Diagnóstico precoce pode salvar vidas, como explica a dentista Érika Calixo, que atua na odontologia oncológica do NOA, em Caruaru
O Maio Vermelho – mês de conscientização sobre o câncer de boca (oral) – vem alertar a população sobre sinais e lesões na cavidade bucal e os principais fatores de risco, que podem acometer lábios, bochechas, céu da boca, gengiva ou língua (geralmente, na lateral ou abaixo), segundo a odontóloga Érika Calixto, que atua na área de odontologia oncológica do NOA – Núcleo de Oncologia do Agreste, em Caruaru, Pernambuco.
A dentista diz que entre os principais fatores de risco para a doença estão o hábito de fumar, a ingestão de bebidas alcoólicas de forma frequente, exposição à radiação ultravioleta sem proteção e o HPV positivo – que pode se originar a partir do sexo oral desprotegido (sem o uso de preservativo) e é caracterizado por verrugas esbranquiçadas na cavidade oral, geralmente acometendo o céu da boca, a língua ou parte interna da bochecha, podendo levar ao câncer da cavidade oral.
No início, a doença se manifesta de forma indolor, mas, em fases mais avançadas, pode gerar dores, mau hálito, dificuldades para engolir ou falar, ou mesmo rouquidão, sem um motivo aparente, segundo Érika Calixto. “A qualquer um desses sinais, é muito importante procurar um médico ou dentista porque essa é uma doença que apresenta alta taxa de mortalidade”.
O exame para identificação das lesões é simples e pode ser realizado por qualquer cirurgião-dentista, por isso é muito importante a população ficar atenta e frequentar o dentista regularmente, como orienta a odontóloga. “Ao menos uma vez ao ano, é importante que o dentista afira toda a mucosa da cavidade oral e que a higiene oral seja realizada, com a limpeza e a remoção de tártaro”.
Érika Calixto explica que a descoberta tardia do tumor maligno na boca pode comprometer fala, mastigação, deglutição e até mesmo a estética da face, em decorrência da necessidade de possíveis cirurgias. “Quando se identifica uma pequena lesão indolor, que leve à desconfiança, é preciso investigar. O surgimento de machucados que persistem sem cicatrizar, por mais de 14 dias, manchas brancas (com sangramento ou não) e aumento de volume podem ser sinais de câncer na cavidade oral”.
Érika Calixto diz que a conscientização para a mudanças de hábitos que possam contribuir para o desenvolvimento da doença é um primeiro passo. “Até vale destacar que o uso de cigarros eletrônicos (que diminui a nicotina, mas tem outras drogas nocivas) ou o hábito de mascar o tabaco ou colocá-lo na gengiva também são fatores de risco significativos para o câncer da cavidade oral. Por isso é indispensável buscar vencer o hábito do tabagismo. O SUS, inclusive, disponibiliza campanhas de conscientização (com adesivos para nicotina, por exemplo) para o médico trabalhar junto com o paciente para interromper esse hábito”.
Diagnóstico e Tratamento – Uma vez identificada a lesão, é feita a biópsia e o estudo em laboratório, como explica a dentista. “Confirmado o câncer, o tratamento médico é iniciado pelo cirurgião de cabeça e pescoço e o caso é resolvido com cirurgia, não havendo a necessidade de tratamento mais complexo. Quando a lesão é maior e o oncologista identifica a necessidade de outros tipos de tratamento, como a quimioterapia e a radioterapia na região da cabeça e pescoço, por exemplo, a conduta é adotada”.
Érika Calixto diz que, ao ser identificado em estágio inicial, há maior chance de cura. Já em estágio avançado, o índice de mortalidade é maior. Ela detalha que o tratamento, geralmente, tem duração de dois meses, com radioterapia diária (entre 30 e 40 sessões) e quimioterapia semanal. “É um tratamento bem agressivo, que, muitas vezes, deixa sequelas como boca seca e radiação nos dentes, por exemplo”.
A odontóloga salienta que essa é uma doença que pode ser evitada, observando lesões suspeitas, com exames simples, de fácil diagnóstico. “Por isso reforço a importância da consulta regular a um dentista, principalmente os fumantes e pessoas que usam prótese removível. A prótese não deve machucar/ traumatizar. Se há uma má adaptação da prótese, é preciso que essa lesão seja avaliada clinicamente por um dentista. Se ao retirar a prótese e, após 14 dias não houver a cicatrização, essa é uma lesão que merece uma atenção a mais”.