Motim deixa em foco problema da superlotação

Pedro Augusto

A agilidade na transferência de centenas de detentos está se fazendo necessária não só por causa da infraestrutura comprometida da Penitenciária Juiz Plácido de Souza, mas também devido ao número exacerbado de reclusos que conviviam nesta unidade prisional. Para se ter ideia da superlotação do espaço, que por sinal já fazia parte da sua realidade praticamente desde a sua fundação, na data em que a rebelião foi estourada, a PJPS encontrava-se comportando 1.922 presos, número este cinco vezes maior em relação à capacidade total da própria, em torno dos 380. De acordo com a presidente interina do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de Pernambuco), Márcia Silva, se não bastasse o último montante contabilizado, a superlotação do presídio ainda contava com mais um agravante.

“Os agentes da PJPS atuaram como verdadeiros heróis durante toda esta rebelião, até porque dar conta de quase dois mil detentos com um número irrisório de apenas oito operando não é para todo mundo. Se eles não tivessem agido rápido colocando em prática as suas experiências, o saldo desta rebelião poderia ter sido ainda muito pior. O Sindasp vem cobrando o Governo do Estado há anos pela contratação de novos agentes, mas ainda não foi atendido. Para se ter ideia da situação em que se encontra o sistema carcerário de Pernambuco, atualmente este último vem comportando pouco mais de 32 mil detentos com a atuação de apenas 1.500 agentes. É claro que um dia a bomba iria estourar nesta penitenciária local”.

De acordo ainda com Márcia, o Sindasp pediu a interdição da PJPS. “Apesar de estar de férias, o nosso presidente João Carvalho, já entrou com uma solicitação no Ministério Público para interditar a unidade haja vista que ela não possui mais nenhuma capacidade para abrigar os presos. Nossos agentes também não podem se submeter a trabalhar nestas condições. O problema é que o sistema carcerário de Pernambuco é todo errado, ou seja, não possui infraestrutura adequada, superlota as suas unidades bem como não investe no reforço de seus efetivos”, complementou a sindicalista. Devido à grandeza do motim, agentes de outras unidades da região tiveram se deslocados para a PJPS para auxiliar no trabalho dos demais.

Já longe do foco de tensão, mais precisamente em seu gabinete no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, afirmou em entrevista concedida, na última terça-feira (26), que o Governo está se preparando para contratar mais 200 agentes. “O concurso ainda se encontra em processo de elaboração, porém os novos servidores deverão já estar em atividade até o final deste ano. Além disso, ainda empregaremos uma nova função no sistema a do agente ressocializador, que dará auxílio ao agente penitenciário. Em paralelo, gostaríamos de ressaltar que todas as providências estão sendo tomadas no sentido de recuperar a estrutura física da unidade”. Dos 17 pavilhões que integram a penitenciária, 10 acabaram sendo vitimados pela rebelião.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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