Brasil vence Porto Rico e conquista bronze na Copa America de Basquete

A seleção brasileira passeou em quadra contra as porto-riquenhas, donas da casa, na decisão pela terceiro lugar da Copa América de Basquete Feminino. Com ampla vantagem – 95 a 66 – a equipe brasileira, comandada pelo técnico José Neto, conquistou o bronze, e deixou para trás o fantasma da eliminação, para as próprias porto-riquenhas, há dois anos, na última edição do torneio. Desde 2013 o Brasil não ficava entre os três primeiros colocados na Copa América.

As oito seleções mais bem colocadas na Copa América vão disputar Pré-Olímpico das Américas em novembro. A Federação Internacional de Basquete (FIBA) anunciou neste domingo (29) que Canadá e Argentina vão sediar as competições. As chaves ficaram assim: Grupo A (Argentina, Brasil, Colômbia e Estados Unidos) joga na Argentina; e Grupo B (Cuba, Porto Rico, República Dominicana e Canadá) disputa no Canadá. As duas melhores seleções de cada grupo seguem para o Pré-Olímpico Mundial, em fevereiro de 2020, do qual sairão dez seleções rumo à Olimpíada de Tóquio 2020.

Jogo

Depois de perderem a semifinal para o Canadá no sábado (28), a as brasileiras mostraram determinação no embate de hoje (29) contra as donas da casa. A partida até começou equilibrada, com Brasil e Porto Rico se revezando na frente do placar, mas a partir do segundo período só deu Brasil. Destaque da partida foi a pivô Damiris Dantas, que anotou 28 pontos, nove rebotes, e oito assistências.

Trump nega acordo para suspender sanções contra o Irã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou qualquer acordo para suspender sanções contra o Irã em uma troca por negociações, contestando uma declaração anterior do presidente iraniano, Hassan Rouhani.

Rouhani retornou para o Irã, após participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Ele não se encontrou com Trump.

Rouhani afirmou, em um pronunciamento após seu retorno, que líderes de França e outros países europeus haviam lhe dito que o governo americano estaria disposto a suspender as sanções, caso ele concordasse em se reunir com Trump.

Rouhani disse ter recusado o encontro com Trump enquanto o governo americano continuar exercendo pressão e impondo sanções.

Trump usou uma rede social para contestar a afirmação de Rouhani. O presidente americano escreveu: “o Irã queria que eu suspendesse as sanções impostas ao país para realizar a reunião. Eu, obviamente, disse não!

Senado acata sugestão popular que libera uso medicinal da cannabis

A liberação da maconha para uso medicinal deu um pequeno, mas importante passo na última semana no Senado. Em meio a muita polêmica, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) acatou, na quinta-feira (26), uma sugestão legislativa (SUG 6/2016) sobre uso da cannabis medicinal e do cânhamo industrial – variante da cannabis com menor concentração de tetraidrocanabinol e sem ação psicoativa relevante. A proposta vai tramitar como projeto de lei na Casa.

Uma espécie de marco regulatório para o uso medicinal dessas substâncias foi sugerido pela Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos Humanos (Reduc). O documento enviado pela entidade ao Senado detalhava, em 133 artigos, normas procedimentais e regulamentares sobre métodos de pesquisa, produção, registro, rotulagem, padronização, certificação, licenciamento, comercialização, circulação, tributação, publicidade, inspeção, controle e fiscalização da maconha medicinal e do cânhamo.

Apesar do voto favorável à sugestão, o relator, senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), apresentou uma nova redação à proposta, muito mais sucinta. Segundo Vieira, o texto mais enxuto tornará mais fácil contornar problemas de inconstitucionalidade e injuridicidade da redação original, principalmente sobre competências e atribuições de órgãos do Poder Executivo, que não devem ser definidas pelo Congresso.

Com a nova redação, o projeto passa a ter apenas seis artigos que tratam dos produtos, dos processos e dos serviços relacionados à maconha medicinal e ao cânhamo industrial. Um deles submete a produção, a distribuição, o transporte e a comercialização da cannabis medicinal à vigilância sanitária, com monitoramento da cadeia produtiva e do mercado.

O texto prevê ainda que normas relacionadas ao plantio, à cultura e colheita do cânhamo industrial sejam de responsabilidade de uma autoridade agrícola do estado. Também devem ser fomentados pelo Poder Público o desenvolvimento científico e tecnológico sobre medicamentos derivados da cannabis e sobre a produção do cânhamo industrial. Segundo Vieira, a proposta não libera o plantio caseiro a famílias com pacientes de doenças nas quais está provada a ação terapêutica da cannabis.

A Mesa do Senado ainda vai numerar a proposta e definir por quais comissões o texto vai passar. Se avançar no Senado, ele terá de ser enviado à Câmara dos Deputados. Se, por um lado, a sugestão com uma proposta sobre uso medicinal avançou, outra sobre uso recreativo, apreciada há duas semanas pela comissão, foi arquivada pelos senadores.

Outro lado
Autor de um projeto de lei (PL 5.158/19) que prevê a distribuição do canabidiol (CBD) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que não contempla outras substâncias medicinais produzidas a partir da maconha, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) defendeu que o assunto não pode ser tratado apenas com emoção, mas com responsabilidade. Girão destacou que a ciência tem demonstrado que, para algumas pessoas, a maconha medicinal causa a piora da saúde. O senador também apontou vícios de inconstitucionalidade e problemas de juridicidade para votar contra a SUG 6/2016, que, de acordo com ele, já está contemplada no ordenamento jurídico brasileiro.

Apioada por vários senadores, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), usuária de um medicamento a base de cannabis, fez um apelo emocionado para que o senador não impedisse a votação da sugestão. Segundo ela, rejeitar a proposta seria virar as costas para as famílias que precisam da maconha medicinal e estão sofrendo. A parlamentar falou da própria situação.

“Se a gente aprovar um projeto permitindo só o canabidiol, o medicamento que eu tomo vai ser proibido. Isso vai fazer com que eu perca a minha força laboral. E, poxa, alguém aqui já me viu alucinando em algum canto do Congresso? Alguém aqui já me viu falando besteira? Alguém aqui tem algum senão quanto à minha dedicação, à minha seriedade no meu trabalho?”, questionou Mara.

Prazo de entrega de Declaração do ITR acaba hoje

Os proprietários rurais de todo o país têm até hoje (30) para entregar a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR). O prazo acaba às 23h59min59s. A Receita está recebendo o documento desde 12 de agosto. Neste ano, o Fisco espera receber 5,7 milhões de declarações, contra 5.661.803 entregues no ano passado.

O produtor rural que entregar a DITR depois do prazo pagará multa de 1% ao mês sobre o imposto devido ou R$ 50, prevalecendo o maior valor. Se o contribuinte constatar erros ou inconsistências depois de apresentar a declaração, poderá enviar declaração retificadora, sem a interrupção do pagamento do imposto apurado na declaração original.

Está obrigada a apresentar a declaração a pessoa física ou jurídica, exceto nos casos de imunidade ou isenção, que seja proprietária, titular do domínio útil ou detentora de qualquer título do imóvel rural. Também deve enviar a DITR o contribuinte que perdeu a posse da propriedade entre 1º de janeiro de 2019 e a efetiva apresentação da declaração.

A DITR deve ser preenchida no computador, por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, disponível na página da Receita Federal na internet. O documento pode ser transmitido pela internet. Caso o proprietário não tenha acesso à rede mundial de computadores, poderá entregar a declaração em mídia removível na unidade mais próxima da Receita Federal.

Morre mulher esfaqueada pelo próprio irmão

Pedro Augusto

A Polícia Civil de Pernambuco, através da 20ª Delegacia de Caruaru, confirmou a morte de Isabela Maria da Silva, de 30 anos, na manhã de ontem (28), no Hospital Regional do Agreste. Ela estava internada em estado grave no HRA desde o último dia 21, quando foi esfaqueada no pescoço pelo próprio irmão Tiago José da Silva, de idade não informada.

O crime de morte, de acordo com as investigações da polícia, ocorreu na casa da mãe da vítima e do suspeito, que fica localizada na Rua do Pacífico, no Bairro Santa Rosa. Tiago foi preso em flagrante e já se encontra recolhido na PJPS, já o corpo de Isabela foi encaminhado ao IML local.

Feira que estimula o empreendedorismo é realizada no Sesc Garanhuns

Com o tema “Empreendedorismo na escola é um convite para a mudança cultural”, o Sesc Garanhuns realiza neste domingo (29/09) a III Feira Jovens Empreendedores Primeiros Passos.

Será na quadra da unidade, a partir das 10h, e tem entrada gratuita. A expectativa é que 400 pessoas visitem o evento.

A ação apresenta o resultado do programa, realizado em parceria com o Sebrae, durante o ano letivo. Nas salas de aula, os estudantes aprendem também sobre noções de marketing, de oportunidade de mercado, precificação, entre outras atividades desenvolvidas por empreendedores. Assim, aproximadamente 350 estudantes dos ensinos Infantil e Fundamental e Grupo de Jovens vão comercializar produtos e serviços criados sob orientação dos professores.

Durante a feira, com preços que variam de R$ 2 a R$ 5, os visitantes poderão comprar produtos voltados para a gastronomia, lazer e utilidades, além da possibilidade de locar brinquedos. “Ensinar sobre empreendedorismo desde cedo na sala de aula é oportunizar nossos alunos a estudarem com uma perspectiva de um futuro melhor”, argumenta a professora de Educação Infantil, Edilma Pereira da Silva.

O JEPP– Criado há 14 anos pelo Sebrae, o Jovens Empreendedores Primeiros Passos teve início em São Paulo e se propagou por todo o país. O objetivo é o de disseminar a cultura empreendedora e orientar os participantes a elaborar o plano de negócios, a fim de estimular o comportamento proativo de crianças e jovens. Também visa incentivá-los à prática do empreendedorismo e o protagonismo juvenil.

Sesc – O Serviço Social do Comércio (Sesc) foi criado em 1946. Em Pernambuco, iniciou suas atividades em 1947. Oferece para os funcionários do comércio de bens, serviços e turismo, bem como para o público geral, a preços módicos ou gratuitamente, atividades nas áreas de educação, saúde, cultura, recreação, esporte, turismo e assistência social. Atualmente, existem 20 unidades do Sesc do Litoral ao Sertão do estado, incluindo dois hotéis, em Garanhuns e Triunfo. Essas unidades dispõem de escolas, equipamentos culturais (como teatros e galerias de arte), restaurantes, academias, quadras poliesportivas, campos de futebol, entre outros espaços e projetos. Para conhecer cada unidade, os projetos ou acessar a programação do mês do Sesc em Pernambuco, basta acessar www.sescpe.org.br.

Augusto Aras escolhe general para “abrir a caixa-preta da PGR”

O recém-empossado procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, selecionou um militar para fazer parte da nova equipe. Escolhido para a função de Assessor Especial para Assuntos Estratégicos, o general Roberto Severo assume com a missão de “abrir a caixa-preta do órgão”. O objetivo de Aras é fazer um levantamento de ações dos antecessores dele à frente da PGR. Severo teve uma breve passagem como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, quando ela era chefiada por Floriano Peixoto, entre maio e exonerado e junho deste ano. Antes disso, foi chefe de gabinete do ex-ministro Eliseu Padilha na Casa Civil.

Além dele, Aras bateu o martelo sobre outros nomes para compor a equipe. O procurador Aílton Benedito, que tem grande apoio entre simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro, vai ocupar a Secretaria de Direitos Humanos do Ministério Público Federal. Benedito chegou a ser indicado por Bolsonaro para a Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. No entanto, teve o nome barrado pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF).

De perfil conservador, o procurador era parte da estratégia do presidente para mudar a visão histórica da ditadura militar de 1964, e mostrar que militantes de esquerda não lutavam por democracia, mas por outro tipo de regime totalitário. Essa é a indicação mais polêmica até agora. O nome de Benedito já era dado como certo para compor a equipe de Aras. A surpresa veio do cargo atribuído a ele. A Secretaria de Direitos Humanos tem funções parecidas com a Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

Por meio do Twitter, ele confirmou que passa a integrar a cúpula do órgão. “Aceitei o convite de Augusto Aras para chefiar a Secretaria de Direitos Humanos da PGR. Balizas fundamentais: direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade, à segurança. Artigo 5º da Constituição”, escreveu. Benedito lembrou que sua nomeação não provoca mudanças na Procuradoria dos Direitos do Cidadão, que também tem como atribuição promover a dignidade da pessoa humana. “A Secretaria de Direitos Humanos da PGR, que passarei a chefiar, não tem nenhuma relação com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, a qual é dirigida pela subprocuradora-geral da República Deborah Duprat, até maio de 2020”, esclareceu.

Correio Braziliense

“Espero que STF não promova impunidade com decisão sobre Lava Jato”, diz novo PGR

Em sua primeira entrevista após assumir a Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras, 60, disse ao jornal Folha de S.Paulo esperar que o STF (Supremo Tribunal Federal) restrinja a decisão da maioria dos ministros que estipula que réus delatores apresentem alegações finais antes dos réus delatados.A decisão pode anular, por uma questão processual, uma série de sentenças da Operação Lava Jato.Aras disse que não vê nulidade no inquérito aberto pelo Supremo para apurar fake news e ameaças contra integrantes da corte -diferentemente de sua antecessora, Raquel Dodge, que pediu o arquivamento da investigação.No cargo desde quinta (26), ele indicou as primeiras discordâncias de propostas do governo Jair Bolsonaro (PSL), ao comentar a exploração econômica de terras indígenas -que, para ele, deve respeitar os povos isolados- e discorrer sobre temas caros ao bolsonarismo, como a descriminalização da maconha.A entrevista foi concedida no gabinete de Aras na Procuradoria.

O sr. terá sua primeira sessão plenária no STF na próxima quarta (2), quando deve terminar um julgamento que já tem maioria para que réus delatores apresentem alegações finais antes dos delatados. Isso pode levar a anulações de sentenças. Preocupa o sr. essa maioria formada?

Augusto Aras – Em tese, posso apenas lembrar de princípios clássicos da teoria geral das nulidades processuais: “Pas de nullité sans grief”. “Não há nulidade sem prejuízo.” Isso significa dizer que só se declara nulidade de um ato judicial quando há prejuízo para alguém. Cada caso concreto vai desafiar a apreciação da existência de um prejuízo, porque, se um réu não tinha nada para arguir, ainda que pudesse falar e não falou, não há por que se nulificar.
Outra parte importante de registrar é que a moderna teoria constitucional remete a que cada julgamento formador de um “leading case” produza efeitos prospectivos, para a frente, nunca para trás -mesmo em matéria penal. Espero que a Suprema Corte module os efeitos dessa decisão, que não tenhamos a debacle do sistema judicial punitivo e, mais ainda, a promoção da impunidade.

O sr. assume num contexto de mudança de ventos em relação à Lava Jato. Há uma formação de consenso entre políticos de diferentes grupos. Há um filho do presidente [Flávio Bolsonaro] que se insurgiu contra uma investigação no Rio, que não é Lava Jato, mas tem o mesmo espírito. Todos se juntaram contra supostos abusos do Ministério Público. O que o sr. fará?

Compreendo a Lava Jato como um “case” bem-sucedido, independentemente de desvios, que são passíveis de correção. Temos dezenas de operações em curso. O que me parece é que precisamos que a PGR, o procurador-geral como órgão monocrático [individual] da chefia do Ministério Público e como presidente do CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público], construa uma solução estruturada, organizada para todo o país, para que todas as operações compartilhem informações, funcionem com recursos orçamentários otimizados. O fato de termos operações distintas faz com que o Ministério Público comece a ser atomizado. As operações, quando desgarradas de seu núcleo central, que é a PGR, passam a ser uma instituição paralela e rompem com a unidade institucional. O processo civilizatório exige devido processo legal, que é o direito que tem cada cidadão de não ser processado senão pela autoridade competente, imparcial, que haja justa causa, que haja direito ao contraditório e à ampla defesa.

O sr. fala em devido processo legal. Começam a surgir dúvidas a partir das mensagens de Telegram divulgadas pelo site The Intercept Brasil e outros veículos, como a Folha. Que tratamento o MPF dará?

O dever do Ministério Público não é punir sem a devida fundamentação legal. É buscar a verdade real. Órgãos de Estado precisam respeitar a segurança jurídica. A tal ponto que, para que aceitemos o “plea bargain” [previsto no pacote anticrime do ministro Sergio Moro] é preciso que verifiquemos que lá nos EUA [de onde a proposta foi importada] haja motivação ética do Ministério Público. Quando o Ministério Público tem um caso diante de si, é preciso abrir para o réu todas as provas de que tem conhecimento, porque, se porventura, um membro do Ministério Público blefar e o réu entender, a posteriori, que aquelas provas não existiam, este réu pode anular o acordo feito e ser anulado o processo.

No contexto de buscar segurança jurídica, se o Supremo validar as mensagens, que efeitos terá nos processos da Lava Jato e sobre os procuradores?

A verdade dos fatos não pode ser suprimida pela eventual ilicitude da prova ou dos meios. O que se questiona é: qual a sanção, qual o resultado disto para os agentes públicos que violaram os meios para atingir fins, por mais nobres que sejam? Se a verdade real é que o réu A, B ou C cometeu crime, o Estado de direito impõe a preservação dessas condenações em função dos julgamentos já operados. Os desdobramentos, no que toca aos agentes que abusaram desses poderes, serão objeto de apreciação no CNMP.

Como fica a situação de Deltan Dallagnol?

O colega Deltan deverá se defender como qualquer cidadão e haverá de merecer um julgamento administrativo, ético, disciplinar de um colegiado imparcial, técnico, devidamente motivado. É assim que se espera que os seus atos sejam julgados.

O que o sr. acha do inquérito aberto pelo próprio STF a fim de defender seus integrantes?

A doutrina registra que não há nulidade de inquéritos, desde que a autoridade que promove o inquérito tenha competência [atribuição] para produzi-lo e haja, minimamente, indícios da existência de delito. O inquérito poderia ser aberto pelo próprio STF, pela autoridade policial, pelo Ministério Público. O que é relevante firmar é o destinatário das conclusões do inquérito, e ele só pode ser um: o Ministério Público. Todas as conclusões deverão ser enviadas para o órgão do Ministério Público com atribuições para promover, em tese, a ação penal.

Isso é uma mudança em relação à gestão de Raquel Dodge. O sr. não defende o arquivamento?

Em hipótese alguma. Não posso ignorar o dever de apreciar os fatos, buscando a verdade real, para efeito de, sendo o caso, adotar as medidas cabíveis.

O sr. assume num contexto inédito nos últimos 16 anos, por ter sido escolhido fora da lista tríplice -que o sr. criticava. Qual seu principal desafio hoje na PGR?

Restaurar a unidade institucional. Promovendo diálogo interno, incentivando e valorizando a atividade.
Buscando dar oportunidade a todos os colegas que jamais tiveram antes a oportunidade de atuar em grandes operações ou mesmo participar de eventos. Que o mérito seja o critério a ser seguido por esta gestão em favor de todos os membros.

Declarações recentes de Bolsonaro sugerem um alinhamento entre governo e MPF. O sr. teme que suas ações carreguem esse carimbo?

Não, porque é facilmente escrutinável toda conduta institucional desde que a interpretação da conduta -seja do procurador-geral, seja do próprio Ministério Público- se faça à luz da Constituição. Parece-me que nos últimos 16 anos cada membro passou a ter uma Constituição própria. E nós não podemos fazer a aplicação do direito aos fatos a partir de nossos humores, das nossas convicções pessoais, porque a Constituição existe, dotada de certa racionalidade, para contemplar a todos os cidadãos de maneira que possamos conviver em estado de paz e harmonia sociais.

Em discurso recente na ONU, Bolsonaro disse que os índios não querem viver na Idade da Pedra. O MPF é o guardião dos direitos dos povos indígenas. O que o comandante do MPF pensa sobre essa declaração?

A Constituição, ao tempo em que assegurou aos índios seu “modus vivendi”, suas tradições e até sua liberdade de escolha, também assegura a essas comunidades que possam participar do ganho material produzido dentro de suas terras. Agora, precisamos respeitar um outro lado, que são os povos isolados. Talvez algum dia não haja mais comunidade isolada, mas, enquanto houver, a Constituição assegura esse isolamento e dá proteção.É preciso que encontremos o caminho do meio na proteção das comunidades nativas, e não simplesmente radicalizar, seja em relação às comunidades isoladas, seja em relação às já aculturadas. Ruim mesmo é não permitir que as comunidades que são dotadas da mesma dignidade de qualquer cidadão brasileiro não possam fazer uso de seu patrimônio, diretamente ou através de empresas que possam explorar esse patrimônio.

O sr. se comprometeu com uma carta de “valores cristãos” da associação dos juristas evangélicos. Como isso pode impactar sua atuação?

Recebi a carta para avaliação e praticamente aprovei todos os itens, porque têm um teor de juridicidade aceitável. O item sétimo, que cuida do que se entende por entidade familiar e união estável homoafetiva, foi objeto de questionamento na sabatina [no Senado]. Quero esclarecer que eu me manifestei pela carta na sua grande maioria [de itens], mas em nenhum momento eu cuidei do item sétimo, por razões jurídicas. Eu, particularmente, nunca me opus à união homoafetiva, primeiro porque o Supremo já conferiu a hermenêutica [interpretação] ao artigo que trata da entidade familiar, reconhecendo que, embora a Constituição se refira a homem e mulher, a dignidade da pessoa humana não se restringe à identidade biológica desses dois gêneros, sendo extensível às
relações homoafetivas.

Mas o sr. já criticou esse julgamento.

Eu me manifestei criticamente porque entendo que a questão formal deveria ser decidida no Congresso, que é o Poder legítimo para legislar e dizer o espírito do tempo manifestado pela vontade da soberania popular emanada do voto. Não só reconheço a legitimidade da união homoafetiva como tenho pessoas amigas e colegas de MPF que são casadas com pessoas do mesmo sexo e nem por isso são menos importantes. E nós deveríamos estimular a adoção (de crianças por casais gays).

No julgamento das uniões homoafetivas no STF, a PGR foi a favor do reconhecimento delas. Hoje, em sua gestão, a PGR se manifestaria contra…

Não teria como se manifestar porque essas questões já estão superadas. Mas outras estão em aberto. Por exemplo, a descriminalização da maconha.

E qual a posição do sr. nesse caso?

Primeiro, qualquer posição do Ministério Público não pode ser discricionária. Segundo, ela deve buscar suporte técnico-científico.A lei brasileira vigente pune o tráfico, mitiga muito o uso em pequenas quantidades, mas precisamos pensar mais largamente. No plano da saúde pública, qual o efeito da descriminalização? Provavelmente aumentaria o custo com o SUS, porque, segundo pesquisadores, a cannabis tem propensão a desenvolver esquizofrenia. Mas, no plano do sistema penitenciário, poder-se-ia imaginar que 60% a 70% da população carcerária feminina seria reduzida, porque ela é formada por mulheres que, por motivo de miséria e problemas sociais, são “aviões” ou pequenas traficantes.É preciso fazer pesquisas para que também não impeçamos o uso do canabidiol [derivado da cannabis], que tem se revelado um princípio ativo importante para certas doenças musculares que ceifam vidas belíssimas. Não seria melhor que o Congresso tratasse do assunto do ponto de vista técnico-científico, ouvindo médicos, pesquisadores, sociólogos, autoridades que estudam o sistema penitenciário?

O sr. está trazendo ao seu discurso um elemento novo, a segurança pública.

O Ministério Público precisa dar sua contribuição -não somente acusando, como é sua tradição-, mas contribuindo preventivamente como indutor de políticas públicas de segurança, debatendo com os órgãos competentes boas práticas. O MP, afinal, tem o dever constitucional de fazer o controle externo da atividade policial.

Recentemente a câmara de controle da atividade policial classificou como inadequada a política de segurança pública do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro. O sr. compactua com essa posição?

Não aceitamos radicalismos. No universo da Constituição, nós repudiamos a pena de morte, salvo em estado de guerra ou de comoção intestina. Fora dessas hipóteses, o Brasil tem entre seus direitos e garantias fundamentais essa cláusula pétrea, a vida deve ser defendida, a segurança pública existe como elemento em favor da vida, não para promover a morte.

O sr. se declara desenvolvimentista. É papel do MPF discutir economia?

O que o sr. fará para destravar investimentos? A Constituição e a lei orgânica do MPF dispõem que o Ministério Público tem o dever de velar pela ordem econômica e pelo direito do consumidor. É preciso que participemos da defesa do mercado nacional porque ele é patrimônio da União. O que nos impele a defender o destravamento da economia não é renunciando ao dever constitucional de velar pela higidez do mercado. Como podemos agir? Minha proposta, que vou levar aos colegas, é que não deixemos para atuar no meio de uma obra em curso, ou no final de uma obra, para punir agentes públicos que porventura tenham cometido ilegalidades. Tomando conhecimento de algum grande empreendimento, que nós façamos a priori o processo de acompanhamento dos projetos. Em vez de expedirmos uma recomendação no curso de uma obra ou no final ajuizarmos uma ação de improbidade ou ação penal, façamos o acompanhamento dessas políticas públicas.

O sr. deve passar um pente-fino em ações da gestão anterior. Que ações são essas e o que o sr. espera corrigir?

Por enquanto nós temos apenas cuidados das portarias administrativas [como nomeações], que são numerosíssimas. Do ponto de vista dos pareceres, das ações ajuizadas, elas voltarão ao conhecimento do novo procurador-geral no tempo oportuno. No curso do processo, à medida que forem voltando, serão analisados. Haverei de me pautar na Constituição e nas leis do país.

QUEM É
Augusto Aras, 60.Natural de Salvador (BA), é doutor em direito constitucional pela PUC-SP. Foi professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e hoje leciona na UnB (Universidade de Brasília). Subprocurador-geral, último estágio da carreira, Aras ingressou no Ministério Público Federal em 1987. Na quinta (26), assumiu a Procuradoria-Geral da República após ser nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).(Reynaldo Turollo JR, Folhapress)

Lula diz que seria “uma prazer” sair da prisão e Moro e Deltan entrarem

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde abril de 2018, afirmou em entrevista ao site GGN que seria “um prazer” que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol entrassem em seu lugar. “Eu só saio daqui com 100% de inocência, e o maior prazer seria sair daqui e o Moro entrar no meu lugar. Ele e o Dallagnol”.

A declaração do petista em a expectativa dele passar para o regime semiaberto, situação que o ex-presidente já disse não aceitar porque, segundo declarou, só que deixar a prisão com “100% de inocência”. Lula cumpre pena de 8 anos, 10 meses e 20 dias pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como já cumpriu um sexto da pena e por isso tem direito a mudar de regime.

Ainda na função de juiz, Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, foi o responsável por condenar Lula em primeira instância no processo do tríplex do Guarujá (SP). A denúncia do caso foi feita pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná, que é coordenada por Dallagnol. A condenação foi confirmada em instâncias superiores, o que levou o ex-presidente à prisão. Na semana passada, a força-tarefa da Lava Jato se manifestou a favor da progressão de regime de Lula para o semiaberto. A decisão sobre o tema ficará a cargo da juíza federal Carolina Lebbos.

Ainda na sexta, a defesa do petista também não deu certeza de que tem interesse na progressão de regime, e disse que o assunto seria discutido com Lula. “O ex-presidente Lula deve ter sua liberdade plena restabelecida porque não praticou qualquer crime e foi condenado por meio de um processo ilegítimo e corrompido por flagrantes nulidades”, declarou o advogado Cristiano Zanin Martins.
Na entrevista ao GGN, o petista também deixou claro que não aceitaria deixar a cadeia mediante condições como o uso de uma tornozeleira eletrônica. “Não sou pombo”, afirmou. Desde que passou a ser alvo da Lava Jato, Lula mantém o discurso de que é inocente e perseguido politicamente. A ida para o semiaberto poderia assemelhar, ao menos do ponto de vista político, seu caso ao de outros presos na operação. A entrevista com Lula foi gravada na quarta-feira (25) e publicada neste sábado (28).

A socióloga Rosângela da Silva, namorada de Lula, via Twitter, também refutou a possibilidade de o ex-presidente ir para o semiaberto. “A liberdade irá nos alcançar mas não virá assinada por aqueles que fraudaram a Justiça! #lulainocente #liberdadeplena”, declarou na rede social.

Manchas de óleo avançam e atingem 112 pontos em 8 Estados do Nordeste

A substância oleosa e escura encontrada em algumas praias do Nordeste não para de se espalhar. Já são 112 pontos em 53 municípios em 8 Estados atingidos, e os órgãos ambientais e de proteção da zona marítima continuam mobilizados para saber qual a origem desse vazamento.

O mapa com localidades afetadas no Nordeste, divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente, mostra que boa parte da extensão à beira mar entre Maranhão e Sergipe está contaminada. Dos nove Estados nordestinos, apenas a Bahia não registra a presença do óleo.

O material atinge diretamente o ecossistema das praias, prejudicando principalmente a fauna marinha. Segundo o mais recente balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dez animais foram atingidos – nove tartarugas marinhas e uma ave -, dos quais seis tartarugas e uma ave morreram. Os animais foram encontrados no Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

As manchas começaram a ser percebidas no dia 2 de setembro e, desde então, o Ibama vem estabelecendo uma série de ações, entre elas a investigação quanto à composição da substância. O resultado conclusivo das amostras, solicitado pelo Instituto e pela Capitania dos Portos, e cuja análise foi feita pela Marinha e pela Petrobras, apontou que se trata de petróleo cru.

Ainda não foi detectada a origem e o responsável pelo vazamento do petróleo, mas uma das hipóteses levantadas pelos órgãos de proteção ambiental é que alguma embarcação tenha despejado a substância em alto mar.

Por ser uma substância tóxica, a recomendação do Ibama e das Superintendências Estaduais de Meio Ambiente é de que as pessoas evitem o banho de mar, a prática de esportes náuticos e também a pesca, bem como evitar o consumo de frutos do mar desses locais.

AE