Por Ricardo Takahira
Diante de algumas definições internacionais para o impedimento da comercialização de veículos diesel, com repercussões no aumento de vendas dos veículos híbridos e elétricos no mundo, vale a pena o Brasil refletir sobre o que realmente tem acontecido no planeta e analisar como tem reagido e se preparado frente ao novo cenário mundial, sobretudo, alguns meses depois da publicação do programa Rota 2030 (MP843).
Parece que o País finalmente acordou para o que acontece internacionalmente, embora o mundo não esteja mudando tão a passos largos como se esperava, em vista das projeções dos especialistas de mercado de veículos movidos à eletricidade. Os brasileiros já testemunham o aumento da oferta e do uso de ônibus e caminhões elétricos, cenário que já aponta por onde certa massificação pode acontecer.
Os desafios são grandes em toda a parte principalmente ao se tratar da frota puramente elétrica, que necessita de infraestrutura de recarga. Com subsídios em vários países, veículos leves crescem também à medida que as condições são criadas para modelos de negócios de uso compartilhado, situação normalmente relacionada a veículos elétricos mais caros, porém com vantagens em emissões e, principalmente, em uso contínuo com o menor custo por quilometro rodado.
Especialistas da indústria já se preocupam com a capacitação da mão de obra para esta transição, outros apostam que a mudança já começou com primeiros resultados de faturamento. Somado a isto, o hidrogênio e outras formas de produção de energia elétrica também começam a sair do papel.
No cenário nacional, um plano de eletromobilidade poderia ter o mesmo efeito que o RenovaBio ou plano de energia? Os patamares de pesquisa e desenvolvimento podem crescer com chamadas temáticas como as da ANEEL? Ou a comparação com políticas públicas europeias podem ajudar o Brasil a entender o processo de popularização dos veículos elétricos pelo mundo? Não somos a Noruega, nem tampouco a China, então qual receita serve para o Brasil?
A boa notícia é que modelos lançados no Exterior não demoram tanto para vir ao Brasil. Resta somente saber quando a cadeia será verticalizada com volumes maiores e quais são esses volumes para viabilizar uma localização com investimentos. Veículos elétricos americanos ou asiáticos, quais sistemistas têm a melhor estratégia para a introdução dos veículos elétricos no País? Ainda não se pode esquecer dos biocombustíveis.
Existem ainda muitas dúvidas, mas algo é certo: o Brasil tem quem faça, como Lucas Di Grassi, piloto de Formula-E e Stock Car, além de CEO da Roborace, a primeira plataforma de motorsport autônoma do planeta. Um exemplo para os universitários que também constroem veículos elétricos do zero com orçamentos bem curtos, mas que já conquistaram prêmios valiosos no Exterior, em preparação para a era da eletromobilidade.
Quem tiver interesse em discutir o assunto está convidado para o 7º Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e Híbridos, que reunirá lideranças de montadoras, sistemistas, centros de pesquisa, distribuidores de energia, universidades e órgãos do poder público para palestras e debates. O encontro será realizado em duas manhãs, dias 12 e 13 de novembro, no São Paulo Expo, em paralelo ao 30º Salão Internacional do Automóvel.
* Ricardo Takahira é engenheiro eletricista, consultor sênior da GFA Consulting Group alocado no Promob-e GIZ e chairperson do 7º Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e Híbridos