Por Alexei Esteves
A palavra anomia significa um sentimento de falta de objetivos ou de desespero, provocado pela vida social moderna. Foi com esse entendimento que Durkheim usou a palavra pela primeira vez, em seu famoso estudo sobre a divisão do trabalho social, num esforço para explicar certos fenômenos que ocorrem na sociedade.
Os controles e os padrões morais tradicionais, que costumavam ser fornecidos pela religião, são largamente derrubados pelo desenvolvimento social moderno, e isso deixa muitos indivíduos em sociedades modernas sentindo que suas vidas cotidianas carecem de significado no quadro social de uma subcultura delinquente podem perfeitamente existir normas de condutas dotadas de particular intensidade, embora divergentes das normas de cultura dominante ou com elas conflitantes. Assim sendo, pode-se afirmar que a anomia indica desvio de comportamento, que pode ocorrer por ausência de lei, conflito de normas, ou ainda desorganização pessoal.
Os processos de mudança no mundo moderno são tão rápidos e intensos que originam dificuldades sociais, podendo ter efeitos aniquiladores em estilos de vida tradicionais, em crenças morais, religiosas, e em padrões cotidianos sem fornecer novos valores claros. Havendo mais espaço para a escolha individual no mundo moderno, é inevitável que haja algum tipo de não-conformidade.
Conhecendo limites óbvios, porém, em termos objetivos, não é possível definir nem limitar o quanto de bem-estar, conforto e luxo a que um ser humano pode legitimamente aspirar. Tais desejos são insaciáveis e a insaciabilidade é um sintoma de morbidez. Sendo que a única força que pode controlar esses desejos e vazios existenciais é a ética Cristã e a moral oferecidas pela sociedade e pela opinião pública.
Compreendem a estrutura cultural da sociedade, as finalidades e os objetivos históricos constantes que determinam a conduta dos indivíduos socializados e que valem praticamente igual para todos (ascensão social, sucesso econômico). A especialização, entretanto, limita a visão social do individuo, fazendo-o perder o panorama global ou de conjunto da atividade social.
Com essa perda de visão da obra comum e do seu sentido, ocorre também o enfraquecimento do sentimento de solidariedade grupal. O indivíduo se isola dentro do grupo, e se junta a outros indivíduos de sua especialidade, ao passo que numa grande cidade ninguém sabe de ninguém, e cada qual corre atrás de seus próprios interesses. Somos capazes de morar muitos anos em um mesmo prédio e não conhecermos o vizinho que mora ao lado ou de cima.
Alexei Esteves é professor doutor em educação