movediço constrói seus castelos ideológicos a partir de uma ideologia que não a pertence. Diz-se isso porque aparentemente o Brasil está saindo de uma democracia corruptível, corrupta, para uma democracia de homens de bem e impolutos. Ou seria uma aristocracia dos homens bons? Melhor se assim se determinasse, pois, a diferença estaria exposta legitimamente legalizada; mas não, mais vale a farsa de uma igualdade de desiguais.

A política igualmente a ética não é e nunca será uma ciência, pois ambas são construídas nas práticas sociais em consonância com uma linguagem e sendo assim, de um lugar para outro suas razões de ser diferenciam-se, fazendo-se ora mais assim, ora mais assado. Ora para um lado, ora para outro, mas, sempre com lado definido, mesmo que retoricamente todos estejam de um mesmo lado. O lado do outro, o lado do povo.

Quando hoje se vê homens públicos trabalhando por objetivos privados, percebe-se que a bondade e a preocupação com o bem maior é mera falácia de uma conveniência política com fins nada elevados, nem nacionais. Não existem homens éticos em universalidade, apenas relativamente.

Para quem trabalharão os bons e para quem trabalharam os maus? Não há respostas de pronto. As respostas serão dadas num futuro certo e certamente não serão o que a ingenuidade ou ignorância media do rebanho esclarecido sonha, espera e aguarda. Não se trata de futurologia pessimista. É tudo muito claro, apesar de muito pouco exposto, tudo muito certo, bem ou mal, certo.

A História não é clemente, muito menos, subserviente aos desejos dos que a escrevem ou a fazem escrever pelas mãos dos seus escrivães mais leais. Indefectivelmente ela, a História, se mostrará e invariavelmente o fará de forma implacável logo ali na esquina da vida e do tempo, na prática social.

Tristes desse ignorante homem medio, que se crer não do povo, que se vê palaciano, que sonha um sonho da Casa Grande.

É triste o futuro. Não há lugar a ir, não há outro lugar, há apenas uma repetição do mesmo. Repetição de um processo, de locação de cargos, de governo sem projeto nacional, governo de mimos aos combatentes fiéis, à tropa de choque. Aos oportunos espaços os oportunistas ocupantes, independente das aptidões administrativas. Há apenas o mesmo modo de compartilhar benefícios. Nos homens a ocupar cargos, nomes sagazes, homens gananciosos, nomes de bem.

“Assim, nenhum mortal que o último dia ainda está por ver, não feliciteis antes que sem prova de mágoa chegue ao termo da vida.” 

Geyson Magno, fotógrafo, jornalista e professor de Filosofia.

Bruno Lagos é chamado e ouve população 

  
O pré-candidato a vereador, Bruno Lagos, começa a atender a população nos bairros e a receptividade tem sido favorável ao novo possível nome do legislativo. Bruno, publicou em sua rede social que está fazendo novos amigos e esclarecendo dúvidas da população. Assim o empresário, engenheiro e sociólogo vai ganhando espaço na política caruaruense, sempre muito solicito e simpático.

Governador  do Estado emite nota oficial sobre impeachment 

“A admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pelo plenário do Senado Federal seguiu as normas constitucionais e o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em que pese essa ser uma medida extremamente traumática.
Como afirmei anteriormente, não é algo singelo e confortável o fato de em um período de apenas 24 anos tenha existido a necessidade de afastar dois presidentes da República.

Precisamos agora apaziguar os ânimos, pois a radicalização política assumiu proporções preocupantes. A pacificação nacional e o diálogo insistente e permanente devem guiar as decisões do presidente Michel Temer. Não é de hoje que prego esse caminho, por acreditar que o desarmamento dos espíritos é fundamental para superar a maior crise econômica desde o início da década de 1930.

Precisamos recuperar a confiança na economia do Brasil, retomar os investimentos, enfrentar aquela que é a maior chaga da atual crise: o desemprego de milhões de brasileiras e brasileiros. Estou à disposição do presidente Temer para ajudar no que for necessário na construção desse entendimento, da mesma forma que me coloquei para a presidente Dilma Rousseff. Sem diálogo amplo, não haverá solução fácil para os desafios existentes.

O meu partido, o PSB, em decisão tomada pela maioria da Executiva Nacional, decidiu não indicar e nem chancelar nomes para o novo Ministério. No entanto, o PSB ajudará em todas aqueles propostas que estão sintonizadas com a agenda do partido para o Brasil, tornadas públicas por ocasião das eleições presidenciais de 2014, primeiro pelo saudoso Eduardo Campos e, posteriormente, por Marina Silva. O PSB nunca vai desistir do Brasil”.