O aguardado primeiro ouro do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, enfim, está anexado ao quadro de medalhas. E ele veio da fonte mais poderosa de conquistas do país no evento de maior prestígio do esporte, o judô, com base na força feminina. Na tarde desta sexta-feira (2/8), Beatriz Souza alcançou a eternidade dourada com uma campanha praticamente impecável. Em dia memorável, o topo do pódio veio contra a israelense Raz Hershko.
Nos Jogos do protagonismo feminino — a equipe verde e amarela tem mais mulheres do que homens pela primeira vez —, a primeira conquista dourada do Brasil não poderia ser conquistada de outro jeito. O ouro também confirma a ascensão delas evidenciada em outras edições olímpicas. Coincidentemente, os primeiros topos de pódio em Londres-2012 e Rio-2016 foram conquistados por judocas: Sarah Menezes e Rafaela Silva. Com a prata de Willian Lima (66kg), o bronze Larissa Pimenta (52kg) e o ouro de Beatriz Souza (+78kg), o esporte chega à 27ª medalha olímpica.
A luta pelo ouro, Bia entrou de branco sob aplausos da torcida. Em boa quantidade, os brasileiros fizeram questão de tentar fazer a diferença no duelo. O confronto entre as judocas foi imediato. Enquanto procurava o encaixe do golpe, a atleta verde e amarela tomava cuidados defensivos. Com 44 segundos, aplicou um waza-ari, com um O-soto-guruma. Mesmo em vantagem, seguiu combativa. A postura minimizava os riscos e possíveis punições. Na reta final da luta, as duas receberam shiddos. O tempo parecia eterno, mas foi controlado na tranquilidade da atleta do país para ser eternizado
A trajetória de Bia rumo à medalha olímpica foi gloriosa. Participando pelas primeira vez de uma edição de Jogos Olímpicos, não se intimidou com as adversidades ao longo do caminho e acumulou vitórias memoráveis. Na estreia, a brasileira precisou de apenas 41 segundos para aplicar harai-goshi e vencer a nicaraguense Izayana Marenco por ippon. A tranquilidade deu confiança à judoca verde e amarela.
Nas quartas de final, viveu momento com certa polêmica. No Golden Score, a sul-coreana Kim Hayun partiu ao ataque e engatou um golpe arriscado. Primeiro, a arbitragem marcou ippon para a asiática. Na revisão, mudou a decisão e sinalizou waza-ari e vitória de Bia. Na semifinal, veio duelo mais difícil. Além de ser a atual número um do mundo, a francesa Romane Dicko lutava com o apoio da torcida. Mas isso não se refletiu no tatame: sofreu um ippon no golden score, a prorrogação do judô.
Durante o ciclo olímpico rumo a Paris-2024, Beatriz Souza havia demonstrado bastante potencial de se tornar uma medalhista olímpica. A judoca de 26 anos foi campeã do Grand Slam de Baku, no Azerbaijão, e do Grand Prix de Linz, na Áustria. Em Mundiais, faturou pratas nas edições de 2021 e 2023. Agora, está na eternidade da modalidade no país, com a medalha conquistada nos Jogos Olímpicos da França.
Correio Braziliense