Nesta semana comemora-se o Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), data que tem a finalidade de conscientizar as pessoas sobre a prevenção desta tão prevalente doença (uma verdadeira epidemia em países em desenvolvimento). Trata-se da doença que mais mata os brasileiros e a que mais causa incapacidade no mundo – cerca de 70% não retornam ao trabalho após um AVC por causa das sequelas e 50% ficam dependentes de terceiros no dia a dia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares.
A patologia acomete com maior frequência indivíduos com mais de 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, mesmo em crianças. A organização Mundial de AVC (World StrokeOrganization) estima que uma em cada seis pessoas no mundo terá um “derrame” ao longo de sua vida, constatação que acende o alerta para a necessidade de se falar sobre o problema, ainda mais tendo em consideração que trata-se de uma condição prevenível quando se intervém sobre os fatores de risco.
Mas afinal de contas, o que é o AVC? “Podemos defini-lo como o surgimento de um dano neurológico causado por uma alteração nos vasos sanguíneos no sistema nervoso central. Ele se divide em dois subtipos: isquêmico e hemorrágico. O primeiro, caracterizado pela obstrução do fluxo sanguíneo, provocando a falta de circulação no território vascular, este é responsável por 85% dos casos. O seguinte, é identificado pela ruptura de um vaso, causando o extravasamento do sangue para o interior do cérebro”, explicou o neurologista Paulo Henrique Fonseca.
Dona Isaura Anjos tinha 71 anos quando foi acometida de um AVC isquêmico, em meados deste ano, em Caruaru. Ela é um daqueles exemplos que se encaixam no perfil da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares descrito anteriormente. “Mamãe estava em minha casa para se tratar de alguns problemas de saúde. Eram idas e vindas aos consultórios, diversos medicamentos e exames. Mas naquela noite tudo parecia normal. Jantávamos quando ela começou a se sentir incomodada com algo. Muito rapidamente, deixou de conseguir falar, o olhar parecia apontar para o nada e a força para caminhar tinha ido embora. Não sabíamos bem do que se tratava e ligamos para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Com a chegada do socorro, veio o diagnóstico de um AVC isquêmico. Deste dia em diante, infelizmente, o quadro dela só se agravou e ela veio a falecer em agosto”, relatou a sua filha Luciana.
Alguns sinais de alerta podem dar indícios de um derrame, o que são fatores determinantes no diagnóstico correto e tratamento. Cabe lembrar que quanto mais rápida – idealmente em até 3 horas do início dos sintomas – a identificação e atendimento adequado, menor a chance de sequelas. Em linhas gerais, são considerados os sintomas mais comuns: dor de cabeça súbita muito forte, sobretudo se acompanhada de vômitos; fraqueza ou dormência na face, nos braços ou nas pernas, geralmente afetando um dos lados do corpo; paralisia (dificuldade ou incapacidade de movimentação); perda súbita da fala ou dificuldade para se comunicar e compreender o que se diz; e perda da visão ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos.
A doença tem tratamento, mas a prevenção é o melhor remédio. São considerados fatores de risco aqueles que podem facilitar a ocorrência de AVC: idade avançada, tabagismo, hipertensão, diabetes, doenças do coração, sedentarismo, histórico de doença vascular prévia, colesterol elevado, anticoncepcional, álcool, histórico de enxaqueca com aura e uso de drogas ilícitas.