Pesquisa: notícias falsas circulam 70% mais do que as verdadeiras na internet

Jonas Valente – Repórter da Agência Brasil
O ciberataque global com o vírus WannaCry infectou mais de 300 mil computadores em diversos países do mundoUma mensagem falsa tem 70% mais chances de ser retransmitida (Reuters/Kacper Pempel)

Notícias consideradas falsas se espalham mais facilmente na internet do que textos verdadeiros. A conclusão foi de um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), instituição de ensino reconhecida mundialmente pela qualidade de cursos de ciências exatas e de áreas vinculadas à tecnologia.

Os pesquisadores Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral analisaram 126 mil mensagens (não apenas notícias jornalísticas) divulgadas na rede social Twitter entre 2006 e 2017. No total, 3 milhões de pessoas publicaram ou compartilharam essas histórias 4,5 milhões de vezes. O caráter verdadeiro ou falso dos conteúdos foi definido a partir de análises realizadas por seis instituições profissionais de checagem de fatos.

Os autores estimaram que uma mensagem falsa tem 70% mais chances de ser retransmitida (retuitada, no jargão da rede social) do que uma verdadeira. As principais mensagens falsas analisadas chegaram a ser disseminadas com profundidade oito vezes maior do que as verdadeiras. O conceito de profundidade foi usado pelos autores para medir a difusão por meio dos retuítes (quando um usuário compartilha aquela publicação em sua rede).

O alcance também é maior. Enquanto os conteúdos verdadeiros em geral chegam a 1.000 pessoas, as principais mensagens falsas são lidas por até 100.000 pessoas. Esse aspecto faz com que a própria dinâmica de “viralização” seja mais potente, uma vez que a difusão é “pessoa a pessoa”, e não por meio de menos fontes com mais seguidores (como matérias verdadeiras de contas de grandes veículos na Internet).

Motivos

Os pesquisadores investigaram o perfil dos usuários para saber se estaria aí o motivo do problema. Mas, para sua própria surpresa, descobriram que os promotores desses conteúdos não são aqueles com maior número de seguidores ou mais ativos. Ao contrário, em geral são pessoas com menos seguidores, que seguem menos pessoas, com pouca frequência no uso e com menos tempo na rede social.

Uma explicação apresentada no estudo seria a novidade das mensagens. As publicações falsas mais compartilhadas eram mais recentes do que as verdadeiras. Outra motivação destacada pelos autores foi a reação emocional provocada pelas mensagens. Analisando uma amostra de tuítes, perceberam que elas geravam mais sentimentos de surpresa e desgosto, enquanto os conteúdos verdadeiros inspiravam tristeza e confiança.
Política no centro

A pesquisa também examinou a disseminação por assunto. As mensagens sobre política circulam mais e mais rapidamente que as de outras temáticas. Esses tipos de conteúdos obtiveram um alto alcance (mais de 20 mil pessoas) três vezes mais rápido que as publicações de outros assuntos. Também ganharam visibilidade os tuítes sobre as chamadas “lendas urbanas” e sobre ciência.

“Conteúdos falsos circularam significantemente mais rapidamente, mais longe e mais profundamente do que os verdadeiros em todas as categorias de informação. E esses efeitos foram mais presentes nas notícias falsas sobre política do que naquelas sobre terrorismo, desastres naturais, lendas urbanas e finanças”, constaram os autores.

Robôs

Os autores também examinaram a participação de robôs (bots, no jargão utilizado por especialistas) na disseminação dessas notícias. Diferentemente de teses apresentadas em outros estudos, os robôs avaliados compartilharam mensagens falsas e verdadeiras com a mesma intensidade. “Notícias falsas se espalham mais do que as corretas porque humanos, e não robôs, são mais suscetíveis a divulgá-las”, sugere o artigo.

Temer e Cármen Lúcia discutem segurança pública e intervenção no Rio

O presidente Michel Temer fez uma visita neste sábado (10) à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Durante o encontro, eles conversaram sobre segurança pública e a intervenção federal decretada no estado do Rio de Janeiro há algumas semanas.

O encontro ocorreu no início da tarde de hoje na residência da presidente do STF e não constava na agenda oficial do presidente. Ao sair da casa de Cármen Lúcia, Temer disse que ela se comprometeu em colaborar nos assuntos de segurança, tanto no Rio como em outros estados. A situação dos presídios brasileiros também foi discutida entre os dois, segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.

Após a reunião, o presidente recebeu no Palácio do Jaburu os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e da Fazenda, Henrique Meirelles. A pauta do encontro, no entanto, ainda não foi divulgada

Servidores da Prefeitura Municipal de Caruaru nascidos em março devem se recadastrar

Os servidores da Prefeitura Municipal de Caruaru nascidos em março estão convocados a realizar o seu recadastramento. Para isso, os aniversariantes do mês devem acessar o site oficial da Prefeitura e preencher os dados. Caso haja alguma alteração de informações, o servidor deve anexar o documento correspondente e, no final, deve imprimir a declaração de vínculo e apresentar-se ao setor de RH da sua secretaria entregando a declaração. Quem não se recadastrar poderá ter seu salário bloqueado.

O link para o recadastramento dos servidores públicos fica localizado na aba “Serviços on-line” > opção “Servidor” > Recadastramento Servidor, ou no endereço: recadastramento.caruaru.pe.gov.br.

O CaruaruPrev também está realizando a prova de vida dos servidores aposentados e pensionistas, de segunda a sexta, das 8h às 12h, na Avenida Rio Branco, 315, Centro Administrativo.

Brasileiros com nome em cadastro de devedores chegam a 40,5% da população

Flávia Albuquerque

A porcentagem de brasileiros com contas em atraso e registrados nos cadastros de devedores em fevereiro chegou a 40,5% da população com idade entre 18 e 95 anos, de acordo com dados do indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A estimativa das entidades é que o Brasil tenha 61,7 milhões de pessoas com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas.

Segundo o indicador, no mês de fevereiro foi registrado um aumento de 2,71% no volume de inadimplentes em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a janeiro, o aumento foi de 0,55%. “A estimativa reflete o quadro de dificuldades econômicas que as famílias ainda enfrentam, com o alto nível de desemprego e a renda ainda comprimida. Mas não é só a conjuntura que explica fenômeno da inadimplência. Em muitos casos, o descuido com as finanças leva à situação de descontrole e ao consequente atraso das contas”, disse o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.

A faixa etária na qual se observa o maior número de negativados em fevereiro é a de 30 anos a 39 anos, o que representa 51% da população dessa idade. Entre aqueles que têm entre 40 e 49 anos, 49% estão com o nome sujo e, entre 25 e 29, esse percentual chega a 46%. Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 20%. Na população idosa, considerando-se a faixa etária de 65 a 84 anos, a proporção é de 31%.

A Região Sudeste é onde está concentrada a maior quantidade de consumidores com contas em atraso. São 26,7 milhões, o correspondente a 40% do total de consumidores que moram no estado. A segunda região com maior número absoluto de devedores é o Nordeste, com 16,49 milhões de negativados, ou 41% da população. Em seguida, aparece o Sul, com 8,10 milhões de inadimplentes, 36% da população adulta.

Os dados mostram também que o volume de dívidas em nome de pessoas físicas caiu 1,20% na comparação anual e 0,40% na comparação mensal. Já por setor, aquele com maior alta nas dívidas abertas foi o de comunicação, com variação de 10,20%, seguido pelos bancos, que teve avanço de 2,31%. Já os setores de água e luz e o de comércio observaram queda de, respectivamente, 4,25% e 6,78%. Em termos de participação, os bancos detêm pouco mais da metade do total de dívidas (50%). Em seguida, aparecem o comércio (18%); o setor de comunicação (14%); e de água e luz (8%).

Mega-Sena poderá pagar hoje R$ 45 milhões no prêmio principal

O prêmio principal da Mega-Sena poderá pagar hoje R$ 45 milhões a quem acertar as seis dezenas do concurso 2.021.

O sorteio está marcado para as 20h, no Caminhão da Sorte, que estará na cidade alagoana de Palmeira dos Índios.

A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para a aposta simples, com apenas seis dezenas, com preço de R$ 3,50, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.

Já para uma aposta com 15 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 17.517,50, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 10.003.

A aposta pode ser feita até as 19h (horário de Brasília) em qualquer uma das mais de 13 mil casas lotéricas do país.

Vereadores do Recife querem Faixa Azul compartilhada

Folhape

O grande trânsito que está sendo percebido pelos moradores e frequentadores da Zona Sul do Recife tornou-se uma proposta entregue à Autaquia de Trânsito e Transporte (CTTU). Na quinta-feira (8), a Comissão Especial Interpartidária com a Finalidade de Fiscalizar, in loco, o Tráfego da Zona Sul, propôs que a Faixa Azul da avenida Antônio de Góes, na mesma área da cidade, compartilhe o espaço com carros de passeio no horário de pico da manhã (das 7h às 10h). A proposta visa aumentar a velocidade na via onde foi implantada a faixa exclusiva, em 9 de janeiro último. A proposta ainda será avaliada pela CTTU.

“Não sou contra a Faixa Azul. Sou contra a Faixa Azul neste local. Nós já temos uma via Mangue que ficou velha antes do tempo, completamente congestionada; a (avenida) Conselheiro Aguiar também congestionada; e a Antônio de Góes reflete esse congestionamento”, defendeu o presidente da Comissão, vereador Marco Aurélio (PRTB). “São 630 metros até a ponte Governador Paulo Guerra e depois a faixa acaba”, observou.

Ônibus x carros
A proposta dos vereadores divide opiniões, que variam entre quem entende a necessidade de facilitar o transporte público e quem quer agilizar sua vida dentro de seu carro. “Acho que para quem usa os ônibus isso é uma maravilha. Para gente que usa carro não mudou muita coisa. Aqui sempre foi (muito) trânsito”, destacou o estudante Bruno Conte, 25 anos, morador de Boa Viagem. Ele pontuou que levava 15 minutos para cruzar o trecho e que agora gasta o dobro do tempo.

Segundo a CTTU, o trecho da Faixa Azul na Antônio de Góes beneficia 93 mil usuários de 26 linhas de ônibus que utilizam a via. Ainda de acordo autarquia, os coletivos aumentaram sua velocidade média em 35%.

Apesar disso, a avenida já sofreu alguns reforços desde sua implantação, como o aumento de tempo nos ciclos de cinco semáforos verdes, no dia 7 de fevereiro, a fim de descongestionar o tráfego de carros de passeio na área.

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Mais investimentos
Para o vereador Marco Aurélio (PRTB), a Faixa Azul tem que ser um plano de implementação da mobilidade no Recife e não apenas uma faixa exclusiva. “A gente entende que a Faixa Azul envolve um programa de mobilidade. Mas o problema de transporte público exige novos ônibus, novos investimentos em tecnologia da mobilidade. Não se trata apenas de pintar uma faixa de azul e delimitar o espaço entre veículos particulares e coletivos”.

A observação do parlamentar é percebida por usuários do sistema. “Agora chego mais rápido em casa, mas os ônibus vêm sempre lotados e o tempo de espera é praticamente o mesmo. Deviam colocar mais ônibus”, constatou o estudante Alisson Henrique, 21 anos, que utiliza diariamente o corredor da avenida Antônio de Góes. “Se for para ser assim então não vale de nada esta faixa. A pior hora daqui é no início da manhã.”

Nova linha
A partir das 9h deste sábado (10), a linha 050 – PE-15/Boa Viagem passa a trafegar na Faixa Azul da Antônio de Góes. Com essa mudanças, as paradas passam do canteiro central para a pista leste da avenida.

Notas do Enem já são aceitas para seleção em 29 universidades de Portugal

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) assinou um acordo interinstitucional com a Universidade Fernando Pessoa (UFP), que passa a aceitar os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na seleção de estudantes brasileiros. Com isso, passa para 29 o número de instituições portuguesas que aceitam o resultado do Enem para ingresso de brasileiros.

As instituições portuguesas que usam os resultados do Enem têm liberdade para definir qual a nota de corte e os processos financeiros e acadêmicos para o acesso dos estudantes brasileiros aos cursos ofertados. O acordo favorece, principalmente, a comunicação entre as universidades e o Inep para conferência dos resultados dos participantes que pretendem utilizar as notas do Enem na obtenção de uma vaga.

A revalidação de diplomas e o exercício profissional no Brasil dos estudantes que cursarem o ensino superior em Portugal estão sujeitos à legislação brasileira aplicável à matéria. Os convênios não envolvem transferência de recursos e não preveem financiamento estudantil por parte do governo brasileiro.

O Inep já concluiu 29 convênios interinstitucionais com as seguintes instituições portuguesas:

Universidade de Coimbra

Universidade de Algarve

Instituto Politécnico de Leiria

Instituto Politécnico de Beja

Instituto Politécnico do Porto

Instituto Politécnico de Portalegre

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

Instituto Politécnico de Coimbra

Universidade de Aveiro

Instituto Politécnico de Guarda

Universidade de Lisboa

Universidade do Porto

Universidade da Madeira

Instituto Politécnico de Viseu

Instituto Politécnico de Santarém

Universidade dos Açores

Universidade da Beira Interior

Universidade do Minho

Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Instituto Politécnico de Setúbal

Instituto Politécnico de Bragança

Instituto Politécnico de Castelo Branco

Universidade Lusófona do Porto

Universidade Portucalense

Instituto Universitário da Maia (Ismai)

Instituto Politécnico da Maia (Ipmaia)

Universidade Católica Portuguesa

Universidade Fernando Pessoa – UFP

Setor de TI abre vagas em Pernambuco

Folhape

Confirmado o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2017, empresários e analistas renovaram as projeções de uma alta mais robusta da economia nacional neste ano. E o otimismo é ainda maior no setor das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Afinal, neste momento de retomada, a expectativa é que cada vez mais empresas procurem as ferramentas digitais para melhorar o seu rendimento. Em Pernambuco, por exemplo, o mercado espera crescer até 7% em 2018. Afinal, novos negócios já começaram a ser traçados, gerando novas vagas de emprego no Estado.

Hoje, há pelo menos 70 oportunidades de trabalho abertas no setor de tecnologia na Região Metropolitana do Recife (RMR). Só a Ikewai, rede que reúne 12 negócios de design do Porto Digital, tem mais de 50 vagas abertas. A empresa de software Pitang tem outros 21 postos de trabalho disponíveis. Apesar de não revelar o número total de vagas, a consultoria Avanade também está contratando. A In Loco Media tem vaga para estagiário. E a Stone, empresa de meios de pagamento de atuação nacional, procura colaboradores comerciais para Olinda e Paulista através das redes sociais. São chances de emprego para desenvolvedores, analistas de sistemas, designers, testadores, administradores e agentes comerciais, inclusive para pessoas com deficiência. E todas essas empresas afirmam que este é só começo, porque o maior volume de contratações ainda está por vir.

“Começamos o ano com o sentimento de que as coisas voltaram a acontecer, porque propostas voltaram a ser emitidas. E isso cria uma perspectiva de crescimento, dando início a um processo natural de reocupação dos postos de trabalho que foram eliminados ao longo do tempo por conta da crise. Mas o número de contratações será bem maior quando essas negociações se reverterem em fechamento de contratos. Afinal, quando voltarem a contratar nossas soluções, teremos espaço para contratar mais profissionais”, explicou o presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação de Pernambuco e Paraíba (Assespro PE/PB), Ítalo Nogueira, que espera ver uma alta no número de admissões entre junho e dezembro.

Ele disse ainda que, por conta dessa perspectiva de novos negócios e da retomada da economia brasileira, o setor estadual de tecnologia e inovação espera crescer de 5% a 7% em 2018. E a Ikewai projeta uma alta ainda maior, de pelo menos 10%, para as suas associadas. “Passamos por dois anos de manutenção e reestruturação. Mas, a partir de agora, voltaremos a ter pujança. Esperamos ficar acima do PIB do Brasil, que deve crescer 3%. Afinal, este mercado ajuda na melhoria de processor das organizações. Por isso, tende a se recuperar mais rápido”, disse Nogueira.

Brasil está equipado para lidar com questões hídricas, diz ministro Sarney Filho

Agência Brasil

O 8º Fórum Mundial da Água, maior evento mundial sobre o tema que ocorrerá entre os dias 18 e 23 de março em Brasília, vai trazer para o Brasil experiências de vários países para o uso racional da água. Ao mesmo tempo, o Brasil terá a chance de mostrar aos representantes desses países suas próprias experiências, muitas delas bem-sucedidas. Essa é a expectativa do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, ele reafirmou que o fórum será uma oportunidade para o Brasil esclarecer qualquer dúvida da comunidade internacional sobre a gestão da água em nosso território.

Veja abaixo a entrevista:

Ministro, o que o governo espera do 8º Fórum Mundial da Água?

José Sarney Filho: Bem, a ideia do fórum não é uma ideia de governo. É uma ideia da sociedade civil. E o mais importante é que esse fórum vai trazer para cá os maiores especialistas do mundo em recursos hídricos. Isso vai nos dar uma grande oportunidade de discutir a questão hídrica global, porque o fórum será realizado em um país das dimensões do Brasil, um país que é detentor da maior quantidade de água doce – que está concentrada na Amazônia. Vai nos dar, sim, a oportunidade de conhecer alguns exemplos e acolher algumas propostas que certamente vão ajudar a gente a enfrentar essa crise hídrica, que é global, oriunda das mudanças climáticas. E aqui no Brasil, o maior efeito das mudanças climáticas se deu na água. Então, tivemos a maior seca da história do Nordeste e que está acabando agora. Temos uma crise hídrica em Brasília, que ainda está fazendo o racionamento. E há pouco tempo, tivemos uma crise hídrica na maior metrópole da América do Sul, São Paulo, o que obrigou o governo a fazer o racionamento. Então, essas questões nos preocupam e certamente a partir de um fórum sobre o tema, com esse nível de participação, com essa quantidade de especialistas, nós vamos poder, sim, acolher algumas sugestões, alguns estudos que certamente vão nos ajudar a organizar a gestão, a prever e combater a crise hídrica.

O senhor tem dito, em algumas ocasiões, que o problema da água não está nos reservatórios, mas nas nascentes dos rios. O que o governo brasileiro tem feito para proteger essas nascentes?

José Sarney Filho: Em primeiro lugar, não dá para dissociar água de floresta. Então, a primeira coisa que o governo brasileiro já fez e tem para apresentar é a diminuição do desmatamento na Amazônia. A Amazônia não é só um estoque de recursos para combater os gases do efeito estufa, ela não é só uma incomensurável possibilidade de cura, mas ela é também produtora de água. É como se fosse uma bomba que espalha água para o resto do continente, o que também ajuda a diminuir a temperatura global. A umidade que vem do oceano é retida e ampliada pela floresta, depois os ventos batem nos Andes e espalham essa umidade para o resto do continente. São aqueles famosos “rios voadores”. Esse é um ponto importante. Nós conseguimos recuperar os serviços ambientais que estavam ficando ameaçados pelo desmatamento na Amazônia.

A redução do desmatamento não é capaz sozinha de melhorar a gestão da água, quais outras medidas têm sido adotadas?

José Sarney Filho: Alem disso, é lógico, agora temos também as regras para a outorga do uso da água, exigências que dizem respeito à recuperação da bacia. Antigamente, a gente se preocupava apenas com a qualidade da água. Hoje a gente tem que se preocupar também com a quantidade de água. Por isso, é importante esse projeto do governo de revitalização do Rio São Francisco, que será lançado pelo presidente Michel Temer que trata da recarga de água, e então vamos recuperar nascentes, matas ciliares. E vamos fazer isso também com o Rio Parnaíba. Porque o São Francisco e o Parnaíba são os dois maiores do semiárido nordestino e, portanto, a sua revitalização é importantíssima para aquela região. O Ministério do Meio Ambiente já lançou também o programa chamado Plantadores de Rios que sistematiza toda a distribuição de mudas de tal forma que as mudas sejam plantadas naquelas áreas que são mais necessitadas da recarga de água.

Isso leva a uma outra questão que é o uso da água pela agricultura, que consome um volume muito grande. Como é que se lida com isso?

José Sarney Filho: A outorga do uso da água, desde que respeitada, não apresenta risco. Hoje nós temos a Agência Nacional de Águas, que é uma agência séria, competente, com técnicos altamente qualificados e ela só concede a outorga com a responsabilidade de saber que essa água tem prioridades, para o consumo humano, para o consumo das cidades. Não existe, dentro da legalidade, essa possibilidade [de uso indevido da água], mas é óbvio que a gente sabe que existem aquelas pessoas que não respeitam a lei e tiram água ilegalmente e esse, sim, é um problema para detectar e punir.

O Brasil tem sido alvo de críticas por sua política de preservação do meio ambiente no cenário internacional, com queixas de diversos ambientalistas que irão participar do fórum. O senhor tem receio de que essas críticas dominem os debates do fórum?

José Sarney Filho: Eu quero dizer uma coisa com toda sinceridade: eu estou louco para que eles venham e perguntem sobre a nossa política ambiental. Porque hoje depois de quase dois anos de gestão, nós já recuperamos toda a política ambiental e não há passivo ambiental. Nós vamos cumprir todos os nossos compromissos. Então, é importante que essas pessoas venham com essas ideias, com essa visão, que não é a visão do fato, mas da versão, para que a gente possa demonstrar que o fato é diferente da versão.

O que o senhor espera como contribuição do fórum para o Brasil e do Brasil para o fórum?

José Sarney Filho: É uma discussão técnica, discussão de experiências. Então, vamos acolher muitas experiências de outros países e também vamos mostrar nossas experiências e algumas são muito bem-sucedidas. No que diz respeito à questão hídrica, eu tenho dito, o Brasil está muito bem estruturado com a Agência Nacional de Águas, o Plano Nacional de Recursos Hídricos e os planos estaduais. Eu acredito que hoje nós estamos tecnicamente bem aparelhados para poder através do diagnóstico desses planos poder intervir de maneira que evite uma catástrofe maior.

Dossiê mostra crescimento da violência contra mulheres lésbicas no Brasi

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Congresso em Foco

O primeiro Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil mostra crescimento da violência contra mulheres lésbicas. Lançado nessa quarta-feira (7), o documento indica que, no período entre 2000 e 2017, foram registrados 180 homicídios de lésbicas. No entanto, os anos mais recentes concentram a maior parte das mortes: somente entre 2014 e 2017, foram registrados 126 assassinatos de lésbicas no país.

O dossiê foi elaborado pelo Grupo de Pesquisa Lesbocídio – As histórias que ninguém conta, que atua no resgate de informações e histórias de lésbicas vítimas desse tipo de crime no país. O dossiê revela que, enquanto em 2000 foram dois casos, em 2017 eles chegaram a 54. A partir de 2013, o aumento tem sido constante, sendo que o maior ocorreu de 2016 para 2017, quando subiu de 30 para 54 registros.

O estudo mostra ainda que a violência vem do preconceito masculino. “As lésbicas se relacionam sexual e afetivamente exclusivamente com mulheres, mas os principais assassinos de lésbicas no Brasil são homens, o que significa que o vínculo conjugal entre vítima e assassino, muito recorrente nos casos de violência doméstica resultantes em feminicídios, não ocorre nos casos de lesbocídio”, diz o texto do dossiê.

O estado de São Paulo, com 20% de todas as mortes de lésbicas no país, foi o que teve, entre 2014 e 2017, o maior número de registro de lesbocídios. Na capital paulista, foram oito casos nos últimos quatro anos. Apesar disso, é no interior do país que são anotadas mais mortes. Dos 126 casos registrados entre 2014 e 2017, 82 ocorreram no interior dos estados.

O documento explica que o termo lesbocídio, entre outras motivações, é proposto na pesquisa “como forma de advertir contra a negligência e o preconceito da sociedade brasileira com a condição lésbica, em seus diversos âmbitos, e as consequências, muitas irremediáveis, em especial a morte de lésbicas por motivações de preconceito contra elas, ou seja, a lesbofobia. Assim, definimos lesbocídio como morte de lésbicas por motivo de lesbofobia ou ódio, repulsa e discriminação contra a existência lésbica”.

A coleta de dados sobre os casos de lesbocídio no país que ocorreram entre os anos de 2014 e 2017 foi feita durante o ano passado, com base em informações obtidas por monitoramento de redes sociais, sites, jornais eletrônicos e outros meios de comunicação de notícias criminais nacionais, regionais e locais, sempre identificando os casos de lésbicas assassinadas e ainda os casos de suicídio.

O grupo coordenado pela professora Maria Clara Marques Dias, desenvolvido pela professora Suane Felippe Soares e pela graduanda da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Milena Cristina Carneiro Peres, é uma iniciativa do Núcleo de Inclusão Social (NIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) junto com integrantes do grupo Nós, que se dedica ao estudo de pessoas com sexualidades dissidentes, que enfrentam diversos preconceitos.

Suicídios

Os registros feitos de 2014 a 2017 indicam 33 suicídios, em sua maioria com lésbicas na a faixa de idade entre 20 e 24 anos, vindo em seguida a faixa de até 19 anos. Juntas, as duas faixas etárias concentram 69% dos casos de suicídios de lésbicas no Brasil. Os registro de casos seguem em números crescentes nos últimos anos. Em 2014 foram dois, no ano seguinte, cinco, em 2016 foram seis e ano passado esse número passou para 19. “O suicídio aí é sentido como uma resposta dessas mulheres a uma sociedade em que elas não têm espaço. Na medida em que se sentem como escória da sociedade, muitas vezes não conseguem encontrar um lugar de trabalho. São levadas ao fim da linha e sentem a própria vida como uma vida que não tem valor”, disse a professora.

Maria Clara revelou que, entre os casos pesquisados de suicídio, as mulheres se encontravam em situação de vulnerabilidade. “Há uma coexistência de causas ou de vulnerabilidade. Geralmente, são mulheres de baixa extração social, negras e muito jovens. A maior parte dessas mulheres tem baixa escolaridade. É uma coincidência de vulnerabilidade que faz com que elas não encontrem alternativas”, afirmou.

Subnotificação

A professora Maria Clara Marques Dias disse à Agência Brasil que, apesar de os dados indicarem crescimento no número de registros, os resultados podem ser ainda maiores porque, além da dificuldade na coleta de informações completas e reais, existe a falta de notificações oficiais das mortes. “O número, embora significativo, ainda está muito a desejar com relação ao que a gente imagina que efetivamente ocorra”.

Maria Clara afirmou que outra dificuldade é a falta de tipificação do crime nos registros em delegacias. “Geralmente não tem a tipificação. Muitas vezes, há o reconhecimento por parte de algum segmento de que se tratou de um crime de lesbofobia, mas o próprio agressor, o próprio assassino, tenta transformar a visão do caso e, em alguns, consegue ser inocentado, não vai para a cadeia e [os casos] não ficam caracterizados como lesbocídios”, informou.

Jovens

Em um paralelo com o Mapa da Violência de 2016, que destacou os jovens como a parte da população que mais morre no país, entre as lésbicas assassinadas ou que se suicidam no Brasil isso se repete. Conforme o Dossiê sobre Lesbocídio, grande parte das notificações se refere a pessoas de 20 a 24 anos, representando 34% de todas as mortes registradas no período de 2014 até 2017. A segunda faixa com maior número de registros é a que vai até os 19 anos, com 23% dos casos. Não foram registradas mortes de lésbicas acima dos 50 anos.

O alto número de registro de lésbicas mortas nas duas primeiras faixas etárias representa vidas jovens, em processo de amadurecimento, em grande parte, mortas por pessoas com vínculos familiares e/ou afetivos. Dos registros de lésbicas assassinadas com até 24 anos, 70% foram casos de assassinatos cometidos por pessoas conhecidas das vítimas.

A pesquisadora destacou ainda o nível de crueldade dos crimes de lesbocídios, que muitas vezes não ocorrem em outros tipos de assassinatos. Para ela, entre os motivos está uma certa conivência da sociedade quando o crime é cometido por um ex-parceiro da mulher. “Fazer com que a opinião pública se manifeste negativamente com relação a esses crimes é uma arma que a gente conquistaria e tentar fazer que mesmo os crimes passionais diminuíssem”, afirmou, destacando que além de os crimes serem praticados por homens próximos à vítima, existem os casos de violência nas ruas.

Políticas públicas

O Grupo de Pesquisa Lesbocídio – As histórias que ninguém conta indica ainda a necessidade de criação de políticas públicas para reduzir a incidência de crimes desse tipo. A coordenadora disse que o trabalho de levantamento de dados, que atualmente é feito por sites e por pesquisadores, deveria ser realizado por órgãos públicos para ter mais abrangência e cruzamento de mais informações.

Maria Clara defendeu ainda a tipificação do crime como lesbocídio e dispositivos de proteção para as lésbicas. “Muitas delas são vitimadas em locais públicos, onde não há preocupação específica com o cuidado dessas mulheres. Talvez tivesse que existir um dispositivo de denúncia, que elas pudessem acionar em uma situação de busca de socorro quando se sentissem vulneráveis. Acho que políticas públicas com o objetivo de protegê-las preventivamente poderiam ser criadas”, acrescentou.