PT perde PC do B e faz alianças com PSOL de olho na eleição

Com uma relação conturbada no campo da esquerda ao longo da última década, incluindo ataques mútuos, PT e PSOL caminham de maneira inédita para se apoiar já no primeiro turno das eleições municipais em pelo menos seis capitais brasileiras. Há também composição em algumas cidades do interior.

Na primeira disputa municipal após a ascensão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao mesmo tempo em que fortalecem alianças com o PSOL, petistas se distanciam do PC do B, aliado tradicional nos últimos 40 anos.

A despeito da resistência de setores psolistas que enxergam a aproximação com o PT como um passo atrás em relação à independência política construída pelo partido, o PSOL deve apoiar os candidatos petistas Marília Arraes (Recife), Zé Ricardo (Manaus) e Daniel Zen (Rio Branco).

Há ainda a possibilidade de uma composição em Maceió, onde tanto o PSOL quanto o PT podem ocupar a cabeça da chapa majoritária.
Por outro lado, o PT deve apoiar os candidatos do PSOL Edmilson Rodrigues (Belém) e Elson Pereira (Florianópolis). O PSOL ainda tenta puxar os petistas para caminharem juntos com Paulo Lemos, em Macapá. A hipótese é considerada difícil por lideranças do PT.

Em Florianópolis, uma grande frente antibolsonarista foi formada por PT, PDT, PC do B, PSB e Rede para apoio ao candidato do PSOL.
Nas últimas semanas, o PT ensaiou pular fora do barco porque exigiu compor a chapa majoritária. A frente de esquerda lançou a campanha “Fica, PT”, e um acordo deve ser firmado em breve.

Mesmo com chances remotas, o PSOL ainda alimenta esperança de uma aliança em Belo Horizonte em torno da pré-candidata Áurea Carolina. Na capital mineira, o PT lançou a pré-candidatura de Nilmário Miranda.

O Recife foi a primeira capital onde o martelo foi batido oficialmente entre as duas siglas. Depois de grande resistência de um grupo capitaneado pelo ex-deputado federal Paulo Rubem, que havia se lançado como pré-candidato do PSOL, a direção nacional ratificou nesta semana apoio a Marília Arraes (PT), que tem como principal adversário o PSB, do primo João Campos.
Nas últimas quatro disputas no Recife, o PSOL teve candidatura própria em três delas. Em 2012, fez uma aliança para apoiar o nome do PCB.

Paulo Rubem diz que há uma avaliação errada de conjuntura por parte do PSOL ao se aliar ao PT na medida em que as eleições representam a antessala de 2022. “Lula precisa recompor a base do PT. O PSOL vai ficar assistindo e prestar apoio a este movimento ou nasceu para ser uma alternativa de esquerda ao petismo?”, questiona.

Fora das capitais, também existem movimentações importantes. Em Campinas (SP), por exemplo, o PSOL ocupará a vice na chapa encabeçada pelo vereador petista Pedro Tourinho. Em Sorocaba, o mesmo desenho se repete. O PT compõe com o candidato do PSOL, Raul Marcelo.

O PSOL surgiu em 2004 e obteve o registro eleitoral um ano depois, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A sigla nasce quando uma ala petista classificada como radical, composta por nomes como Heloísa Helena e Luciana Genro, é expulsa do partido por bater de frente com posicionamentos do então governo.

O partido fez oposição a Lula e à sua sucessora, Dilma Rousseff. Em 2016, no entanto, posicionou-se contra o processo de impeachment da ex-presidente e engrossou o coro do PT para denunciar o que classificam de golpe.

Dois anos depois, com a filiação de Guilherme Boulos, que tem bastante proximidade com Lula, para a disputa pela Presidência, houve um distensionamento maior entre os dois partidos.

Ouvido pela reportagem, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, avalia que, desde 2016, com a retirada da ex-presidente Dilma Rousseff do poder, há um processo de maior diálogo dos partidos de oposição.

“A situação do país é muito grave. Se nós colocarmos nossas diferenças em primeiro plano, estaríamos sendo muito irresponsáveis com o Brasil”, afirma.

Juliano alega que não existe definição do PSOL para que o PT ou qualquer outro partido seja aliado preferencial.

Ele avalia que a movimentação na esquerda com o surgimento de um bloco formado por PDT, PSB, PV e Rede, que se traduz em alianças eleitorais, estimulou um diálogo maior entre PSOL e PT em algumas regiões do país.

“Não diria que estamos vivendo um novo momento no PSOL. Estamos vivendo um novo momento no Brasil”, justifica.

Segundo Medeiros, as alianças são circunstanciais e o projeto estratégico do PSOL continua sendo de uma esquerda radical e anticapitalista. De acordo com ele, que assegura que o partido não abrirá mão de nenhuma bandeira, a conjuntura atual fez com que o diálogo foi necessário.

O vice-presidente do PT, José Guimarães, declara que o PT tem alianças com todos os partidos do campo progressista.

“Evidente que há um reagrupamento em função da nova conjuntura. É natural. Nossas alianças vão do PDT até o PSOL”, aponta.
O movimento inédito do PSOL coincide com um afastamento entre PT e PC do B. Até o momento, há pouca interseção nas principais cidades brasileiras entre os dois partidos, que se apoiaram mutuamente em 12 capitais em 2016, 7 em 2012 e 13 em 2008.

Faltando um mês para o fim do prazo das convenções partidárias, o PC do B ainda não definiu apoio a um candidato petista em nenhuma capital.

Em contrapartida, o PT só anunciou apoio ao PC do B em Porto Alegre, onde a candidata será a ex-deputada federal Manuela D’Ávila, vice de Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial de 2018.

Folhapress

Mercado financeiro prevê queda de 5,52% na economia este ano

A previsão do mercado financeiro para a queda da economia brasileira este ano foi ajustada de 5,62% para 5,52%. A estimativa de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – está no boletim Focus, publicação divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos. O mercado financeiro tem reduzido a projeção de queda há sete semanas consecutivas.

Para o próximo ano, a expectativa é de crescimento de 3,50%, a mesma previsão há 12 semanas consecutivas. Em 2022 e 2023, o mercado financeiro continua a projetar expansão de 2,50% do PIB.

Inflação

As instituições financeiras consultadas pelo BC ajustaram a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 1,63% para 1,67% neste ano.

Para 2021, a estimativa de inflação permanece em 3%, há nove semanas consecutivas. A previsão para 2022 e 2023 também não teve alteração: 3,50% e 3,25%, respectivamente.

A projeção para 2020 está abaixo do piso da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.

Para 2021, a meta é 3,75%, para 2022, 3,50%, e para 2023, 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, em cada ano.

Selic

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, estabelecida atualmente em 2% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic encerre 2020 no atual patamar (2% ao ano). Para o fim de 2021, a expectativa foi ajustada de 3% para 2,75% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão passou de 4,9% para 4,75% ao ano e para o final de 2023, segue em 6% ao ano.

Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Entretanto, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Dólar

A previsão para a cotação do dólar permanece em R$ 5,20, ao final deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa é que a moeda americana fique em R$ 5.

Agência Brasil

Crimes Violentos Letais Intencionais continuam crescendo no estado

Segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Defesa Social, neste sétimo mês de 2020 321 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) foram registrados em Pernambuco, valor acima das 249 mortes que aconteceram em julho de 2019. No consolidado do ano, foram 2.284 ocorrências registradas em 2020, contra 2.004 CVLIs no ano passado.

Esse crescimento atingiu todas as regiões do Estado. Levando em consideração os dados do mês de julho, o Agreste teve o menor percentual de aumento. De 62 crimes, em 2019, para 68 casos, neste ano, o que representa 9% a mais de ocorrência. No Sertão, a diferença foi de +21,88% (de 32 para 39 casos), enquanto a Zona da Mata somou 34% (de 44 para 59 ocorrências). Já no Recife, o aumento foi de 23,08% (de 39 para 48), enquanto a RMR (Exceto a capital), teve uma ampliação de 48,61% (De 72 para 107).

No consolidado do ano, é a Capital que mantem o menor percentual de aumento, chegando a 6,51%, ao somar 327 ocorrências, em 2020, contra 307 no mesmo período do ano passado. O Agreste vem logo em seguida, com uma ampliação de 7,13% de crimes (de 505 para 541), enquanto a Região Metropolitana (exceto a Capital) e o Sertão somaram 12% (de 584 para 658) e 17% (de 223 para 261), respectivamente. Por fim, a Zona da Mata registrou aumento de 29% (de 385 para 497).

“As organizações criminosas, especialmente as com atuação no tráfico de drogas, não paralisaram suas atividades com a pandemia. Ao contrário, em meio à crise econômica e o desaquecimento das atividades comerciais, cobraram com a vida as pessoas endividadas ou que se interpuseram em seu caminho no mercado da droga. Em meio a esse cenário que é nacional, até mais acentuado em outros estados, estamos trabalhando para manter a paz social nas ruas, enfrentar a pandemia e quebrar a espinha dorsal desses grupos. Só em julho, foram 208 homicidas presos. Em todo o ano, totalizamos 3.627 armas de fogo apreendidas e 3.500 criminosos encarcerados. Identificamos as áreas mais aquecidas, quadrilhas e já estamos atacando o problema para fazer os crimes contra a vida voltarem a recuar”, afirma o secretário de Defesa Social, Antonio de Pádua.

Diario de Pernambuco

Carga de 2,1 milhões de filtros para cigarro sem nota fiscal é apreendida em Sertânia

Uma carga de 2,1 milhões de filtros para cigarro sem nota fiscal foi apreendida na noite de domingo (16), na BR-232, em Sertânia, no Sertão de Pernambuco. A mercadoria era transportada em um caminhão que foi retido em uma fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O flagrante foi divulgado pela polícia nesta segunda-feira (17).

O caso ocorreu durante a abordagem a um caminhão com placas de Serra Talhada, no quilômetro 278 da rodovia federal. Ao abrir o compartimento de carga do veículo, os policiais encontraram centenas de caixa de papelão com os filtros para cigarro.

O motorista, de 43 anos, não portava a documentação fiscal da mercadoria. Ele informou aos policiais que os produtos haviam saído de Custódia e seriam entregues em Arcoverde, ambas no Sertão.

Após a atuação da PRF, a carga foi encaminhada à Secretaria da Fazenda de Pernambuco (Sefaz-PE) para a emissão dos tributos e multas provenientes da irregularidade.

Folhape

Nova Zelândia adia eleições em quatro semanas devido ao coronavírus

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou nesta segunda-feira o adiamento de quatro semanas, para 17 de outubro, das eleições legislativas no país, devido a um novo surto de Covid-19. Tanto a oposição com sua própria coalizão de centro-esquerda pressionaram a primeira-ministra a adiar as eleições após o anúncio de novos casos de Covid-19 na semana passada em Auckland, que provocaram o retorno do confinamento na maior cidade do país.

O retorno do vírus após 102 dias sem o registro de nenhum caso interrompeu a campanha e provocou o temor de que muitos eleitores ficassem em casa por medo da pandemia no dia da votação, inicialmente prevista para 19 de setembro.

A líder da coalizão que governa a Nova Zelândia há quatro meses, favorita nas pesquisas e elogiada por sua gestão da crise do coronavírus, reconheceu a preocupação dos rivais de que a interrupção da campanha eleitora a teria beneficiado injustamente.

Depois de consultar os líderes dos partidos e a Comissão Eleitoral no fim de semana, Ardern escolheu a data de 17 de outubro.Ela disse que a mudança permitirá a todos os partidos organizar a campanha nas mesmas condições e deixou claro que, independente da situação, não pretende voltar a mudar a data das eleições. “Esta decisão dá tempo a todos os partidos para realizarem suas campanhas e à Comissão Eleitoral tempo suficiente para garantir que a eleição possa acontecer”, disse.

O diretor geral do Serviço Nacional de Saúde, Ashley Bloomfield, afirmou que a atual cepa é diferente da anterior. Ele disse que o governo fará testes para saber se a nova cepa entrou no país em mercadorias congeladas armazenadas em um frigorífico de Auckland. Bloomfield, no entanto, afirmou que não há evidências de que o coronavírus pode ser transmitido pelos alimentos ou suas embalagens e que as autoridades seguem considerando que a causa mais provável do novo surto é o contágio humano.

O país do Pacífico sul adotou a mesma estratégia que ajudou a conter a propagação do coronavírus durante o confinamento de sete semanas no início do ano, isolando os casos positivos, rastreando os contatos e com testes de diagnóstico generalizados.

O êxito precedente catapultou a popularidade de Ardern a 60%, que já havia aumentado com sua liderança na gestão após o ataque do ano passado em uma mesquita de Christchurch e durante a erupção de um vulcão na Ilha White. As pesquisas apontam uma vitória do Partido Trabalhista de Ardern que permitira um governo sem a necessidade de coalizão. Atualmente, ela governa com o apoio de partidos menores, os Verdes e o Nova Zelândia Primeiro (NZP).

O Partido Nacional, principal formação opositora, defendeu no fim de semana o adiamento das eleições para o fim de novembro ou para o próximo ano.

AFP

ARTIGO — Aceleraram o relógio do tempo

Odivan Carlos Cargnin

De repente parece que aceleraram o relógio do tempo. E nos vimos atrasados nessa jornada. É como se estivéssemos vivendo um ano qualquer no futuro, com uma ameaça do lado de fora da nossa porta que nos força a viver com hábitos diferentes daqueles que estávamos acostumados.

O avanço tecnológico dos últimos anos nos permite atenuar os impactos de um estilo de vida que fomos forçados a adotar. Muitos dos novos hábitos serão incorporados definitivamente ao nosso dia a dia, pois já percebemos que são úteis e melhores, mais eficientes e mais econômicos do que aqueles que tínhamos até então.

O distanciamento social não é uma coisa boa. Somos humanos e precisamos de interação social, do calor humano. Vivemos em sociedade. Logicamente, logo ali na frente, teremos a solução para a pandemia e as coisas voltarão ao normal. Mas talvez esse normal não seja exatamente aquele que tínhamos antes de tudo isso acontecer. Ao final restarão uma série de novos hábitos que serão incorporados nas nossas vidas.

Avenidas de oportunidades têm se criado para negócios que entreguem soluções para esse futuro que se impôs sem respeitar as regras do tempo. Com menos de seis meses do início da pandemia já se percebe que empresas que entregam serviços digitais têm se destacado, viram seus negócios aumentar e estão facilitando a vida das pessoas. Empresas de vídeo conferência se propagaram e uma delas, a Zoom, vale mais que as cinco principais companhias áreas do mundo somadas. Como explicar? Muitas reuniões que só aceitávamos fazer presencialmente, de repente, percebemos que podem ser feitas por vídeo conferência. Muitas viagens de negócios deixarão de ser feitas. O meio ambiente agradece, inclusive.

As FAANG, grupo de empresas formado por Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google, que já vinham se destacando, aceleraram na dianteira das principais empresas do mundo, oferecendo inúmeras soluções digitais, como compras online, ferramentas de educação à distância, entretenimento, serviços para empresas e mesmo relacionamento social. Enquanto isso, empresas de petróleo, aviação, lojas físicas estão tendo problemas graves de solvência. Novos tempos.

É certo que o legado dessa crise, apesar do sofrimento e das perdas, será muito grande. Um deles certamente é a digitalização, que deixa de ser apenas uma opção e, mesmo para quem tinha dúvidas, passa a ser uma necessidade que vai deixar as pessoas mais seguras, mais eficientes e econômicas e o mundo menos poluído e mais saudável. A vida será melhor.

Quem sabe, a aceleração do relógio do tempo que nos foi imposta, não tenha sido proposital, para nos tirar do atraso de uma época que estávamos presos e resistindo a sair.

Homens são presos com 40 quilos de maconha em um carro

Dois homens, de 25 e 23 anos, que transportavam 40 quilos de maconha foram detidos no sábado (15), na BR 232, em Serra Talhada, no Sertão pernambucano. A droga foi encontrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no porta-malas de um carro.

O flagrante foi realizado durante a abordagem a um carro com placas de Arcoverde, no km 405 da BR 232. A droga estava em três sacos no compartimento de bagagem do automóvel.

O motorista informou que havia pego a maconha em um povoado de São José do Belmonte, no Sertão, e iria entregar uma parte em Arcoverde, no Agreste, e a outra no Recife. Ele foi encaminhado junto com o passageiro à Delegacia de Polícia Civil de Serra Talhada.

Diario de Pernambuco

Índia supera 50 mil mortes provocadas pelo coronavírus

A health worker collects a swab sample of a resident to test for COVID-19 coronavirus, at a screening camp in Mumbai on August 17, 2020. – India’s death toll from the coronavirus hit 50,000 on August 17, with more than 900 new fatalities reported in 24 hours, health ministry data showed. (Photo by Indranil MUKHERJEE / AFP)

A Índia alcançou nesta segunda-feira 50.921 mortes provocadas pelo novo coronavírus, depois de registra 941 óbitos nas últimas 24 horas, de acordo com dados do ministério da Saúde.

O país superou na semana passada o Reino Unido no quarto lugar em número de vítimas fatais, atrás dos Estados Unidos, Brasil e México, e registra 2,6 milhões de casos.

O segundo país mais populoso do planeta, que tem algumas das maiores cidades e subúrbios, é o terceiro com mais infectados, sendo superado apenas por Estados Unidos e Brasil.

Muitos analistas consideram que o número real de afetados pode se muito maior devido ao reduzido nível de testes de diagnóstico no país. Além disso, muitas mortes não são registradas por um sistema de saúde cronicamente subfinanciado.

Apesar do aumento do número de mortos, o ministério da Saúde afirmou no domingo que a taxa de letalidade do vírus é uma das “menores do mundo”, abaixo de 2%.

“Uma estratégia agressiva de testes de diagnóstico, amplo rastreamento e o tratamento eficaz por meio de uma série de medidas contribuíram para o alto nível de curas existente”, afirmou o ministério em um comunicado.

No sábado, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse que o país está desenvolvendo pesquisas e testes com três possíveis vacinas e que o governo está preparado para produzir grandes quantidades de doses se alguma delas se mostra viável.

“Assim que recebermos a luz verde de nossos cientistas, iniciaremos a produção em larga escala da vacina. Já fizemos todos os preparativos”, disse Modi no sábado, Dia da Independência.

AFP

Retomada é desigual e dependente do auxílio do governo

O sinais de aquecimento da economia verificados pelo IBGE em junho indicam que a retomada ainda é muito focada em artigos essenciais e, segundo economistas ouvidos pela reportagem, dependente do auxílio emergencial concedido pelo governo federal após o início da pandemia.

Para os especialistas, a manutenção do ritmo de recuperação vai depender da decisão sobre a prorrogação do benefício e de uma recuperação do mercado de trabalho, único dos grandes indicadores do IBGE que ainda não mostrou sinal de melhora.

“A reabertura [do comércio] e a transferência de dinheiro nos dão algum otimismo para a transição do segundo para o terceiro trimestre, mas isso pode ser temporário diante do risco de abismo fiscal”, dizem os economistas Fábio Ramos e Tony Volpon, do banco UBS.

Na comparação com abril, considerado o fundo do poço da pandemia, os dados do IBGE mostraram melhora disseminada nos três grandes setores da economia pesquisados pelo instituto –indústria, comércio e serviço–, mas a evolução se dá sobre uma base de comparação muito baixa, lembra o economista Otto Nogami, do Insper.

“Apesar de o valor absoluto [de evolução em relação ao mês anterior] ser grande, os números não necessariamente retratam uma realidade que a economia está vivendo, porque as bases de comparação são extremamente baixas”, diz. “E não são garantia de que nos próximos meses estaremos num patamar equivalente ao período anterior o distanciamento social.”

A comparação com o mês de fevereiro, o último sem nenhuma semana em distanciamento social, já mostra que poucos segmentos da economia conseguiram recuperar o patamar anterior à crise, a maior parte deles ligado ao consumo de bens essenciais. Na indústria, operam no azul os fabricantes de alimentos, bebidas, produtos de higiene e farmacêuticos, por exemplo.

Os bens semi e não duráveis se recuperaram do tombo recorde do pico da pandemia, mas ainda estão em nível bem abaixo. Montadoras e o setor calçadista, por exemplo, produzem menos da metade do volume verificado em fevereiro. A fabricação de roupas está em um patamar 37% inferior, e a produção de equipamentos de informática é quase 20% menor.

No comércio, a recuperação do patamar de fevereiro foi puxada pelo setor de supermercados, que representa mais de 50% do indicador e não parou durante a crise. Em relação a fevereiro, operam no terreno positivo também material de construção e móveis, vistos como reflexo da injeção de dinheiro do auxílio emergencial na economia.

Na avaliação de Nogami, mesmo a leve recuperação de setores não essenciais em relação a abril pode mostrar efeitos de reposição de estoques e da demanda reprimida durante as semanas de isolamento. “Foi um pico em razão da demanda reprimida e agora vai tender a entrar em uma linha de normalidade.”

O IBGE vê, por exemplo, um aumento nas compras de produtos para o lar, o que explicaria o aumento de 31% nas vendas de móveis em junho.

“As pessoas estão passando mais tempo em casa, entendendo as necessidades, e pode ser que a renda do auxílio acabe virando consumo, e não poupança”, disse o gerente da pesquisa de comércio do instituto, Cristiano Santos.

Mesma percepção tem a indústria têxtil, que vê maior movimentação no setor de cama, mesa e banho do que no de vestuário. As vendas de tecidos, vestuário e calçados cresceram 53,2% em junho.

O indicador de serviços, principal motor do PIB brasileiro, reforça as dúvidas sobre o ritmo de recuperação. Mesmo com crescimento de 5% em relação a maio, o volume de serviços no país ainda está perto do piso histórico. O banco Fator lembra que a recuperação desse setor tem forte influência sobre o emprego e a renda do brasileiro.

“A recuperação mais lenta do setor preocupa principalmente por seu peso no mercado de trabalho. Segundo o Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], 47% dos empregos formais em janeiro estavam no setor.”

De acordo com o IBGE, o número de brasileiros sem nenhuma ocupação é recorde e, em maio, o contingente dos desocupados foi maior do que de ocupados pela primeira vez desde que o o início da pesquisa com o formato atual –situação que se repetiu em junho.

Para os economistas, a volta às compras mesmo com o mercado de trabalho em sua maior crise indica que o auxílio tem sido fundamental para aquecer a demanda.

“Se as transferências sociais forem reduzidas muito rápido em relação à recuperação do desemprego, podemos ver crescimento zero ou mesmo resultados piores no início de 2021”, avaliam os economistas do UBS, lembrando que o programa custa, em termos anualizados, 8,5% do PIB e tende a ser reduzido até o fim do ano.

“Tem aí uma questão de timing”, concorda o economista Reginaldo Nogueira, do Ibmec. “Ao retirar o recurso, haverá um grande risco de queda na economia.” Beneficiado pelos efeitos da transferência sobre a aprovação de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem negociando uma prorrogação.

Nogueira vêm com maior otimismo os números do IBGE. Na sua opinião, apesar de indicarem um resultado negativo do PIB em 2020, eles mostram que a economia já saiu do fundo do poço. “Ficou claro que a gente não está em queda livre”, afirma, dizendo acreditar que o mercado de trabalho deve mostrar reação em breve também.

Ainda assim, pondera, qualquer previsão sobre o ritmo é prejudicada por incertezas em relação a um eventual repique no contágio.

“Parece que o pior já passou. Temos que considerar, claro, os riscos de uma segunda onda, mas a expectativa é que a gente comece a ter números melhores no segundo semestre.”