Pedro Augusto
A audiência de instrução e julgamento referente o caso do triplo latrocínio que ocorreu em março deste ano, na zona rural de Caruaru, e acabou chocando toda a população local, foi realizada na manhã da última quinta-feira (24), no Fórum Juiz Demóstenes Batista Veras, no Bairro Universitário. Nela, a titular da 3ª Vara Criminal, juíza Ana Paula Viana Silva de Freitas ouviu não só a única vítima sobrevivente da chacina, o jovem Geraldo José da Silva Filho, o “Geraldinho”, de 23 anos, bem como sete testemunhas de acusação, além dos réus João Anderson Pereira, também de 23, e Rafael da Silva, de 19. O outro envolvido na série de mortes, um adolescente de 17 anos, já foi condenado a cumprir três anos de medida socioeducativa na Funase.
A pena atribuída ao menor foi a máxima em se tratando de crimes praticados por pessoas com idades abaixo dos 18 anos. A sentença referente aos demais envolvidos na chacina, ou seja, os maiores de idade, só será proferida pela juíza do caso provavelmente apenas daqui a um mês, já que ainda restam as apresentações das alegações finais do Ministério Público e da defesa, mas se for tomado como parâmetro os quantitativos dos anos de prisão que são atribuídos pelo triplo latrocínio e a tentativa de homicídio cometida por este trio de criminosos, as penas de João Anderson e Rafael da Silva poderão passar dos 75 anos. Caso sejam condenados a máxima, eles terão de cumprir, pelo menos na teoria, 118 anos de detenção.
Como os seus clientes confessaram a autoria dos crimes e a condenação é dada como certa, tanto o advogado de Rafael como o de João estão direcionando as suas atuações para que a sentença seja a menor possível. “O Rafael é réu confesso, mas não efetuou os disparos. O que queremos aqui é não isentá-lo dos crimes, mas sim que ele pegue uma pena correspondente ao que praticou”, comentou o advogado Alderson Franklin. “Estamos aqui para garantir os direitos do João que teve participação nos mesmos.”, pontuou o também advogado Cláudio Sales. Durante as suas ouvidas, Rafael preferiu adotar o silêncio já João se limitou a dizer que foi o autor dos disparos.
Também presente na audiência, o assistente da acusação Vladimir Lemos de Almeida, que está representando a família dizimada, informou como se encontra a única vítima sobrevivente da chacina. “Geraldinho está bem, é claro, na medida do possível. Vem recebendo todo o apoio necessário por parte da família bem como se submeterá, em breve, a cirurgias restauradoras no crânio e no braço direito. Diante de tudo que passou, sem dúvidas, é um vitorioso. Em paralelo, Nosso papel nesta audiência foi contribuir para com o trabalho do Ministério Público. Procuramos destacar a gravidade das ações cometidas por esses rapazes, já que buscamos a sentenciação da maior pena possível.”
O triplo latrocínio e a tentativa de homicídio ocorreram na noite do dia 21 de março, no Sítio Lagoa do Paulista, na zona rural. Na ocasião, Geraldinho encontrava-se em casa na companhia do pai Geraldo José da Silva, de 61 anos, da mãe Joselma Pereira da Silva, de 52, e da irmã Maria Madalena Pereira da Silva, de 24 anos, quando foi surpreendido com a chegada dos três criminosos. Estes últimos tinham a intenção de roubar as motocicletas da família, porém acabaram sendo reconhecidos e cometeram a sequência dos crimes. Todas as vítimas foram baleadas através do revólver de João.