Os três dias seguidos após o término da rebelião foram bastante movimentados. Na terça-feira (26), alguns grupos de reeducandos estiveram auxiliando os agentes penitenciários no recolhimento de materiais, que ficaram expostos em grande parte nos pavilhões. Ainda na data, três detentos teriam sido atingidos por faca artesanal e, em seguida, socorridos para o Hospital Regional do Agreste. Esta última informação não foi confirmada pela diretoria da unidade. Em paralelo, equipes de limpeza da Prefeitura de Caruaru deram início à coleta dos entulhos e objetos recolhidos.
Na quarta-feira (27), a cabeça de uma das vítimas decapitadas acabou sendo encontrada numa bacia em cima de uma cisterna da unidade. Responsável pela perícia, o diretor do Instituto de Criminalística, com sede em Caruaru, Bruno Santos, informou à imprensa que ela estava totalmente carbonizada e em estado avançado de decomposição. A cabeça acabou sendo encaminhada para o Instituto de Medicina Legal do Recife. No mesmo dia, uma comissão composta por entidades ligadas aos direitos humanos não foi autorizada a entrar na área interna da PJPS.
O presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Edilson Silva (Psol), que esteve entre os integrantes da primeira comissão, criticou a postura do Governo do Estado. “É inadmissível que o governo tenha procedido desta maneira. As entidades e o Legislativo foram desrespeitados. Nem mesmo a Defensoria Pública que tem a prerrogativa funcional de adentrar nas unidades a qualquer momento foi considerada. Foram seis mortos numa rebelião previsível, já que tinham quase dois mil homens num local cuja capacidade é de 380”.
Em nota, o Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Justiça e de Direitos Humanos, justificou que não autorizou a entrada da comissão por questões de segurança. Uma visita será agendada com o grupo tão logo a penitenciária restabeleça a sua rotina. O mesmo deverá acontecer com a comissão da Câmara Municipal de Vereadores, que encabeçada pelo vereador Gilberto de Dora (PSDB), se dirigiu um dia antes até o presídio a fim de realizar o procedimento, porém também foi impedida. “Apesar de não termos entrado, é importante o poder legislativo acompanhar de perto todas as ações que estão sendo tomadas pelas autoridades de segurança”, destacou Dora.
Já a manhã da quinta-feira (28) ficou marcada na PJPS pela reunião entre os secretários Pedro Eurico e Cícero Rodrigues (executivo de Ressocialização) com alguns membros da OAB de Caruaru. Em pauta, o retorno da entrada de advogados na unidade. “Em comum acordo ficou acertado que os advogados que possuem clientes na penitenciária poderão ter acesso novamente a sua área interna a partir da sexta-feira (28). Ressaltamos que neste primeiro momento a entrada está atendendo ao processo de escala. Para isso, convocamos esses advogados a comparecerem à nossa a sede para incluí-los neste sistema”, informou o presidente da OAB de Caruaru, Felipe Sampaio.
Também na manhã da quinta, um caminhão baú estacionou no local contendo alimentação, cobertores e colchões para os presos. Até o fechamento desta matéria, já haviam sido transferidos em torno de 360, mas o processo não havia encerrado.