Confiança do empresário está em queda livre

Apurado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), o índice de confiança do empresário gráfico caiu 1,4 ponto no segundo trimestre, perfazendo 39,6 pontos em uma escala de 0 a 100. É um resultado distante da barreira dos 50 pontos, ponto de neutralidade entre o pessimismo e o otimismo do setor.

A deterioração do IC reflete tanto a piora das condições atuais de negócios (decorrentes do agravamento da crise econômica e política) quanto das expectativas pouco animadoras para os próximos seis meses. “Nossos resultados estão aderentes aos baixos índices registrados também nos indicadores de confiança divulgados pela FGV e pela CNI, numa amostra de que a tendência ao pessimismo atinge igualmente todas as atividades – indústria, serviços, comércio e construção civil”, pondera o presidente nacional da Abigraf, Levi Ceregato.

O componente “Situação atual” totalizou 33,3 pontos, o que expressa uma preocupante piora no desempenho corrente do setor. O pessimismo concentra-se nas empresas de pequeno porte, que tiveram resultado médio de 31,4 pontos.

Já o item “Expectativas” ficou em 45,8 pontos, com as empresas de grande porte liderando a queda, ao totalizarem 36,5 pontos. Essas indústrias respondem por grande parte da produção industrial gráfica e seu pessimismo pode ser consequência da projeção de cenários futuros fortemente abalados pelas crises econômica, fiscal, social e política.

A queda de confiança mostra-se generalizada também na análise por segmento. Com exceção da área de envelopes, que registrou índice de 58,3 pontos, todos os demais pontuam abaixo de 50. Com 47,5 pontos, o segmento de cartões impressos (smartcard) foi o segundo em otimismo e exibe, de fato, crescimento estrutural. Já o segmento de embalagens, formado tipicamente por empresas de grande porte e tradicionalmente resiliente, surpreendeu como o mais pessimista, com de 36,7 pontos.
Segundo o departamento econômico da entidade, a predominância de pessimismo entre empresas de diferentes portes e áreas de atuação pode ser interpretada como sinal de que a crise econômica ainda está longe do fim. Caso contrário, esses indicadores tenderiam a apresentar comportamentos mais heterogêneos.

Na abertura regional, o Norte apresenta o menor índice de confiança (20,8 pontos), reação ao baixo desempenho da indústria local. Inversamente, o Centro-Oeste, sustentado pelo bom desempenho do agronegócio, está mais confiante e tem índice de 44,2. O Sudeste se mantém pessimista, o que não surpreende à luz dos indicadores de atividade da região, que tem exibido desempenho inferior à média nacional.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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