A deputada federal Clarissa Tércio (PP) foi posta sob investigação da Polícia Federal (PF), ao lado de outros parlamentares bolsonaristas, suspeitos de incentivar e/ou financiar os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023. Apesar de ser alvo de inquérito, Clarissa tomou posse em fevereiro para cumprir a legislatura 2023-2027 na Câmara Federal, onde segue exercendo normalmente suas atividades parlamentares.
O que fez o assunto voltar aos holofotes foi a obtenção do depoimento concedido pela deputada aos policiais, divulgado com exclusividade pela CNN Brasil no início da semana.
Em defesa às acusações de incitar e incentivar manifestantes à invasão das sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, Clarissa Tércio afirmou que, no momento em que ocorreram os fatos, “estava em gozo de férias com a família, em um resort em Muro Alto [no município pernambucano do Ipojuca], cuidando de cinco crianças, e sem estar totalmente antenada aos acontecimentos do dia”.
A deputada republicou, no dia da invasão, um conteúdo em suas redes sociais com a seguinte legenda: “Brasília agora. Oremos pelo Brasil”. A parlamentar justifica que teve acesso a um vídeo, por meio de um grupo de WhatsApp, em que um dos invasores narra uma suposta “tomada de poder. Ela alegou ainda que, “justamente por ter apenas informações parciais sobre as notícias”, acreditou que “a manifestação era pacífica”.
Ainda na tentativa de se dissociar dos manifestantes extremistas ligados ao bolsonarismo, Clarissa Tércio afirmou que, assim que soube da gravidade dos atos, que classificou como “mais radicais”, publicou imediatamente uma nota repudiando as invasões aos três Poderes. Disse ainda que “pediu orações” por receio do que poderia acontecer em decorrência da situação.
De olho no Recife
Clarissa Tércio (PP) é sondada pelas lideranças de seu próprio partido como um possível nome na disputa pela Prefeitura do Recife em 2024. Mesmo rodeada por essa e outras polêmicas, a parlamentar obteve a maior votação entre os 25 deputados federais eleitos em Pernambuco, saindo fortalecida em capital político.
Entre algumas das polêmicas que coleciona, em 2020, quando ainda era deputada estadual, se reuniu com outros parlamentares pernambucanos e manifestantes anti-aborto para tentar impedir o aborto legal de uma menina de 13 anos no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no Recife.
Já no início deste ano, a deputada foi condenada a indenizar em R$ 10 mil reais um casal trans por transfobia e uso indevido de imagem. À época, Clarissa informou que iria recorrer da decisão.
Diario de Pernambuco